23/04/2010

COLMEIA

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CAMILO LOURENÇO




O Zequinha também molhou a sopa



A visita de Cavaco Silva a Praga foi um monumento à falta de sentido de Estado reinante na União Europeia. Logo no primeiro encontro oficial, esse elefante-em-loja-de-porcelana chamado Václav Klaus atirou-se aos países com défice excessivo (onde está Portugal)...

A visita de Cavaco Silva a Praga foi um monumento à falta de sentido de Estado reinante na União Europeia. Logo no primeiro encontro oficial, esse elefante-em-loja-de-porcelana chamado Václav Klaus atirou-se aos países com défice excessivo (onde está Portugal). A crítica fazia sentido? Evidentemente… mas em privado. E como que a confirmar que não foi uma "gaffe", Klaus repetiria as críticas num encontro com empresários.

Mas se Václav Klaus esteve mal, Cavaco Silva esteve pior. Embaraçado pelo ataque do seu homólogo, insistiu em incluir a "esquecida" Irlanda no grupo dos países com problemas orçamentais. Como que a lembrar que há mais prevaricadores, além de Portugal e Grécia. Cavaco parecia aquele aluno que, repreendido pela professora, contesta: "Mas eu não estou sozinho. O Zequinha também molhou a sopa".

As falhas de Cavaco em Praga são uma surpresa num político com a sua experiência (foi 1ºministro durante dez anos e leva quase cinco de Presidência). Ao lembrar que Portugal e Grécia não estão sozinhos, o presidente nivelou por baixo a discussão dos défices excessivos e arvorou-se em julgador da situação financeira da Irlanda, esquecendo-se que essa função cabe aos mercados. Ora, o que os mercados estão a dizer é que estão pouco preocupados com a Irlanda, provavelmente porque o país está a fazer o trabalho de casa e… muito preocupados connosco (vá-se lá saber porquê, senhor Presidente!). Além disso, Cavaco parece ignorar que há grandes diferenças entre o tecido produtivo irlandês e o português. "Gaffes" a mais para um economista com a sua experiência.

in "JORNAL DE NEGÓCIOS"

19/04/10

EXPLOSIVOS - UMA DESGRAÇADA REALIDADE

DIABO NA CRUZ - DONA LIGEIRINHA

O Papa...



VIAGEM DO PAPA

Depois de arrumar toda a bagagem do Papa Bento XVI (e ele não viaja

ligeiro), o motorista reparou que o Papa ainda se encontrava no exterior

do veículo.

"Desculpe-me Sua Santidade", disse o motorista, "Não se importa de ocupar

o seu lugar para que possamos seguir?".

"Bem, para dizer a verdade", diz o Papa, "No Vaticano nunca me deixavam

conduzir quando era Cardeal. Como Papa ainda menos, e apetecia-me mesmo

conduzir hoje!".

"Desculpe-me Sua Santidade, mas não posso fazer isso. Perderia o meu

emprego! E se acontecesse alguma coisa?" protestou o motorista, desejando

não ter ido trabalhar nessa manhã.

"E quem é que vai contar?" diz o Papa com um sorriso.

Relutantemente, o motorista senta-se atrás, enquanto o Papa ocupa o lugar

ao volante. O motorista imediatamente se arrepende pois, mal deixam o

aeroporto, o Papa mete o prego a fundo acelerando a limusina até aos

205km/h (lembrem-se que o Papa é alemão).

"Por favor, Sua Santidade!!" implora o preocupado motorista; mas o Papa

continua com o prego a fundo até que se ouvem sirenes.

"Oh, meu Deus, vou perder a minha carta de condução e o emprego!" soluçava

o motorista.

O Papa encosta a limusina e desce o vidro quando o polícia se aproxima;

quando este olha para ele, regressa à mota e estabelece contacto rádio com

a Central.

"Preciso de falar com o Chefe", informa ao operador.

O Chefe responde e o polícia diz-lhe que mandou parar uma limusina que

seguia a 205 km/h.

