18/10/2009

PROMETEUS

INACREDITÁVEL!!! LINDO



enviado por LUÍSA

O L H A R E S






















Para o americano é tudo negócio, mantém um olhar distante e nada o distrai

O canadiano está noutra.................

O francês e o italiano para onde olham naturalmente..........
Para o rabiosque da senhora


enviado por E. França

Cápsulas Nespresso

Mesmo não tendo, podes passar a quem tenha
a máquina de café Nespresso??????


Venho solicitar a vossa ajuda para um novo 'projecto' com as crianças do IPO.
Pretendemos recordar a importância de reaproveitarmos os materiais a custo zero com uma actividade criativa.
Um dos objectivos é fazer uma árvore de Natal.
Vamos fazer esculturas com cápsulas Nespresso usadas /recicladas!
Juntem as vossas cápsulas usadas num saco ou caixa.
Para este trabalho também aceitamos telas de qualquer tamanho.
Os sacos podem ser deixados na Acreditar (Rua do IPO), enviados em cx próprias dos CTT, ou acordar comigo o modo de entrega.
Obrigado a todos.


Contactos:
Pedro Bello
bello.pedro@hotmail.com

telemóvel: +351 916852874
ou
ACREDITAR
A/C Filipa Carvalho
Rua Prof. Lima Basto, 73
1070-210 LISBOA
Tlfn: + 351 217 221 150
E-mail:
fc@acreditar.pt

PS: Felizmente, a maioria de vós não sabe o que é o dia a dia de uma criança com cancro e, estou a pedir pouco mais do que nada para as distrair.
Divulguem sff.

Obrigado HELAÇO

JOSÉ NIZA

Fui director de programas da RTP e depois seu administrador. E garanto-vos
que, se alguma vez algum apresentador ou jornalista desse uma entrevista a
chamar-me "estúpido", a primeira coisa que aconteceria seria o cancelamento
imediato do seu programa, independentemente de haver ou não eleições em
curso.

Por isso me parece incompreensível que, embora rios de tinta já se tenham
escrito sobre o cancelamento do jornal nacional que Manuela Moura Guedes
(MMG) apresentava na TVI, todos os analistas e comentadores tenham ignorado
a explosiva e provocatória entrevista que MMG deu ao Diário de Notícias dias
antes de a administração da TVI lhe ter acabado com o programa.

Em meu entender essa entrevista, realizada com antecedência para ser
publicada no dia do regresso de MMG com o seu jornal nacional, foi a gota de
água que precipitou a decisão da TVI. É que, o seu conteúdo, de tão
explosivo e provocatório que era, começou a ser divulgado dias antes. E se
chegou ao meu conhecimento, mais cedo terá chegado à administração da TVI.

Nessa entrevista MMG chama "estúpidos" aos seus superiores. Aliás, as
palavras "estúpidos" e "estupidez" aparecem várias vezes sempre que MMG se
refere à administração.

É um documento que merece ser analisado, não somente do ângulo jornalístico,
mas sobretudo do ponto de vista comportamental. É uma entrevista de uma
pessoa claramente perturbada, convicta de que é a maior ("Eu sou a Manuela
Moura Guedes"!) e que se sente perseguida por toda a gente. (Em psiquiatria
esse tipo de fenómenos são conhecidos por "ideias delirantes", de grandeza
ou de perseguição).

MMG diz-se perseguida pela administração da TVI; afirma que os accionistas
da PRISA são "ignorantes"; considera-se "um alvo a abater"; acusa José
Alberto de Carvalho, José Rodrigues dos Santos e Judite de Sousa de fazerem
"fretes ao governo" e de serem "cobardes"; acusa o Sindicato dos Jornalistas
de pessoas que "nunca fizeram a ponta de um corno na vida"; diz que o
programa da RTP 2, Clube de Jornalistas, é uma "porcaria"; provoca a ERC
(Entidade Reguladora da Comunicação Social); arrasa Miguel Sousa Tavares e
Pacheco Pereira, etc.

E quando o entrevistador lhe pergunta se um pivô de telejornal não deve ser
"imparcial", "equidistante", "ponderado", ela responde: "Então metam lá uma
boneca insuflável"!

Como é que a uma pessoa que assim "pensa" e assim se comporta, pode ser dado
tempo de antena em qualquer televisão minimamente responsável?

Ao contrário do que alguns pretendem fazer crer - e como sublinhou Mário
Soares - esta questão não tem nada a ver com liberdade de imprensa ou com a
falta dela. Trata-se, simplesmente, de um acto e de uma imperativa decisão
administrativa, e de bom senso democrático.

