07/02/2010

TURQUIA - enterrada viva

O "crime" de Medine Memi foi apenas um: ter amigos do sexo masculino. Depois de a jovem de 16 anos ter sido dada como desaparecida durante 40 dias, o seu corpo foi encontrado enterrado por baixo de um galinheiro no quintal da sua casa. Medine foi enterrada viva pela família, como castigo pela infelicidade que, diz o pai, trouxe a toda a família, por ter amigos rapazes. Segundo o Instituto de Medicina Legal de Malatya, a jovem foi encontrada em posição fetal, sem ferimentos nem qualquer tipo de droga no sangue, mas com os pulmões e o estômago cheios de terra. Uma denúncia anónima ajudou a localizar o corpo e, embora a polícia tenha feito a descoberta em Dezembro, apenas agora a notícia foi divulgada, no jornal turco "Hurriyet". O pai e o avô da vítima estão detidos preventivamente, à espera de julgamento. Ambos são acusados de homicídio. A mãe da jovem também foi detida, mas acabou por ser libertada por falta de indícios que a ligassem ao homicídio. Os chamados "crimes de honra" continuam a causar cerca de 300 mortes por ano na Turquia, apesar dos esforços do governo turco e de inúmeras associações de defesa dos direitos humanos. Em 2004, pressionado pela União Europeia, o governo acabou por alterar o código penal do país retirando o artigo que reconhecia atenuantes nos crimes de honra. No entanto, as Nações Unidas continuam a colocar a Turquia em 101.o lugar, num ranking de 109 países, no que respeita ao respeito pelo papel da mulher na sociedade. "Quando chegam aos 14 ou 15 anos, a família decide com quem as jovens vão casar, recebendo dinheiro em troca do casamento. Muitas vezes as mulheres optam pelo suicídio ou decidem fugir, mas se forem apanhadas o castigo é a morte", explica Emine Vaz, coordenadora da associação feminista Van Kadin Dernegi. Segundo um estudo da Universidade de Diyarbakir, na Turquia, metade dos homens condenados por crimes de honra não se arrependem - uma atitude partilhada pela família.
in "JORNAL i" em 07/02/10

AMNISTIA INTERNACIONAL CAMPANHA

EUROPA DE TANSOS

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enviado por D.A.M.

MAFALDA BELMONTE



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TEORIAS ECONÓMICAS



"Recessão é quando o vizinho perde o seu emprego,
depressão quando perdes o teu,
e recuperação quando Sócrates perder o dele"

EXPRESSO de 06/02/10

VERSÃO SOCIOLÓGICA


O alemão disse:
- Olhem que perfeição de corpos: ela esbelta e esguia, ele com este corpo atlético, os músculos perfilados...
- Devem ser alemães.

Imediatamente, o francês reagiu:
- Não acredito. É evidente o erotismo que se desprende de ambas as figuras... Ela tão feminina... Ele tão masculino...
- Sabem que em breve chegará a tentação... Devem ser franceses.

Movendo negativamente a cabeça, o inglês comenta:
- Que nada! Notem... A serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a sobriedade do gesto.
- Só podem ser Ingleses.

Depois de alguns segundos mais de contemplação, o português exclama:
- Não concordo. Olhem bem: não têm roupa, não têm sapatos, não têm casa, só têm uma triste maçã para comer, não protestam e ainda pensam que estão no Paraíso.
- Só podem ser Portugueses !!!..

Allanis Morissette - O VIDEO QUE ABALOU O MUNDO



enviado por D.A.M.

2 - IMAGENS QUE FALAM

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4 DINASTIA - D. MANUEL II


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PUBLICAÇÃO nº 3 000


INICIÁMOS ESTE BLOGUE A 08/04/2009
E COM ESTA BIOGRAFIA DE
D. MANUEL II CONCLUÍMOS 3 000 PUBLICAÇÕES.
A TODOS OS QUE NOS AJUDARAM E APOIARAM O NOSSO BEM HAJA


os pensionistas

D. MANUEL II


D. Manuel II
Monarca de Portugal
35- Rei D. Manuel II - O Patriota.jpg

D. Manuel II, Rei de Portugal

Ordem: 35.º Monarca de Portugal
Cognome(s): O Patriota ou O Desventurado
Início do Reinado: 1 de Fevereiro de 1908
Término do Reinado: 5 de Outubro de 1910
Aclamação: Palácio de São Bento, Câmara dos Deputados,

6 de Maio de 1908

Predecessor(a): D. Carlos I
Sucessor(a): República
Pai: D. Carlos I
Mãe: D. Amélia de Orleães
Data de Nascimento: 15 de Novembro de 1889
Local de Nascimento: Palácio de Belém, Lisboa, Portugal
Data de Falecimento: 2 de Julho de 1932
Local de Falecimento: Fulwell Park, Twickenham, Inglaterra
Local de Enterro: Panteão dos Braganças, Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa
Consorte(s): D. Augusta Vitória de Hohenzollern-Sigmarigen
Príncipe Herdeiro: D. Afonso Henriques de Bragança, Duque do Porto (tio)
Dinastia: Bragança

D. Manuel II de Portugal (nome completo: Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Saxe-Coburgo-Gota e Bragança; 15 de Novembro de 1889[1]2 de Julho de 1932) foi o trigésimo-sexto e último Rei de Portugal. D. Manuel II sucedeu ao seu pai, o rei D. Carlos I, depois do assassinato brutal deste e do seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. Luís Filipe, a 1 de Fevereiro de 1908. Antes da sua ascensão ao trono, D. Manuel foi duque de Beja e Infante de Portugal.


Infância e educação

D. Manuel, infante, aos doze anos de idade

D. Manuel II nasceu no Palácio de Belém, em Lisboa, cerca de dois meses depois da subida de seu pai ao trono de Portugal. Baptizado alguns dias depois, no mesmo Paço de Belém, teve por padrinho avô materno, o Conde de Paris, tendo participado na cerimónia o imperador do Brasil, D. Pedro II, deposto do seu trono exactamente no mesmo dia do seu nascimento. D. Manuel recebeu à nascença os títulos reais de Infante de Portugal e de Duque de Beja.