"Então aplica-lhe a multa", diz o Chefe.

"Não creio que devamos fazer isso, ele é mesmo importante", diz o polícia.

O Chefe exclama, "Por isso mesmo, multa o sacana!"

"Não, é que é MESMO importante", insiste o polícia.

Então o Chefe pergunta, "Quem tens aí, o Presidente da Câmara?"

E o polícia: "Mais alto".

O Chefe: "Um deputado?"

Polícia: "Mais importante".

Chefe: "O Primeiro Ministro?".

Polícia: "Muito mais!".

"Bolas", diz o Chefe, "Então quem é?!".

O polícia: "Acho que é Deus!".

O Chefe fica atrapalhado, "E o que te leva a pensar que seja Deus?".

Polícia: "É que o motorista Dele ... é o Papa!!".

O SABER

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TENHA UM BOM DIA


O Centro Nacional de Inteligência (CNI) espanhol e o Serviço de Informações e Segurança (SIS) português vão acompanhar de perto o desfile comemorativo do 25 de Abril, entre o Marquês de Pombal e o Rossio, com o objectivo de identificar a possível presença de membros de um grupo juvenil da ETA que faz parte da lista das organizações terroristas da União Europeia. O CNI e os SIS sabem que no ano passado estiveram cá.
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"


O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros três das medidas do Programa de Estabilidade e Crescimento: uma taxa de 20% sobre mais-valias na bolsa, a introdução de portagens nas SCUT, já a partir de 1 de junho, e a criação de uma nova taxa de IRS, de 45%, para rendimentos acima de 150 mil euros.

"RECORD"

António Martins, presidente da Associação Sindical de Juízes (ASJ), defende que a Ordem dos Advogados (OA) «deve ser extinta» se continuar a permitir a violação dos estatutos pelos próprios advogados.

"A BOLA

A Assembleia da República aprovou ontem na generalidade os projectos do PS (uma resolução e oito projectos de lei), do PCP (três) e do BE (um) sobre combate à corrupção, com a abstenção do PSD e do CDS.
O projecto do PS de criação, no Banco de Portugal, de uma base de dados de contas bancárias para facilitar o acesso dos juízes, desceu sem votação à comissão eventual para a corrupção, devendo ser consultada a Comissão Nacional de Protecção de Dados. As iniciativas do PS obtiveram os votos favoráveis do BE e do PEV, e a abstenção do PSD, CDS e PCP. Outros projectos do PS prevêem a suspensão de mandatos de autarcas acusados de crimes puníveis com penas de prisão superiores a três anos, o levantamento do sigilo bancário em caso de dívidas à Segurança Social,, a criação do crime urbanístico cometido por funcionários e titulares de cargos políticos e a autorização para que as instituições bancárias revelem a juízes factos cobertos pelo dever de segredo.
"JORNAL DE NOTÍCIAS"

A saída de Vítor Constâncio para a vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE) abre portas à entrada de Carlos Costa para o lugar de governador do Banco de Portugal (BdP), um nome consensual que merece rasgados elogios de economistas e banqueiros.
A Vítor sucede Carlos, dois nomes diferentes e dois estilos distintos. Ao tecnocrata Constâncio sucede um homem discreto e com um vasto currículo europeu. Artur Santos Silva, ‘chairman’ do Banco Português de Investimento, não tem dúvidas de que se trata de "uma excelente escolha". Carlos Santos Ferreira, presidente do BCP, considera que se trata de "um homem experiente que conhece profundamente o sistema".
"CORREIO DA MANHÃ

Ainda há uma percentagem apreciável de doentes com cancro a esperar tempo a mais por uma cirurgia nos três Institutos de Oncologia (IPO) do país, apesar de a situação ter melhorado substancialmente nos últimos anos. A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) constatou uma "evolução favorável" face aos resultados da primeira avaliação que fez nos IPO do Porto, Coimbra e Lisboa em 2007, mas não deixa de pôr o dedo na ferida, ao sublinhar que o número de doentes operados para além dos tempos máximos de espera "ainda se mantém elevado"

"PÚBLICO"

Os autarcas que não avaliarem funcionários arriscam perda de mandato. É esta a sanção prevista na proposta de lei que altera o regime jurídico da tutela administrativa, ontem aprovado em Conselho de Ministros e que será agora submetida ao Parlamento, revelou ao Negócios fonte oficial da Presidência do Conselho de Ministros.