Como é que alguém, ou algum programa, a coberto da liberdade de imprensa,
pode impunemente acusar, sem provas, pessoas inocentes? É que a liberdade de
imprensa não é um valor absoluto, tem os seus limites, implica também
responsabilidades. E quando se pisa esse risco, está tudo caldeirado. Há, no
entanto, uma coisa que falta: uma explicação totalmente clara e convincente
por parte da administração da TVI, que ainda não foi dada.

Vale também a pena considerar os posicionamentos político-partidários de MMG
e do seu marido.

J. E. Moniz tem, desde Mário Soares, um ódio visceral ao PS. Sei do que
falo. MMG foi deputada do CDS na AR.Até aqui, nada de especialmente
especial.

O que já não está bem - e é criminoso - é que ambos se sirvam de um
telejornal para impunemente acusarem pessoas inocentes, sem quaisquer
provas, instilando insinuações e induzindo suspeições.

Ainda mais reles é o miserável aproveitamento partidário que, a começar no
PSD e em M. F. Leite, e a acabar em Louçã e no BE, está a ser feito. Estes
líderes políticos, tal como Paulo Portas e Jerónimo de Sousa, sabem muito
bem, que nem Sócrates nem o governo tiveram qualquer influência no caso TVI.
Eles sabem isto. Mas Salazar dizia: "O que parece, é"!

E eles aprenderam.

- 1984. Eu era, então, administrador da RTP. Um dia a minha secretária
disse-me que uma das apresentadoras tinha urgência em falar comigo: - "Venho
pedir-lhe se me deixa ir para a informação, quero ser jornalista"!
Perguntei-lhe se tinha algum curso de jornalismo. Não tinha. Perguntei-lhe
se, ao menos, tinha alguma experiência jornalística, num jornal, numa
rádio... Não tinha. "O que eu quero é ser jornalista"! Percebi que estava
perante uma pessoa tão determinada quanto ignorante. E disse-lhe: "Vá falar
com o director de informação; se ele a aceitar, eu passo-lhe a guia de
marcha e deixo-a ir". A magricelas conseguiu. Dias depois, na primeira
entrevista que fez - no caso, ao presidente do Sporting, João Rocha - a
peixeirada foi tão grande que ficou de castigo e sem microfone uma data de
tempo.

P.S.
A jovem apresentadora chamava-se Manuela Moura Guedes.
E se eu soubesse o que sei hoje...


3 DINASTIA - D. FILIPE I


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FILIPE I DE PORTUGAL, II DE ESPANHA

Filipe II
Rei de Espanha e Portugal
Philip II.jpg
Reinado 17 de Abril de 1581 - 13 de Setembro de 1598
Coroação 17 de Abril de 1581, em Tomar
Nascimento 21 de Março de 1527

Valladolid, Espanha
Morte 13 de Setembro de 1598

El Escorial, Espanha
Sepultamento Real Mosteiro de São Lourenço do Escorial, Madrid
Antecessor Imperador Carlos V
Sucessor Felipe III
Consorte Maria Manuela de Portugal (1543-1545)
Maria I de Inglaterra (1556-1558)
Isabel de Valois (1559-1568)
Ana de Áustria (1570-1580)
Filhos com Maria Manuela de Portugal: Carlos de Espanha

com Isabel de Valois:
Isabel Clara Eugénia
Catarina Micaela

com Ana de Áustria:
Fernando
Carlos Lourenço
Diogo Félix
Filipe III de Espanha
Maria

Dinastia Habsburgo (Filipina)
Pai Carlos I de Espanha
Mãe Isabel de Portugal

D. Filipe II de Espanha (Valladolid, 21 de maio de 1527El Escorial, 13 de setembro de 1598) foi Rei de Espanha, a partir de 1556, e Rei de Portugal, como D. Filipe I, a partir de 1580.

Dados biográficos iniciais

Filho do Imperador Carlos V e de Isabel de Portugal, governou um vasto território integrado por Aragão, Castela, Catalunha, Ilhas Canárias, Maiorca, Navarra, Galiza e Valência, Rossilhão, Franco-Condado, Países Baixos, Sardenha, Córsega, Sicília, Milão, Nápoles, além de territórios ultramarinos na África (Orão, Túnis, e outros), na América e na Ásia (Filipinas). Em termos de política externa, sua mais significativa vitória sucedeu contra os turcos otomanos: a Batalha de Lepanto, em 1571.

Nasceu em Valladolid e morreu no mosteiro de El Escorial, onde jaz. Chamado ainda o Sábio. Foi batizado em 5 de junho, na igreja do convento de São Paulo, pelo arcebispo de Toledo, Don Alfonso de Talavera. Rei de Inglaterra (1554-1558), Regente de Espanha desde 1543 tornou-se em 1555 rei da Espanha, conde de Artois, conde da Borgonha, conde de Charolais por 42 anos. A partir de 1552 já se havia tornado rei como Filipe I de Nápoles, da Sicília, Sardenha, rei apenas titular de Jerusalém e duque de Milão. Em 1555 foi também rei dos Países Baixos; em 1556 conde de Holanda, conde da Zelândia, Conde de Ostrevant, Duque de Gueldres, e a partir de 1580 será também o rei de Portugal, Filipe I. Sua morte marcará o início da derrota espanhola na Europa.