Teve o tratamento e a educação tradicionais dos filhos dos monarcas da sua época, embora sem preocupações políticas, dado ser o filho segundo do rei e, como tal, não esperar um dia vir a ser rei. Como tal, é de notar que durante a infância e juventude posava para os fotógrafos com uma atitude mais altiva que o irmão. Este divertia-se com os tiques snobes do irmão mais novo, embora sempre tenham sido bons amigos. Paradoxalmente, depois de subir inesperadamente ao trono, D. Manuel teve uma atitude oposta, afastando-se regularmente dos costumes protocolares: foi o primeiro rei de Portugal a não dar a mão a beijar ao dignitários durante a cerimónia anual do Beija-mão Real, a 1 de Janeiro[2].

Aos seis anos já falava e escrevia em francês. Estudou línguas, história e música (tendo como professor Alexandre Rey Colaço). Desde cedo se mostrou a sua inclinação pelos livros e pelo estudo, contrastando com o seu irmão, D. Luís Filipe, mais dado a actividades físicas. Viajou em 1903 com a mãe, a Rainha Amélia de Orleães, e o irmão ao Egipto, no iate real Amélia, aprofundando assim os seus conhecimentos das civilizações antigas. Em 1907 iniciou os seus estudos de preparação para ingresso na Escola Naval, preparando-se para seguir carreira na Marinha.

Reinado

D. Manuel II em uniforme de Generalíssimo do Exército Português

A sua futura carreira naval foi inesperadamente interrompida em 1 de Fevereiro de 1908, com o Regicídio de 1908.

O infante havia regressado a Lisboa (depois de ter estado alguns dias em Vila Viçosa, com toda a família) para se preparar para os exames da escola naval, tendo ido esperar os pais e o irmão ao Terreiro do Paço. Minutos depois deu-se o cruel atentado que vitimou o Rei e o Príncipe Real, sendo D. Manuel atingido no braço. Não se sabe se o alvo do atentado era o Rei D. Carlos ou o chefe do Governo de então, João Franco, que, após dissolver o Parlamento devido aos contínuos distúrbios provocados pelos republicanos e marcar novas eleições, ficou com a fama de ditador, que ainda hoje perdura.

O infante tornou-se assim Rei de Portugal. A sua primeira decisão consistiu em reunir o Conselho de Estado, a conselho do qual demitiu o Primeiro-Ministro João Franco, cuja política de força foi considerada responsável pela tragédia. Nomeou então um governo de acalmação partidária, presidido pelo Almirante Francisco Joaquim Ferreira do Amaral. Esta atitude acalmou momentaneamente os ânimos mas, em retrospectiva, acabou por enfraquecer a posição monárquica pois foi vista como fraqueza por parte dos republicanos.

Foi solenemente aclamado Rei na Assembleia de Cortes em 6 de Maio de 1908, perante os deputados da Nação, jurando cumprir a Carta Constitucional. D. Manuel manteve-se sempre fiel a este juramento mesmo quando, já no exílio, foi pressionado a apoiar outras formas de governo para uma possível restauração. O Rei auferiu, no início, uma simpatia generalizada devido à sua tenra idade (18 anos) e à forma trágica e sangrenta como alcançou o trono. Foi então fortemente protegido pela sua mãe, D. Amélia, e procurou o apoio do experiente José Luciano de Castro.

Julgando que a intervenção directa na governação pelo seu pai havia sido a causa principal para o desfecho trágico do reinado deste, D. Manuel II absteve-se de intervir directamente nos assuntos do governo, seguindo a máxima de que o rei reina, mas não governa. No entanto, sobre um aspecto se debruçou directamente o rei, a Questão Social.

D. Manuel II e a Questão Social

Por “Questão Social” compreende-se a preocupação, por parte de alguns intelectuais e governantes, com a sorte do crescente proletariado urbano criado ao longo do Séc. XIX com as mudanças impostas na sociedade pela Revolução Industrial. Em Portugal, dada a fraca industrialização, essa questão não teve o peso que teve noutros países, no entanto, o seu peso era exacerbado tanto pela crise económica do país, como pela acção reivindicativa do Partido Republicano.

Existia um Partido Socialista desde 1875, mas nunca chegou a ter representação parlamentar. Isto devia-se não só ao fraco peso do operariado no país e ás divergências internas de carácter doutrinário, mas sobretudo ao facto de o Partido Republicano concentrar em si, pela sua natureza mais radical, todos os descontentes. Dado que era teoria dos socialistas, ao contrário dos republicanos, que a questão do regime era secundária face á melhoria de condições de vida para os operários e por conseguinte, estarem dispostos a colaborar com o regime, D. Manuel II vai tomar iniciativas de moto próprio. Pretendia com isto o rei, sem infringir os seus deveres constitucionais, incentivar o Partido Socialista de forma a que este retirasse apoios ao Partido Republicano, nomeadamente o apoio do proletariado urbano, dado que este último partido punha para depois da mudança de regime quaisquer medidas sociais concretas.

Assim logo em 1909 D. Manuel convida para Portugal, a expensas suas, o Sociólogo francês Léon Poinsard. Este percorreu o país com o fito de elaborar um extenso relatório. Neste documento defendia que, para se combater os clientelismos derivados do Rotativismo, se devia reorganizar o trabalho e a administração locais, em consequência do qual a reforma política viria naturalmente.

Entusiasmado, o rei escreve, em Junho de 1909, ao então Presidente do Conselho de Ministros, Venceslau de Lima, pondo-o ao corrente da recente reorganização do Partido Socialista, então unido sob a chefia de Alfredo Aquiles Monteverde, e lembrando-o da importância de uma colaboração do regime com os socialistas: “Desta maneira, vamos desviando o operariado do partido republicano e, orientando-o, o que virá a ser uma força útil e produtiva”.[3]

Apesar de contactos anteriores do governo de Campos Henriques com o socialista Azedo Gneco, Venceslau de Lima considerou a acção difícil, dada as dificuldades que surgiam então na realização do Congresso Nacional Operário, boicotado por anarquistas e republicanos com um congresso rival. Por seu lado, os socialistas entusiasmam-se com o apoio régio, iniciando-se correspondência entre o rei e Aquiles Monteverde. Este dá conta ao rei, em Outubro de 1909, da falência do rival Congresso Sindicalista, agradecendo-lhe o interesse pelos operários. Apesar do apoio Real, e devido à instabilidade governativa, durante o ano de 1909 não se tomaram medidas legais que mostrassem concretamente essa aproximação aos socialistas, excepto nas portarias que de facto facilitaram e permitiram o trabalho de Poinsard.

