02/02/2013

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA


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 BOAS PRÁCTICAS




 ESTE AVISO PARECE QUE SE DESTINA A POVOS DO TERCEIRO MUNDO MAS NÃO, É PARA TODOS NÓS...

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A FÉ COMANDA A VIDA


















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 O FUMO

 
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 Aeroporto mini/2





Uma bela estrutura reproduzindo um aeroporto miniatura que faz o encanto de miúdos e graúdos em Hamburgo.

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 P R O T E C T O R A



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 U.S.A.



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A VIDA PRIVADA


DE SALAZAR
 

2º Episódio



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E X C E S S O S



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ZHANG MONAN




Os limites da revolução 
           do consumo na China

 A economia chinesa está numa encruzilhada. Neste início de 2013, os observadores nacionais e estrangeiros perguntam-se que caminho de desenvolvimento económico deve o país seguir na próxima década.

Como é que a China pode garantir um crescimento sustentável e estável, perante os importantes desafios internos e externos, incluindo a desaceleração do crescimento a médio e longo prazo, os custos de trabalho crescentes e uma pressão inflacionária cada vez maior?

Depois de a crise económica global ter debilitado a procura externa, que sustentou o crescimento sem precedentes da China durante três décadas, as autoridades acordaram que a procura interna, especialmente o consumo doméstico, deve converter-se no novo motor de crescimento do país. No congresso do Partido Comunista chinês de Novembro, os líderes da China manifestaram a sua intenção de duplicar o rendimento per capita em 2020, gerando 64 biliões de renminbis (10,2 biliões de dólares) de poder de compra.

Na verdade, com cerca de 130 milhões de consumidores da classe média, o mercado doméstico da China tem um potencial significativo. O Boston Consulting Group estima que, com uma taxa média de crescimento anual do PIB de 7% na China, e de 2% nos Estados Unidos, o consumo doméstico chinês para metade do dos Estados Unidos em 2015, e para 80% em 2020 (assumindo que o renminbi aprecia a uma taxa média de 3% em relação ao dólar dos Estados Unidos ao longo dos próximos anos).

Além disso, o superávit em conta corrente caiu de mais de 10% do PIB em 2007 para 2,8% em 2011, refletindo a dependência cada vez menor da China em relação às exportações para impulsionar o crescimento económico. Em 2010, as importações da China foram as segundas mais importantes do mundo, e espera-se que cresçam a uma taxa média anual de 27% em 2011-2015, superando o crescimento das exportações em cinco pontos percentuais. Como resultado, calcula-se que o valor total das importações deverá ultrapassar os 10 biliões de dólares em apenas dois anos, oferecendo oportunidades de investimento lucrativas e mercados mais amplos para os investidores estrangeiros.

Este potencial não se esgota nas empresas multinacionais. Uma pesquisa realizada em Maio de 2012 pelo Centro de investigação para o Desenvolvimento do Conselho de Estado da China inquiriu 394 empresas chinesas e estrangeiras acerca da sua orientação estratégica futura na China. Em termos gerais, os participantes viam a China não só como uma oportunidade de mercado, uma base de investigação e desenvolvimento e uma base de exportações, mas também como uma base industrial de alto nível e uma base de serviços. Os resultados também reflectiram a atractividade decrescente da China como uma base de montagem de produto, produção de baixo custo, e produção de peças.

De facto, apesar de os Estados Unidos e outros países procurarem trazer a produção industrial para casa (“reshoring”), foram estabelecendo centros de inovação na China. As empresas multinacionais criaram cerca de mil centros de investigação e desenvolvimento na China, incluindo 194 apenas em 2012, permitindo-lhes desenvolver produtos para o mercado local. Hoje, operam na China mais de 1400 instituições de investigação com financiamento estrangeiro, e os dados do Ministério do Comércio da China indicam que 480 das 500 empresas mais importantes do mundo criaram filiais locais.
Contudo, a China não pode depender do consumo interno como único motor de crescimento. A história tem mostrado que um modelo de desenvolvimento unidimensional não pode assegurar uma competitividade sustentável, da mesma forma que um só mercado não pode sustentar a procura global. Neste sentido, a China deve continuar a desenvolver o seu sector industrial.