"JORNAL DE NEGÓCIOS"

15 - CARROS MILIONÁRIOS - limousines

NELSON ÉVORA

FERNANDA RIBEIRO


Jogos Olímpicos de Atlanta - 1996
Fernanda Ribeiro protagonizou a 2 de Agosto de 1996, em Atlanta, uma das mais emocionantes finais Olímpicas de todos os tempos nos 10 mil metros. Ao entrar para a última volta tinha 20 metros de atraso em relação à chinesa voadora Wang Junxia (recordista Mundial da distância), tudo parecia perdido, mas, os últimos 200 metros foram fantásticos, na recta final,
Fernanda fez uma "ultrapassagem perigosa" que deixou sem fôlego milhares de portugueses. Portugal conquistava a sua única medalha de ouro em Atlanta. Com o tempo realizado, 31.01,63, Fernanda bateu o record Olímpico e o record Nacional.
No final da prova Fernanda diria: " Tinha prometido que lutaria até cair para o lado, só me faltou acabar de gatas. A partir do terceiro quilómetro comecei a sentir dores no tendão de Aquiles, cerrei os dentes, sofri, mas eu, pelo sonho de ser campeã olímpica, estava preparada para ir até... morrer! Só apanhei um pequeno susto quando vi a Wang, a chinesa do sangue de tartaruga, a isolar-se, a 400 metros do final. Mas nessa altura pensei que ainda não estava vencida...foi quando pensei na promessa de ir a Fátima a pé." Cumpriu essa promessa em Novembro. Dois dias para palmilhar 150 quilómetros. Com devoção e um sorriso nos lábios. Fernanda acredita que Deus esteve em todas as suas Vitórias.

ROSA MOTA

CARLOS LOPES

2 - GUERRA COLONIAL


A Organização de Unidade Africana

Formalmente constituída em Adis Abeba em Maio de 1963, a Organização de Unidade Africana (OUA) assentava sobre algumas das bases de cooperação africana estabelecidas pela Conferência de Lagos tanto a nível geral como regional, com a missão de reforçar a unidade e solidariedade dos estados africanos, defender a sua integridade territorial e autonomia, e eliminar, sob todas as formas, o colonialismo em África. Este último tornar-se-ia o principal objectivo da organização, mediante intervenções perante o Conselho de Segurança da ONU, como no caso da reunião urgente deste Conselho para a avaliação da conduta portuguesa para com as colónias africanas.

A OUA estabeleceu um Comité de Ajuda aos Movimentos de Libertação, com sede em Dar-es-Salam, onde integrava representantes da Etiópia, Argélia, Uganda, Egipto, Tanzânia, Zaire, Guiné-Conacri, Senegal e Nigéria. Esta ajuda distribuía-se pela criação de infrastruturas, treino militar e na compra de armamento.

Relativamente à questão colonial portuguesa, a OUA desencadeou acções no sentido do reconhecimento do Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE), formado pela FNLA e Holden Roberto, em 1964. Este apoio foi, contudo, transferido para o movimento MPLA de Agostinho Neto, a partir de 1967, em detrimento do primeiro, para, em Novembro de 1972, novamente serem reconhecidos ambos os movimentos, tendo em vista a sua união. A legitimação da UNITA como organização anticolonialista pela OUA só se viria a verificar nas vésperas do Acordo de Alvor (1974). Em 1964, a OUA reconheceu o PAIGC como o legítimo representante da Guiné-Bissau e Cabo Verde, bem como a Frelimo para Moçambique, em 1965.