Foi só já no governo de Teixeira de Sousa, em Julho de 1910, que o governo criou uma comissão com o fito de estudar o estabelecimento de um Instituto de Trabalho Nacional. Desta comissão faziam parte três socialistas, incluindo Azedo Gneco. No entanto, Aquiles Monteverde queixava-se, que faltavam á comissão meios para ser eficaz, nomeadamente, que a comissão tivesse um carácter permanente e que aos delegados socialistas tivessem acesso ilimitado aos transportes do estado para prosseguirem a sua tarefa de propaganda pelo país. Informado, o Rei passou palavra ao governo que, através do ministro das obras públicas, concordou com o estabelecimento de um Instituto de Trabalho Nacional. Estava-se em fins de Setembro de 1910, e no início do mês seguinte ocorria o golpe de estado do Partido Republicano, o que pôs fim à tentativa do monarca de revitalizar um partido que não se opusesse ao regime: de certa forma o mesmo que o seu pai tentara fazer, mas por meios menos drásticos e mais demorados. Mas faltou-lhe tempo para o conseguir.

Ligação com Gaby Deslys

Em Dezembro de 1909, quando em visita a Paris, o monarca conheceu Gaby Deslys, a actriz famosa. Entre os dois nasceu de imediato uma relação[4] que iria durar para além do reinado de D. Manuel. Embora o relacionamento pudesse ter sido tratado de forma mais discreta (nas suas visitas a Portugal a atriz chegava a pernoitar no Palácio das Necessidades), passou desapercebido em Portugal. No estrangeiro, no entanto, era notícia de primeira página na Europa e nos Estados Unidos, principalmente depois da deposição do monarca. Nas entrevistas a que estava sujeita por motivos profissionais durante as suas viagens, Gaby Deslys, embora nunca negando o óbvio, sempre se recusou a fazer comentários públicos sobre a sua relação com o rei.

Os dois continuaram a ver-se no exílio, dado que a actriz actuava à altura nos palcos londrinos. No verão de 1911 aceita mudar de palcos e vai para Nova Iorque, arrefecendo a relação a partir daí. Gaby Deslys envolve-se com o seu colega de palco e D. Manuel casa-se em 1913, embora a actriz ainda mantenha contactos com o secretário do rei, o Marquês do Lavradio. Gaby Deslys acaba por falecer em Fevereiro de 1919, na sua Marselha natal, vítima de pneumonia.

Política externa

Durante seu reinado visitou várias localidades do norte do país e visitou oficialmente a Espanha, a França e a Inglaterra, onde foi nomeado cavaleiro da prestigiada Ordem da Jarreteira, em Novembro de 1909. Recebeu as visitas de Afonso XIII, Rei de Espanha, em 1909 e de Hermes da Fonseca, Presidente eleito do Brasil, em 1910.

Procurou sempre seguir uma política de aproximação à Grã-Bretanha. Este imperativo era ditado não só por uma orientação geo-política já seguida pelo seu pai, mas também como um recurso para fortalecer o trono. Considerava-se que o casamento do rei com uma princesa inglesa colocaria definitivamente a casa de Bragança sob a protecção da Inglaterra. No entanto, a instabilidade do país, o recente regicídio e a lentidão das investigações sobre este atrasaram as negociações até que a morte do rei britânico, Eduardo VII, lhes pôs fim. O velho monarca, amigo pessoal de D. Carlos, havia sido o grande protector da Casa de Bragança e, sem ele, o governo liberal britânico não tinha especial interesse pela manutenção do regime monárquico em Portugal[5].

Situação interna e Revolução Republicana

Entretanto a situação política degradou-se, tendo-se sucedido sete governos em cerca de 24 meses. Os partidos monárquicos voltaram às costumeiras questiúnculas e divisões, fragmentando-se, enquanto o partido republicano continuava a ganhar terreno. As eleições legislativas de 28 de Agosto de 1910 fizeram aumentar os deputados republicanos no parlamento para 14 deputados (9% de republicanos, contra 58 % de apoio ao Governo, e 33% do bloco da oposição), o que parece ter favorecido bastante a causa revolucionária, embora já tivesse sido tomada a decisão de tomar o poder pela via revolucionária, no Congresso de Setúbal, 24 a 25 de Abril de 1909[6].

Na verdade, a 4 de Outubro de 1910, começou uma revolução e no dia seguinte, 5 de Outubro deu-se a Proclamação da República em Lisboa. O Palácio das Necessidades, residência oficial do Rei, foi bombardeado, pelo que o monarca terá sido aconselhado a dirigir-se ao Palácio Nacional de Mafra, onde sua mãe, a Rainha, e a avó, a Rainha-mãe D. Maria Pia de Sabóia viriam juntar-se a ele. No dia seguinte, consumada a vitória republicana, D. Manuel II decidiu-se a embarcar na Ericeira no iate real "Amélia" com destino ao Porto.

Os oficiais a bordo terão demovido D. Manuel dessa intenção, ou raptaram-no simplesmente, levando-o para Gibraltar[7]. A família real desembarcou em Gibraltar, recebendo-os logo a notícia de que o Porto aderira à República. O golpe de Estado estava terminado. A família real seguiu dali para o Reino Unido, onde foi recebido pelo rei Jorge V.

Exílio

D. Manuel fixou residência em Fulwell Park, Twickenham, nos arredores de Londres, local para onde seguiram os seus bens particulares, e onde já sua mãe havia nascido, também no exílio. Ali procurou recriar um ambiente português, à medida que fracassavam as tentativas de restauração monárquica (em 1911, 1912 e 1919). Manteve-se sempre activo na comunidade, frequentando a igreja católica de Saint James, e sendo o padrinho de baptismo de várias dezenas de crianças. A sua passagem no lugar ainda se vê hoje em topónimos como "Manuel Road", "Lisbon Avenue" e "Portugal Gardens".

Continuou a seguir de perto a política portuguesa, gozando de alguma influência junto de alguns círculos políticos, nomeadamente das organizações monárquicas. Embora a sua constante preocupação de que a anarquia da Primeira República provocasse uma eventual intervenção espanhola e o seu perigo para a independência nacional, tenha sido considerada exagerada por certos autores, não se pode duvidar que a preocupação não fosse genuína.

