09/05/2018

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA

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XIV-OS RIOS E A VIDA
1-EQUADOR
"OS RIOS DO SOL"
O maior sistema fluvial do mundo




FONTE: Lauro Passos


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HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Mónica Bettencourt-Dias
"Há dogmas da biologia 
a ser quebrados a todo o tempo"

É a nova diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência e há poucas semanas publicou um artigo na Nature com uma descoberta que revela um calcanhar de Aquiles de alguns cancros. O que a move? A curiosidade de saber como o nosso corpo funciona.

"Na maioria dos subtipos agressivos de cancro, aumenta o número e o tamanho dos centríolos". 
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Esta é talvez a frase chave da investigação da equipa liderada por esta cientista que aos 44 anos se tornou diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência [IGC]. Mas o que quer dizer, ou ainda mais difícil, para que interessa essa descoberta? Ela, que acredita que a ciência pode transformar o mundo para melhor, responde aqui a essa pergunta. Ela, que fez da vida uma constante procura de respostas a novas perguntas. Formada em Bioquímica na Universidade de Lisboa, doutorou-se em biologia celular no University College de Londres no início do Programa Gulbenkian de Doutoramento. Em Cambridge, fez um pós-doc sobre o tema que continua a investigar: as células do corpo humano.

Fazem no IGC investigação fundamental que tem uma utilidade indireta no nosso dia-a-dia?
O nosso trabalho foca-se nas estruturas chamadas centríolos e centrossomas. É uma biologia fundamental e associada à definição de vida - o que são as nossas células e como são feitas. Mas pode ter aplicação a longo prazo e mostra a importância da biologia fundamental. Há duas semanas saiu um estudo muito importante em que se verificou de onde vieram os fármacos verdadeiramente importantes no combate ao cancro e no combate à hipertensão. Vieram de um estudo direcionado para descobrir esse fármaco ou de descobertas que surgiram da curiosidade?

E então?
Oito em nove fármacos vêm de descobertas que surgiram da curiosidade, e muitos deles não de uma descoberta única. Por exemplo, o estudo de como a tensão arterial é regulada e o tipo de substâncias químicas a ela associadas começou antes de 1950, ano em que se descobriu que a hipertensão não é boa para nós. Havia imensas descobertas originadas pela curiosidade relacionadas com muitos dos processos biológicos que hoje sabemos que são maus. Nós queremos saber como é que as coisas funcionam.

É isso que está na base da opção pela investigação? Não tinha pensado em ir para Astrofísica?
Isso foi quando pequenina. Antes da escolha da universidade estive entre a Medicina e a Bioquímica, mas sempre vocacionada para a investigação.

O essencial do vosso trabalho são as perguntas?
Exatamente. Se falar com qualquer investigador, ele dirá que a propriedade mais importante é a curiosidade. Somos todos curiosos e queremos perceber como as coisas funcionam. Obviamente, somos diferentes, em diferentes níveis e com diferentes assuntos. No caso da minha equipa no laboratório, queremos saber como o nosso corpo funciona. No IGC também há muita gente interessada em perceber como o nosso corpo interage com o ambiente, seja com o físico-químico, com os nossos nutrientes, seja com o biológico (por exemplo, como interagimos com bactérias e vírus), seja com o ambiente social - como interagimos com o stress, ou o que o stress faz no nosso corpo. É esta curiosidade que nos move e que leva a descobertas. No IGC temos vários casos em que se consegue perceber que aquilo pode ser manipulado, para curar uma doença ou para nos sentirmos melhor.

Isso implica a capacidade de não desistir perante o erro?
Exatamente. Mas acho que isso se aplica a todas as áreas da vida. É muito bom não ter medo de errar. Obviamente, não podemos fazer erros tão grandes que nos custem a vida ou coisa do género, temos de ter senso comum. Mas não ter medo de errar é crítico. É crítico deixarmos as crianças errar, para não terem medo de errar. Só assim exploramos caminhos novos e não temos medo de quebrar dogmas. No IGC tentamos promover uma ciência disruptiva, tentar caminhos novos e áreas de investigação novas, trilhar esse desconhecido. É o desconhecido que nos pode dar novas avenidas.

No caso deste seu último artigo publicado na Nature Communications, já em 2018, que aplicação prática pode ter? Está a falar de cancros de que ouvimos falar todos os dias, muito comuns, como o cancro da mama e do cólon?
Estudámos em cooperação com a equipa da Joana Paredes do Ipatimup - agora I3S. Olhámos para o cancro da mama e nomeadamente para um dos subtipos mais agressivos, o triplo negativo, que tem um diagnóstico muito pior. Percebemos que as estruturas que estudamos dentro das células estão mais alteradas aí. Onde é que isto pode ser aplicado? Neste momento ainda não pode, mas começámos a olhar para isso. Ao descobrir diferenças entre as células do cancro e as células normais, descobrimos algo que pode ser uma fraqueza do cancro que pode ser atacada. Por isso lhe chamamos o Calcanhar de Aquiles do cancro. Queremos perceber como podemos atacar as células do cancro e não as normais, para evitar os efeitos secundários das terapias. Queremos perceber como esse cancro é diferente, para chegar ao diagnóstico. Sabendo que certos cancros com piores prognósticos têm caraterísticas próprias, podemos ir à procura dessas caraterísticas. É isso que estamos a fazer agora, aproveitando o conhecimento destas estruturas que são importantes para a multiplicação das células, para a maneira como se movem, para a sua sinalização, como comunicam. Podemos tentar olhar para o diagnóstico e para a terapia.