Afora a questão portuguesa, a OUA ainda se esforçou por afastar a intervenção das potências externas durante a guerra da secessão do Catanga (1960-65), a declaração unilateral da independência da Rodésia (1966-1979) e o conflito de Biafra (1967-1970).

O fim da guerra

Hastear da bandeira da Guiné-Bissau após o arrear da bandeira portuguesa, em Canjadude (1974).

O 25 de Abril de 1974, planeado e executado por militares dos três ramos das Forças Armadas Portuguesas, uma nova geração de oficiais de baixa e média patente, formada e criada na guerra, que aprendera a agir com autonomia, levantaria, sob a direcção do MFA, um período revolucionário que transformaria radicalmente o Estado e a sociedade. Embora inúmeros factores tenham contribuído para a revolução, a Guerra Colonial foi, desde sempre, apontada como a principal justificação para a queda irrevogável do Estado Novo em Portugal.

O Programa do MFA, da responsabilidade da sua Comissão Coordenadora apresentava, de forma inequívoca, a vontade de possibilitar a independência das colónias. Porém, a remoção desta alínea, negociada durante a noite de 25 para 26 de Abril, levantaria ainda alguns equívocos a respeito, que só seriam esclarecidos pela Lei 7/74 de 27 de Julho. Esta medida levantaria grande parte da cortina que separava o Estado Português de conseguir negociações com os movimentos de libertação. Dava-se assim início ao processo de descolonização.

Porém, a ambiguidade das primeiras posições relativas à nova política colonial gerou situações duvidosas que não puderam ser ultrapassadas sem graves desentendimentos. Cada redefinição do processo representava uma dura luta entre António de Spínola e a Comissão Coordenadora do Programa do MFA. Os dois projectos apresentados para essa nova política diferiam, sobretudo, nas questões ligadas com as futuras relações de Portugal com as colónias; mesmo os pontos concordantes seriam rapidamente submetidos perante a prova prática da realidade, o que exigiu, na maioria das vezes, a sua revisão. Assim, com o esclarecimento pela Lei 7/74, e posterior comunicado conjunto Portugal-ONU, publicado a 4 de Agosto, eram levantadas as últimas dúvidas, dando início à fase definitiva da descolonização.

Iniciaram-se as negociações com o PAIGC e com a Frelimo, que levaram à assinatura de protocolos de acordo. Em Argel, a 26 de Agosto ficava concluído o processo entre Portugal e o PAIGC, em que a ex-colónia era reconhecida como estado soberano, sob o nome de «República da Guiné-Bissau». O último contingente militar regressou da Guiné em 15 de Outubro.

Relativamente a Moçambique, seria assinado a 7 de Setembro, em Lusaka, um acordo conducente à independência moçambicana. Contudo, grupos organizados, num movimento contrário ao acordo, assaltaram as instalações da Rádio Clube de Moçambique, em Lourenço Marques e outras cidades, e seus emissores regionais, sugerindo a intervenção da África do Sul. Esta tentativa desestabilizadora do processo de paz viria a fracassar, sob a acção das Forças Armadas Portuguesas.

Relativamente a São Tomé e Príncipe e Guiné Portuguesa, foi assinado o Acordo de Argel em 26 de Novembro de 1974.

Quanto a Cabo Verde, o acordo entre Portugal e o PAIGC já estabelecia o princípio do acesso deste arquipélago à autodeterminação e independência. Em 17 de Dezembro seria publicado o Estatuto Constitucional de Cabo Verde, prevendo eleições por sufrágio directo e universal, a 30 de Junho de 1975. A assembleia instituída a partir daí proclamou a independência do território a 5 de Julho de 1975.

