05/10/2010

MENDIGO

VIVA A REPÚBLICA


O 1º CASAMENTO GAY EM PORTUGAL


04/10/10 - MOÇAMBIQUE - Dia da Paz


Não há paz onde o povo sofre de forma sistemática

– afirma a Renamo, nas comemorações do dia da paz

Membros da Renamo observaram um minuto de silêncio em memória das mais de 10 pessoas que foram assassinadas pela Polícia, durante as manifestações de 01 a 03 de Setembro

Maputo (Canalmoz) – Cumprindo com aquilo que já se considera sua tradição, a Renamo não foi às comemorações centrais do dia da paz que tiveram lugar na Praça dos Heróis, em Maputo, desta vez dirigidas pela presidente da Assembleia da República, devido à ausência do chefe do Estado no país, na qualidade de sua substituta constitucional.
Membros deste partido da oposição estiveram reunidos na delegação do partido na cidade de Maputo para, à sua maneira, comemorarem o Dia da Paz.
No acto através do qual a Renamo assinalou os 18 anos de Paz a nota dominante nas várias intervenções foram as acusações ao partido Partido Frelimo, no poder.
O partido liderado presentemente por Armando Guebuza, actual chefe de Estado,é acusado de estar a violar sistematicamente o Acordo Geral de Paz, ao partidarizar
as instituições do Estado. Mais, a Renamo acusa também o partido Frelimo de querer fazer retornar o país ao monopartidarismo e condicionar as liberdades individuais e outros direitos constitucionalmente consagrados. Acrescenta que “tudo isso está a tirar brilho à paz que foi conquistada com muito suor”.
O maior partido da oposição parlamentar diz que as recentes manifestações de 01 a 03
de Setembro “mostram claramente que o povo não está em paz com o seu Governo”.
Falando aos membros do partido em Maputo por ocasião do 04 de Outubro, o secretário-geral da Renamo, Ossufo Momade, disse ser importante celebrar a paz, na medida em que ela abre a porta para a liberdade e para o desenvolvimento. Mas, mais do que celebrar, explica Momade, é preciso recordar a coragem dos moçambicanos que no passado se viram obrigados a pegar em armas para acabar com práticas que só traziam sofrimento ao povo.
Segundo Ossufo Momade, o povo moçambicano compreendeu que era preciso pegar em armas para resgatar a sua dignidade, liberdade de poder sentir-se dono de si próprio, aspectos que, segundo Momade, haviam sido usurpados pela Frelimo.

Retorno ao comunismo

Por seu turno, o delegado da Renamo, a nível da cidade de Maputo, Arlindo Bila,
disse que a Renamo continuará a lutar para que Moçambique não retorne ao regime de
partido único. Bila fala de “postura arrogante” que, segundo suas próprias palavras, “caracteriza a postura do Governo do dia”.
O delegado da Renamo em Maputo afirmou ainda que “é preciso que todos os moçambicanos combatam qualquer comportamento que tenda a reimplantar o monopartidarismo”.
“O comunismo foi derrotado mas é preciso continuar a lutar contra ele”, disse.
Acrescentou que “nenhum moçambicano tem saudades dos 
campos de  reeducação, das aldeias comunais e da ditadura”.

(Matias Guente)

IN "CANALMOZ nº301"

Os artigos de opinião inseridos nesta edição são da inteira responsabilidade dos respectivos autores e não reflectem necessariamente o ponto de vista da direcção editorial do jornal

BRUNO FARIA LOPES




Sobre a maior herança que Sócrates deixa ao país


Mais do que as contas por pagar, o primeiro-ministro matou o que restava da confiança dos portugueses em quem os governa
Em 2009, ano de três eleições, José Sócrates deu um prémio ao seu maior cliente político: um aumento de 2,9% à função pública, o maior em termos reais em pelo menos 12 anos. O aumento foi decidido no final de 2008, quando já era visível a extensão da crise financeira mundial, "a maior em 80 anos", como gosta de sublinhar o primeiro-ministro. Meses depois, ao mesmo tempo que estimulava a economia - como Bruxelas pediu -, o PS apresentou um programa eleitoral repleto de "apoios", na altura configurado como um "choque social". Sócrates e Teixeira dos Santos - que agora, em Setembro, já sabem que sem medidas extraordinárias não conseguem cumprir a meta orçamental de 2010 - nada disseram há um ano sobre o défice galopante de 2009. O primeiro-ministro prometeu então mais comparticipações nos medicamentos, mais obras públicas, mais emprego e garantiu que não subiria os impostos.

A vitória eleitoral chegou. Tendo perdido a maioria absoluta que esbanjou durante quatro anos - com excepções, como a reforma da Segurança Social -, Sócrates simulou uma tentativa de coligação. Reuniu com todos os partidos da oposição com vista a um eventual acordo, como um homem que pede publicamente a quatro mulheres qual quer ser sua namorada. Seguiu a governar sozinho, como queria.

Com a consciência de que a legislatura poderia não aguentar até ao fim, Sócrates fez um mau Orçamento do Estado para 2010, que adiou o problema do défice para 2011, esperando que a economia resolvesse então o problema - isto quando os sinais de alarme eram evidentes e outros países do nosso clube já tomavam medidas duras.

Em Maio "o mundo mudou", veio a primeira ronda de austeridade e caiu o programa económico do governo - mas não a retórica. Pegando nas mal explicadas propostas de revisão constitucional do PSD, Sócrates cavalgou pela defesa do Estado social durante todo o Verão. Entretanto Portugal era o único país em que défice e despesa continuavam a subir, facto para que não há ainda explicação cabal. Num tremendo erro, o governo criou a dúvida sobre se cumpre a meta deste ano - fatal, neste sistema em que mercados e bancos castigam as economias que se endividaram para ajudar mercados e bancos.