Apesar da educação humanista almejada pelo pai e cuidadosamente planejada por seu tutor, o ilustrado Juan de Zúñiga, Felipe nunca se tornaria um erudito nos padrões renascentistas. Além de sua língua nativa, o espanhol, possuía domínio sobre o português, língua de sua mãe e, muito moderadamente, podia ler latim. Por outro lado, demonstrou grande interesse por arquitetura e música, além de bastante gosto por atividades ao ar livre, como a caça. Desde os 12 anos foi preparado para os assuntos do Governo e aos 16 anos ficou encarregado da regência dos reinos da Espanha, enquanto o pai administrava o alquebrado Santo Império Romano Germânico como Carlos V. Assumiu a coroa espanhola em 1556, depois da abdicação do pai em 1555, herdando um vasto império colonial, difícil situação financeira e inimigos poderosos: Inglaterra, França e Holanda. Seu inimigo Guilherme de Orange, o Taciturno, difundiu a história de seus amores com a dama de sua mãe, Isabel de Ossorio, de quem haveriam nascido dois filhos, Pedro e Bernardino, mas eram apenas parte de uma campanha difamatória.

Regência e coroação

Nomeado regente da Espanha, com um Conselho, por Carlos V, numa solene conferência realizada em Bruxelas em 22 de outubro de 1555 Carlos V lhe cedeu os Países Baixos, as coroas de Castela, Aragão e Sicília em 16 de janeiro de 1556, e o condado da Borgonha em 10 de junho. Filipe pensou em se assegurar a coroa imperial a qual, entretanto foi herdada por seu tio Fernando ou Ferdinando, irmão de Carlos V.

Devotado ao catolicismo, defendeu a Fé por todo o mundo e se dedicou a interromper o progresso do protestantismo, e tais duas idéias são chave para entender todo seu reinado, pois se dedicou a ambas por meio do absolutismo. Seu reinado teve início desagradável para um monarca católico, pois tinha assinado com a França o Tratado de Vaucelles (em 5 de fevereiro de 1556), que logo foi quebrado pela França, a qual se uniu ao Papa Paulo IV contra ele. Como Júlio II, desejava mais do que tudo expulsar da Itália os estrangeiros. Filipe teve portanto que enfrentar duas guerras ao mesmo tempo, na Itália e nos Países Baixos. Na Itália, o duque de Alva, Vice-Rei de Nápoles, derrotou o duque de Guise e obrigou o Papa a pedir paz. Filipe a concedeu, magnanimamente, e o duque de Alva foi obrigado a pedir o perdão do Papa por ter invadido os Estados Pontifícios.

Na Espanha, Filipe prosseguiu a política de seus bisavôs, Fernando de Aragão e Isabel de Castela. Foi drástico na supressão da heresia luterana, sobretudo em Valhadolid e Sevilha. «Se meu próprio filho fosse culpado como vós», teria respondido a um nobre condenado a morte por heresia, que o recriminava, «eu próprio o levaria ao cadafalso.»

Encontrou outros inimigos nos Moriscos do antigo reino de Granada que, embora conquistados, permaneciam inimigos separados por religião, língua, roupa, maneiras e que lutavam sem cessar com os muçulmanos do estrangeiro. Revoltaram-se e iniciaram uma luta sangrenta contra a Espanha por três anos, de 1567 a 1570 que só terminou quando foi combatê-los Dom João de Áustria, bastardo de Carlos V de Habsburgo. Os mouros vencidos foram transplantados para o interior do país.

Comentários espanhóis

Realeza Espanhola
Casa de Habsburgo
Descendência
Charles I Spain-Full Achievement.svg

Diz um autor espanhol: «Desde muy joven preparado para ser rey». Disso se encarregaram Juan Martínez Silíceo e Juan de Zúñiga.