A China é o principal país industrial do mundo por produção. Mas, ao mesmo tempo que representa 19,8% do total da produção industrial em termos globais, recebe menos de 3% do investimento em investigação e desenvolvimento industrial do mundo. Como resultado, a capacidade de inovação da China permanece relativamente baixa, e as suas indústrias de alta tecnologia que requerem um elevado nível de conhecimento são incapazes de competir globalmente.

Em média, as empresas industriais da China são relativamente pequenas e, embora a produtividade da sua mão-de-obra industrial (valor agregado real da produção por empregado) tenha melhorado ao longo da última década, continua a ser muito menor do que a de países desenvolvidos - apenas 4,4% da produtividade dos Estados Unidos e do Japão, e 5,6% da produtividade da Alemanha. E o fenómeno da "pauperização" - em que as empresas devem ajustar as suas estratégias comerciais para lidar com uma base de consumidores empobrecidos - está a afectar cada vez mais as indústrias tradicionais, minando ainda mais a capacidade da China de alcançar um desenvolvimento sustentável.

Além disso, a qualidade dos produtos manufaturados chineses continua a ficar atrás da de bens manufaturados nos países desenvolvidos. Enquanto uma unidade de entrada intermédia nos países desenvolvidos normalmente gera uma unidade ou mais de valor agregado, na China, a proporção é de apenas 0,56.

À medida que desaparece o “dividendo demográfico” da China, o seu mercado de mão-de-obra barata está a encolher, elevando assim os custos do trabalho outrora baixíssimos, e reduzindo a sua taxa de retorno sobre o capital. Nos próximos dez anos, com os trabalhadores a exigirem salários mais altos, benefícios básicos e melhores condições de trabalho, o país pode muito bem perder a vantagem comparativa que tem impulsionado o seu auge industrial.

Embora os salários do sector industrial continuem a ser significativamente mais baixos na China do que nos Estados Unidos, a diferença está a estreitar-se rapidamente, e isso alimenta o retorno das indústrias aos Estados Unidos. Considerando que os salários chineses estão a subir a uma taxa anual de 15-20%, espera-se que as taxas salariais ajustadas à produtividade nos estados norte-americanos de baixos custos excedam as de algumas regiões costeiras da China em apenas 40%, em 2015. Se a isto se somar os custos reduzidos da energia nos Estados Unidos, devido à revolução de gás de xisto do país, e a complexidade da cadeia de fornecimento global, as vantagens de custo da China serão, em breve, insignificantes.

Ao mesmo tempo, outras economias emergentes – incluindo o Vietname, a Índia, o México e os países do leste europeu – estão a disputar a posição da China como a fábrica do mundo. Estas alternativas de baixo custo estão a converter-se rapidamente nos destinos preferidos dos investidores dos países desenvolvidos.

Ainda que o enorme potencial do mercado de consumo da China possa oferecer um novo impulse ao crescimento económico, a transformação económica do país não pode ser bem-sucedida sem a melhoria do sector industrial. Os líderes da China devem começar por aumentar o investimento em ciência e tecnologia, concentrando esforços na criação de avanços tecnológicos importantes para a produção de maior valor agregado. Só com a combinação de mais consumo interno e uma produção industrial melhorada é que o país poderá desenvolver uma nova vantagem comparativa, que é fundamental para o crescimento sustentável na próxima década.

Membro do Centro de Informação da China e da Fundação de Estudos Internacionais da China, e investigadora na Plataforma de Pesquisa Macroeconómica da China. 

IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
30/01/13


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NOVO RICO
E  VÍGARO








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2. A PESTE NEGRA




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 E AGORA??





