16/08/2009

LUÍS DE FREITAS BRANCO - suite alentejana nº 1

2ª DINASTIA - D. JOÃO I

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D. JOÃO I



D. João I
Monarca de Portugal

D. João I, rei de Portugal

Ordem: 10.º Monarca de Portugal
Cognome(s): O DE BOA MEMÓRIA
Início do Reinado: 6 de Abril de 1385
Término do Reinado: 14 de Agosto de 1433
Aclamação: Coimbra,6 de Abril de 1385
Predecessor(a): D. Fernando I
Sucessor(a): D. Duarte
Pai: D. Pedro I,
Mãe: Teresa Lourenço
Data de Nascimento: 11 de Abril de 1357
Local de Nascimento: Lisboa
Data de Falecimento: 14 de Agosto de 1433
Local de Falecimento: Lisboa
Local de Enterro: Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha
Consorte(s): D. Filipa de Lencastre
Príncipe Herdeiro: Infante D. Duarte (filho)
Dinastia: Avis

D. João I, décimo Rei de Portugal, nasceu em Lisboa a 11 de Abril de 1357 e morreu na mesma cidade a 14 de Agosto de 1433.

D. João era filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de Teresa Lourenço (uma jovem filha do mercador lisboeta Lourenço Martins; embora durante muito tempo se tenha sustentado que era de origem galega). Em 1364 foi consagrado Grão Mestre da Ordem de Avis.


Crise de 1383-85

À data da morte do rei D. Fernando I, sem herdeiros directos, Portugal parecia em risco de perder a independência. A rainha D. Leonor Teles de Menezes era impopular e olhada com desconfiança. Ter tornado pública a sua ligação amorosa ao nobre galego João Fernandes Andeiro, que vivia no paço, atraiu todas as críticas contra a sua pessoa e contra o conde Andeiro. Para além do mais, a sucessão do trono recaía sobre a princesa D. Beatriz, casada com o rei João I de Castela.

No entanto, a burguesia e parte da nobreza juntaram-se à voz popular que clamava contra a perda da independência, tão duramente mantida por D. Fernando I. Dois pretendentes apareceram para competir com D. Beatriz pela coroa portuguesa:

Morte do Conde Andeiro (Museu Nacional Soares dos Reis, Porto)

Com o apoio de um grupo de nobres, entre os quais Álvaro Pais e o jovem D. Nuno Álvares Pereira, e incentivado pelo descontentamento geral, o Mestre de Avis assassinou o conde de Andeiro no paço, a 6 de Dezembro de 1383 e iniciou o processo de obtenção da regência em nome do Infante D. João. Com este último, aprisionado por D. João I de Castela, abria-se a possibilidade política de o Mestre de Aviz ser rei.

Como seria de esperar, D. João I de Castela não desistiu da sua pretensão e preparou-se para lutar pelos direitos da sua consorte à coroa portuguesa. Seguiu-se a Crise de 1383-1385, ou Interregno, um período de anarquia e instabilidade política onde diferentes cidades de Portugal se declaravam por D. Leonor Teles (até esta abdicar da regência para a filha), por D. Beatriz ou pelo Mestre de Aviz.

A guerra civil arrastou-se por mais de um ano. D. Nuno Álvares Pereira, posteriormente condestável de Portugal, revelou-se um general de grande valor, ao contrário do próprio pretendente ao trono. Fernão Lopes é um crítico feroz das acções militares do Mestre, que teria tendência a preferir engenhos e planos complicados, sem resultados, ao contrário da luta valente e cavaleiresca, e das vitórias cruciais de D. Nuno, particularmente no Alentejo e na ajuda a Lisboa, onde o Mestre ficou sitiado sem se ter abastecido das provisões necessárias para aguentar um cerco.

Reinado

Finalmente a 6 de Abril de 1385, as Cortes portuguesas reunidas em Coimbra declaram o Grão-Mestre de Aviz, D. João I, rei de Portugal. Esta tomada de posição resultava na prática como uma declaração de guerra a Castela, visto que atacava o estatuto de D. Beatriz de Portugal como herdeira.

Pouco depois, João I de Castela invade Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e remover D. João I de Portugal do trono. Com Castela, seguia um contingente de cavalaria francesa, aliada de Castela para se opôr aos ingleses, que tomaram o partido de D. João I (Guerra dos Cem Anos). Como resposta, D. João I nomeia D. Nuno Álvares Pereira Condestável de Portugal protector do reino.