E isso vai passar-se na mesma equipa do IGC e com as mesmas colaborações que tinham?
Temos uma colaboração que é crítica nesta área, com o Nuno Morais do Instituto de Medicina Molecular [IMM], em Lisboa. Ele é bio-informático e a equipa dele tem estado a olhar para marcadores que permitam diagnosticar estas estruturas de uma forma simples, para perceber se estão alteradas. E continuamos com a Joana Paredes, que nos permite olhar para os tecidos e perceber se isso é verdade. Com ele é uma coisa de larga escala para tentar apanhar sinais, com ela vamos verificar esses sinais.

Não é possível fazer ciência sozinho?
Cada vez mais a ciência pede diferentes tecnologias, diferentes abordagens e maneiras de olhar para o problema.

Nem todos os institutos têm de ter tudo?
É verdade, e isso é uma mais-valia do momento que vivemos em Portugal. A ciência tem amadurecido bastante e temos pessoas muito boas em diferentes sítios. Temos de aproveitar porque, apesar de ser muito fácil fazer skypes e colaborar pela internet com pessoas em todo o mundo, é simpático podermos encontrar-nos com a outra pessoa e discutir mais informalmente. Temos de tentar aproveitar essas valências e essas colaborações dentro de Portugal.

Dentro do próprio IGC também funciona esse diálogo das equipas? Têm sítios próprios para isso ou é nos corredores perto da máquina do café?
A pluralidade que temos dentro do Instituto e que defendemos muito é uma das nossas mais-valias. É uma pluralidade que foi trazida pelo professor António Coutinho, há 20 anos, e que foi também defendida pelo Jonathan Howard, que lhe sucedeu na direção. É da conversa de pessoas que trabalham em coisas diferentes que surgem ideias verdadeiramente novas. Essas conversas surgem nos seminários a que é suposto toda a gente ir, onde nos ouvimos uns aos outros.

E vão?
Vamos. E discutimos quando não vão. E há as refeições na cantina, onde temos umas mesas muito longas, e há o pátio fantástico onde aproveitamos para almoçar e as pessoas sentam-se aleatoriamente umas com as outras. Esta discussão é muito importante. Há também o treino. No nosso programa de doutoramento, os estudantes têm seis meses de aulas onde são expostos a todos os chefes de laboratório do Instituto, à investigação que se faz aqui. Eles próprios também estabelecem laços entre eles e muitas colaborações surgem através dos estudantes. O nosso espaço é todo aberto e isso permite que as pessoas se encontrem e peçam aos outros ferramentas para utilizar nos seus estudos. Tudo no IGC está virado para esta pluralidade e para aproveitá-la ao máximo.

Quando quis ser investigadora, o que imaginava? As coisas mudaram radicalmente em Portugal desde esse tempo.
Na altura, apercebi-me de que apesar de haver alguma boa investigação em Portugal, ainda havia mais oportunidades lá fora. Daí ter decidido partir, depois de ter entrado no Programa Gulbenkian de Doutoramento, uma inovação dos professores António Coutinho e Alexandre Quintanilha. Era um programa em que tínhamos aulas cá com professores vindos de todo o mundo e que depois nos permitia ir para qualquer parte. Permitia-nos ser expostos a áreas que não existiam em Portugal e começar a pensar em investigação ao mais alto nível. Sempre pensei que ia continuar a fazer investigação. Também pensei que poderia gostar de dar aulas.

E dá aulas?
Não são muitas mas está bem para a carga que tenho, com tudo o resto que faço. Damos aulas dentro do programa de doutoramento e somos convidados para dar uma ou outra aula fora.

Os laboratórios são muito diferentes, com as novas tecnologias?
É impressionante a rapidez com que a Biologia tem avançado a nível conceptual, coisas que eram dogmas e hoje sabemos que não são verdade. Há dogmas a serem quebrados a todo o tempo. Mas há também a rapidez com que conseguimos fazer investigação. Coisas que havia um estudante que demorava o doutoramento inteiro a fazer hoje manda-se para uma empresa e estão feitas numa semana. Isso estimula imenso, porque a pessoa tem uma pergunta e a pergunta pode ser respondida depressa.

Sabendo sempre que é lento o processo científico?
O processo é lento mas quando comparamos com o passado é muito mais rápido. Somos impacientes e queremos uma resposta ainda mais rápida.

Não estamos nos tempos da Madame Curie. Quando era pequena lia livros sobre os grandes cientistas?
Sim, e não só quando era pequena. Gosto muito de biografias científicas, acho piada ver como as pessoas tomaram as decisões, como resolviam os problemas, quais eram as perguntas a que tentavam responder, como interagiam com as outras pessoas.