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AZNAVOUR

LA BOEHME



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HOJE NO
"A BOLA"

Jorge Jesus reage a estudo do Sindicato: «Somos um país de emigrantes, 
deixem-se de tretas»
 
Jorge Jesus desvaloriza as conclusões do estudo levado a cabo pelo Sindicato de Jogadores, segundo o qual o Benfica foi o clube que menos portugueses fez alinhar na primeira volta do Campeonato. «Somos um País de emigrantes, deixem-se de tretas», reage.
«A mim preocupa-me é não ter jogadores de qualidade. Isso acabou, deixámos de ser nacionalistas nesse aspeto. O mundo mudou no que à globalização do direito ao mercado de trabalho diz respeito. E o futebol é igual. Em Portugal não há quantidade para formar só jogadores portugueses. Temos de formar jogadores portugueses ou estrangeiros, para sermos competitivos em Portugal e nas competições europeias. Essa questão pertence ao passado, não ao tempo de D. Afonso Henriques mas das nossas ex-colónias, quando havia a possibilidade de ir buscar jogadores nascidos em Angola e em Moçambique. Nos anos 80, o Benfica tinha a grande maioria dos seus jogadores portugueses por essa questão. Hoje, isso não existe. Se olharmos para as melhores equipas do mundo, têm um ou dois jogadores do seu país a jogar. A mim preocupa-me trabalhar com a intenção de formar jogadores, independentemente da nacionalidade deles», argumentou o treinador dos encarnados.

«Benfica, Sporting e FC Porto não vão ter muitas possibilidades de ter a maioria dos seus jogadores portugueses. Quando começas a estar atento àqueles que começam a despontar, já eles estão no estrangeiro. Somos o exemplo da formação de jogadores. Os miúdos estão a sair de Portugal com 16, 17 e 18 anos e temos menos quantidade para recrutar», apontou, dando como exemplo os casos de Diogo Rosado e Rui Fonte, dois atletas portugueses que as águias fizeram regressar aos relvados portugueses.

«Nasceram em Portugal mas foram cedo para o estrangeiro, pois as pessoas entenderam que eles tinham qualidade. Nós entendemos recuperá-los e é assim que temos de trabalhar. Somos um País de emigrantes, exportamos trabalhadores para todo o mundo e em Portugal só os portugueses têm direito a trabalhar? Deixem-se dessas tretas», atirou.

* Um eufórico apoiante de Relvas e Mestre que nos mandam emigrar.

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 METRO DE N.Y




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HOJE NO
"PÚBLICO"

Já há um supermercado só para 
perceber como pensa o consumidor 

Escola de Gestão da Universidade Católica criou um laboratório de investigação experimental com uma loja fictícia 

Saber o que pensam, como se comportam numa loja, por que decidem comprar determinado produto e rejeitar outro, para onde olham, como circulam dentro do espaço comercial, quanto tempo demoram a decidir o que comprar. Das empresas do retalho, às marcas da indústria, investigadores e especialistas de marketing, todos querem traçar o perfil do consumidor, observá-lo ao detalhe, escrutiná-lo, dissecá-lo. Entrar na mente de quem vai às compras significa melhores resultados na caixa registadora. E, numa altura em que o preço dita quase todas as decisões das famílias na hora de ir as compras, conhecer em detalhe o comportamento do consumidor ganha nova relevância.

"Nos últimos 20 anos, tem havido uma evolução muito grande do estudo do comportamento do consumidor. Se olharmos para os trabalhos de investigação dos anos 1980, vemos que são de grande simplicidade. Nessa altura, o estudo nesta área era incipiente", diz Rita Coelho do Vale, professora auxiliar da escola de Gestão da Universidade Católica, em Lisboa, e responsável pelo recém-inaugurado Laboratório de Investigação Experimental.