Pelo menos um caso é conhecido em que a intervenção directa do rei teve efeito. Depois do afastamento de Gomes da Costa pelo general Fragoso Carmona, foi nomeado novo embaixador de Portugal em Londres, substituindo o anteriormente designado. Dada a aparente instabilidade e rápida sucessão de embaixadores designados o governo britânico recusou-se a reconhecer as credenciais do novo enviado. Ora acontece que na altura estava a ser negociada a liquidação da dívida de Portugal à Inglaterra, pelo que o assunto se revestia de grande importância. Nesta conjuntura, o ministro dos negócios estrangeiros da república pediu a D. Manuel que exercesse a sua influência para desbloquear a situação. O rei ficou encantado com esta oportunidade para ajudar o seu país e levou a cabo vários contactos (incluindo provavelmente o seu amigo, o rei Jorge V), o que teve de imediato os efeitos desejados.

Apesar de deposto e exilado, D. Manuel teve sempre um elevado grau de patriotismo, o que o levou, em 1915, a declarar no seu testamento a intenção de legar os seus bens pessoais ao Estado Português, para a fundação de um Museu, manifestando também a sua vontade de ser sepultado em Portugal.

As incursões monárquicas

Desde 1911 que forças de monárquicos exilados se centram na Galiza, com o beneplácito do governo espanhol, para entrarem em Portugal e restaurarem o regime monárquico. Eram lideradas pelo carismático Henrique de Paiva Couceiro, veterano das campanhas de África e o único oficial que se havia batido com denodo pelo regime aquando do golpe de estado de 5 de Outubro. Acreditava o Paladino (assim o alcunhava a imprensa republicana) que bastava uma demonstração de força para que o povo rural se erguesse em apoio da restauração. Os acontecimentos mostraram que estava enganado, pois além de mal preparadas e mal financiadas, a reacção do povo não correspondeu ao esperado, tendo a sua apatia e a defesa das forças republicanas batido as incursões de volta para a Galiza.

D. Manuel apoiou como pôde estas incursões, embora os seus recursos financeiros, nos primeiros anos de exílio, fossem bastante limitados. Acresce o facto de que esta primeira incursão ter sido feita sob a bandeira azul e branca, mas sem a coroa, e foi precedida de um manifesto de Paiva Couceiro que identificava o movimento como neutro, e reclamando um plebiscito para decidir a forma de regime. Ora como monarca constitucional legalmente jurado, D. Manuel II não aceitava ser sujeito a um referendo. Foi só após troca de correspondência e aceite que a restauração seria baseada na sua pessoa e na Carta constitucional de 1826, que o rei passou a apoiar os exilados da Galiza.

A segunda incursão ocorreu em 1912 e apesar de melhor preparada, não encontrou maior sucesso. Isto deveu-se ao facto de que o governo espanhol, cedendo ás pressões diplomáticas, agora que a república já gozava de um reconhecimento mais alargado, ter forçado os conjurados a escolherem, ou entrarem em Portugal, ou serem desarmados. Após o falhanço e retirada o governo espanhol desarmou os combatentes restantes, cuja presença na Galiza era, de resto, ilegal.

No entanto, é de notar que D. Manuel II nunca fez fé numa restauração baseada na força, e sempre defendeu que os monárquicos se deveriam organizar internamente para tentarem chegar ao poder legalmente, através do jogo eleitoral. Esta orientação não era acatada de bom grado pela maioria dos monárquicos, mais radicais nas suas acções, pelo que nos anos seguintes continuavam as mal preparadas tentativas restauracionistas (por exemplo, em 20 de Outubro de 1914), que o monarca achava apenas contribuíam para agravar a situação anárquica do país. Esta preocupação agravou-se com o começo da Guerra Mundial. Temia que a situação de do país, combinada com a aproximação da Espanha ás potências ocidentais, levasse a Inglaterra a substituir Portugal pelo seu vizinho como seu aliado, e que o próprio país fosse o preço cobrado por Afonso XIII pela sua entrada na guerra.

O Pacto de Dover

Depois do fracasso da primeira incursão monárquica, e perante o que parecia desinteresse da parte de D. Manuel, já que este não punha fé em movimentos baseados na força, ganhou vigor o ramo legitimista, que apoiava os descendentes de D. Miguel, e que haviam participado no movimento. Para contrariar isto o monarca entrou em negociações directas com os representantes miguelistas. Pretendia-se que D. Miguel reconhecesse D. Manuel como rei e em troca que este reconhecesse a linhagem de D. Miguel como segunda na linha de sucessão, restabelecendo os direitos e cidadania portuguesa aos príncipes miguelistas. De facto ouve um encontro entre D. Manuel II e D. Miguel II, em Dover, em 30 de Janeiro de 1912, onde se trocaram cartas protocolares. Os resultados efectivos ainda hoje são discutidos. Argumentaram os seus adversários que o conteúdo daquelas cartas não correspondia ao que se tinha previamente acordado, tendo ficado o encontro por acordos quanto ao modo de acção na luta contra a república, enquanto que no que toca à sucessão nenhum acordo efectivo teria sido levado a cabo. D. Manuel não teria abdicado dos seus direitos como rei. Por outro lado é possível que esta interpretação tenha surgido apenas em consequência de parcialidade por parte de alguns elementos constitucionalistas adversos ao acordo. A situação não ficou de todo resolvida, pois ainda houve uma posterior tentativa de entendimento – no Pacto de Paris.

Casamento

Em 4 de Setembro de 1913 D. Manuel casou-se com D. Augusta Vitória, princesa de Hohenzollern-Sigmaringen (1890-1966), sua prima (por ser neta da Infanta D. Antónia de Bragança), e filha do Príncipe Guilherme de Hohenzollern-Sigmaringen. Durante a missa na manhã do enlace, que teve lugar na capela do castelo de Hohenzollern, D. Manuel assistiu de pé, ostentando a ordem da Jarreteira e o Grande cordão das Três Ordens Portuguesas, sobre um caixote cheio de terra portuguesa. A cerimónia foi presidida por D. José Neto, cardeal-patriarca de Lisboa, à altura exilado em Sevilha, e que já havia baptizado D. Manuel, e assistiram o príncipe de Gales, (futuro Eduardo VIII), bem como representantes das casas reinantes ou reais da Espanha, Alemanha, Itália, França, Roménia e de vários principados e reinos alemães próximos. O casamento, uma união calma e serena, durou até á morte súbita do rei, mas não teve descendência.