«Su padre también le educó y preparó en política y diplomática, dejándole como regente en sus ausencias en 1543 y 1551. Asumió el trono tras la abdicación de Carlos I en 1556, Rey de España y de sus posesiones hasta 1598. Gobernó el vastísimo imperio integrado por Castilla, Aragón, Cataluña, Navarra y Valencia, el Rosellón, el Franco-Condado, los Países Bajos, Sicilia, Cerdeña, Milán, Nápoles, Orán, Túnez, Portugal y su imperio afroasiático, toda la América descubierta y Filipinas. Después de viajar por Italia y los Países Bajos y ser reconocido como sucesor regio en los estados flamencos y por las Cortes castellanas, aragonesas y navarras, se dedicó plenamente a gobernar desde la corte madrileña con gran empeño. La monarquía se apoyaba en un gobierno por medio de consejos y de secretarios reales y en una poderosa administración centralizada. Pero, las bancarrotas, las dificultades económicas y los problemas fiscales fueron característicos durante todo su reinado. La figura del secretario Antonio Pérez fue muy notoria en el gobierno hasta que fue destituido, acusado de corrupción. En 1568 moría el príncipe heredero Carlos, que había sido arrestado debido a sus contactos con los miembros de una presunta conjura sucesoria promovida por parte de la nobleza contra Felipe. Estos dos hechos marcaron principalmente gran parte de los problemas internos de su reinado. En cuanto a política exterior, el monarca se preocupó por mantener y proteger su Imperio y una prueba de ello fueron los matrimonios que contrajo. La unidad religiosa estuvo muy presente en todos los aspectos de la vida de Felipe II, unidad de una fe que se veía amenazada por las incursiones berberiscas y turcas en las costas mediterráneas. Para hacer frente al Imperio Otomano se constituyó la llamada Liga Santa integrada por una serie de estados como Venecia, Génova y el Papado.»

E ainda:

«Felipe II, bajo cuyos dominios ´no se ponía el sol, era hombre de pocas, pero expresivas palabras. Así lo era también, aunque por cortedad, Alonso de Ercilla, el inmortal autor de La Araucana, a quien el rey tuvo a su servicio, como paje, desde los 15 años. De ahí que Felipe acostumbrase a decir a su ilustre servidor:
- Habladme por escrito, don Alonso...»

Apreciação

Em 25 de Julho de 1554, tornou-se Rei de Inglaterra por seu casamento com Maria I de Inglaterra. O projecto de união pessoal dos dois países falhou com a morte de Maria em 1558, antes de ter tido um herdeiro. Em guerra contra a França, com quem lutava pelo controle de Nápoles e de Milão e seus territórios, obteve vitórias nas batalhas de Saint Quentin (1557) e Gravelines (1558). Depois assinou o Tratado de Cateau-Cambresis (3 de abril de 1559). Filipe, que estivera retido nos Países Baixos, pode viajar para a Espanha. Por mais de 40 anos, residiu alternadamente em Madrid, que transformou na capital do reino, e em vilegiaturas, das quais o mais famoso é o mosteiro de El Escorial, construído em cumprimento de um voto feito antes da batalha de Saint Quentin.

Parte do processo de pacificação passou pelo seu casamento com Isabelle de Valois (1545-1568), filha de Henrique II de França, que fora prometida a Carlos, filho do primeiro casamento com Maria Manuela de Portugal. Isabel deu-lhe apenas duas filhas, permanecendo o rei sem descendentes masculinos. Seria apenas com o seu quarto casamento, com Ana, filha de Maximiliano II da Germânia, que nasceria o herdeiro ao trono, Filipe III de Espanha.

Apesar da vitória diante dos berberiscos em Malta em 1565, a hostilidade com os turcos persistia. Seu irmão bastardo, Don João de Áustria, comandando uma frota, obteve uma grande vitória, embora não definitiva, na batalha naval de Lepanto em 1571. No interior peninsular, produziram-se sublevações mouriscas nas montanhas Alpujarras do antigo reino de Granada.

Teve primeiros-ministros notáveis: o Duque de Alba, morto em Lisboa dois anos depois da conquista; o Príncipe de Eboli, morto muito antes do Rei; Antônio Perez, que lhe sobreviveu, mas ele perseguiu implacavelmente; o cardeal de Granvelle, que depois de ter perdido todo o valimento, o recuperou e foi chamado de Nápoles para ficar como regente do reino em Madrid, enquanto o rei vinha a Portugal; e Cristóvão de Moura, o valido da última hora, o que recebeu o seu último suspiro e as suas derradeiras confidências. Antes de morrer, o cardeal-Arquiduque Alberto, vice-rei de Portugal, fora nomeado Rei de Flandres, e para o substituir em Portugal nomeou conselho composto do Arcebispo de Lisboa, dos condes de Portalegre, de Sabugal e de Santa Cruz, e de Miguel de Moura. Foi o último ato importante do seu reinado.

A Coroa de Portugal

Felipe II

Este foi seu grande triunfo político: obter a união ibérica, fazendo valer seus direitos de sucessão em 1581 nas Cortes de Tomar. De facto, toda a política matrimonial prévia das dinastias reinantes já buscava esta união.