Analisar expressões faciais

Instalado no primeiro piso da escola numa sala de aulas remodelada, o Lerne (sigla para Laboratory of Experimental Research in Economics and Management) promete dar uma ajuda a investigadores e empresas na observação directa e em "ambiente controlado" de experiências de compra. Servirá não só para estudos sobre o retalho alimentar, como do comércio alimentar. E ajudará a perceber, dentro de alguns anos, o que mudou no consumidor com a crise e a evolução do sector.
Rita Coelho do Vale

Em cubículos forrados de tecido azul, há computadores de ecrã plano onde se vê o sítio do Orix, um supermercado online fictício, criado de raiz, e que está a servir para investigar o impacto da embalagem das marcas da distribuição na escolha do consumidor. "São experiências em software que permitem aferir a reacção a estímulos num ambiente controlado. À distância, não conseguimos apurar o tempo que se demora a escolher um determinado artigo, nem saber em que ambiente é feita a pesquisa", diz Rita Coelho do Vale.

No laboratório experimental, tudo é analisado em detalhe, incluindo as expressões faciais. Há câmaras nos computadores que monitorizam os rostos dos participantes nos estudos. Os programas de software também servem para perceber como olhamos para uma embalagem e a associamos a determinada categoria de produto. Por exemplo, cronometra o tempo que um consumidor demora a identificar a embalagem como sendo de uma garrafa de água ou detergente.

Numa pequena sala, há um minimercado com prateleiras, carrinho de compras e câmaras a vigiar os participantes. "Conseguimos perceber os efeitos das promoções, a influência da disposição dos produtos na prateleira ou até os impactos do tamanho dos carrinhos de compras", explica Rita Coelho do Vale. Num supermercado, não há produtos colocados ao acaso. As bolachas infantis estão quase sempre posicionadas nas prateleiras em baixo, na zona do joelho, para que as crianças as vejam e convençam os pais a comprá-las, exemplifica.

A professora de marketing vai mostrando o Lerne, pensado há quatro anos e financiado em grande parte por um antigo aluno que hoje trabalha no retalho mas preferiu manter o anonimato. As janelas podem ser tapadas com painéis que travam a luz natural, explica Rita Vale, lembrando-se do caso do Wal-Mart, a maior empresa de retalho do mundo.

"Fizeram um estudo em duas lojas. Numa colocaram luz natural numa secção, noutra mantiveram a luz artificial. Concluíram que, na que tinha luz natural, as pessoas demoravam mais tempo a fazer compras e gastavam mais", diz.

O laboratório está pensado para as empresas de retalho e para os investigadores. E é uma ferramenta que pode ajudar a Católica no recrutamento internacional de professores. Ter um pequeno supermercado "era um factor crítico para recrutar" e fundamental "na investigação de topo", diz Rita Vale.

* EXCELENTE

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 5/MENSAGENS
SEM DÓ





















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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"

Doentes graves têm mais espaço 

O Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, está a construir e a equipar dois quartos de pressão positiva, destinados a crianças com doenças graves, graças à verba angariada na campanha ‘Arredonda’: 900 mil euros. O valor recolhido vai permitir ainda a substituição de equipamentos e a realização de obras de renovação de uma enfermaria no hospital.

"Com a criação dos quartos, a substituição de equipamentos obsoletos e a renovação de uma enfermaria estamos a melhorar a qualidade da assistência prestada às crianças", sublinhou Gonçalo Cordeiro Ferreira, diretor da Pediatria Médica do hospital, durante a apresentação do novo espaço, que contou com a presença da apresentadora Fátima Lopes.
Apesar de estar prevista a transferência dos serviços, em 2016, para o futuro Hospital Oriental de Lisboa, as obras justificam--se. "Três anos é uma eternidade para quem está doente", referiu o responsável clínico. 
Os novos quartos de pressão positiva, individuais, evitam a transferência das crianças internadas no D. Estefânia para o Instituto Português de Oncologia de Lisboa. Os quartos visam o isolamento de crianças com poucas defesas imunitárias como forma de proteção, porque não podem estar expostas ao ambiente devido à probabilidade de poderem contraírem infeções e verem agravado o seu estado de saúde. Nestas situações estão as crianças que estão a fazer tratamento oncológico ou a aguardar por um transplante de medula óssea. 