D. Manuel II na I Guerra Mundial

Sendo anglófilo, e admirador do espírito britânico, D. Manuel defende a partir da entrada de Portugal na guerra, uma participação activa, instando os monárquicos a não lutarem contra a república e a porem de lado as tentativas restauracionistas enquanto durasse o conflito, e a unirem-se como portugueses na defesa da Pátria, chegando mesmo, no exílio, a ter solicitado a sua incorporação no exército republicano português.

Mas ao contrário do que esperava, a maioria dos monárquicos não corresponde às suas expectativas, pois eram germanófilos, que esperavam que a vitória do Kaiser se saldasse pela restauração da monarquia. O rei por seu lado acreditava que só o apoio à Grã-Bretanha garantia a manutenção das colónias portuguesas, que se perderiam para a ambição alemã em caso de vitória destes, quer Portugal fosse uma república ou uma monarquia. Mas apenas aqueles mais próximos do rei se ofereceram para lutar, embora a república não tenha aceite os serviços de nenhum monárquico.

O próprio monarca se pôs à disposição dos aliados para servir como melhor pudesse. Ficou de início um pouco desapontado quando o colocaram como oficial da Cruz Vermelha Britânica, mas o esforço que desenvolveu ao longo da guerra, participando em conferências e recolha de fundos, visitando hospitais e mesmo os feridos na frente, acabou por ser muito gratificante. As visitas á frente foram dificultadas pelo governo francês, mas a amizade com Jorge V era suficiente para desbloquear esses entraves.

O seu esforço nem sempre foi reconhecido. Anos mais tarde, em entrevista a António Ferro, lamentou-se, "A sala de operações do Hospital Português, em Paris, durante a guerra, foi montada por mim. Sabe o que puseram na placa da fundação? ‘De um português de Londres'."[8]

Ao rei se deveu a criação do departamento ortopédico do hospital de Sheperds Bush, que por sua insistência continuou a funcionar até 1925, assistindo aos mutilados de guerra. Uma prova de reconhecimento dos ingleses para D. Manuel e para com Portugal foi o facto de Jorge V tê-lo convidado a ocupar um lugar a seu lado na tribuna de honra do desfile da vitória, em 1919.

A monarquia do Norte

Depois do falhanço das incursões monárquicas continuam amiúde os levantamentos ocasionais, sem mais que repercussão local, e que o monarca condenava, exortando os seus correlegionários a organizarem-se e a fazerem propaganda, de forma a restaurar o regime pelo voto, e não pela força. Esta opção pareceu viável quando a ditadura do general Pimenta de Castro, em Janeiro de 1915, quebrou momentaneamente o monopólio político do partido Democrático e, numa tentativa de captar as simpatias mais conservadoras, retirou as restrições á liberdade de associação que desde o 5 de Outubro limitavam a liberdade dos monárquicos. Entre Abril e Maio de 1915 abriram-se 55 centros monárquicos (33 no Norte e 12 no Centro do país), mas perante esta abertura cerrou fileiras todo o espectro republicano e em 14 de maio de 1915 a revolução saiu à rua. 15000 civis armados e a marinha em revolta manietaram o exército fiel ao governo e ao fim de três dias de combates, 500 mortos e mais de 1000 feridos, o Partido Democrático estava de volta ao poder e os monárquicos de volta à ilegalidade.

A opção das urnas voltou a ter possibilidade com a subida ao poder de Sidónio Pais. Apesar de claramente republicano, também ele procurou apoio no sector mais conservador da sociedade, restabelecendo o sufrágio universal masculino. O assassinato do presidente-rei manteve no poder forças republicanas mais moderadas, mas não sem oposição. O estabelecimento de juntas militares na província, algumas com tendências monárquicas e em oposição ao governo criaram expectativas de que uma restauração através de um golpe militar. Por esta altura a guerra já tinha acabado, o que com a situação anárquica do país dava força aos que argumentavam por um golpe.

D. Manuel, no entanto, continuava a pedir calma e, não pondo de parte a ideia de uma acção pela força num futuro próprio, insistia que se esperasse pelo fim das negociações de paz em Paris. Temia que um aumento da anarquia prejudicasse a posição negocial do país. Mas para Paiva Couceiro e para os integralistas era chegado o momento, bastava apenas a autorização real na pessoa do seu lugar-tenente. Este, Aires de Ornelas, recebeu o memorando que pedia autorização para um movimento de carácter monárquico, e convencido de que não se tratava de uma acção imediata, escreveu á margem “Go on. Palavras de El-Rei” e assinava.

A 19 de Janeiro de 1919, com um milhar de soldados e algumas peças de artilharia, Paiva Couceiro restaurava no Porto a Monarquia Constitucional, na pessoa de D. Manuel II. Um governo provisório foi estabelecido, aderindo o Minho, Trás-os-Montes (com excepção de Chaves, Mirandela e Vila Real) e parte do distrito de Aveiro. Mas, ao contrário do que esperava Couceiro, o resto do país não se levantou. Cabia agora a Lisboa. Aqui, Aires de Ornelas foi apanhado completamente de surpresa. Mais não pôde do que recorrer-se com algumas centenas de outros monárquicos ao abrigo do quartel de Regimento de Lanceiros 2, na Ajuda. Aqui, aumentando o número de refugiados que temiam represálias republicanas, o comandante fez retirar a guarnição e os civis, marchando todos para Monsanto, à altura contendo pouca vegetação. No monte entrincheiraram-se parte das forças de Cavalaria 4, 7 e 9, além da Bateria de Belém Infantaria 30. Aires de Ornelas hesitou entre obedecer ao rei e ficar á margem, correndo o risco de os integralistas passarem a sua lealdade a D. Miguel, ou assumir a liderança deste movimento monárquico conjunto. Num terreno pouco propício para a arma de cavalaria, e cercados por forças republicanas, os monárquicos acabaram por se render a 24 de Janeiro.