Depois da morte do rei D. Sebastião na funesta batalha de Alcácer Quibir, Filipe pensou na posse do trono português, com as maiores esperanças, por ver aclamado o cardeal D. Henrique, decrépito, de quem não se podia recear sucessão. Era, antes de sua morte, preciso assegurar a posse do trono, e para isso empenhou todos os meios, intrigas e dinheiro para ganhar ao seu partido a corte de Portugal, conseguindo chamar para seu lado muitos fidalgos portugueses.

Sete pretendentes disputavam entre si a posse do reino quando morreu o rei em 1580, mas desses sete, apenas cinco baseavam as suas pretensões em fundamentos aceitáveis:

Os que menos direito mostravam eram Catarina de Médicis, rainha de França, descendente de D. Afonso III e de sua primeira esposa a condessa Matilde de Bolonha, e o Papa, herdeiro natural dos cardeais, que entendia portanto dever usufruir o reino que um cardeal governava assim como podia usufruir uma quinta de que fora possuidor. Dos cinco que apresentavam títulos valiosos, só três disputavam seriamente a coroa: Filipe II, o prior do Crato e a duquesa de Bragança.

Morto o cardeal D. Henrique, acendeu-se a intriga. Cristóvão de Moura, «agente infernal do rei de Espanha, o demónio do meio-dia» segundo os seus adversários, «enleava tudo nas redes da sua diplomacia corruptora, espalhando ouro castelhano com que comprava as consciências que quisessem vender-se». Filipe II dirigia os planos e auxiliava sua política.

O reino de Portugal ficara entregue a cinco governadores dependentes dos interesses dos Habsburgo, os quais, receando do povo que se agitava, hesitavam em reconhecer Filipe como Rei. Este se dispôs a conquistar Portugal pelas armas, pois os governadores das praças já eram criaturas suas. O prior do Crato se fizera aclamar em Santarém, mas dispunha de poucas tropas. Filipe reuniu exército, entregou-o ao general Duque de Alba; confiou ao Marquês de Santa Cruz o comando da esquadra, e conservou-se próximo da fronteira de Badajoz. Alba marchou sobre Setúbal; conquistando facilmente o Alentejo, atravessou para Cascais na esquadra do Marquês de Santa Cruz, marchou sobre Lisboa, derrotou o prior do Crato na batalha de Alcântara a 4 de agosto de 1580, perseguiu-o até à província do Minho, e preparou enfim o reino para receber a visita do seu novo soberano.

Filipe não procurou intervir na política interna de Portugal e entregou o governo do país a um português de sua confiança. Educado por cortesões portugueses nos primeiros anos de vida, Filipe teve o português como primeira língua até a morte da mãe e cortava a barba à moda portuguesa. Filipe, em 9 de dezembro de 1580, atravessou a fronteira, entrou em Elvas, onde se demorou dois meses recebendo os cumprimentos dos novos súditos. Dos primeiros que o veio saudar foi o duque de Bragança. A 23 de fevereiro de 1581 Filipe II saiu de Elvas, atravessou triunfante e demoradamente o país, e a 16 de março de 1581 entrou em Tomar, para onde convocara cortes. Distribuiu recompensas, ordenou suplícios e confiscos, e recebeu a noticia de que todas as colónias haviam reconhecido a sua soberania, exceptuando a Ilha Terceira, onde se arvorara a bandeira do prior do Crato, ali jurado rei de Portugal a 16 de abril de 1581. Nas cortes, prometeu respeitar os foros e as isenções e nunca dar para governador ao país senão um português ou um membro da família real. Expediu de Lisboa tropas que subjugaram a ilha Terceira, em que D. António fora auxiliado pela França, e partiu para Espanha depois da vitória naval de Vila Franca, em que o Marquês de Santa Cruz destroçou a esquadra francesa em 26 de julho de 1582, obtendo a submissão da ilha.

Nomeando para vice-rei de Portugal seu sobrinho, o cardeal-Arquiduque Alberto, e depois lhe ter agregado um Conselho de governo e de ter nomeado os membros do conselho de Portugal, partiu finalmente a 11 de fevereiro de 1583.

A nova monarquia, sempre associada aos interesses da rama austríaca dos Habsburgo, era opulentíssima: a península ibérica, Nápoles, Sicília, Milão, Sardenha e Bélgica atual; na Ásia, feitorias na Índia, Pérsia, China, Indochina, Arábia; na África, Angola, Moçambique, Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Canárias, toda a América menos algumas ilhas das Antilhas, parte dos atuais Estados Unidos e o Canadá, e terras na Guiana; na Oceânia, as Molucas.

Os Países Baixos e outros problemas

Felipe II, pintado por Alonso Sánchez Coello

Não conseguiu solucionar o conflito político-religioso nos Países Baixos pois nenhum de seus governadores conseguiu mitigar a sublevação dos Estados Gerais.