* Um hospital que faz milagres

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 MOÇAMBIQUE



 VAMOS AJUDAR


ESTE POVO




 INFORME-SE E AJUDE


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HOJE NO
"RECORD"

Telma Monteiro conquista ouro 
na Bulgária no European Open de Sófia

A judoca Telma Monteiro (57 kg) conquistou esta tarde a medalha de ouro no European Open de Sófia (Bulgária), ao bater (ippon) na final a japonesa Shoko Ono.

A olímpica do Benfica, que não competia há 6 meses depois da eliminação precoce em Londres’2012, derrotou sucessivamente a kosovar Leutrine Krasniqi (ippon, em 51 segundos), a romena Loredana Ohai (vantagem mínima) e a eslovena Vesna Dzukic (ippon em 2.48 minutos).

Quanto às outras portuguesas em competição, Filipa Almeida (Judo Clube do Algarve) foi afastada, na mesma categoria, ao primeiro combate, pela croata Andrea Bekic (ippon).

Já Leandra Freitas (Nacional) também perdeu no duelo inicial (48 kg), frente à francesa Myriem Samraqui (castigo).

Este domingo combate Yahima Ramirez (Casa do Povo de Rio Maior), que defrontará na 2.ª ronda de 78 kg a vencedora do combate entre a japonesa Shiori Yoshimura e a holandesa Guusje Steenhuis.

* VALENTE

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9.Quem avisa 
seu amigo é!


















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HOJE NO
"i"

EDP
Movimentações, cumplicidades 
e reuniões da privatização 

O primeiro grande teste de Portugal junto dos investidores na era da troika contou com a intervenção de Passos Coelho e Vítor Gaspar

O resultado das privatizações da energia foi bom. Deu um encaixe de 3,3 mil milhões de euros, muito acima do preço de mercado da EDP e da REN (Redes Energéticas Nacionais) mas o processo foi pouco transparente desde o início.

O programa da era da troika é o mais ambicioso desde os anos 90, mas arranca com a extinção dos órgãos de fiscalização das privatizações: a Comissão Permanente de Acompanhamento das Privatizações e a sessão especializada de apoio ao Ministério das Finanças.
O governo cria comissões adhoc para cada processo e escolhe figuras independentes para fiscalizar o rigor das operações e produzir relatórios públicos. Mas as comissões são nomeadas em cima da decisão final e os relatórios – o da EDP foi entregue em Agosto de 2012 – continuam sem ver a luz do dia. O processo prossegue com a contratação por ajuste directo da desconhecida, em Portugal, Perella Weinberg, alegadamente por ordem de Vítor Gaspar. A decisão é contestada na banca, em particular pelo BESI (BES Investimento) cujo presidente, José Maria Ricciardi, telefona ao primeiro-ministro a queixar-se da escolha.

A venda de 21,35% da EDP era um teste decisivo sobre a capacidade de Portugal atrair investidores internacionais para uma grande operação, meses após o pedido de resgate. Estava muito em jogo, o que explica o envolvimento pessoal do primeiro-ministro e de Vítor Gaspar. O papel do gabinete de Passos Coelho passa ainda pelo secretário de Estado Adjunto Carlos Moedas e a sua equipa técnica.

Mais dois ministros acompanharam de perto as operações da energia: Paulo Portas e Miguel Relvas. Este chega a fazer contactos com investidores, sendo associado aos interesses brasileiros, muitos fortes na EDP. Apesar de vistos por alguns como favorita e de ter o apoio financeiro do banco público BNDES, a Electrobrás coloca-se fora da corrida. A sua oferta é considerada inaceitável ao nível das regras de governo e não passou no Conselho Geral da EDP – este órgão da eléctrica só valida as propostas da E.ON e da China Three Gorges. O desinteresse de Dilma Roussef em Portugal é apontado como factor de arrefecimento do investimento brasileiro. A Petrobrás já tinha desistido da Galp no início do mandato da nova presidente do Brasil.
No terreno, a Perella, que muitos ligam a António Borges pela amizade com o partner Paulo Pereira, tem um papel mais decisivo do que a Caixa BI, o adviser financeiro que contratou a empresa americana como consultora. 