Com o falhanço da restauração no Centro e Sul do país, a sorte acabou por se virar contra Paiva Couceiro. A 13 de Fevereiro, a parte da guarda nacional republicana que o havia apoiado desertou e reinstaurou a república no Porto. Os monárquicos que não conseguiram fujir foram presos e condenados a pesadas penas. O rei, no exílio, poucas informações recebeu e acabou por saber do falhanço através dos jornais. As forças republicanas responsáveis pela vitória na Escalada de Monsanto pertenciam ás da “Republica Velha”, pelo que estas voltaram ao poder, o que não facilitava a vida aos monárquicos.

Nos meses seguintes, o monarca moveu a sua influência na corte britânica de modo a que tivesse lugar uma amnistia para os seus correlegionários. Esta teve finalmente lugar em aquando do 3º aniversário da batalha de La Lys. Além do fracasso do movimento em si, com o qual não concordara nem fora consultado, D. Manuel II ainda teve que se confrontar com as acusações de desinteresse em regressar ao país e a deserção de parte dos activistas monárquicos.

[editar] Os integralistas

A queda da monarquia constitucional em Portugal teve como reacção a criação de um movimento monárquico de renovação nacional que se distanciou das formas parlamentares cujos defeitos se consideraram como responsáveis pela queda do regime. Esse movimento, conhecido como Integralismo Lusitano, começou por afirmar a sua lealdade a D. Manuel II, então já no exílio.

No entanto, os proponentes do movimento nunca deixaram de salientar que a forma monárquica que pretendiam diferia da que fora derrubada em 1910. A monarquia tradicional que defendiam, das corporações e dos municípios, renegava as formas de representação parlamentar assentes exclusivamente em partidos ideológicos. Esta atitude chocava contra os princípios do rei que, embora reconhecendo defeitos na constituição vigente antes de 1910, não se achava no direito de ditar ou defender quaisquer alterações, considerando-se preso por juramento à Carta Constitucional. Quaisquer mudanças, defendia o monarca, teriam que ser discutidas e implementadas pelas cortes gerais da nação uma vez restabelecida a monarquia.

À medida que crescia a força das ideias integralistas entre as hostes monárquicas, aumentava o tom das exigências daqueles sobre o monarca exilado. Dada a não conivência de D. Manuel em faltar ao seu juramento, aliado ao fracasso da Monarquia do Norte, e acusando o monarca de falta de interesse na restauração, a Junta do Integralismo Lusitano declarou-se desobrigada de lealdade para com o antigo monarca em Outubro de 1919. Em julho de 1920, representantes do movimento reunir-se-iam com os representantes do ramo Legitimista de que resultaria a transferência de lealdades para o terceiro filho de D. Miguel II, o então ainda menor D. Duarte Nuno.

O Pacto de Paris

Em 1922, tendo em conta o afastamento dos integralistas, e mais ainda o facto de depois de quase uma década de casamento D. Manuel e D. Augusta Victória ainda não terem filhos, o monarca exilado tentou uma nova aproximação ao ramo miguelista. O encontro teve lugar em Abril de 1922, em Paris, sendo representante do rei, o seu lugar-tenente Aires de Ornelas, e pelos miguelistas Aldegundes de Bragança, Duquesa de Guimarães D.ª Aldegundes, condessa de Bardi, tutora de D. Duarte Nuno.

Concordou-se que, a faltar sucessor directo a D. Manuel, os seus direitos passariam para D. Duarte Nuno, reconhecendo este o seu primo como rei legítimo. Ambos os lados colaborariam, cessando actividade conflituosas. Os delegados integralistas não chegaram a tempo de participar no encontro, mas, a pedido de D.ª Aldegundes, subscreveram o acordo.

Os monárquicos constitucionalistas ficaram satisfeitos, mas entre as hostes integralistas isso não aconteceu. Devia-se o desagrado ao facto do acordo, como publicado, não fazer referência ao aspecto tradicionalista da monarquia a ser restaurada, algo em que a junta do Integralismo considerava fundamental. Tendo retirado o seu apoio público ao acordo, este ainda se manteve, se bem com utilidade limitada, dado o seu falhanço em unir as forças monárquicas, até que em Setembro de 1925 foi formalmente repudiado por D.ª Aldegundes em carta a D. Manuel, alegando não cumprimento pela outra parte, dado continuar a funcionar o jornal constitucionalista, enquanto o órgão integralista já havia sido fechado, e nenhum legitimista ou integralista ter sido convidado para o conselho superior monárquico. Terminava assim a última tentativa de reconciliação entre os dois ramos da casa de Bragança.

D. Manuel, o bibliógrafo

D. Manuel sempre se havia interessado pelos livros, e nos seus anos de exílio dedicou-se aos estudos e escreveu um tratado sobre literatura medieval e renascentista em Portugal. Nos tempos a seguir à Grande Guerra, e com mais tempo livre, embora sem descurar os contactos com as organizações monárquicas, o rei passou a dedicar-se mais aos estudos, seguindo assim a tradição que já vinha de seu pai.

Inicialmente planeou fazer uma biografia, assente em fontes primárias, sobre a vida de D. Manuel I, que achava ter sido mal tratado pelos historiadores recentes. Para isso contratou os serviços do bibliófilo Maurice Ettinghausen em 1919, que se encarregou de lhe achar os livros antigos de que necessitava. Esta acção foi beneficiada pela dissolução de inúmeras bibliotecas privadas em Portugal depois da implantação da república. Teria sido Ettinghausen que lhe sugira que precedesse o seu estudo pela feitura de uma lista de todos os livros antigos da sua biblioteca.

Cerca de 1926 o objectivo do real investigador já havia mudado e, abandonando a ideia da biografia, concentrou-se na descrição dos livros antigos da sua biblioteca. Mais do que uma simples lista, a obra foi aproveitada pelo autor para descrever as glórias passadas de Portugal, descrevendo cada obra não só bibliograficamente mas acompanhando-o com um ensaio sobre cada autor e cada assunto do livro, inserindo-o no seu contexto histórico. A sua interpretação era fundamentada com documentos e rigor científico, e o resultado final só pode ser criticado pelo marcado amor á sua pátria, bem patente na leitura e que o leva a uma exaltação dos valores ancestrais da Grei, ainda assim desculpáveis num exilado.