O génio militar de D. Nuno Álvares Pereira foi decisivo na Batalha de Aljubarrota

A invasão castelhana foi repelida durante o Verão, depois da decisiva batalha de Aljubarrota, travada a 14 de Agosto, perto de Alcobaça, onde o exército castelhano foi quase totalmente aniquilado. Castela, então, retira-se e a estabilidade da coroa de D. João I fica permanentemente estabelecida.

Casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre.

Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte em 1390 de João de Castela, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte. A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. A excepção foi a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conquistada a 21 de Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.

Legado

Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa: «Pour bien»

Cronistas contemporâneos descrevem D. João I como um homem arguto, cioso em conservar o poder junto de si, mas ao mesmo tempo benevolente e de personalidade agradável. Na juventude, a educação que recebeu como Grão Mestre da Ordem de Aviz transformou-o num rei invulgarmente culto para a época.

O seu amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados por Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas, por "Ínclita geração": o rei D. Duarte de Portugal foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o "Príncipe das Sete Partidas", foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e o Henrique, Duque de Viseu, "o navegador", investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos.

A sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras.

No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Ilha da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.

D. João morreu a 14 de Agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

Foi cognominado O de Boa Memória, pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses; alternativamente, é também chamado de O Bom ou O Grande.

Descendência

Realeza Portuguesa
Casa de Avis
Descendência

Do seu casamento com Filipa de Lencastre (1359-1415) nasceram nove filhos. Destes, os seis que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a ínclita geração:

D. João teve ainda dois filhos naturais de Inês Pires:

"WIKIPÉDIA"

FILIPA DE LENCASTRE


Filipa de Lencastre

D. Filipa de Lencastre,
consorte de El-Rei D. João I
Nascimento 1359

Leicester, Inglaterra
Morte 19 de Julho de 1415

Lisboa, Portugal
Sepultamento Capela do Fundador, Mosteiro de Santa Maria da Vitória, Batalha
Casa Real Casa de Lancaster, Inglaterra
Pai João de Gante, Duque de Lencastre
Mãe Branca de Lencastre



Filipa de Lencastre (Leicester, 1359 - Lisboa, 19 de Julho de 1415) foi uma princesa inglesa da casa dos Plantagenetas, filha de João de Gant, 1º Duque de Lencastre, pela sua mulher Branca de Lencastre.



Entrada de D. João I na cidade do Porto para celebrar o seu casamento com Filipa de Lencastre (azulejos de Jorge Colaço (1864-1942) na Estação de São Bento, Porto)


Tornou-se rainha consorte de Portugal através do casamento com o rei D. João I, celebrado em 1387 na cidade do Porto. Este casamento foi acordado no âmbito da Aliança Luso-Inglesa, contra o eixo França-Castela. Foi-lhe atribuída a distinção inglesa da Ordem da Jarreteira.

As rainhas de Portugal contaram, desde muito cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos na sua grande maioria por doação. D. Filipa de Lencastre recebeu as rendas da alfândega de Lisboa, bem como as vilas de Alenquer, Sintra, Óbidos, Alvaiázere, Torres Novas e Torres Vedras.

Foi uma rainha generosa e amada pelo povo. Os seus filhos que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a ínclita geração, de príncipes cultos e respeitados em toda a Europa.

Filipa morreu de peste negra nos arredores de Lisboa, poucos dias antes da partida para a expedição a Ceuta; segundo uns, terá sido no convento de Odivelas; segundo outros, no convento de Sacavém. Está sepultada na Capela do Fundador do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha, ao lado do seu esposo. A Escola Secundária D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, foi baptizada em sua honra.

Descendência

Do seu casamento com D. João I de Portugal nasceram:

ISABEL DE PORTUGAL



Isabel, Duquesa da Borgonha (quadro de Rogier van der Weyden)
Realeza Portuguesa
Casa de Avis
Descendência

Isabel de Portugal (21 de Fevereiro, 1397 - 17 de Dezembro 1471) foi uma princesa portuguesa da dinastia de Avis, única filha do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre. Era irmã, entre outros, de Henrique, o Navegador, Pedro, Duque de Coimbra e D. Duarte, rei de Portugal, sucessor de João I.

Isabel nasceu em Évora e passou a sua juventude na corte em Lisboa.

Em 1430, casou-se com Filipe III, Duque da Borgonha, com quem teve 3 filhos: António e José (que faleceram durante a infância) e Carlos, o Temerário (nascido em 10 de Novembro de 1433).

Isabel era uma mulher muito refinada e inteligente, que gostava de se rodear por artistas e poetas e foi uma mecenas das artes. Também na política, exerceu a sua influência sobre o seu filho e, em especial, sobre o seu marido, que ela representou em várias missões diplomáticas.