Quanto a Angola, a aproximação dos três movimentos de libertação constituía uma dificuldade para o governo português. Com efeito, pairava a possibilidade do alargamento de um confronto entre os países ocidentais, a África do Sul e a União Soviética. Spínola reunir-se-ia ainda com Mobutu, com alguma continuidade, mas viria a demitir-se do cargo a 30 de Setembro. Com Costa Gomes na Presidência da República Portuguesa, desenvolveram-se conversações dirigidas especificamente a cada um dos movimentos. Inicialmente, com a FNLA, posteriormente com o MPLA. Porém, as várias tentativas de restabelecer a paz em Angola e minimizar o impacto da descolonização seriam deitadas por terra rapidamente. A guerra civil arruinou a serenidade deste processo, agravando a situação interna, com milhares de vítimas e a fuga dos portugueses.

Também em Timor-Leste se verificou um período dramático, já que as autoridades portuguesas não tinham como dispor de capacidade para normalizar os conflitos, acabando a Indonésia por invadir a ilha.

Em suma, as condições oferecidas pelo novo regime para a descolonização, reconfigurou a situação no continente africano, com a criação de novos países independentes em busca dos seus próprios rumos e afirmação nacional, o que iria contribuir para o desmantelamento do Apartheid na África do Sul.

Consequências

Custos financeiros

Evolução das despesas extraordinárias das Forças Armadas Portuguesas e do Estado.

O Orçamento e as contas do Estado Português, ao longo das décadas de 1960 e seguinte reflectiram claramente o esforço financeiro exigido ao país durante a guerra. Obviamente, as despesas com a Defesa Nacional sofreram crescentes aumentos a partir de 1961, com o despoletar dos sucessivos conflitos em África. Estas despesas com as Forças Armadas classificavam-se, para efeito orçamental, como ordinárias (DO), de carácter normal e permanente, e extraordinárias (DE), respeitantes à defesa da ordem pública em circunstâncias excepcionais. A parcela mais importante das DE, os gastos com as províncias ultramarinas, inscrevia-se no Orçamento, na rubrica Forças Militares Extraordinárias no Ultramar (OFMEU). É interessante verificar que as despesas totais do Estado sofrem incremento acentuado a partir de 1967/68, coincidindo com a subida ao poder de Marcelo Caetano.

As dificuldades orçamentais encontradas pelas Forças Armadas Portuguesas levaram o Exército a estudar o custo mínimo para as forças em campanha (OFMEU), concluindo que o custo diário médio de um combatente era, em 1965, de 165 ESC para a Guiné, 115 ESC para Angola e 125 ESC para Moçambique. Por ano, equivalia, portanto, a cerca de 42000 ESC, de onde se derivou a fórmula V = 42n (sendo n o número de homens).

Os veteranos de guerra

Foram também vítimas da guerra os soldados que nela participaram, tornando-se uma das faces mais visíveis das consequências do conflito. Não obstante, os hospitais militares tornaram-se simultaneamente, para estes, um refúgio e um depósito onde a sociedade mantinha longe da vista os corpos amputados. Nem o Código de Inválidos de 1929, que visava dar um estatuto de reconhecimento e assistência aos feridos na I Guerra Mundial, evitou que ficassem na miséria, sem direito a assistência médica ou quaisquer regalias sociais.

Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, em Lisboa.

É também neste contexto que o 25 de Abril de 1974 mostra uma luz de esperança, ao ser instituída a Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) que teve como primeiro acto a apresentação à Junta de Salvação Nacional de um conjunto de princípios reivindicativos, que possibilitavam a prestação de serviços de apoio aos associados, desde os processos burocráticos e administrativos, aos cuidados de saúde, reabilitação física e integração social. Esta associação conta com mais de 13 500 associados, ilustrando perfeitamente as necessidades sentidas pelos feridos de guerra. No entanto, alguns levantamentos estatísticos efectuados pela ADFA apontam a marca para os 25 milhares, durante todos os 13 anos de guerra. Em relação ao stress de guerra, a ADFA estima números bastante superiores aos apontados pelas fontes oficiais (560).