No doutoramento em 2001, estudou a regeneração de células do coração das salamandras. Porquê a salamandra?
Nós somos constituídos por 100 triliões de células, começamos todos com uma célula que se multiplica e dá origem a 100 triliões de células. Se nós somos uma casa, a célula é o tijolo, é a unidade básica da vida. Eu queria perceber como as células decidem se se vão multiplicar ou não. Dentro do nosso corpo temos células, como os neurónios ou mesmo alguns músculos, que já não se multiplicam, enquanto outras têm de se multiplicar, como as que dão origem à pele e as do sistema reprodutivo. Como é feita esta decisão? Dei com um investigador [Jeremy Brockes] que se ocupava deste problema do ponto de vista da regeneração. Ele não procurava perceber como num embrião o músculo decide "as minhas células não se multiplicam". Era o contrário: num organismo adulto, como é que as células se mantêm sem se multiplicar ou como podem multiplicar-se e regenerar. A salamandra é um organismo fantástico, regenera o olho, os membros - se cortarem uma patinha ela regenera-a exatamente igual, com as mesmas manchas, e regenera também parte do coração. Fiquei interessada em estudar a parte do coração, foi o que fiz no doutoramento.

Chegou a uma conclusão?
O processo de decidir que se vai multiplicar outra vez, como ela faz quando tem uma ferida no coração, é semelhante às decisões das nossas células. A maneira como isso é feito ainda existe nas nossas, só que é regulado de uma forma diferente, o que pode ser explorado para tentar a regeneração.

Fala das células como se elas tivessem uma inteligência.
Pois, tenho de ter sempre muito cuidado. É uma simplificação, é mais fácil relacionarmo-nos com o ouvinte utilizando conceitos que temos no nosso dia a dia. As células não tomam a decisão. Há uma decisão mas não há um cérebro que toma uma decisão.

Estão programadas para isso?
Estão programadas em parte para isso, exatamente. Mas nós tendemos a simplificar para ser mais fácil, intuitivamente, as pessoas perceberem.

Que planos tem para o IGC?
O IGC já teve várias vidas, e a última foi começada pelo professor António Coutinho que renovou e mudou bastante a sua filosofia, continuada pelo Jonathan Howard e com a qual eu e muitos dos meus colegas no IGC nos sentimos identificados. Queremos fazer esta ciência plural, em que pessoas diversas que pensam de maneiras diferentes estão no mesmo sítio e falam, para fazermos ciência disruptiva e inovadora. Para nós é muito importante o treino de diferentes gerações, e o IGC tem uma tradição enorme nisso, já treinou mais de 400 estudantes de doutoramento. Se olharmos para os que foram treinados nestes 15 anos, 60 por cento são chefes de laboratório, é uma taxa muito boa.

Uma produção muito importante.
Também incubámos outros institutos, como o Centro de Doenças Crónicas [CEDOC], a Fundação Champalimaud. Imensos diretores de institutos - a diretora de investigação da Fundação Champalimaud, Marta Moita, a diretora do IMM, Maria Manuel Mota, o diretor do CEDOC, António Jacinto, diretores de departamentos de universidades como por exemplo no Algarve, o diretor do IBILI [Instituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem] em Coimbra. Muitos passaram no programa de doutoramento ou foram incubados como chefes de laboratório no IGC. Em 88 grupos que incubámos, 53 saíram para outros sítios. Estamos a passar esta maneira de fazer ciência a outros sítios e a criar uma rede de contactos que pode fazer muito mais pela ciência. E valorizamos muito a ligação à sociedade. Desde cedo, o professor António Coutinho esforçou-se por fazer atividades de comunicação com a sociedade.

Incluindo o Dia Aberto?
Com quase duas mil pessoas a vir ao IGC! Temos outras atividades, por exemplo os festivais de música como o Nos Alive onde temos uma tenda. É uma simbiose interessante porque ganhamos com isso algumas bolsas de investigação. Há várias atividades engraçadas. Queremos capitalizar sobre estas valências que criámos no passado e fazer uma ciência ainda mais disruptiva e mais internacional. É muito importante que o IGC se torne uma instituição, em parceria com outras instituições nacionais e internacionais, ainda mais conhecida internacionalmente, para conseguirmos atrair pessoas ainda melhores e também para que empresas internacionais vejam que há ciência muito boa a ser feita em Portugal. Isso para nós é crítico. Queremos também inovar no treino de pessoas, não só ao nível do programa de doutoramento mas a diferentes níveis. Estamos a trabalhar com os pós-doc e com os chefes de laboratório para pensar como dar mais capacidades às pessoas para se tornarem ainda melhores no que fazem. A nível da sociedade também queremos inovar.

O que podemos esperar daí? Estou a perguntar isto porque começou a rir-se.
Nós, os cientistas em geral, somos muito defensores de que a ciência pode mudar o mundo e transformar a sociedade para melhor e eu acredito mesmo nisso. O mundo está cheio de ciência e nós temos de tomar decisões no dia a dia baseados na ciência - é importante que saibamos tomá-las. E também ser crítico e não ter medo de fazer erros e de pensar que o que nos estão a dizer pode estar errado. Pôr em causa, pensar de uma forma original para gerir a nossa vida, o que é cada vez mais importante com toda a informação ou não informação que recebemos. A ciência e a maneira como é feita trazem valores muito importantes, como o valor da cooperação, o valor de aceitar a crítica e estar aberto a estar errado, o valor da tolerância. A ciência é internacional e é permeável a todas as ideias. Esses são valores que podemos transmitir através de atividades giras de ciência na escola e que depois passam para a vida em geral.