Esta semana ficámos a conhecer parte da factura da ausência de sentido de Estado. Teria sempre de haver cortes duros na despesa, mas o tempo é precioso para equilibrar a receita. Porque perdeu esse tempo, o governo corta agora às cegas para aplacar os mercados, mostrando os limites do amor ao Estado social: corta brutalmente nas comparticipações dos medicamentos (mantém o privilégio da ADSE), ao mesmo tempo que congela todas as pensões de reforma; corta nos abonos de família, nos salários a partir de 1500 euros brutos; sobe o IVA, o imposto mais regressivo. O resto da factura - o que pagaremos a mais em juros pela negligência política - virá mais tarde.

Em Belém está um presidente que, quando foi ministro das Finanças, em 1980, deu início a uma política económica expansionista que acabaria em desastre, com a intervenção do FMI. Foi, no Portugal pós-Abril, um dos primeiros cortes profundos no contrato de confiança entre governantes e governados. Este contrato foi sendo sucessivamente desrespeitado, face à permissividade de toda a sociedade (sobretudo das "elites"), até ser assassinado por José Sócrates. Mais que as contas por pagar, a maior herança negativa da era Sócrates é a quebra definitiva e irreparável da confiança entre os portugueses e os governantes. A República está em crise profunda.

IN "i"
01/10/10

ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO

NADA QUE OS NOSSOS REPUBLICANOS 
E DIRIGENTES POLÍTICOS NÃO PRATIQUEM


O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através dos mídia

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DIFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

UM FADO PARA A III REPÚBLICA

PALAVRAS DITAS - Mário Viegas - CANTIGA DOS AIS, Mendes de Carvalho



enviado por MARTINS

Monárquico despeitado



NR: O autor deste trabalho esquece-se da prepotência que era própria dos monarcas portugueses.
Como Portugueses não desdenhamos o passado monárquico, somos repúblicanos hoje amanhã podemos ser galácticos ou outra coisa qualquer, não importa.
Graves erros são pertença de qualquer regime, não vale a pena culpabilizar um para redimir o outro.

A ARTE NUMA PENA

OBRA DRAMÁTICA DE GIL VICENTE.


Esta foi a a resposta de um aluno do secundário a uma pergunta sobre a obra dramática de Gil Vicente, transcrita no Público de 11.8.2004.
 Sem comentários...

«Eu não tenho dúvidas que o Gil Vicente é muito importante, apesar de nunca ter ganhado o campionato de futebol. É importante porque ás vezes ganha ao Benfica, otras ao Sporting e otras ao Porto, tirando a eles o primeiro logar. E também por isto é que a sua obra é dramática porque é um drama para os benfiquistas, os sportinguistas e os portistas quando ganha.»


À SÉRIA


Quando passar numa das principais artérias da cidade de Lamego, não vai precisar de muita atenção para esbarrar numa original placa. Não se trata de um escritório de advogado, ou um consultório médico, nem mesmo de um gabinete de contabilidade, mas sim da novíssima profissão liberal de, imagine lá... deputado!! 
A mediocridade não enxerga além de si mesma, já dizia Doyle 

enviado por H.P.C:

VIRILIDADE DE PROCURADOR



Supremo iliba procurador que tinha "sexo grátis"

Cidadãs brasileiras identificaram magistrado do Funchal como um dos clientes regulares. Um dos juízes votou contra.

A vida corria tranquilamente a A., procurador adjunto do Ministério Público do Funchal. Tribunal durante o dia, casa de alterne à noite. Só que uma operação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) junto do bar levou a que algumas das cidadãs brasileiras que ali trabalhavam identificassem A. como um dos clientes habituais. Conclusão: um processo disciplinar que terminou com uma pena de suspensão por 210 dias, que, em Julho deste ano, o Supremo Tribunal Administrativo revogou.

De acordo com os depoimentos recolhidos junto das trabalhadoras de tal estabelecimento, o dr. A foi identificado por quatro delas como frequentador regular, "sendo aí conhecida a sua qualidade de magistrado e beneficiando, por isso, de bebida e sexo gratuitos". Uma das cidadãs brasileiras ouvidas, segundo o processo, "fez uma exacta e inequívoca descrição física" do procurador. A auto-intitulada "madame das meninas", por sua vez, confirmou também conhecer o "dr. A. do tribunal".

A situação complicou-se ainda mais para o procurador quando, no dia em que as cidadãs brasileiras testemunharam em tribunal em "declarações para memória futura", uma das suas colegas garantiu tê-lo visto em amena cavaqueira "com uma ou duas das pessoas ligadas àquele bar".

E mais complicada ficou quando uma das alternadeiras disse no processo que chegou a ter relações sexuais com o magistrado "a fim de obter informações sobre um processo que corria contra um dos responsáveis do bar". Mas, apesar de o instrutor do processo disciplinar ter dado crédito ao relato, os juízes-conselheiros do STA consideraram aquela versão como "inverosímil" ou "nitidamente fantasiosa". Primeiro, explicaram, porque o procurador "não era titular de um qualquer processo do género". Depois, "por não se acreditar que a rapariga estivesse à altura de, com êxito, extrair de um magistrado informações secretas", lê-se no acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, assinado pelos juízes Jorge Madeira dos Santos (relator), Luís Pais Borges e Rui Manuel Botelho (que votou vencido com a decisão).

O processo disciplinar acabou com uma condenação no Conselho Superior do Ministério Público. 210 dias de suspensão e posterior transferência para uma comarca do distrito judicial de Lisboa. Já aqui, a decisão não foi pacífica. Na reunião de Maio de 2009, votaram contra a pena aplicada Pinto Nogueira, procurador distrital do Porto, Paulo Gonçalves, procurador da República, Edite Pinho, procuradora adjunta, e Barradas Leitão, advogado, membro do CSMP eleito pela Assembleia da República.