Faleceu em Dijon, na Borgonha, em 1471.

Precedida por:
Bona de Artois
Brasão de Filipe, o Bom, consorte de Isabel.

Duquesa consorte da Borgonha
1430 - 1467

Sucedida por:
Margarida de York

8 - ABADIA DE ALCOBAÇA

Congregações filhas

A importância da abadia se apoiava mais no seu poder espiritual e político que atingira em Portugal, não tratando das fundações das congregações filhas. Enquanto a abadia se encontrava sob o poder de Claraval, era aqui que eram tomadas as decisões relativamente a qualquer fundações de congreações-filhas. O abade de Alcobaça fundou um convento, em 1279, em Cós - que se localiza a apenas 8 km de distância de Alcobaça-, o Mosteiro de Santa Maria de Cós e por meio de uma determinação testamentária do rei D. Sancho II (1209-1248). No entanto, este convento vivia “na sombra” da Abadia até ao ano de 1558, adquirindo importância a partir do momento em que o cardeal D. Henrique se tornou abade de Alcobaça, de 1540 a 1580, e o completou. Do convento ainda existem a Igreja, o coro e a sacristia. Em 1566, D. Henrique fundou nos Capuchos (em Évora de Alcobaça) - que também se localiza a poucos quilómetros de distância de Alcobaça-, o Convento de Santa Maria Madaleina, um mosteiro para monges Franciscanos, que aí permaneceram até à dissolução dos mosteiros no ano de 1834. Deste mosteiro somente existem as ruínas ao lado de uma capela. Na sequência da grande influência que os cistercienses adquiriram em Portugal, alguns mosteiros de outra proveniência submeteram-se à Ordem dos Cistercienses. Desta maneira, a abadia de Alcobaça passou a deter, mais tarde, também a jurisdição, enquanto Congregação Autónoma dos Cistercienses em Portugal. No entanto, não se trata, propriamente, de filiais do Mosteiro como, por exemplo, aquelas que aparecem nos índices de livros cistercienses como mosteiros fundados por Alcobaça, como Santa Maria de Tamaraes, Santa da Maria de Maceira Dão, Santa Maria de Bouro, Estrela e São Paulo de Frades, todos eles de origem beneditina.

Número de monges

Segundo a lenda, terão vivido na abadia de Alcobaça 999 monges, estando o número 1000 reservado ao rei. Na verdade, este número de monges nunca existiu. Infelizmente, não existe bibliografia precisa sobre o assunto. Os cistercienses, tal como outros mosteiros, faziam a distinção entre os monges brancos (frei) e os irmãos leigos. Nos primeiros séculos de construção, do povoamento do território do Mosteiro e da criação dos coutos, é possível que o número dos irmãos leigos tenha ultrapassado o dos monges brancos na proporção de 2 para 1. Deste modo, pensa-se terem existido ca. de 500 monges, dos quais ca. de 130 eram monges brancos. [14] Por volta de 1500, prova-se a existência de ca. de 150 monges brancos, tendo o número de irmãos leigos diminuido já no século XIV. Ao longo do século XVI, o número de monges brancos diminuiu para 40, aumentando para 110 aquando da nomeação de Alcobaça como Congregação Autónoma dos Cistercienses em Portugal. Em 1762, contavam-se 139 monges brancos. A partir dos relatos existentes sobre a capacidade da cozinha nova, terminada por volta de 1700, é de presumir que o Mosteiro, nesse tempo, alojasse novamente ca. de 500 pessoas.

D. NUNO ÁLVARES PEREIRA


São Nuno de Santa Maria
Santo Condestável, Conde de Arraiolos, de Barcelos e de Ourém
Nascimento 24 de Junho 1360
Falecimento 1 de Novembro 1431
Venerado pela Igreja Católica
Beatificado 23 de Janeiro de 1918
Canonizado 26 de Abril de 2009
Principal templo Igreja do Santo Condestável, Lisboa
Festa litúrgica 6 de novembro
Portal dos Santos

Nuno Álvares Pereira, também conhecido como o Santo Condestável, São Nuno de Santa Maria, ou simplesmente Nun'Álvares (Paço do Bonjardim, 24 de Junho de 1360]Lisboa, 1 de Novembro de 1431) foi um nobre e um guerreiro português do século XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. Nuno Álvares Pereira foi também 2.º conde de Arraiolos, 7.º conde de Barcelos e 3.º conde de Ourém.

Camões, em sentido literal ou alegórico, explícito ou implícito, faz referência ao Condestável nada menos que 14 vezes em «Os Lusíadas».