No Ministério da Economia, o secretário de Estado da Obras Pública, Sérgio Monteiro, fica com a missão das privatizações, apesar da delegação de competências atribuir a função accionista na EDP e REN ao secretário de Estado da Energia. Henrique Gomes fica com as matéria de mercado, que vão entrar em rota de colisão com a privatização.

Privatização versus rendas 
 Gomes quer impor uma taxa sobre as produtoras de energia que tiraria 250 milhões de euros ao valor da EDP. A proposta é trabalhada no Verão para ser aprovada em Outubro, antes de começar o processo formal de privatização. Mas o processo informal já estava em marcha. Desde Agosto que os consultores do governo procuravam investidores para a EDP e a redução das rendas “excessivas” não fazia parte do dote da noiva. A gestão de António Mexia lança uma ofensiva junto do governo: tudo o que retirar valor à EDP é ameaça à privatização. O gabinete de Carlos Moedas terá sido a principal porta de entrada destes argumentos.
Henrique Gomes invoca o risco do défice tarifário para os investidores na EDP, e numa reunião em Setembro, com Gaspar, Moedas e Santos Pereira, o secretário de Estado joga a carta mais forte. Baixar as rendas é a única medida ao alcance do governo com efeito positivo nas empresas e famílias, argumenta. Seria uma decisão política apoiada por todos. Mas se o argumento é político, o sucesso da privatização da EDP está em primeiro lugar, terá respondido o ministro das Finanças. O negócio contaminou a política de energia e os compromissos assumidos com os compradores da EDP tornaram-se óbvios quando Henrique Gomes bate com a porta em Janeiro.

O duelo entre chineses e alemães 
 De início, Passos Coelho, talvez por influência de Gaspar, estaria convencido das vantagens de um comprador alemão para fortalecer a posição de Portugal no quadro da crise do euro. O envolvimento político dá-se ao mais alto nível e foi intenso na véspera da entrega das ofertas vinculativas. O “Financial Times” noticia a intervenção directa de Angela Merkel junto de Passos Coelho. O primeiro-ministro recebe o presidente da E.ON, numa viagem a Alemanha.
António Mexia também vai à sede da empresa alemã, gerando rumores sobre alegadas preferências do gestor por um grupo que lhe poderia abrir a porta a uma carreira num dos maiores player mundiais. O lado chinês, que poucos contactos fez com o governo português, não gostou e fez constar que se ganhasse não manteria Mexia. Mas o presidente da EDP sobreviveu. Até Vítor Gaspar terá transmitido pessoalmente a boa vontade de Lisboa para o investimento alemão, desde que o preço fosse competitivo. A conversa terá ocorrido quando se sabia que os chineses ofereciam mais.
Não seria sustentável escolher uma oferta muito inferior ao melhor preço, apesar do relatório de avaliação da Parpública ter deixado o caminho aberto a qualquer decisão, ao não fazer recomendação. Mais do que a diferença de preços, o acesso ao financiamento chinês a custos baixos foi decisivo. Ainda assim, Gaspar defendeu a proposta alemã na reunião do Conselho de Ministros que escolheu o vencedor. O ministro das Finanças começou por passar a palavra aos consultores que fizeram a sua apresentação, mas Passos Coelho rapidamente os terá mandado sair, deixando Gaspar sozinho a explicar os seus argumentos.
Apesar de algum desconforto no governo perante a ofensiva chinesa, que transpareceu numa entrevista de Pedro Passos Coelho, preterir a oferta financeira mais alta teria consequências negativas em outras privatizações, designadamente na REN


EDP. 
Os critérios nunca revelados 
de uma operação que está a ser investigada pelo DCIAP

O governo continua a manter em segredo muitos dos pormenores da operação de venda da EDP

Os processos de privatização do governo de Passos Coelho têm uma característica comum: são secretos. Informações básicas como os critérios de selecção dos interessados em comprar acções de sociedades privadas detidas pelo Estado, os nomes e os valores das propostas apresentadas pelos concorrentes, quase que têm estatuto de segredo de Estado. 