Sendo uma obra de tema especifico, o número de exemplares era de tiragem limitada e obtido por subscrição.Estava ilustrado por fac-similis das obras tratadas e escrito em português e em inglês. O primeiro volume da obra “Livros Antigos Portuguezes 1489-1600, da Bibliotheca de Sua Magestade Fidelíssima Descriptos por S. M. El-Rey D. Manuel em Três volumes” foi publicado em 1929, tendo D. Manuel se deslocado ao palácio de Windsor para entregar em mão o exemplar ao rei Jorge V, que havia sido o primeiro subscritor da obra. O volume debruça-se sobre dois manuscritos, cinco incunábulos e trinta e três livros impressos em Portugal até 1539.

A obra recebeu excelentes criticas dos especialistas e o rei dedicou-se de imediato ao segundo volume, que abrangia o período de 1540 a 1569. O trabalho foi estafante, mas, com excepção das sobrecapas, estava terminado em 1932. O rei faleceria inesperadamente pouco depois, tendo o terceiro volume sido publicado, sob a supervisão da sua bibliotecária, Miss Margery Withers, já postumamente. Este volume já só é uma listagem de obras, sem os ensaios que enriqueciam os anteriores, e que deram ao rei a merecida reputação de historiador e do mais erudito dos reis portugueses. O seu busto está hoje no átrio de entrada da Biblioteca Nacional em Lisboa.

Morte

Faleceu inesperadamente na sua residência, em 2 de Julho de 1932, sufocado por um edema da glote. O Governo Português, chefiado por Salazar, autorizou a sua sepultura em Lisboa, organizando funerais de estado. Os seus restos mortais chegaram a Portugal, em 2 de Agosto, sendo sepultados no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.

Balanço

Passou à história com os cognomes O Patriota, pela preocupação que os assuntos pátrios sempre lhe causaram; O Desventurado, em virtude da Revolução que lhe retirou a coroa; O Estudioso ou o Bibliófilo (devido ao seu amor pelos livros antigos e pela literatura portuguesa). Os monarquistas chamavam-no O Rei-Saudade, pela saudade que lhes deixou, após a abolição da monarquia.

Sucessão

Embora nenhum dos pactos entre os dois ramos da dinastia tenha levado, como se viu, a um acordo definitivo para além de qualquer dúvida, é de notar que ao longo de todo o exílio D. Manuel nunca se procurou entender quer com o ramo brasileiro dos Bragança-Órleans, quer com a linhagem do Duque de Loulé no que toca à sua própria sucessão. Apesar de todas as dificuldades criadas quer pelas diferentes inclinações políticas e pela mudança de lealdade dos integralistas, o rei nunca duvidou onde estava a legitimidade. Tendo isto em conta, além do próprio peso do movimento integralista, aquando do falecimento súbito do rei a Causa Monárquica declarou-se como cortes gerais da Nação e aclamaram D. Duarte Nuno de Bragança como rei de Portugal. Para este príncipe, seu primo, neto do rei D. Miguel I, passou a chefia da casa real portuguesa, ao abrigo das regras de sucessão e no respeito da alegada vontade do falecido monarca, uma vez que este tinha procurado aproximar os dois ramos desavindos da família, através do Pacto de Dover.

Por seu lado, Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança de Laredo sempre contestou as pretensões dos descendentes do ramo miguelista e, alegando a existência de laços familiares directos com D. Manuel II, reivindicou-se como sendo a legítima sucessora na chefia da casa real portuguesa e herdeira dos bens da família.

Após a morte de D. Manuel II, o governo de Oliveira Salazar constituiu com os seus bens pessoais e os da Casa de Bragança a Fundação da Casa de Bragança.

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AUGUSTA VITÓRIA

QueenPortugalAugustaVictoria.jpg
Em retrato de Philip de László
Nascimento 19 de Agosto de 1890

Potsdam, Alemanha Alemanha
Morte 29 de Agosto de 1966 (76 anos)

Eigeltingen, Alemanha Alemanha
Casa Real Hohenzollern-Sigmaringen
Pai Guilherme de Hohenzollern-Sigmaringen
Mãe Maria Teresa de Bourbon-Duas Sicílias

Augusta Vitória Guilhermina Antónia Matilde Luísa Josefina Maria Isabel de Hohenzollern-Sigmaringen (Potsdam, 19 de agosto de 1890Eigeltingen, 29 de agosto de 1966) foi a esposa do último rei de Portugal, D. Manuel II.

Biografia

Augusta Vitória era a única filha do príncipe Guilherme de Hohenzollern-Sigmaringen e da princesa Maria Teresa de Bourbon-Duas Sicílias.

No dia 4 de setembro de 1913, em Sigmaringen, ela casou-se com D. Manuel II, o destronado rei de Portugal, que era seu primo de segundo grau, pois ambos eram bisnetos da rainha D.ª Maria II, sendo Augusta Vitória neta da infanta Antónia de Bragança.

Como o rei estava exilado na Inglaterra e como a monarquia havia sido formalmente abolida em Portugal, D.ª Augusta Vitória nunca recebeu oficialmente o título de rainha, embora, mesmo no exílio na Inglaterra, fosse assim tratada pelos monárquicos.

Seu casamento com D. Manuel II não gerou descendentes, e, depois da morte do rei, a chefia da casa real portuguesa acabou recaindo sobre D. Duarte Nuno de Bragança, neto de Miguel I.

Em 23 de abril de 1939, D.ª Augusta Vitória, aos quarenta e oito anos, casou-se com o conde Karl Robert Douglas, natural de Constança, Suíça. Douglas, que completaria cinquenta e nove anos no dia seguinte ao matrimónio, era divorciado de Sofie von Fine Blaauw.[1] O segundo casamento também não teve descendência, e ela ficou, novamente, viúva em 1955.

Faleceu aos setenta e cinco anos de idade, em Münchhof, em Eigeltingen. Seu corpo foi enterrado no castelo de Langenstein, propriedade da família Douglas em Hegau.

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VENCESLAU DE LIMA


Wenceslau Pereira de Lima.

Venceslau de Sousa Pereira de Lima (Porto, 15 de Novembro de 1858Lisboa, 24 de Dezembro de 1919), também conhecido por Wenceslau de Sousa Pereira de Lima ou por Venceslau de Lima, foi um geólogo, investigador da paleontologia e político português, que, entre outras funções, foi deputado, ministro e presidente do Conselho de Ministros (hoje Primeiro-Ministro). Foi sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa.