O procurador apresentou, pelo menos, dois recursos junto do Supremo Tribunal de Justiça. No último acórdão, os juízes-conselheiros acabaram por anular a pena, devolvendo o processo disciplinar ao Conselho Superior do Ministério Público. Para esta decisão concorreram dois argumentos: em primeiro lugar, alguns dos factos imputados ao procurador adjunto estavam já prescritos. Seguidamente, o facto de o magistrado frequentar um bar de alterne não faz com que, automaticamente, esteja a violar os seus deveres profissionais. Isto é, sobre o seu comportamento há apenas uma "suspeição" de que possa violar e não a comprovação deste facto.

Quem não partilhou deste entendimento foi o juiz-conselheiro Rui Botelho, que votou contra a decisão, apresentando uma declaração de voto arrasadora para com o procurador do Ministério Público. Começando por dizer que o processo disciplinar deu "como assente" que o magistrado do MP frequentava o bar de alterne e, devido à sua profissão, tinha bebidas e sexo gratuitamente, o juiz-conselheiro considerou que se estava perante uma falha disciplinar.

"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
04/10/10

UM REPUBLICANOZINHO




 Mais uma golpada????
- Jorge Viegas Vasconcelos despediu-se da ERSE


É uma golpada com muita classe, e os golpeados somos nós....

 Era uma vez um senhor chamado Jorge Viegas Vasconcelos, que era presidente de uma coisa chamada ERSE, ou seja, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, organismo que praticamente ninguém conhece e, dos que conhecem,  poucos devem saber para o que serve. Mas o que sabemos é que o senhor Vasconcelos pediu a demissão do seu cargo porque, segundo consta, queria que os aumentos da electricidade ainda maiores. Ora, quando alguém se demite do seu emprego, fá-lo por sua conta e
risco, não lhe sendo devidos, pela entidade empregadora, quaisquer reparos, subsídios ou outros quaisquer benefícios.
 Porém, com o senhor Vasconcelos não foi assim. Na verdade, ele vai para casa com 12 mil euros por mês - ou seja, 2.400 contos - durante o máximo de dois anos, até encontrar um novo emprego.
Aqui, quem me ouve ou lê pergunta, ligeiramente confuso ou perplexo: «Mas você não disse que o senhor Vasconcelos se despediu?».
 E eu respondo: «Pois disse. Ele demitiu-se, isto é, despediu-se por vontadeprópria!».
E você volta a questionar-me: «Então, porque fica o homem a receber os tais2.400contos por mês, durante dois anos? Qual é, neste país, o trabalhador que se despede e fica a receber seja o que for?».
 Se fizermos esta pergunta ao ministério da Economia, ele responderá, como já respondeu, que «o regime aplicado aos membros do conselho de administração da ERSE foi aprovado pela própria ERSE». E que, «de acordo com artigo 28 dos Estatutos da ERSE, os membros do conselho de administração estão sujeitos ao estatuto do gestor público em tudo o que não resultar desses estatutos».
Ou seja: sempre que os estatutos da ERSE forem mais vantajosos para os seus gestores, o estatuto de gestor público não se aplica.
Dizendo ainda melhor: o senhor Vasconcelos (que era presidente da ERSE desde a sua fundação) e os seus amigos do conselho de administração, apesar de  terem o estatuto de gestores públicos, criaram um esquema ainda mais vantajoso para si próprios, como seja, por exemplo, ficarem com um ordenado milionário quando resolverem demitir-se dos seus cargos. Com a bênção avalizadora, é claro, dos nossos excelsos governantes. Trata-se, obviamente, de um escândalo, de uma imoralidade sem limites, de uma afronta a milhões de portugueses que sobrevivem com ordenados baixíssimos e subsídios de desemprego miseráveis. Trata-se, em suma, de um desenfreado, e abusivo desavergonhado abocanhar do erário público. 
Mas, voltemos à nossa história.
 O senhor Vasconcelos recebia 18 mil euros mensais, mais subsídio de férias,subsídio de Natal e ajudas de custo. 18 mil euros seriam mais de 3.600 contos, ou seja, mais de 120 contos por dia, sem incluir os subsídios de férias e Natal e ajudas de custo.

Aqui, uma pergunta se impõe: Afinal, o que é - e para que serve - a ERSE? A missão da ERSE consiste em fazer cumprir as disposições legislativas para o sector energético.
 E pergunta você, que não é burro: «Mas para fazer cumprir a lei não bastam os governos, os tribunais, a polícia, etc.?». Parece que não.A coisa funciona assim: após receber uma reclamação, a ERSE intervém através da mediação e da tentativa de conciliação das partes envolvidas. Antes, o consumidor tem de reclamar junto do prestador de serviço.
 Ou seja, a ERSE não serve para nada. Ou serve apenas para gastar somas astronómicas com os seus administradores. Aliás, antes da questão dos aumentos da electricidade, quem é que sabia que existia uma coisa chamada  ERSE? 
Até quando o povo português, cumprindo o seu papel de pachorrento bovino, aguentará tão pesada canga? E tão descarado gozo?

enviado por BÉ

NR: Não interessa saber se esta notícia está muito data. O que interessa é saber é que existem gestores públicos capazes de redigir "regimes de excepção" para seu próprio benefício, escapando subtilmente ao estatuto do gestor público.
É uma informação neste dia que se comemora o Centésimo aniversário da República Portuguesa.

ESPERTEZA DE PROCURADOR

Procurador apanhado pela ASAE suspenso por um ano

Magistrado queria vender por 450 euros um bilhete de 60 para o concerto de Madonna. Supremo confirmou pena.