Filipe II tinha entregue o governo a sua tia, Margarida de Parma, mas os nobres, sem influência, se uniram em conspirações. Protestavam contra a presença de milhares de soldados da Espanha, contra a influência do Cardeal de Granvelle sobre a regente, contra a severidade dos decretos de Carlos V contra a heresia. Filipe chamou de volta o exército e o Cardeal, mas se recusou a diminuir a severidade dos decretos do pai e declarou não querer reinar sobre uma nação de heréticos. Surgiram as dificuldades com os iconoclastas, e ele jurou castigá-los, enviando o Duque de Alva com um exército, o que provocou a demissão de Margarida de Parma. Alva se comportou como em país conquistado, mandou prender e executar o conde de Egmont e o conde de Hornes, acusados de cúmplices dos rebeldes, criou o Conselho de Perturbações, conhecido popularmente como Conselho do Sangue, derrotou o Príncipe de Orange e seu irmão, que haviam invadido o país com mercenários alemães, mas não conseguiu evitar a recaptura de Brille. Teve êxitos militares mas foi chamado de volta em 1573. Seu sucessor, Requesens, não pode recuperar Leyden. Influenciadas pelo Príncipe de Orange, as províncias concluíram a «Pacificação de Gante», regulamentando a situação religiosa nos Países Baixos do Sul sem intervenção real. O novo governador, Dom João de Áustria, atrapalhou os cálculos de Orange ao aceitar a Pacificação, e finalmente o Príncipe de Orange resolveu proclamar a deposição do rei Filipe pelas províncias rebeladas. O rei replicou, mandando banis o Príncipe, o qual pouco depois foi assassinado, em 1584. Nem assim as Províncias Unidas se submeteram, e a Espanha as perdeu para sempre. Os numerosos interesses económicos e religiosos levaram às guerras que causaram a emancipação da Holanda, da Zelândia e do restante das Províncias Unidas.

As províncias do sul foram recuperadas uma a uma pelo novo governador, Alessandro Farnese, Príncipe de Parma (?-1592). A guerra aos rebeldes se tornou mais difícil, pois os liderava o grande general Maurício de Nassau, filho de Guilherme de Orange. Filipe II percebeu a necessidade de mudar sua política e cedeu os Países Baixos a sua filha Isabel Clara Eugênia, que fez casar com o arquiduque Alberto da Áustria, determinando que as províncias retornariam à Espanha caso não houvesse descendentes do casamento (1598).

Com relação à Inglaterra, a Espanha perdeu a esquadra recentemente construída, chamada de Invencível Armada (1588), golpe de que não se recuperaria. Mas a luta dos dois países pelo controle marítimo terminou com essa derrota da «Armada Invencible» capitaneada pelo duque de Medina-Sidonia.

Exemplo de monarca absolutista, o governo de Filipe II foi exercido com o recurso de Conselheiros e de Secretários Reais, baseados em uma administração fortemente centralizada, marcada por um rigoroso fiscalismo. Completou a obra unificadora começada pelos Reis Católicos. Afastou a nobreza dos assuntos de Estado, entregando postos a secretários reais oriundos das classes médias, deu forma definitiva ao sistema de Conselhos, codificou leis, realizou censos de população e riqueza econômica e impôs prerrogativas à Igreja.

No plano religioso, recorreu à Inquisição contra o protestantismo em seus domínios. Sob seu governo foi erigido um dos mais importantes monumentos da Espanha - El Escorial, mosteiro perto de Madrid, que conta com valioso acervo artístico.

Palácios reais como o Escorial, mandado erguer por ele ao norte de Madri espelhavam a solidez e a magnificência da estrutura arquitetônica da Espanha Imperial. Não era fanfarronice nem bravata a frase de Carlos V, que disse ser seu império «um reino onde o sol nunca se punha». Com os edifícios e catedrais vieram os grandes pintores: El Greco, Juan de Ribera, Velázquez, Zurbarán, Murillo, tantos mais. Com o novo público urbano e cortesão surgiu a novela de Cervantes, a poesia de Calderón de la Barca, de Garcilaso de la Vega, de Luís de Gôngora, de Francisco Quevedo, e as comédias de Lope de Vega, ao mesmo tempo em que a Espanha, em frêmitos, acompanhava os relatos sensacionais das conquistas feitas por Ponce de León, Hernán Cortés ou de Bernal Díaz del Castillo. Maravilharam-se também pela detalhada narrativa sobre o mundo do reino andino, registrado por ninguém menos do que Garcilaso el Inca, mestiço, filho de uma princesa de Cuzco e de um conquistador ibérico. A gramática de Antônio Nebrija (considerada a primeira de todas as línguas européias), por sua vez, fez do castelhano, um idioma universal, visto que, como ele mesmo disse «la lengua fue compañera del imperio». Todos os gêneros literários vieram a luz naquela época refulgente, o épico, o lírico, o dramático e o cômico, além de um produto tipicamente espanhol, a narrativa picaresca (Lazarillo de Tormes, novela anônima surgida no século XVI, provavelmente na década de 1540, praticamente inaugurou o gênero) e, o imortal Don Quixote de La Mancha de Miguel de Cervantes, em 1605-1615. Ao lado dessa riqueza, também prosperou a literatura beata, dos monges, das freiras, dos místicos, dos alucinados de Deus.

