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.Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
08/10/2025
ANA MONIZ
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A partida
O filme ‘The Experiment’ pretendia avaliar até que ponto alguém conseguiria provocar sofrimento extremo a outra pessoa.
Em 1963, na Universidade de Yale nos Estados Unidos da América, um psicólogo social com 29 anos e uma vontade de perceber o inconcebível fez história na Psicologia. Stanley Milgram, judeu e descendente de sobreviventes do Holocausto, queria entender como é que tinha sido possível tantas pessoas obedeceram a ordens tenebrosas e levaram a sua vida enquanto torturavam e matavam, ou pelo menos enquanto eram testemunhas destes atos. A experiência retratada no filme The Experiment pretendia avaliar até que ponto alguém conseguiria provocar sofrimento extremo a outra pessoa, aplicando-lhe repetidamente choques elétricos que iriam até 450 Volts e poderiam provocar a morte. É evidente que não houve nenhum choque elétrico, mas sim uma encenação que envolvia gritos de dor e depois silêncios que poderiam indicar que a pessoa estava inconsciente ou morta. Nenhum dos participantes da Experiência parou antes dos 300 Volts (um choque elétrico violento) e dois em cada três chegaram ao fim, ao choque potencialmente letal. No final da experiência havia uma reunião com cada participante em que se explicava tudo o que tinha acontecido e se agradecia a colaboração para aumentar o conhecimento científico. Mas fica a hipótese de que as pessoas teriam seguido as suas vidas sem gastar um segundo a pensar na pessoa que acreditavam ter acabado de torturar ou até matar. Um pormenor que o próprio Milgram salientou era o facto de nenhum dos participantes ter tentado saber como estava a pessoa que tinha recebido os choques elétricos.
Lembrei-me desta experiência ao ver num debate televisivo uma deputada da Assembleia da República dizer que queria «limpar Lisboa dos ratos, dos ratos de que não querem falar naquelas ruas de quinhentos metros quadrados com milhares e milhares de pessoas…». Isto num debate cujo tema era Lisboa, e pouco tempo depois da mesma deputada se ter referido às pessoas que viviam na zona do Martim Moniz e à «imigração excessiva» no nosso País. A crueldade daquelas palavras pareceram-me ser o fundo do poço da compaixão humana. Mas, entretanto, encontrei uma nova partida do TikTok (prank no original), que me abriu os horizontes: Raparigas adolescentes em Israel fazem chamadas telefónicas aos pais fingindo serem de uma associação de solidariedade a angariar dinheiro para ajudar as crianças órfãs e famintas de Gaza. Explicam com convicção que «são apenas crianças sem pais, comida ou casa… e precisam de ajuda!». Do outro lado do telefone nenhum adulto contesta o conteúdo. A intenção de ajudar crianças de Gaza é que deixa os pais desvairados: «Vai-te tratar! Precisas é de um psiquiatra!», outros gritam só palavrões e alguns desligam o telefone a vociferar. Para mim o mais chocante foi o facto de as miúdas reconhecerem o sofrimento das crianças e repetirem-no, inclusive, com argumentos razoáveis como «São bebés e crianças, não são o Hamas!», mas em nenhum momento se vê alguma ressonância emocional. Nada de novo debaixo do Sol, desumanizar o outro, sobretudo quem não é da minha tribo, é grotescamente fácil.
* Sou psicóloga, psicoterapeuta, executive e team coach, formadora, palestrante e escrevo livros. Fica uma frase comprida mas é a verdade. Identifico-me a 100% .
IN "NASCER DO SOL"- 03/10/25.

putin HUYLO
putin é um canalha .
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ē¢໐ ค́fri¢ค/133
KENYA
CINCO ANOS DE SECA
JUSTIN ANIERE