Foi no dia 3 de Setembro que F. C., procurador adjunto do Ministério Público, se encontrou com um homem no centro comercial Almada Forum para lhe vender um bilhete para o concerto de Madonna, que se realizou em 2008 no Parque da Bela Vista, em Lisboa. Até aqui tudo bem: F. C. tinha colocado um anúncio na Internet, propondo a venda por 450 euros (os bilhetes custavam 60 euros). O indivíduo respondeu e marcou-se o encontro. O bilhete n.º 45558 passou para as mãos do homem que entregou ao procurador adjunto 450 euros em notas de 20. Transacção concluída. Apenas um senão: o comprador era um inspector da ASAE.

O procurador adjunto em causa foi alvo de um processo disciplinar. O instrutor propôs como pena a demissão da magistratura do Ministério Público, mas o Conselho Superior ficou-se pela suspensão durante um ano. F. C. recorreu para o Supremo Tribunal Administrativo (STA) que, a 7 de Setembro, confirmou a pena.

No recurso apresentado, o procurador invocou uma série de disposições legais para invocar a nulidade da decisão. Um deles foi a inconstitucionalidade da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Isto é, a Autoridade foi criada por decreto do Governo, que a equiparou a órgão de polícia criminal. Ora, a criação de uma polícia só pode resultar de uma decisão da Assembleia da República. Isto mesmo foi decidido em dois acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa. Porém, em Março de 2010, o Tribunal Constitucional afastou qualquer suspeita de inconstitucionalidade sobre a ASAE.

O procurador alegou ainda que o inspector da ASAE que o abordou funcionou, não como "agente encoberto", mas sim como "agente provocador". Ora, os conselheiros do STA também não lhe deram razão: "Provocador é o agente que desencadeia efectivamente o crime, não se limitando a revelar ou trazer à luz uma já subsistente propensão para o seu cometimento", refere o acórdão.

Concretizando: "A iniciativa partiu do arguido que teve conhecimento da colocação do anúncio; concordou com essa colocação e, posteriormente, respondeu à ASAE. Não foi a ASAE que provocou o arguido e gerou nele a intenção de vender o bilhete", acrescentam os juízes-conselheiros Américo Esteves (relator), António Madureira e António Políbio Henriques.

De acordo com os factos dados como provados, foi o procurador adjunto quem colocou no site lisboacity.olx.pt um anúncio, dando conta da intenção de vender por 450 euros o bilhete para o concerto. Um inspector da ASAE, através do e-mail ioo.repolho@gmail.com, respondeu ao anúncio: "Ainda tem o bilhete disponível? Estou comprador." E foi assim que F. C. iniciou o contacto com o inspector encoberto: "Sim, ainda o tenho disponível. Se estiver verdadeiramente interessado contacte para o n.° de telem. 96... para a marcação do encontro. Cumprimentos."

Durante o processo disciplinar, o procurador ainda alegou que os inspectores da ASAE erraram na identificação do casaco que vestia no dia da transacção. Mas foi contrariado pelos depoimentos dos homens da ASAE.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
03/10/10

ASSEMBLEIA DA REPÙBLICA - esforço de contenção


Diário da República nº 28 - I série datado de 10 de Fevereiro de 2010
- RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 11/2010.

Poderá aceder através do site http://www.dre.pt/


Algumas rubricas do orçamento da Assembleia da Republica

1 - Vencimento de Deputados ................. 12 milhões 349 mil Euros
2 - Ajudas de Custo de Deputados..............2 milhões 724 mil Euros
3 - Transportes de Deputados ....................3 milhões 869 mil Euros
4 - Deslocações e Estadas .........................2 milhões 363 mil Euros
5 - Assistência Técnica (??) .......................2 milhões 948 mil Euros
6 - Outros Trabalhos Especializados (??) ...3 milhões 593 mil Euros
7 -Restaurantes e cafetaria.........................................961 mil Euros
8 - Subvenções aos Grupos Parlamentares.................970 mil Euros
9 - Equipamento de Informática ..................2 milhões 110 mil Euros
10- Outros Investimentos (??) ....................2 milhões 420 mil Euros
11- Edificios ............................................. 2 milhões 686 mil Euros
12- Transfer's (??) Diversos (??)...............13 milhões 506 mil Euros
13- Suvenção dos partidos na A.R.. ...     16 milhões 977 mil Euros
14-Subvenções de campanhas eleitorais ...73 milhões 798 mil Euros

Em resumo e NO TOTAL a DESPESA ORÇAMENTADA para o ANO de 2010, é € 191 405 356,61 (191 Milhões 405 mil 356 Euros e 61 cêntimos) - Ver Folha 372 do acima identificado Diário da República nº 28 - 1ª Série -, de 10 de Fevereiro de 2010.

Vamos lá então ver se isto agora já o começa a incomodar um "bocadinho". Repare:
Cada deputado, em vencimentos e encargos directos e indirectos custa ao País, cerca de 700.000 Euros por ano. Ou seja cerca de 60.000 Euros mês.

E depois pedem sacrifícios ao POVO ?!!!

O MERCEDES DA CONTENÇÃO FINANCEIRA


Governo compra Mercedes de 141 mil euros 

O objectivo do Governo é receber as altas individualidades estrangeiras e os convidados do Estado com dignidade e cumprindo "as obrigações protocolares". O automóvel utilizado até aqui era já em segunda mão quando foi comprado em 1998 (um BMW 750 iLA), estava "tecnologicamente desactualizado" e apresentava uma factura muito alta em manutenção (desde 2004 já gastara 38.308 euros) e precisava agora de uma intervenção de 23 mil euros. A decisão? Optar por um novo.
A Presidência do Conselho de Ministros (PCM) adquiriu assim, através da ANCP-- Agência Nacional de Compras Públicas, um Mercedes S450 CDI no valor de pelo menos 140.876 euros. Pelo menos, porque este é o preço de tabela, mas, tendo em conta as personalidades que deverá transportar, terá sofrido adaptações, sendo, por exemplo, blindado. Mas a PCM não esclareceu essa situação ao PÚBLICO e também não especificou se se trata do modelo mais longo (e mais espaçoso, como o era o BMW que estava ao serviço), que custa mais 4000 euros. O contrato de aluguer operacional por quatro anos custa 2807 euros por mês e inclui manutenção e pneus para 160 mil quilómetros, diz a PCM, que não adianta o valor residual que será necessário pagar no fim do contrato.

