HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Tribunais estão paralisados por causa
do ‘bloqueio’ informático
Magistrados exigem explicações. Ministério continua a desvalorizar e não explica fonte do bloqueio.
Ao final do dia de ontem o sistema informático da justiça
- Citius - continuava bloqueado na esmagadora maioria das novas
comarcas, o que paralisou o trabalho de magistrados, advogados e
funcionários judiciais.
Advogados, magistrados e funcionários
judiciais garantem que não conseguem aceder ao sistema para fazer a
distribuição dos processos pelas novas secções, apesar das garantias do
Ministério da Justiça de que os problemas no Citius não obstam ao
trabalho dos operadores.
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OLHA QUE DOIS... |
Mouraz Lopes, presidente da Associação Sindical dos Juízes
Portugueses (ASJP), garantiu ontem ao Diário Económico que só duas das
novas 23 comarcas criadas no âmbito do novo Mapa Judiciário (que
arrancou segunda) "estão a começar a ter acesso aos processos". E
Fernando Jorge, presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais,
adianta que sem aceder ao Citius é "impossível distribuir processos
pelas respectivas secções". Ontem, no âmbito criminal, houve julgamentos
adiados e em Loures foi adiada uma decisão sobre uma providência
cautelar.
O Económico perguntou ao Ministério da Justiça porque razão o Citius
bloqueou e os magistrados e funcionários não conseguem aceder. O
Ministério respondeu que os advogados conseguem. Os advogados conseguem,
contudo, porque podem recorrer ao Citius antigo para introduzir peças
processuais - o que está a bloquear a implementação da reforma é o facto
de magistrados e funcionários não terem acesso aos processos para
distribui-los.
Mouraz Lopes disse ao Económico que se hoje o
bloqueio se mantiver vai "exigir explicações formais" ao Ministério. O
gabinete de Paula Teixeira da Cruz diz que a "estabilização" da
plataforma vai "continuar a decorrer nos próximos dias".
Citius deu polémica há um ano
Não é de hoje que o Citius é fonte de polémica. Há um ano, dez
elementos que trabalhavam no Instituto de Gestão Financeira e de
Equipamentos da Justiça (IGFEJ) - departamento do Ministério da Justiça
que gere o portal - pediram a demissão por causa da intenção da ministra
em contratar alguns programas a privados.
Paula Teixeira da Cruz não afastou a possibilidade de pedir a
privados programas de melhoramento do Citius e aceitou as demissões. Os
funcionários - que trabalhavam há anos na plataforma informática -
sentiram-se preteridos e decidiram sair. Foi, aliás, na sequência da
decisão da ministra de contratar privados que o seu chefe de gabinete
João Miguel Barros se demitiu.
Não se sabe quantos contratou, mas ainda este ano o IGFEJ fez ajuste
directo com duas empresas de tecnologias - a Critical Software e a
Novabase - para "aquisição de serviços informáticos" no âmbito do
Citius. No ‘site' dos concursos públicos é possível ler que o Instituto
de Gestão Financeira alegou "ausência de recursos" para efectuar estes
ajustes directos a escassos meses da entrada em vigor do novo Mapa
Judiciário.
O gabinete de comunicação da Novabase explicou ao Económico que se
tratou de uma sub-contratação de programadores da empresa de novas
tecnologias, que estão sob a gestão do instituto.
Os funcionários
sub-contratados à Novabase terminam serviços em Março de 2015. Os da
Critical terminam em Setembro deste ano.
A responsabilidade máxima pela
gestão e manutenção do Citius cabe, assim, ao Instituto de Gestão
Financeira, que ontem confirmou ao Económico que não contratou com
nenhuma empresa privada qualquer "componente" do Citius, omitindo,
contudo, os ajustes directos.
* Paula Teixeira da Cruz a personificação da ineficácia da eficiência!
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