Vão muito às escolas?
O IGC vai bastante à escola. Gostaríamos de começar a fazer coisas que depois possam ser copiadas e levadas a um nível maior, não só na escola mas como exemplo para outras instituições. Queremos que a nossa relação com a sociedade seja feita de uma forma mais científica: pôr hipóteses, testar novas formas de fazer, avaliá-las e depois transmitir ao mundo.

Quando vai a uma escola, as perguntas das crianças são surpreendentes?
Lembro-me de imediato de uma situação que por acaso não foi no IGC. No Dia da Mãe, na escola da minha filha de seis anos houve uma sessão em que os miúdos falaram com um astrónomo por skype e cada um tinha de fazer uma pergunta. Eu não sabia a resposta a muitas das perguntas. Somos sempre surpreendidos e de uma forma gira que nos faz mesmo pensar. Há coisas que tomamos como certas e depois quando temos de pensar nelas, porque uma criança nos pergunta, apercebemo-nos da nossa ignorância. Há perguntas muito engraçadas para serem respondidas.

A sua filha também já lhe fez perguntas dessas?
Ah, está sempre a fazer perguntas daquelas a que uma pessoa não sabe o que há de responder, tenta responder da melhor forma possível para a idade.

O trabalho de direção vai afastá-la do laboratório?
Foi tudo rápido, tem sido complicado gerir, mas na semana passada submetemos dois artigos. É difícil mas é possível e temos vários exemplos em Portugal, como a Maria Mota, e internacionalmente. É uma questão de coordenação e de ter a equipa certa. Tenho fantásticos elementos da nossa equipa e estamos a tentar recrutar mais uma pessoa. É muito importante a divisão de tarefas e ter uma equipa plural. Temos um gestor na direção, para simplificar a gestão e ter tempo para as outras coisas. O diretor de um instituto deve dar o exemplo e fazer boa investigação, recrutar bolsas internacionais e por aí fora.

Uma parte do trabalho à frente de um laboratório é conseguir fundos. É preciso preparar projetos, candidaturas?
Sem dúvida. Por isso falava de treinarmos bem os nossos investigadores. Quando chegamos a chefes de laboratório as ferramentas que temos de ter são completamente diferentes da investigação. Um laboratório é como se fosse uma mini empresa, com gestão de pessoas e de personalidades muito diferentes. Em sítios internacionais como o IGC temos culturas muito diferentes.

Quantas nacionalidades têm no IGC?
Trinta e tal. No nosso programa de doutoramento, no grupo que entrou no ano passado temos uma rapariga do México, outra do Equador, outra da Síria, outra da Nigéria, outra da Croácia, só para dar um exemplo. Temos pessoas vindas de todo o sítio e com culturas muito diferentes, temos de saber geri-las bem e motivá-las para o que estão a fazer. Temos de saber procurar financiamento e para isso outra valência importante são as infraestruturas que damos. Queremos melhorar ainda mais no IGC, não só as infraestruturas dos microscópios, as infraestruturas científicas, mas também as infraestruturas para ir buscar financiamento, dar ajuda nisso. E também infraestruturas de comunicação. Temos serviços que ajudam os investigadores e que se forem muito bons simplificam as suas vidas, para poderem comunicar com o mundo em geral e com os seus pares.

Quais foram os momentos mais emocionantes da sua vida de cientista?
Há vários, mas há dois de que me lembro muito bem e têm a ver também com a partilha da descoberta com outras pessoas. Não sou nada individualista e gosto muito de trabalhar em grupo e da descoberta em grupo. É um prazer partilhado que é brutal, uma pessoa ter aquela informação pela primeira vez no mundo: somos os primeiros a saber e vem da nossa hipótese. Uma delas foi quando estava a fazer o pós-doutoramento em Cambridge. O meu orientador [David Glover] foi muito simpático e deixou-me ter outras pessoas a trabalhar comigo, tinha uma mini equipa. Tive uma estudante de doutoramento que começou lá comigo e veio quando comecei o meu laboratório em Portugal, a Ana Rodrigues Martins. Estávamos a tentar responder a uma pergunta: como são formadas estas estruturas que estudamos? Ver no microscópio as estruturas a ser formadas foi fantástico, surpreendente. Depois, no meu próprio laboratório, num artigo que saiu há dois anos na Science - o outro também tinha saído na Science em 2007 - com uma pós-doc, a Ana Marques, tínhamos feito uma pergunta: como são mantidas estas estruturas? Pensava-se que eram tão rijas que se mantinham sempre. Pusemos a hipótese de conseguirem partir-se, nomeadamente nos ovócitos das mulheres, em que há um mecanismo que está envolvido em mantê-las ou não. Quando ela foi testar ao microscópio e vimos que estávamos certas - foi aquela imagem, bastava ver a imagem e sabíamos o resultado! Tão inesperado, ou esperado, de acordo com a nossa hipótese...

Colocou hipóteses que não se confirmaram?
Sim, e podem ser mais interessantes. Quando pomos uma hipótese e ela não se verifica, temos que pensar porque pode estar a dizer-nos que estamos errados mas que há qualquer coisa muito mais engraçada ali por trás. Temos de saber distinguir se é um erro experimental ou se é um erro da biologia, o que é muito mais interessante. Estamos a pensar de forma errada e temos de repensar tudo o que estávamos a fazer.