Para cumprir a regra estipulada no PEC de que o Estado só pode comprar um veículo por cada três abatidos, a PCM abateu à sua frota o BMW 750 iLA que o Mercedes substitui, mas também um BMW 525 tds (em Abril) e um BMW 740 iA (que fora apreendido e que foi restituído ao proprietário).

O Mercedes, matriculado na segunda quinzena de Agosto, será usado na cimeira da NATO, mas poderá ser já usado pelo rei de Espanha, que estará em Lisboa na próxima semana (dias 6 e 7). Ou ir até ao Porto com o Presidente italiano, que estará no encontro da COTEC com Juan Carlos.

A secretaria-geral da PCM diz que a ANCP escolheu a "proposta economicamente mais vantajosa para o Estado", mas fica por explicar a razão pela qual o Governo não optou por um veículo híbrido, cuja oferta é já ampla no mercado. A marca alemã tem modelos muito próximos do adquirido, que até são mais baratos.

IN "PÚBLICO "
02/10/10

BENESSES PARA O LÍDER DA REPÚBLICA?????


Acumulação de pensões. 
Cavaco fora das medidas de austeridade

A medida do governo que acaba com a acumulação de vencimentos públicos com pensões de reforma do sistema público de aposentações não vai afectar os rendimentos do Presidente da República. O secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, também não vai ver os seus rendimentos reduzidos.

O Presidente da República recebe duas pensões de reforma - uma do Banco de Portugal e outra da Caixa Geral de Aposentações por descontos enquanto professor na Universidade Católica, que somam cerca de cinco mil euros - e o vencimento enquanto Presidente da República, que ultrapassa os sete mil euros. Ambas ficam a salvo com esta proposta do governo, apresentada na quarta-feira depois do Conselho de Ministros extraordinário. O executivo de Sócrates vai apenas aplicar a medida para o futuro, ou seja, para os novos pensionistas e não para aqueles que já acumulam os vencimentos com pensões de reforma. A medida só vai entrar em vigor com o Orçamento do Estado para 2011.

O Ministério das Finanças garantiu ao i que "a medida aplica-se apenas a reformas atribuídas pela Caixa Geral de Aposentações (CGA)" o que em tese abrangeria a reforma de cerca de dois mil euros por ter sido professor universitário.

Já o secretário de Estado, Vasco Franco, recebe, além do salário enquanto governante, um terço da reforma por ter sido deputado da Assembleia da República. O governante já tinha sido obrigado a abdicar de parte da reforma quando o Executivo de Sócrates mexeu pela primeira vez na legislação.

MEDIDA O Presidente da República tinha sido excepção na primeira alteração à legislação levada a cabo por Sócrates, em 2005, que obrigou a que quem recebesse vencimentos públicos e reformas públicas tivesse de escolher entre um terço do ordenado ou um terço da pensão. Agora, a medida vai apenas aplicar--se aos descontos feitos para a CGA, o que vai deixar de fora as reformas do Banco de Portugal. Manuela Ferreira
Leite e Miguel Beleza, por exemplo, enquanto antigos membros do Banco de Portugal vão manter os rendimentos na íntegra.

De acordo com o antigo ministro de Cavaco Silva, esta medida "é uma maneira de reduzir a despesa", apesar de, reconhece, "sentir sempre alguma dificuldade em ver alterado o que está em vigor", explica Miguel Beleza. Já o deputado socialista João Soares considera que a medida já "devia ter sido tomada há muito tempo" e que é "inaceitável" a acumulação de vencimentos com a reforma pública.

Contactada pelo i, a Presidência da República não quis fazer qualquer comentário antes de serem conhecidas as medidas, mas esclarece que as pensões do Presidente são por descontos efectivos. Cavaco já não recebe a subvenção vitalícia - no valor de quase três mil euros - por ter ocupado o cargo de primeiro- -ministro. Também Vasco Franco recusou comentar.

IN "i"
02/10/10


REPÚBLICANISSES HILARIANTES


EM TEMPO DE CONTENÇÃO

A REPÚBLICA DA ESPERANÇA



A República da esperança

Bárbara Guimarães foi considerada a mulher que melhor incarnaria a imagem do regime.


No ano em que se comemora o centenário da República, é legítimo debater as suas questões políticas, ideológicas, futuras e - porque não? - estéticas. A pensar na imagem do busto da República, símbolo do regime - e respirando o ar de renovação que sopra de França - a ‘Domingo' desafiou um insuspeito e imparcial painel de 30 jurados para escolher a figura feminina portuguesa que, na actualidade, melhor representaria a República. Depois da deliberação, Bárbara Guimarães revelou-se a vencedora. Afinal, quem melhor do que ela, uma mulher carregada de esperança, para vestir a pele de um país?

ABRAÇADAS PELA BANDEIRA

O imagem do busto da República passou a simbolizar o novo regime em 1911. A sua musa inspiradora foi Ilda Pulga, que morreu em 1993 com 101 anos, em Lisboa. Natural de Arraiolos, crê-se que Ilda - que à época do retrato teria 18 ou 19 anos e trabalharia como costureira - seria uma mulher com uma vida cultural intensa e dotada de um espírito diferente, muito avançado para a sua época.