Uma escultura sua encontra-se no Arco da Rua Augusta, na Praça do Comércio, em Lisboa e no castelo de Ourém. Tem também uma estátua em Flor da Rosa.

São Nuno foi canonizado pelo Papa Bento XVI em 26 de abril de 2009.

D. Nuno Álvares Pereira.

Biografia

Estátua de Nuno Álvares Pereira, do escultor Leopoldo de Almeida, em frente ao Mosteiro da Batalha

Segundo Fernão Lopes, D. Nuno Álvares Pereira foi um dos filhos naturais de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital, e Iria Gonçalves. D. Nuno Álvares Pereira cresceu na casa do seu pai até aos seus treze anos e foi lá que se iniciou "como bom cavalgante, torneador, justador e lançador" e sobretudo onde ganhou gosto pela leitura, lia nos "livros de cavallaria que a pureza era a virtude que tornara invenciveis os heroes da Tavola Redonda, e procurava que a sua alma e corpo se conservassem immaculados". Foi com essa idade que entrou para a côrte de D.Fernando de Portugal, onde foi feito cavaleiro com uma armadura emprestada por D.João, o Mestre de Avis. Aos seus 16 anos casou com Leonor de Alvim cerca de 137] em Vila Nova da Rainha, freguesia do concelho de Azambuja.

Quando o Rei D.Fernando de Portugal morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa D. Beatriz, casada com o Rei João I de Castela, D. Nuno foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões de João, o Mestre de Avis à coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de D. Pedro I de Portugal, D. João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda de independência para os castelhanos. Depois da primeira vitória de D. Nuno Álvares Pereira frente aos castelhanos na batalha dos Atoleiros, em Abril de 1384, D. João de Avis nomeia-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém.

A 6 de Abril de 1385, D. João é reconhecido pelas cortes reunidas em Coimbra como Rei de Portugal. Esta posição de força portuguesa desencadeia uma resposta à altura em Castela. D. João de Castela invade Portugal com vista a proteger os interesses de sua mulher D. Beatriz. D. Nuno Álvares Pereira toma o controlo da situação no terreno e inicia uma série de cercos a cidades leais a Castela, localizadas principalmente no Norte do país.

A 14 de Agosto, D. Nuno Álvares Pereira mostra o seu génio militar ao vencer a batalha de Aljubarrota. A batalha viria a ser decisiva no fim da instabilidade política de 1383-1385 e na consolidação da independência portuguesa. Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar raides contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques.

Descendência

Do seu casamento com D. Leonor de Alvim, o Condestável teve três filhos, mas apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim, que se tornou mulher de D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança, dando origem à Casa de Bragança, que viria a reinar três séculos mais tarde.

Vida religiosa

Nos últimos anos da sua vida Nuno Álvares Pereira recolheu-se no Convento do Carmo, onde morreu.

Após a morte da sua mulher, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que fundara como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de Novembro de 1431, com 71 anos.

Durante o seu último ano de vida, o Rei D. João I fez-lhe uma visita no Carmo. D. João sempre considerou que fora Nuno Álvares Pereira o seu mais próximo amigo, que o colocara no trono e salvara a independência de Portugal.

O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: "Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."

Há uma história apócrifa, em que o embaixador castelhano teria ido ao Convento do Carmo encontrar-se com Nun'Álvares, e ter-lhe-á perguntado qual seria a sua posição se Castela novamente invadisse Portugal. Nuno terá levantado o seu hábito, e mostrado, por baixo deste, a sua cota de malha, indicando a sua disponibilidade para servir o seu país sempre que necessário.

Beatificação e canonização

Nuno Álvares Pereira foi beatificado aos 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV, que consagrou o dia 6 de Novembro ao, então, beato. Iniciado em 1940, o processo de canonização foi posteriormente interrompido e, em 2004 reiniciado.

No Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 - acto formal no qual o Papa pediu aos Cardeais para confirmarem os processos de canonização já concluídos -, o Papa Bento XVI anunciou para 26 de Abril de 2009 a canonização do Beato Nuno de Santa Maria, juntamente com quatro outros novos santos.[9] O processo referente a Nuno Álvares Pereira encontrava-se concluído desde a Primavera de 2008, noventa anos após sua beatificação.

D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 9h 33min (hora de Portugal) de 26 de Abril de 2009.