Na ex-Guiné Portuguesa, uma parte dos que combateram pelo lado do governo de Portugal contra o PAIGC, eram soldados ou milícias naturais do próprio território. Após a independência, a grande maioria desses combatentes foram abandonados à sua sorte em consequência de várias circunstâncias entre as quais a falta de definição do seu estatuto nos acordos assinados entre as forças beligerantes e à falta de capacidade de resolução de tantos problemas em simultâneo pelos novos governantes de Portugal durante a Revolução dos Cravos.

A principal consequência desses factos foi a sua perseguição e assassinato pelos seus antigos inimigos. Estima-se que tenham sido assassinados sumariamente milhares de ex-combatentes, havendo quem avance com números na ordem dos onze mil.

O 10 de Junho

Desfile militar por ocasião do Dia de Portugal, na avenida marginal de Luanda.

O regime aproveitou a data quase esquecida do 10 de Junho, que detinha uma conotação como o Dia da Raça, entretanto desactualizada, para transformá-la num grande evento de apoio à política colonial, sob pretexto de homenagear os heróis que a suportavam na frente de combate. O dia 10 de Junho passaria, assim, a carregar consigo uma identificação próxima com a defesa do regime e das colónias, enquanto as Forças Armadas eram chamadas para a demonstração do poderio militar português.

A primeira das celebrações realizou-se em 1963, no Terreiro do Paço, em Lisboa, para condecorar combatentes. Este modelo seguir-se-ia, com ligeiras alterações, até 1973: formatura geral dos três ramos das Forças Armadas, dispondo os alunos do Colégio Militar e do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, seguidos dos cadetes da Escola Naval e da Academia Militar. Segundo o Diário de Notícias, edição de 12 de Junho desse primeiro ano, «quatro mil homens descansavam as mãos nas armas de guerra. Em volta, uma multidão silenciosa. A memória dos combatentes do Ultramar impunha respeito».

As cerimónias de condecoração de militares no 10 de Junho celebravam-se também nas regiões militares metropolitanas, no Porto, Tomar, Évora, Funchal e Ponta Delgada, presididas pelos respectivos comandantes, bem como nas capitais dos teatros de operações, Bissau, Luanda e Lourenço Marques, presididas pelos respectivos governadores.

Com a Revolução do 25 de Abril de 1974, o dia passar-se-ia a designar como Dia de Camões, Portugal e das Comunidades Portuguesas.

Nas artes

No cinema

No cinema português, a Guerra do Ultramar, ao contrário do verificado em outros períodos marcados pelas circunstâncias político-militares, não teve uma incidência directa, quer em actualidades, quer em reportagens, por dois motivos principais: a influência da censura e a posterior importância da televisão. Em contrapartida, o documentarismo mereceu um expressivo incremento nos países africanos envolvidos, especialmente Angola e Moçambique. Por outro lado, a Guerra Colonial reflectiu-se, desde meados da década de 1960, na área ficcional da cinematografia lusitana, explorando sobretudo os conflitos individuais. Destacam-se, a título de exemplo, um documentário longo, em 70 mm, produzido pelo Serviço de Informação Pública das Forças Armadas, Angola na Guerra e no Progresso (1971, Quirino Simões), baseado em Aquelas Longas Horas, de Manuel Barão da Cunha, com uma síntese dos acontecimentos de 1961 e a subversão do Leste a partir de 1967.