Ao artista plástico José Simões de Almeida, prestigiado escultor e professor da Escola de Belas-Artes de Lisboa, coube a autoria da obra, que seguiu o modelo genérico da ‘Liberdade' de Eugène Delacroix, distinguindo-se apenas pelo vermelho e verde das roupas - as cores da nova bandeira nacional.

Com 38 semanas de gravidez, Bárbara Guimarães escolheu um discreto vestido preto para que fosse a República a protagonizar a produção. Chegou pronta aos estúdios, mas curiosa. Fazer a apresentadora vestir a pele da República foi simples: bastou uma bandeira, já que a sua postura serena mas determinada e um ‘clique' no momento certo fizeram o resto.

Fotos que lhe ficarão para sempre tatuadas na memória, por acontecerem num momento especial da sua vida: "Um dia mais tarde, explico à minha filha por que estávamos as duas abraçadas pela bandeira. Esta será uma das últimas recordações desta gravidez", confessou.

Para Bárbara, 37 anos, a República significa a vitória do "ideal da igualdade". No entanto, foi uma época que "trouxe muitas esperanças e, infelizmente, também algumas decepções".

Príncipes e princesas são coisa de histórias infantis, das que gosta de contar a Dinis. "Embora o meu filho também aprecie as histórias republicanas que o pai lhe conta", brincou Bárbara.

MIL E UM MOTIVOS

À apresentadora da SIC - que concorreu com as apresentadoras de TV Cláudia Vieira, Liliana Campos e Conceição Lino e a actriz Margarida Vila-Nova - não foram poupados elogios. A escritora Lídia Jorge enalteceu-lhe a beleza e as suas várias dimensões. "Impressiona-me que nela coabitem duas dimensões: a de uma estrela da televisão e a de leitora de livros, de mulher que sabe dialogar com as pessoas da cultura. A Bárbara faz a ponte entre o reino do aspecto e o mundo da intimidade das obras literárias", afirmou a autora de ‘A Costa dos Murmúrios'. Já o criminalista Francisco Moita Flores destacou Bárbara Guimarães pelo seu "lado mais maternal e sóbrio".

Filipe Duarte Santos, professor de Física da Universidade de Lisboa, considerou Bárbara a mulher "mais interessante", pela facilidade de comunicação aliada ao facto de ser "um ícone de beleza, e às vertentes cultural, educativa e formativa trabalhadas na televisão". A mesma linha de pensamento foi seguida por Margarida Martins, os fadistas Cristina Branco e João Braga, os escritores Francisco José Viegas e Mário Zambujal, o crítico e programador de cinema Mário Dorminsky ou o treinador de futebol Toni, para justificarem o seu voto na apresentadora. O estilista Luís Buchinho, por seu lado, fixou-se nas suas feições: "Tem um rosto com uma beleza clássica, cuja imagem é perfeita para uma escultura que simbolize o ideal da República."

Ao cineasta António da Cunha Telles não escaparam os seus traços de personalidade. "Tem um comportamento determinado e virado para a frente, ou seja, uma personalidade forte. Depois, é uma figura voluntariosa e muito coerente. Era engraçado se fosse mesmo o busto da República. Fazia um certo eco no País", analisou o realizador.

Já o cronista João Miguel Tavares foi prático: "Bárbara tem condições filosóficas para desempenhar o cargo."

E, depois de todas estas, há razões que só o coração conhece: "Para representar a República, teria de ser uma mulher da minha integral confiança", assinou o maestro António Victorino d'Almeida.

CONCORRÊNCIA

Sem que o soubesse, Bárbara Guimarães ombreou com outras concorrentes de peso na eleição da mulher que melhor representaria a República. A todas, os jurados desvendaram caraterísticas excepcionais, de aparência, atitude e personalidade, para justificarem a respectiva escolha.

De Cláudia Vieira, segunda mais votada, Vítor de Sousa deixou-se conquistar pelo "sorriso e a juventude", enquanto a estilista Isilda Pelicano elogiou-lhe a "estrutura física". O cirurgião plástico Biscaia Fraga analisou a candidata com olho clínico: "A sua parte torácica é a mais desenvolvida, de porte atlético. Será uma copa B de transição para C, o que me parece de todo adequado para incarnar o busto da República."

O cronista João Pereira Coutinho, por seu lado, exaltou-lhe a nacionalidade. "A Cláudia Vieira representa uma certa portugalidade, a lembrar campinos, riachos e prados verdejantes."

Para Pedro Mexia, escritor e ex-director da Cinemateca Portuguesa, a escolha é incontestável: "Cláudia Vieira, fosse qual fosse a eleição."

FORÇA E CARÁCTER

Conceição Lino, por sua vez, cativou o voto de António Pedro Cerdeira, motivado pelo estilo discreto. "É alguém que transmite força, credibilidade, sobriedade e classe, tal como a República deve ser", afirmou. Susana Fonseca (presidente da Quercus) e Sandra Nascimento (presidente da Associação para a Promoção da Segurança Infantil) destacaram-na pelo trabalho de "resolução dos problemas da sociedade através do debate público" e a "atenção aos valores da Mulher, da Criança e da Família". Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, sublinhou por seu turno "a postura de seriedade, a beleza tranquila e discreta, que, simultaneamente, emana uma imagem de esperança".

Já a actriz Margarida Vila-Nova foi a escolhida do juiz desembargador Eurico Reis e também de João Duque, economista e presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa: "Apesar de ter 100 anos, a República é sempre uma força viva que empolga, entusiasma e lidera um povo. Por isso, de todas a que eu selecciono é a Margarida, pela frescura que transmite". O ex-ministro Mira Amaral salientou-lhe o rosto clássico e o estilista Miguel Vieira "a garra da nova geração". Por fim, Simone de Oliveira e Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, elegeram Liliana Campos. A primeira defendeu o ‘low-profile' da apresentadora como o mais apropriado para a República, enquanto o segundo frisou a "verticalidade e imponência do carácter ".