Foi sua a idade de ouro. Entre a descoberta e a decadência passou-se um pouco mais de um século (para George Ticknor, o historiador literário norte-americano que criou, em 1849, a expressão "Idade do Ouro" para as letras espanholas, esse período se estenderia de 1492 até 1665). A prata e o ouro mexicano e peruano, as essências indianas vindas da conquista das Américas e das rotas orientais, contribuíram para que a arte espanhola atingisse um nível extraordinário.

Tal presença do sonante registrou-a ironicamente Francisco Quevedo, no poema Don Dinero:

"Nace en las Indias honrado
Donde el mundo le acompaña;
Viene a morir en España
Y es en Génova enterrado;
y pues quien le trae al lado
es hermoso aunque sea fiero,
poderosos caballero es don Dinero."

O caso da princesa de Eboli

A princesa de Eboli, doña Ana Mendoza y de La Cerda, nascera na província de Guadalajara em 1540, filha única de Diego de Mendoza, Príncipe de Melito e Duque de Francavila, com Catarina da Silva, irmã do Conde de Cienfuentes. Bisneta do Cardeal Mendoza, aos nove anos Ana foi casada com Rui Gomes da Silva, feito príncipe de Eboli, que tinha já 32 anos. O casamento foi consumado quatro anos mais tarde, quando a noiva completou 13 anos. Viveram juntos na corte até 1573, quando morreu o marido.

Rui chegara como menino ou pagem da Rainha Isabel de Portugal e passou a pagem do Infante Filipe, ficando bons amigos. Foi secretário pessoal do Rei, sumiller de Corps, conselheiro de Estado e de Guerra, intendente da Fazenda, primeiro mordomo do Príncipe Don Carlos. Cheio de comedimento e nobreza, chegou a Grande de Espanha. Ela, a verdadeira mulher fatal, o parche negro sobre o olho que se vê nos retratos um se deveria a acidente de esgrima ou a vesguice de nascença. Dos 11 filhos, sobreviveram cinco: dois militares (pensa-se que o primogênito, Rodrigo, soldado em Portugal e Flandres, poderia ser filho do Rei), um poeta, um eclesiástico que chegou a Arcebispo de Granada e de Saragoça, uma monja.

A viúva entrou com a filha e vasta servidumbre para o mosteiro carmelita de Pastrana, fundado por Santa Teresa de Jesus com fundos seus (Teresa fundara também um mosteiro masculino). A intervenção do Rei conseguiu afastar a nova reclusa. Em 1576 na Corte, amante do rei, fora também amante de Antônio Pérez nascido em Madrid em 1534), o jovem secretário de Estado, enigmático personagem protegido por Eboli (com suspeitas de homossexualidade aprendida na Itália por Antônio Pérez), que era secretário do Rei; e seria talvez amante de Juan de Escobedo, o secretário de don João de Áustria, que vinha da nobreza mediana da Cantábria.

Escobedo teria descoberto que a princesa e Pérez eram amantes? Ou apenas se tratava de tráfico de influências? O misterioso caso do assassinato de Escobedo, quando voltou de Flandres em 1577 para pedir dinheiro para o licenciamento das tropas de Flandres e insistir sobre a empresa da Inglaterra. Filipe II deve ter permitido o assassinato por razões de Estado? Houve três tentativas de envenenamento fracassadas e depois foram pagos dois assassinos, que o terminaram a estocadas, rente à igreja de Santa Maria de la Almudena, perto da casa da princesa de Eboli, nos princípios da calle Mayor, no dia 31 de março de 1578,uma segunda-feira de Páscoa.

Em 28 de julho de 1579 Filipe II ordenou a prisão de ambos, seis anos depois. Pérez fugiu para o Aragão e se salvou. Ana, acusada de malversar seu patrimônio, foi presa na Torre de Pinto (arredores de Madrid) e transferida para a fortaleza de San Torcaz; em 1581 seria desterrada em seu palácio de Pastrana, sem a tutela dos filhos, e ali morreu em 1591.