Após o 25 de Abril de 1974 e o levantamento da censura política, a produção cinematográfica alterava substancialmente o teor das produções, agora mais voltado para a exposição do pós-guerra. Produzido para a RTP, Adeus, até ao Meu Regresso (1974, António-Pedro Vasconcelos) narrava alguns casos significativos entre os milhares de soldados que combatiam na Guiné, a propósito das mensagens de Natal para as famílias; Incompleto ficou O Último Soldado (1979, Jorge Alves da Silva), sobre as dificuldades de readaptação conjugal e social de um oficial pára-quedista (João Perry) de regresso a Portugal; La Vitta e Bella (1979, Grigori Tchoukrai), uma co-produção luso-ítalo-soviética, filmada em Lisboa, sobre um taxista, ex-aviador militar que, durante a guerra de Angola, recusara abrir fogo e afundar um barco com mulheres e crianças; em Actos dos Feitos da Guiné (1980), Fernando Matos Silva, argumento com Margarida Gouveia Fernandes, encena, em forma de teatro de crítica, a relação histórica do colonialismo português e seus heróis, com excertos filmados na Guiné, em 1969-70; A Culpa (1980, António Vitorino d'Almeida), narra a obsessão de um ex-combatente da guerra da Guiné (Sinde Filipe); Em Gestos & Fragmentos - Ensaios sobre os Militares e o Poder (1982, Alberto Seixas Santos), Otelo Saraiva de Carvalho descreve o percurso, seu e dos seus camaradas do Movimento dos Capitães, que levou o país da Guerra Colonial ao golpe de estado do 25 de Abril; Um Adeus Português (1985), João Botelho e Leonor Pinhão evocam um incidente com uma patrulha que se perde no mato, com a morte de um furriel; Era Uma Vez um Alferes (1987, Luís Filipe Rocha), sobre a obra de Mário de Carvalho, produzido para a RTP, reconstitui um episódio em África, em que um alferes português pisa uma mina, que rebentará quando ele levantar o pé; Non ou a Vã Glória de Mandar (1990, Manoel de Oliveira), uma reflexão sobre a identidade da pátria por parte de alguns soldados, no final da Guerra, pouco antes do 25 de Abril, ilustrada desde o início de Portugal como nação independente.

Na literatura

Ao contrário da repercussão literária portuguesa em outras ocasiões belicistas, a Guerra Colonial contribuiu significativamente para a produção portuguesa. Com cerca de 60 romances em que é tema, e outros 200 em que é subtema, a literatura sobre os acontecimentos formam a única corrente de fundo centrada sobre a guerra. Também aqui, a dualidade do suporte versus oposição ao império só seria manifestada abertamente após a Revolução dos Cravos. Com efeito, as produções tenderam a dramatizar a culpa e assumiram um carácter anti-heróico, antimilitarista e auto-punitivo, como é o caso de Jornada de África de Manuel Alegre, em oposição à produção literária dos africanos lusófonos relativa à sua guerra de libertação. Entre as excepções a estas obras contam-se: A Vida Verdadeira de Domingos Xavier ou Nós, os do Maculusu, de José Luandino Vieira, As Lágrimas e o Vento, de Manuel dos Santos Lima, Mayombe, de Pepetela (todos romances angolanos), Angola, Angolé, Angolema, de Arlindo Barbeitos, os sete contos compilados em Nós Matámos o Cão Tinhoso, do moçambicano Luís Bernardo Honwana. Um exemplo marcante da literatura imparcial portuguesa foi a obra de António Lobo Antunes, em Os Cus de Judas ou em Fado Alexandrino.

Noutro contexto, a literatura técnica sobre a arte militar conheceu também importantes publicações sobre a experiência de combate por parte de fuzileiros, comandos, desertores e elementos dos corpos auxiliares.

Na poesia, Couto Viana, Bação Leal, Assis Pacheco preenchem a lacuna; no drama, Fernando Dacosta, n'Um Jeep em Segunda Mão; nos documentários, o diário Jornal de Campanha de Liberto Cruz; no romancismo, a prosa de Juana Ruas ou o romance Morte em Combate, de António Silveira.

wikipédia

A CRIANCINHA

Oh, sabedoria!


Aprendam meninos...Aprendam !

QUANDO UM HOMEM DEVE USAR BRINCO


Um dia, no escritório de advocacia, um dos advogados reparou que o seu
colega, muito conservador, tinha passado a usar um brinco.
- Não sabia que gostavas desse tipo de coisas - comentou.
- Não é nada de especial, é só um brinco - replicou o colega.
- Há quanto tempo usas isso?
- Desde que a minha mulher o encontrou...no meu carro...na semana passada.

JORNAIS DE HOJE

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