Isso é bom, não é?
É ótimo. Claro que é frustrante para as pessoas que estão a fazer a experiência porque às vezes querem acabar o doutoramento e quando veem aquele resultado ficam mais em baixo. Aí é importante o treino dos chefes de laboratório para lidarem com as pessoas e motivá-las, dizer "pode ser mais giro, se fizermos isto ou aquilo conseguimos ter um mecanismo ainda mais novo".

Que perguntas tem agora para fazer à ciência?
Nós estamos muito interessados em como é que estas estruturas são mantidas ou não, somos fascinados por isso.

Nós é quem?
Eu e as pessoas que estão no meu laboratório a trabalhar neste problema comigo. Foi uma descoberta realmente nova e que pode ter repercussões muito grandes na maneira como as nossas células se multiplicam ou não. Obviamente é importante em cancro e na regeneração. Continuamos a investigar este processo, ainda só abrimos uma garrafa e agora vamos espreitar lá para dentro. Tentamos perceber o que se passa para conseguir manipular o procedimento, se quisermos manipular. Há outro tema que nos interessa. Até há pouco tempo simplificava-se os conceitos e dizia-se que a multiplicação das células é igual em todas. Mas dentro do nosso corpo as células são muito diferentes umas das outras e os processos podem ser muito diferentes. Estamos muito interessados em perceber como essa diversidade é gerada.

É extraordinário que o nosso corpo tenha essa complexidade toda.
Exatamente. Isso é crítico quando temos certas doenças associadas às estruturas com que trabalhamos. Dependendo da maneira como se modificam, a pessoa pode ser cega ou ter rins com cistos, ou ter alterações da simetria do corpo, o coração do lado errado. Isto depende de certos mecanismos. Há coisas que achamos que são iguais em todos os nossos tecidos e são diferentes, e dependendo da maneira como se alteram podem resultar em doenças muito diferentes.

* Ciência é humanidade.

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INDAH
Miami Swim Week
PRIMAVERA/VERÃO
2018




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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/
/DA MADEIRA"
Presidente do Supremo da Venezuela
 no exílio envia cartas para detenção
 de Maduro

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela no exílio, Miguel Angel Martin, enviou hoje cartas ao comando militar e policial venezuelano pedindo a detenção do presidente Nicolas Maduro por alegado envolvimento num caso de corrupção.
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O caso está relacionado com a empresa brasileira Odebrecht e Martin disse que as cartas derivam de uma resolução daquele tribunal, datada da semana passada, que “declara a suspensão” de Maduro como presidente e a sua desqualificação para exercer cargos públicos no âmbito da investigação.

Nas cartas enviadas ao ministro da Defesa, Vladimir Padrino Lopez, e ao director do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), Gustavo Gonzalez Lopez, o presidente do STJ “legítimo” insta-os a deterem Maduro como “medida preventiva”.

Na resolução, os magistrados já tinham solicitado à Guarda Nacional Bolivariana para deter Maduro.

Em março, o mesmo tribunal admitiu uma acção da ex-procuradora-geral Luísa Ortega (também exilada) na qual Maduro é acusado de crimes de corrupção relacionados com a construtora Odebrecht.

A denúncia de Ortega relaciona-se com “pagamentos feitos a funcionários públicos e empresas fantasmas por parte da construtora” brasileira.

* Se a actual vida na Venezuela não fosse medonha pareceria surreal.

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1-Os rótulos gritam
a mensagem errada



FONTE:  Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável

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HOJE NO 
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Taxa de desemprego desce para mínimo
.de 2008 no primeiro trimestre

O desemprego continua a descer em Portugal. Os dados do INE mostram que o arranque de 2018 manteve a tendência de descida.

A taxa de desemprego desceu para os 7,9% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com os dados revelados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Este é o valor mais baixo desde o quatro trimestre de 2008. No quarto trimestre de 2017 a taxa de desemprego situou-se nos 8,1%.
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"A taxa de desemprego do primeiro trimestre de 2018 foi 7,9%", revelou o INE esta quarta-feira, indicando que "este valor é inferior em 0,2 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e em 2,2 p.p. ao do trimestre homólogo de 2017". Esta evolução ocorreu num trimestre em que a população activa diminuiu ligeiramente.

O que aconteceu no arranque de 2018? O INE explica que a variação trimestral da população empregada foi influenciada pelo aumento das mulheres empregadas, especialmente entre os 45 e os 64 anos, com ensino secundário ou superior, a trabalhar no sector dos serviços a tempo completo.

"O emprego nas actividades de comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos, nas de transportes e armazenagem e nas de alojamento, restauração e similares assegurou mais de metade deste aumento", exemplifica o INE.

Do lado da população desempregada, os decréscimos são justificados principalmente pela saída dessa situação de mulheres, entre os 15 aos 24 anos, que estavam à procura do primeiro emprego em sectores como a indústria, construção, energia e água.

Desde o segundo trimestre de 2016 que a população desempregada tem vindo a descer. Do final do ano passado para o arranque de 2018, o número de desempregados reduziu-se em 11,9 mil, o que corresponde a uma diminuição de 2,8%. A comparação com o mesmo período do ano anterior mostra que, num ano, a diminuição foi de 113,8 mil (-21,7%).

Contudo, isso não significa que a população empregada tenha aumentado na mesma ordem. Estimada em 4.806,7 mil pessoas, a população empregada "registou uma variação trimestral relativa quase nula", classifica o INE, referindo que o  acrescento foi de apenas 1,8 mil pessoas. Já o aumento homólogo foi de 148,6 mil (+3,2%).