"WIKIPÉDIA"

A L J U B A R R O T A

BATALHA DE ALJUBARROTA
crise de 1383-1385

Coordenadas: 39º38'17"N 8º50'42"O
Data 14 de Agosto, 1385
Local Campo de São Jorge, Calvaria de Cima, perto de Aljubarrota, Portugal
Resultado Vitória decisiva de Portugal
Combatentes:
PORTUGAL
Comandantes
João I de Portugal Nuno Álvares Pereira
Forças
6 500 homens, dos quais 800 besteiros Baixas
1000

CASTELA
Comandante
Juan I de Castela
Forças
4000 peões 31 000 homens
Baixas
4000

Crise de 1383-1385
Batalhas da mesma Crise
Atoleiros – Cerco de Lisboa – Trancoso – Aljubarrota – Valverde

A Batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de Agosto de 1385, entre tropas portuguesas comandadas por D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, e o exército castelhano de D. Juan I de Castela. A batalha deu-se no campo de S. Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades de Leiria e Alcobaça no centro de Portugal. O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos e o fim da crise de 1383-1385, e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. A paz com Castela só veio a estabelecer-se em 1411. Prelúdio

No fim do século XIV, a Europa encontrava-se a braços com uma época de crise e revolução. A Guerra dos Cem Anos devastava a França, epidemias de peste negra levavam vidas em todo o continente, a instabilidade política dominava e Portugal não era excepção. Em 1383, El-rei D. Fernando morreu sem um filho varão, que herdasse a coroa. A sua única filha era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João de Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão, uma vez que isso significaria anexação de Portugal por Castela. As pessoas alvoroçaram-se em Lisboa, o conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de Avis, filho natural de D. Pedro I de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do Reino. O período de interregno que se seguiu ficou conhecido como crise de 1383-1385. Finalmente a 6 de Abril de 1385, D. João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei pelas cortes reunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não desistiu do direito à coroa de Portugal, que entendia advir-lhe do casamento. Em Junho, invade Portugal à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um contingente de cavalaria francesa. Disposição da hoste portuguesa

Quando as notícias da invasão chegaram, João I encontrava-se em Tomar na companhia de D. Nuno Álvares Pereira, o condestável do reino, e do seu exército. A decisão tomada foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. Com os aliados ingleses, o exército português interceptou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha. A opção recaiu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota. Contudo o exército Português não se apresentou ao Castelhano nesse sítio, inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão nas tropas de Castela. Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de Agosto, o exército tomou a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os castelhanos eram esperados. A disposição portuguesa era a seguinte: infantaria no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com os 200 archeiros ingleses, 2 alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e infantaria. Na retaguarda, aguardavam os reforços e a cavalaria comandados por D. João I de Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a chegada do exército castelhano protegidos pela vertente da colina. Batalha de Aljubarrota A chegada dos castelhanos

A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da batalha pela hora do almoço, sob o sol escaldante de Agosto. Ao ver a posição defensiva ocupada por aquilo que considerava os rebeldes, o rei de Castela tomou a esperada decisão de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido aos 30 000 soldados que constituíam o seu efectivo, o exército castelhano começou a contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente sul da colina tinha um desnível mais suave e era por aí que, como D. Nuno Álvares previra, pretendiam atacar. O exército português inverteu então a sua disposição e dirigiu-se à vertente sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final muito antes do exército castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia ordenado a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de infantaria, protegendo esta e os besteiros. Este tipo de táctica defensiva, muito típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura. Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda não completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, começar o ataque. É discutível se de facto houve a tão famosa táctica do "quadrado" ou se simplesmente esta é uma visão imaginativa de Fernão Lopes de umas alas reforçadas. No entanto tradicionalmente foi assim que a Batalha acabou por seguir para a história. O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força, de forma a romper a linha de infantaria adversária. Contudo as linhas defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as paliçadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre sí apenas pela distancia necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a chuva de virotes lancada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de arqueiros ingleses) fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, já a cavalaria se encontrar desorganizada e confusa. As baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo. Ainda não perfilada no terreno, a retaguarda castelhana demorou a prestar auxílio e, em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses. Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano atacou. A sua linha era bastante extensa, pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direcção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses redispuseram as suas forças dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em dois sectores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente. Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer. Ao pôr-do-sol a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. João de Castela ordenou uma retirada geral sem organizar uma cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria Portuguesa lançou-se então em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade. Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às mãos do povo. Surge aqui uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas próprias mãos alguns castelhanos em fuga. A história é por certo uma lenda da época, de qualquer forma pouco depois D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas fugitivas. O dia seguinte

Na manhã de 15 de Agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina. Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos nobres fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota outra pesada derrota contra as tácticas de infantaria, depois de Crécy e Poitiers. A batalha de Azincourt, já no século XV, mostra que Aljubarrota não foi a última vez que isso aconteceu. Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha. «wikipédia»