Foi esta confidencialidade que o i tentou quebrar com uma investigação jornalística ao primeiro grande processo de privatização: o da EDP. 
A venda da eléctrica nacional, tal como a da REN, está a ser investigada pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) por suspeitas dos crimes de abuso de informação privilegiada, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. No centro da investigação está o Banco Espírito Santo Investimento (BESI), tal como o i já noticiou. O BESI, cujo chairman é Ricardo Salgado, começou por participar no processo como assessor do Estado na definição do valor da EDP. 

O objectivo de José Maria Ricciardi, presidente executivo do BESI, seria continuar a assessorar o governo durante o próprio processo de privatização, mas o Ministério das Finanças tinha outras ideias e deu ordens à Parpública e à Caixa Banco Investimento (as duas instituições do Estado que operacionalizaram a venda de 21,35% do capital social da EDP) para contratar a sociedade norte-americana Perella. Foi assim que, em Agosto de 2011, o BESI passou a querer assessorar uma empresa interessada na compra da EDP. Na posse de uma release letter (autorização do vendedor, a Parpública, para passar a trabalhar do lado do comprador), José Maria Ricciardi encentou, sem sucesso, contactos com a brasileira Eletrobras, as francesas EDF e GDF Suez e ainda a indiana Aditya Birla. 

Quando os diálogos pareciam ter esgotado, e já em cima do início da operação de privatização, o Departamento Internacional do BES tem conhecimento de que um concorrente chinês procurava contratar um assessor português com forte conhecimento da EDP e do sector da energia. A ponte entre o BESI e a China Three Gorges (CTG) foi feita pelo China Development Bank, entidade com que o banco de Ricardo Salgado mantinha uma estreita relação. 

A assessoria financeira do BESI começou a ser discutida com a CTG a 17 de Outubro de 2011 e oito dias depois assinaram o mandato. 

 Entretanto, a 21 de Outubro, seis entidades já tinham entregue propostas não vinculativas: as brasileiras Eletrobras e CEMIG, a chinesa CTG, a alemã E.ON, a indiana Aditya Birla e a japonesa Marubeni. 

Cinco dias depois foi publicada a lei que regulava a 8ª fase do processo de reprivatização da EDP, mediante uma operação de venda directa, no dia 8 do mês seguinte é aprovado pelo Estado o caderno de encargos da operação, onde constavam os critérios de selecção das empresas interessadas. 

Destes destacam-se o preço vinculativo apresentado, a quantidade de acções pretendidas, a salvaguarda dos interesses do Estado e a adequação do projecto estratégico à realidade da EDP. Outros requisitos passavam pela contribuição que cada concorrente pretendia dar à identidade empresarial da EDP, ao reforço da capacidade económico-financeira e à promoção da competitividade do sector energético. 

A idoneidade, capacidade financeira, técnica e de execução dos investidores, bem como a aposta no desenvolvimento da economia nacional também contavam para a selecção das propostas. 

Poucos dias passaram até que uma resolução pelo Conselho de Ministros deixou de fora do processo dois dos concorrentes – a Aditya Birla e a Marubeni - por não cumprirem tais critérios. Ao contrário das restantes quatro, que, além disso, tinham propostas superiores aos 2,85 euros/acção – valor mínimo estabelecido pelo governo. 