As boas notícias são partilhadas também pela população mais jovem. "A taxa de desemprego de jovens (15 a 24 anos) foi 21,9%, o valor mais baixo da série iniciada no primeiro trimestre de 2011", assinala o INE, referindo que houve uma queda de 1,6 pontos percentuais em comparação com o quarto trimestre de 2017. Já a taxa de subutilização do trabalho foi de 15,2%.

Para este ano o Governo prevê que a taxa de desemprego anual chegue aos 7,6%, o mesmo valor previsto pelo Conselho das Finanças Públicas. Já o Banco de Portugal e o Fundo Monetário Internacional são mais optimistas com uma previsão de 7,3%.
Anteriormente, o INE já tinha indicado que, em Fevereiro, a taxa de desemprego mensal tinha sido de 7,4%, o valor mais baixo dos últimos 14 anos. Contudo, estes dados são ajustados de sazonalidade pelo que não comparam com os valores trimestrais.

Em 2017, a taxa de desemprego em Portugal ficou nos 8,9%, menos 2,2 pontos percentuais que em 2016. No ano passado, a economia adicionou mais 3,2% de empregos.

Na semana passada, a Comissão Europeia alertou que a economia portuguesa vai continuar a criar mais empregos, mas com salários abaixo da média. "O aumento do salário médio na economia portuguesa deverá ser parcialmente compensado por uma forte criação de emprego em sectores com salários abaixo da média", avisou Bruxelas.

* Não conhecemos os critérios que levam ao resultado de 7,9% no desemprego, não temos dúvidas que peca por defeito.


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ANNE KRUEGER

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A Coreia do Sul e o fim 
da credibilidade dos EUA

Se Trump realmente se preocupa com a segurança nacional ou com a competitividade dos Estados Unidos, então as suas acções são absolutamente incompreensíveis. A economia norte-americana e o sistema de comércio unilateral pagarão um preço alto por isso

A aliança entre os EUA e a Coreia do Sul tem sido uma das maiores histórias de sucesso geopolítico dos anos do pós-guerra. Mas o presidente norte-americano, Donald Trump, parece agora determinado a abrir mão dos benefícios económicos e estratégicos dessa relação de longa data.

Na década de 1950, uma Coreia do Sul devastada pela guerra apresentava o terceiro rendimento per capita mais baixo da Ásia, a mais elevada inflação e a mais lenta taxa de crescimento daquela região do globo. Mas as autoridades implementaram reformas abrangentes em inícios da década de 1960 e ao longo das três décadas seguintes a Coreia do Sul tornou-se uma potência industrial com um nível de vida que o qualificou para ser membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o clube dos países ricos. Grande parte deste êxito deveu-se à transição de uma situação de dependência da ajuda externa para um crescimento fomentado pelas exportações.

Em meados dos anos 2000, a Coreia do Sul e os Estados Unidos começaram a explorar laços comerciais mais estreitos, e em Março de 2012 entrou em vigor o Acordo de Comércio Livre Coreia do Sul-EUA (KORUS). Pela maioria dos parâmetros, o KORUS tem sido um sucesso. No entanto, após tomar posse à frente da Casa Branca, Donald Trump considerou-o um "acordo péssimo" e insistiu para que fosse negociado.

Mais recentemente, Donald Trump anunciou a imposição de tarifas alfandegárias de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, e indicou que seriam atribuídas isenções aos parceiros comerciais dos Estados Unidos com base em considerações caso a caso. Deixando de lado os anúncios adicionais de Trump sobre medidas comerciais específicas dirigidas à China, as tarifas sobre o aço e o alumínio terão, sem dúvida, efeitos negativos sobre a economia norte-americana. Poder-se-á salvar uns quantos empregos nos ramos do aço e do alumínio nos EUA, mas perder-se-ão muitos mais nos sectores que usam estes metais como inputs e que empregam dez vezes mais trabalhadores.

O objectivo declarado da Administração Trump de levar a cabo políticas proteccionistas é o de reduzir o défice comercial dos Estados Unidos. Mas o défice das contas correntes (o défice comercial mais a balança dos serviços) reflecte a diferença entre poupança e investimento. Portanto, para que esse défice seja também reduzido, são necessárias políticas macroeconómicas que diminuam os gastos internos e aumentem a poupança interna. E o proteccionismo não ajudará a que isso aconteça.

Algumas semanas depois de ter anunciado que ia impor as referidas tarifas, a Administração Trump anunciou que tinha "renegociado" o KORUS. Em troca de uma isenção das tarifas, a Coreia do Sul concordou em reduzir as suas exportações de aço para os EUA para 70% dos níveis de exportação registados no período de 2015-17, em deixar prolongar até 2041 a aplicação das tarifas aduaneiras norte-americanas de 25% sobre as suas exportações de pick-ups para os EUA e em aumentar o seu limite anual de importações de automóveis fabricados nos EUA – de 25.000 para 50.000.

Os segundo e terceiro pontos do acordo parecem irrelevantes. A Coreia do Sul actualmente não exporta pick-ups para os EUA, e os automóveis que importa representam apenas 15% das vendas de carros no país – sendo que os carros importados dos Estados Unidos representam somente 1% dessas vendas domésticas. E isto deve-se sobretudo ao facto de os sul-coreanos simplesmente não escolherem carros americanos.