UM CENTENÁRIO COM MUITO POUCAS RAZÕES PARA COMEMORAR

Os foguetes estão prontos para a grande festa do centenário da República da próxima terça-feira mas muitos portugueses não vêem motivo para celebrações. A começar, claro, pelos monárquicos. Gonçalo da Câmara Pereira, fadista, deputado municipal de Lisboa pelo PPM e vice-presidente do partido, diz mesmo que o dia é de luto. "Vou pôr a bandeira nacional a meia-haste [a da monarquia, não a verde e vermelha, que Gonçalo diz ser "a do Scolari"] e usar uma gravata preta."

Mais incisivo, João Távora, dirigente da Causa Real, vai estar em Guimarães, numa cerimónia em que centenas de monárquicos vão fazer uma "Proclamação de Lealdade" a D. Duarte Pio, o herdeiro do trono que a República extinguiu em 1910. Na cerimónia, também vai estar presente o presidente da Causa Real, Paulo Teixeira Pinto. Militante do PSD - foi deputado e fez parte dos governos de Cavaco Silva -, lidera a equipa que elabora a proposta de revisão constitucional do PSD, que quer alterar a lei fundamental da República. Paulo Teixeira Pinto explica no site da Causa Real as suas razões: "Ser monárquico não é ser contra alguém ou alguma coisa. É ser por um ideal e estar em defesa de quem o incarna (...). O Rei é o primeiro servidor da comunidade, ou, dito de outro modo, o Rei é o último dos súbditos do Reino."

Outro monárquico convicto prepara uma acção subversiva. Rodrigo Moita de Deus, do blog ‘31 da Armada', não quer explicar o que é que o grupo (que inclui vários republicanos) prepara para a madrugada de 4 para 5 de Outubro, "porque senão ainda íamos presos". Mas promete que será tão espectacular como as duas últimas acções, registadas em vídeo - o hastear da bandeira monárquica em Olivença e o roubo da bandeira da Câmara de Lisboa dos Paços do Concelho, que acabou depois por ser devolvida, conta Rodrigo, que vota sempre em branco nas eleições presidenciais.

EXÍLIO EM FLORENÇA

Enquanto se estiver a celebrar o centenário da República, o chef Hélio Loureiro vai ‘exilar-se' em Florença, Itália. Só regressa à República Portuguesa um dia depois das comemorações. Não é boa altura para o País gastar dinheiro, defende o chef executivo da cozinha do Porto Palácio Hotel. Mas há mais razões: "Vivemos numa República que nos foi imposta, não houve um referendo, como o Paiva Couceiro defendia. E, como vemos, é mau termos Chefes de Estado subjugados aos partidos - são sempre reféns do eleitorado, por isso, vão ter sempre que fazer campanha" - argumenta.

"Não há escolas para Presidentes mas educa-se para se ser Rei. E, depois, não existem ditaduras nas monarquias - esse é o maior exemplo de democracia." E, pela democracia, Hélio Loureiro exerce sempre o direito ao voto. Nunca no BE, note-se. Mas, de resto, percorre todos os quadrantes políticos, de acordo com o momento. Só nas presidenciais o seu voto varia entre o branco e o nulo, excepto nas próximas: "Vou votar em Fernando Nobre. Não tem um partido por trás."

O CAOS DA REPÚBLICA

O balanço que os monárquicos fazem do centenário da República é claramente negativo. "Em 100 anos tivemos 71 governos, o que dá uma média de 16 meses de duração de cada um. E neste período só há pouco mais de 30 anos é que temos uma democracia", diz Rodrigo Moita de Deus, que milita no PSD. Tal como João Távora, que é militante do CDS-PP, Rodrigo defende que os monárquicos "devem ter uma participação activa na vida política da República". O blogger aponta como um dos grandes problemas da vida política o alheamento dos cidadãos: "Faz-me confusão aquilo a que chamo de ‘marimbismo', que é uma espécie de ateísmo político. A maior parte das pessoas não liga nada ao que se passa na política portuguesa, o que é preocupante".

Gonçalo da Câmara Pereira chegou a lançar-se numa candidatura presidencial mas foi travado pelo seu próprio partido, o PPM, que não quis um monárquico a concorrer ao mais alto cargo da República. "Não acho que haja contradição, mas o partido entendeu que não era conveniente. Um monárquico deve empenhar-se na vida política". Participa nas eleições presidenciais mas o voto vai em branco.

O cantor José Cid também vai manter o seu voto em branco. Porquê? "Apoiei Cavaco Silva uma vez, não vou apoiá-lo agora. Ele devia ter sido mais corajoso nos últimos cinco anos. Não vou apoiar Manuel Alegre, porque me ofereci na campanha anterior e ele não me aceitou." Mas a sua maior razão não é contra a propaganda política. É que o cantor é anti-República.

"Só podia ser, vendo os erros sucessivos que se tem cometido ao longo destes 100 anos", observa. "Há um regicídio, não há um referendo, institucionaliza-se uma República com sucessivos erros... Até que apareceu, nos anos 20, um homem que se chamava Salazar e que durante, no máximo, dez anos teve boas ideias para o País. Depois tornou-se um ditador, como foi também Marcello Caetano" - prossegue José Cid.

"Há duas ditaduras nesta República, uma delas sanguinária e acima de tudo não dava os direitos essenciais de liberdade, de expressão, de voto ao povo português. Depois veio o 25 de Abril, que é um movimento falhado porque não diminuiu a pobreza, não aumentou a classe média, antes pelo contrário. E ‘incitou' todas as pessoas que tinham muito dinheiro a fazer offshores."