Biografia

Oriundo de uma abastada família portuense, Wenceslau Pereira de Lima foi enviado muito jovem para o estrangeiro, tendo aí feito os seus estudos preparatórios e secundários. Terminados esses estudos, regressou a Portugal com uma formação voltada para as ciências naturais, bem distinta da formação que as escolas portuguesas então propiciavam. Matriculou-se na Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, completando o curso com elevada classificação. Requereu exame de licenciatura, defendendo com brilhantismo uma tese sobre carvões vegetais. Logo de seguida, a 26 de Novembro de 1882, doutorou-se pela mesma Universidade.

Em 1883 concorreu para uma vaga de lente da Academia Politécnica do Porto, tendo apresentado no respectivo concurso de provas públicas uma dissertação sobre a função clorofilina. Tendo a prova sido considerada brilhante e distinta, foi nomeado para o lugar, iniciando uma carreira que duraria perto de 30 anos. Durante esse período regeu, com pequenas intermitências causadas pela sua actividade política, a cadeira de geologia daquele estabelecimento de ensino superior. Paralelamente, desenvolveu ali um conjunto de trabalhos de investigação pioneiros no domínio da paleontologia vegetal.

Á época, a paleontologia era uma ciência nova e o estudo dos fósseis encontrados em território português era muito incipiente, devendo-se essencialmente ao trabalho de alguns investigadores estrangeiros que tinha colectado amostras em Portugal. Os únicos trabalhos publicados por investigadores portugueses resumiam-se aos estudos sobre a flora fóssil do Carbonífero feitos por Bernardino António Gomes.

Wenceslau Pereira de Lima teve o mérito de reunir os trabalhos anteriormente publicados por estrangeiros, nomeadamente por Daniel Sharpe, Charles Bunbury e Oswald Heer, e a partir dessa base incipiente desenvolver um profícuo estudo da geologia e paleontologia vegetal de Portugal, com destaque para a referente aos terrenos carboníferos.

A sua dedicação a estes estudos levaram, em 1886, à sua nomeação como engenheiro da Secção dos Trabalhos Geológicos, encarregado do estudo da flora fóssil portuguesa. Foi, nessas funções, um dos colaboradores de Carlos Ribeiro, um dos pioneiros da geologia portuguesa.

Quando em 1908 faleceu o general Joaquim Filipe Nery da Encarnação Delgado, à altura presidente da Comissão dos Serviços Geológicos, passou a exercer aquele cargo.

O seu importante trabalho científico valeu-lhe a nomeação como sócio efectivo da Academia Real das Ciências de Lisboa e do Instituto de Coimbra.

Sendo uma personalidade multifacetada e com grande capacidade de intervenção na vida social, Wenceslau Pereira de Lima não se limitou à sua carreira científica: pouco depois de iniciar funções docentes filiou-se no Partido Regenerador, tendo de seguida desempenhado o cargo de governador civil dos distritos de Vila Real, Coimbra e Porto. Foi também eleito deputado pelos círculos do norte de Portugal em diversas legislaturas. Em 1901 foi elevado a Par do Reino, tendo tomado assente na respectiva Câmara na sessão de 17 de Março daquele ano.

As suas intervenções nas Cortes centraram-se nos temas relacionados com a instrução pública, pugnando pela reforma do Conselho Superior de Instrução Pública, órgão de que era membro.

Quando em 1903 coube a Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro assumir a presidência do Conselho de Ministros, convidou Wenceslau Pereira de Lima para assumir o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, a que ele acedeu. Durante o seu mandato conseguiram-se notáveis progresso no relacionamento com o Reino Unido e celebrou-se um tratado comercial com a Alemanha. Voltou à pasta dos Negócios Estrangeiros em 1905.

Em 1909, já em pleno período de implosão da monarquia constitucional portuguesa foi nomeado para formar governo, presidindo a um dos últimos executivos do regime. Durante a sua efémera passagem pela presidência, acumulou as funções de Ministro do Reino.

Ao longo da sua brilhante carreira política, foi também membro do Conselho de Estado, presidente da Câmara Municipal do Porto, director da Escola Médico-Cirúrgica do Porto e provedor da Santa Casa da Misericórdia da mesma cidade. Foi ainda vice-presidente da comissão executiva da assistência nacional aos tuberculosos e vogal da comissão do Patronato Portuense.

Foi também um grande e esclarecido viticultor, introduzindo nas suas importantes propriedades vários melhoramentos técnicos, alguns pioneiros em Portugal. Nesta área de actividade foi presidente da Comissão Anti-Filoxérica do Norte, introduzindo nessas funções diversas inovações técnicas na luta contra aquela praga das vinhas.

Intransigente nas suas ideias políticas, com a implantação da República Portuguesa, não querendo de forma alguma colaborar com um regime com que não concordava, demitiu-se de todos os cargos públicos que desempenhava.

Afastado da actividade política, durante os últimos anos da sua vida, a sua actividade intelectual orientou-se para os trabalhos de investigação científica, preparando um estudo sobre os terrenos carboníferos portugueses, que infelizmente não pôde terminar por ter entretanto falecido.

Era grã-cruz e comendador da Ordem da Torre e Espada, da Ordem de Santiago da Espada, da Ordem Militar de Cristo e da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Também recebeu diversas condecorações estrangeiras, entre as quais a Legião de Honra de França, e as comendas da Ordem Militar de Carlos III e Ordem de Isabel a Católica de Espanha, de S. Maurício e S. Lázaro de Itália, de Vitória de Inglaterra e de Leopoldo da Bélgica.

Obras publicadas

Durante perto de 30 anos o Doutor Wenceslau de Lima publicou um conjunto vasto de trabalhos sobre paleontologia e geologia dos depósitos carboníferos, sendo dignos menção os seguintes:

  • Notícia sôbre os vegetais fósseis da flora neocomiana do solo português;
  • Monografia do gênero Dicranophillum (Sistema Carbónico);
  • Notice sur une algue palèozoique;
  • Notícia sôbre as camadas da série permo-carbónica do Bussaco;
  • Note sur une nouvel Eurypterus rothliegendes.
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