Ainda assim, é evidente que a Coreia do Sul foi obrigada a fazer estas cedências, apesar de ter negociado o KORUS de boa fé e de ter cumprido as suas cláusulas. A "renegociação" de Trump deixou a Coreia do Sul encurralada entre limitar as suas exportações anuais de aço para os EUA ou enfrentar tarifas alfandegárias de 25% sobre todas as suas exportações de aço para aquele país.

Quanto aos Estados Unidos, a revisão do KORUS significa que os exportadores estrangeiros de produtos fabricados com aço irão obter uma vantagem competitiva sobre os produtores nacionais, que terão de pagar mais pelo aço que importarem. Consequentemente, alguns produtores norte-americanos poderão transferir-se para fora do país, outros irão aumentar os preços e perder quota de mercado e outros simplesmente irão à falência. São tudo perdas para a América.

Além disso, ambos os países irão confrontar-se com o encargo burocrático adicional de gerirem o seu comércio de aço. O governo da Coreia do Sul terá de atribuir quotas aos seus produtores de aço; e as autoridades alfandegárias dos EUA terão de verificar todas as importações de aço proveniente da Coreia do Sul para se certificarem que as mesmas estarão dentro do referido limite de 70%.

Os responsáveis aduaneiros terão também de inspeccionar todos os demais envios de outros países para determinarem quais estão isentos e quais estão sujeitos à tarifa de 25%, Segundo a The Economist, a Administração Trump estima em 24.000 horas de trabalho o tempo que demorará a processar 4.500 pedidos de isenção. E isso nem sequer inclui o trabalho administrativo necessário para determinar a origem e o estatuto de isenção de cada envio de produtos para os EUA por tempo indefinido no futuro.

Este é, precisamente, o tipo de acordo comercial discriminatório e complexo de gerir que os EUA tanto quiseram eliminar ao longo dos últimos 50 anos. Mas Trump não deu apenas um golpe ao comércio multilateral aberto – pior ainda: ele também destruiu a credibilidade negociadora dos Estados Unidos. Se um presidente norte-americano pode tão facilmente obrigar a que haja alterações unilaterais a acordos já estabelecidos, por que razão há-de algum país incomodar-se a negociar com os EUA?

Os líderes sul-coreanos despenderam muito capital político interno a negociar o KORUS e mostraram-se dispostos a fazê-lo porque confiavam na boa fé dos EUA. Agora descobriram que acordaram um contrato em que a outra parte os obrigou a aceitar termos que nunca tinham sido negociados.

Para os aliados dos EUA que exportam aço para aquele país, como a Coreia do Sul e o Japão, o facto de a Administração Trump estar a justificar estas tarifas em nome da "segurança nacional" só veio lançar achas para a fogueira. Afinal de contas, a Administração Trump declarou recentemente que a Coreia do Norte era a principal ameaça estratégica para os EUA mas agora está a trabalhar com o governo sul-coreano no sentido de realizar uma cimeira com o líder norte-coreano este mês.

Se Trump realmente se preocupa com a segurança nacional ou com a competitividade dos Estados Unidos, então as suas acções são absolutamente incompreensíveis. A economia norte-americana e o sistema de comércio unilateral pagarão um preço alto por isso, e a perda de credibilidade dos EUA manter-se-á por muito tempo – mesmo depois de Trump já ter saído do cargo.

* Antiga economista-chefe do Banco Mundial e antiga directora-geral adjunta do Fundo Monetário Internacional, é professora de Economia Internacional na Faculdade de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins e membro sénior do Centro para o Desenvolvimento Internacional da Universidade de Stanford.

IN "JORNAL DE NEGÓCIOS"
07/05/18

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1586.UNIÃO



EUROPEIA


EX-MINISTRO PORTUGUÊS MANUEL PINHO



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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Universitários 
trocam mensagens chocantes: 
"O que é que lhes fazemos? Violamo-las" 

11 alunos foram suspensos depois de piadas sobre violação, racismo e Holocausto terem sido tornadas públicas.

Um grupo de 11 alunos da Universidade de Warwick, uma das principais do Reino Unido, foi suspenso depois de mensagens perturbadoras terem sido tornadas públicas.
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O printscreen [captura de ecrã] foi divulgado e nele podem-se ler mensagens com piadas sobre violação, insultos raciais e elogios a Adolf Hitler.

 "O que é que fazemos com as raparigas? Violamo-las", pode se ler numa das imagens da conversa. As mensagens vão mais longe e um dos elementos do grupo afirma: "Violamos as amigas dela também".

 Um outro responde: "Às vezes é divertido ficar louco e violar 100 raparigas". "Violo todas as raparigas do apartamento para lhes ensinar uma lição", acrescenta outro. A conversa tornou-se pública depois de terem sido feitas queixas formais à universidade.

O grupo elogia Hitler, afirma que odeia "negros e judeus" e faz piadas sobre violação, sexo com menores de idade, racismo, o Holocausto e pessoas com deficiências. A universidade deu início a uma investigação disciplinar para determinar o futuro dos estudantes.

* Deseducação parental, porquê?