CRÍTICAS À ESQUERDA

Mas não são só os monárquicos que contestam o regime vigente. Garcia Pereira, dirigente histórico do PCTP-MRPP, defende que a Constituição devia mudar, para acabar com aquilo a que chama "democracia parlamentar burguesa". As mudanças passariam por medidas como "a obrigatoriedade de eleição de todos os titulares de cargos públicos, que não poderiam ganhar mais do que os operários. O poder nas empresas estaria nas mãos das assembleias de trabalhadores e haveria um Parlamento com deputados eleitos por outro método que não o actual sistema de Hondt, que deixa de fora partidos com votações expressivas". Parecem ideias saídas do PREC - e Garcia Pereira não recusa o rótulo de extrema-esquerda para o seu partido - mas o dirigente defende que "nunca como agora fez tanto sentido defender ideias revolucionárias, para mudar um país cada vez mais desigual, mais empobrecido e antidemocrático".

Ruben de Carvalho, ex-deputado do PCP e vereador da Câmara de Lisboa, também critica o rumo que o regime tomou no pós-25 de Abril, mas as suas divergências prendem-se mais com as políticas seguidas do que com a natureza do regime. Garante mesmo que, "caso o PCP chegasse ao Governo, a revisão da Constituição não seria uma prioridade". "Defendemos um regime parlamentar e multipartidário. As outras forças políticas é que querem retirar da Constituição todas as conquistas que se conseguiu com a revolução de Abril".

REGIME SEM DIREITA

À direita, também há razões de queixa em relação à República. Jaime Nogueira Pinto recusa os termos ‘republicano' e ‘monárquico' e afirma-se como "um nacionalista". E explica o que o separa dos partidos que governaram desde o 25 de Abril: "Os partidos têm uma preocupação de defesa do regime; a questão nacional é para eles secundária, só a invocam por razões eleitorais. Como não dá votos, não interessa", diz o professor universitário, que acaba de publicar um livro sobre a I República.

Para Jaime Nogueira Pinto, que defendeu a figura de Salazar aquando da eleição televisiva do ‘Maior Português de Sempre', pior que o sistema de representação política actual é a "limitação genética do leque ideológico. Este regime só tem esquerda e centro". Analisando os 100 anos da República, Nogueira Pinto elege três momentos positivos: "Foram períodos de reconstrução interna e de afirmação externa, como o consulado sidonista e os primeiros anos do Estado Novo; nos anos sessenta - de 1961-1968 - foi a mobilização do País para enfrentar a Guerra de África e o consequente desenvolvimento económico-social de cá e lá, gerando as taxas de crescimento ‘asiáticas' da fase final do Estado Novo. Na III República, houve o primeiro Cavaquismo, que pôs termo à hegemonia esquerdista e trouxe os anos de vacas gordas de 1986 a 1993."

REVISIONISMO HISTÓRICO

Uma crítica generalizada que todos fazem é à forma como se está a celebrar o centenário. "Revisionismo histórico", "deturpação da verdade" e "ocultação de crimes graves" são críticas gerais às várias exposições e publicações que a comissão criada pelo Governo patrocina. João Tomás, dirigente da Causa Real, é um dos fundadores do site centenariodarepublica.org, que publica desde 2007 artigos de vários autores sobre os acontecimentos sobre o fim da monarquia e dos 16 anos da I República. "O nosso objectivo foi pôr na Internet toda a documentação sobre a revolução, para contrabalançar a versão oficial, que faz parte do ensino republicano. As pessoas podem ler os factos e perceber o que foi, de facto, a instauração da República."

Ruben de Carvalho e Garcia Pereira criticam o ‘esquecimento' da repressão contra operários e sindicalistas na I República, marcada pela agitação social e por episódios sangrentos.

Aline Gallasch-Hall, deputada municipal de Lisboa pelo PPM, junta-se a críticas. "Ninguém diz que, na monarquia, as mulheres tinham direito de voto. Havia a figura do chefe de família, que podia votar, e muitos chefes de família eram mulheres. Isto foi abolido pela República. A monarquia era mais democrática", diz Aline.

O actor Nicolau Breyner só se sente bem - "em qualquer parte do Mundo" - quando não é governado por um ditador. Apesar de não ser monárquico, está "consciente" das vantagens deste regime. "O maior democrata que apareceu em Portugal foi o rei D. Carlos", acredita. "E tenho também a consciência de que a Monarquia seria mais barata para o País: é uma questão de saber quanto custa um rei e qual o preço de termos eleições de quatro em quatro anos." E um rei é um símbolo. "Um dos males do nosso povo é estarmos sem pessoas que admiremos." O actor consegue, naturalmente, viver em República sem faltar às eleições, eleger o seu candidato, e até apregoar que "o voto deveria ser obrigatório". Nada mais, nada menos.

TRINTA JURADOS PARA ELEGER UMA NOVA FIGURA PARA O BUSTO

A eleição da mulher que melhor representaria o busto da República contou com os votos de José Medeiros Ferreira, Francisco Moita Flores, Mira Amaral, Pedro Mexia, Lídia Jorge, Francisco José Viegas, Mário Zambujal, João Miguel Tavares, João Pereira Cou-tinho, Biscaia Fraga, Isilda Pelicano, Miguel Vieira, Luís Buchinho, António Victorino d'Almeida, Cristina Branco, João Braga, Vítor de Sousa, António Pedro Cerdeira, Simone de Oliveira, Margarida Martins, Mário Dorminsky, António Cunha Teles, Toni, Susana Fonseca, Nuno Crato, Sandra Nascimento, Filipe Duarte Santos, Eurico Reis, João Duque e Paulo Rodrigues.

"CORREIO DA MANHÃ"
03/10/10

HINO DA MARIA DA FONTE - VITORINO

VEM AÍ A REPÚBLICA É UM LIVRO FABULOSO

A 1ª REPÚBLICA

5 DE OUTUBRO DE 1910

100 ANOS DA REPÚBLICA PORTUGUESA