As reuniões entre a Parpública, a EDP e os potenciais compradores foram várias no período que separou a entrega das propostas não vinculativas e a data limite para a entrega das propostas vinculativas: 9 de Dezembro. Nesta fase – que a EDP reconheceu ser de grande competitividade – os assessores da CTG, o BESI e o Credit Suisse, efectuaram contactos com os assessores do Estado. O BESI focou-se no diálogo com o Caixa BI e o Credit Suisse mais centrado nas negociações com os norte-americanos da Perella, a outra entidade que assessorava a Parpública. 

 INVESTIGAÇÃO DCIAP 
Como o i já noticiou, o DCIAP está a investigar indícios da prática de crime de abuso de informação por parte de alguns administradores do BESI, pois a investigação tem a convicção de que estes terão adquirido acções da EDP através de off shores disponibilizadas pela empresa suíça Akoya Asset Managment. O procurador Rosário Teixeira, responsável pelo inquérito criminal, está também concentrado em perceber por que razão os chineses baixaram as suas propostas da 1.ª fase (onde as propostas são meramente indicativas) para a fase final (onde todas as propostas são vinculativas). 

 No caso da EDP, e segundo indícios recolhidos pelos investigadores, o BESI terá apresentado um primeiro parecer à CTG que apontava para um preço que variava entre os 3,5 euros e os 3,75 euros por acção, cujo ponto médio era de 3,625 euros. Contudo, a proposta final da CTG acabou por ser de 3,45 euros por acção. Esta poupança de 17,5 cêntimos poderá ter levado a uma poupança de mais de 117 milhões de euros por parte da CTG – valor que, segundo o DCIAP, quantifica igualmente a perda patrimonial do Estado, como a revista “Sábado” já noticiou. 

Segundo o i apurou, o BESI defende-se alegando a sua intervenção na elaboração da proposta vinculativa se resumiu a duas reuniões com a CTG. Segundo fontes da defesa, a 6 de Dezembro, o BESI esteve representado no Hotel Altis Suites pelos administradores Rafael Valverde, Paulo Martins, Luís Vasconcelos e Miguel Patrício, enquanto que a CTG era representada por Guangjing Cao, chairman da empresa, e Chuxue Lin, vice-presidente executivo. Foi neste primeiro encontro que o BESI deu conta da forte competição e recomendou que a CTG apresentasse uma proposta entre os 3,5 euros e os 3,75 euros por acção, com o referido ponto médio nos 3,625 euros. 

Ao que o i apurou, os gestores do BESI terão ainda manifestado preocupação com as condições de financiamento da EDP que seriam apresentadas, pelo que terá aconselhado os chineses a insistir com o China Development Bank, para que este se comprometesse a financiar a EDP a uma taxa de juro muito competitiva. Mas as recomendações não se ficavam por aqui. 

No dia seguinte os mesmos responsáveis da CTG deslocaram-se à sede do BESI, onde estiveram reunidos com José Maria Ricciardi, Paulo Martins e Luís Vasconcelos. Ricciardi foi ainda mais longe e sugeriu que, para diminuir os riscos, que a proposta deveria ser superior ao ponto médio recomendado um dia antes. Porém, dois dias depois a CTG apresenta uma proposta muito inferior: 3,45 euros. O BESI garante que só teve acesso a esta oferta depois de ela ter sido entregue, durante uma reunião que aconteceu no final do dia 9 de Dezembro no Hotel Altis Prime. 

 INCONGRUÊNCIA 
Segundo fonte oficial do BES, os chineses da CTG ficaram mesmo insatisfeitos com os serviços do BESI e recusam-se a pagar a comissão discricionária prevista no contrato de prestação de serviços. Contudo, e ao que o i apurou junto de fontes do mercado, terão sido os chineses da CTG que, satisfeitos com os seus serviços, aconselharam o BESI aos igualmente chineses State Grid que viriam a vencer a privatização da REN em circunstâncias idênticas: Uma proposta inferior à aconselhada pelo BESI.

* ESCLARECIDO ?

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