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INFORMÁTICA DE A A Z
14-N
(NAVEGADORES)



Prof. Cid Marques

* Um conjunto de professores do site  AlfaCon Concursos Públicos, do Brasil, decidiu colocar em vídeo uma série de programas explicativos sobre noções base de informática das quais muitas vezes não temos informação conveniente.
Por acharmos a série interessantíssima aqui a apresentamos com o devido respeito aos autores.

* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.

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 ENGENHO E OBRA
4-Engenharia em Portugal
no Século XX




FONTE: FilmesJP


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HOJE NO 
"OBSERVADOR"
GIPS têm falta de equipamento
 de proteção e de material: 
“Rádios, telemóveis, computadores, impressoras… Não existem”

A uma semana de estarem formados os militares que vão reforçar as equipas de combate aos incêndios não há condições de trabalho: faltam viaturas e equipamentos - nem luvas têm.

O Governo vai contar com mais 1.070 militares que vão reforçar as equipas de combate aos incêndios — os GIPS (Grupos de Intervenção de Proteção e Socorro), mas estes militares, que se encontram agora em formação, não têm meios, nem sabem quando vão ter, e não conhecem ainda as colocações definitivas para os meses que se avizinham. A notícia é avançada pelo Público, que teve acesso a um email interno do comandante desta força.
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A 15 de maio, quando os militares terminarem a formação, não haverá “Equipamento de Proteção Individual (EPI) — capacete, cogula, luvas, farda, etc. –, nem viaturas para os transportar”, lê-se no email enviado pelo major Cura Marques aos seus homens. Só nessa altura vão ficar a conhecer “as vagas e colocações de todos os militares dos GIPS”.

Estes homens vão integrar as equipas transportadas para incêndios nos helicópteros da Proteção Civil, sempre que forem acionados, e são eles que vão fazer parte do ataque inicial aos incêndios, com a ajuda de helicópteros e ferramentas manuais e dos bombeiros locais, antes de chegarem outras forças — o objetivo é evitar que os fogos tomem proporções gigantes.

O comandante prevê que “com alguma sorte à mistura” os militares tenham “uma farda por militar, botas, cogula, óculos e capacete no dia 20 de maio” e sublinha que só haverá uma farda porque “não há tecido em Portugal para mais nesta altura”. Cura Marques acrescenta: “Esclareço também que nesta altura provavelmente não vai haver luvas (estamos a pensar em soluções ‘imaginativas’ para solucionar este problema. Até agora não vemos luz ao fundo do túnel)”.

A 1 de junho, e de acordo com as previsões do major da GNR, é possível que não haja ainda equipamento para todos os militares, pelo que vão ser na mesma distribuídos pelos 33 centros de meios aéreos em vários pontos do país, mas apenas para patrulha — o combate só se faz se houver “militares com EPI em número suficiente”. Só em julho, já com a época de incêndios em período crítico, o GIPS terá “a possibilidade” de ter tudo para poder trabalhar a 100%. Ao Público, o Ministério da Administração Interna (MAI) diz que “estão a decorrer os procedimentos habituais para aquisição de novos equipamentos” e que os “militares terão o equipamento necessário e indispensável para o cumprimento da sua missão”.

O Governo assegurou esta quarta-feira que os GIPS serão dotados dos equipamentos de proteção individual necessários ao combate aos fogos. Contactado pela agência Lusa, fonte do MAI sublinhou que “tudo está a ser feito para o garantir [a disponibilidade do equipamento]”. A mesma fonte adianta que as “viaturas atualmente existentes permitem o início da missão”, adiantando ainda que o “dispositivo será progressivamente reforçado, com entregas periódicas pelos fornecedores de novas viaturas, destinadas ao ataque inicial e ao ataque ampliado e contratadas a 9 de abril”. O MAI lembra que o GIPS duplica, este ano, a sua capacidade em meios humanos e alarga a sua intervenção a todo o território nacional.

“Rádios, telemóveis, computadores, impressoras… não existem”
Não é só o equipamento individual que está em falta: “Para complicar mais um bocado a nossa vida falta ainda dizer-vos o ponto de situação sobre material e viaturas. Rádios, telemóveis, computadores, impressoras… Não existem”, escreve o comandante. E explica depois que há alguns rádios usados que “talvez” possam utilizar e alguns telemóveis (eventualmente um por centro de meios aéreos). Os GIPS vão receber alguns computadores usados da Brigada de Trânsito, mas que “não são maus”.  Material para as zonas de descanso, como cadeiras, mesas e armários, também não existe em todos os locais e é “um problema sem fim à vista”.

Quanto ao reforço das viaturas de transporte, que o primeiro-ministro tinha anunciado, ainda não existem — talvez em “junho, julho” possa haver “algumas pickups“. Os 77 carros que existem vão, assim, ser distribuídos. Já “só para agosto”, acredita o comandante, os militares estarão prontos para o chamado ataque ampliado (ATA), depois dos 90 minutos de ataque inicial, que pretende não deixar os incêndios chegar a grandes proporções.

A quase um mês do início do verão, e a uma semana de estarem formados os militares para o reforço do combate aos incêndios, a situação dos GIPS é crítica. O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, foi confrontado pelos partidos, na terça-feira, relativamente às incoerências na preparação da próxima época de incêndios, tendo dado respostas evasivas sobre os atrasos na contratação de meios aéreos.

* Temos muita vergonha da actuação deste titular do MAI, um teórico visionário.

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