[editar] Casamentos e posteridade

(I) Casou aos 16 anos em Salamanca em 15 de novembro de 1543 com a infanta de Portugal Maria Manuela de Portugal nascida em Coimbra em 15 de outubro de 1527, que morreria em 12 de julho de 1545 em Valladolid (e jaz no mosteiro de El Escorial), quatro dias depois de seu parto. Era filha de sua tia a rainha D. Catarina de Áustria (filha póstuma de Joana de Aragão e do arquiduque Filipe de Habsburgo, apelidado o Formoso) e do rei D. João III. O noivo teve sarna, atrasando a consumação do matrimônio, segundo informou ao Imperador seu pai o aio fiel, Juan de Zúñiga.

(II) Viúvo aos 18 anos, assim se conservou até 1551, quando casou com a prima, rainha de Inglaterra, e foi residir em Londres: a segunda mulher era Maria Tudor, rainha de Inglaterra, em 1554, da qual não deixou descendência. Casaram no dia de Santiago, 25 de julho, em 1554 na catedral de Winchester. Maria I Tudor nascera em fevereiro de 1516 no palácio de Greenwich e morreria em 17 de novembro de 1558 de um câncer de ovários no palácio de St. James sendo sepultada vestida de monja na abadia de Westminster. Era Rainha da Inglaterra desde 1553 filha do rei Henrique VIII e de sua tia, Catarina de Aragão. Onze ou doze anos mais velha do que o noivo, estava envelhecida antes do tempo, tinha dentes podres, avançada calvície. Antonio Moro a pintou altiva e adusta. Foi um casamento político que deu à Espanha influência indireta em assuntos da Inglaterra, onde fora recentemente restaurado o catolicismo. Filipe viveu em Londres, mas era pouco simpático aos ingleses. Tão pouco simpático, aliás, que com o prazer o viram partir em 1555 para os Países Baixos, cujo governo seu pai Carlos V lhe cedeu, como lhe cedera, um ano antes, o governo de Nápoles e da Sicília, e como lhe cedeu mais tarde, em 1556, a Espanha, ao abdicar para se recolher no mosteiro de San Justo. Em março de 1555, estavam em Hampton Court quando se verificou que mais uma vez a gravidez da rainha Maria era histérica. Em agosto de 1555 Filipe partiu para Bruxelas e só retornou à Inglaterra decorridos dois anos. No verão de 1557 se despediram no porto de Dover. A morte de Maria I afastou os dois países. Filipe teria pedido sua cunhada Elizabeth I em casamento, recebendo uma negativa.

(III) Isabel de Valois, filha de Henrique II de França, foi sua terceira mulher. Casaram-se por procuração em Paris em 22 de junho de 1559. O encontro pessoal teve lugar em 31 de janeiro de 1560 na capela do palácio ducal ou do Infantado de Guadalajara, casando-se na missa de velaciones. Isabel foi ainda chamada Elisabeth de França, de Angoulême ou da Paz. Nascera em Fontainebleau em 1545 e morreria em 3 de outubro de 1568 em Aranjuez. Sua mãe era Catarina de Médicis, que a havia prometido ao rei da Inglaterra Eduardo VI (morto em 1553) e a Dom Carlos da Áustria em 1558. Pelo tratado de Cateau-Cambresis de 3 de abril de 1559 ajustou-se o casamento, celebrados os desposórios na catedral de Notre Dame de Paris estando o rei representado, porque estava em Flandres, pelo duque de Alba. Isabel cruzou a fronteira em 3 de janeiro de 1560, sendo esperada em Roncesvalles pelo Arcebispo de Burgos D. Francisco de Mendoza, o Duque do Infantado D. Iñigo López de Mendoza. Levada a Guadalajara, instalaram-se os soberanos no palácio ducal. Ela teve a saúde abalada por propensão a contágios e a numerosos abortos. Uma gravíssima erupção de varíola, com poucos meses de casada, quase a matou, e tinha crônicos acessos hemorroidais. Até a primavera de 1561 não deu nenhum sinal de nubilidade e a vida matrimonial lhe exigia enormes sacrifícios - mas foi a esposa que proporcionou ao rei uma vida familiar. Costume estranho para a corte espanhola, gostava de se vestir luxuosamente e de trocar de vestido todos os dias. Verdadeira menina mimada, tinha absurdos caprichos, gastos espetaculares com jóias, pedras, festas, saraus, caçadas e recepções. Aborrecia-se em Toledo e talvez por isso Filipe transferiu em 1561 a corte para Madrid. Teve certa intervenção na política nas conferências de Bayonne em que, em junho de 1565, encontrou seu irmão o rei da França Carlos IX e Catarina de Médicis (o rei se recusara a assistir, desaprovando a política de transigência da sogra com os protestantes, e enviou o Duque de Alba). Outra vez grávida, Isabel abortou um feto feminino aos cinco meses; mal tratada pelos médicos, morreu aos 22 anos, deixando 2 filhas. A mãe espalhou rumores maldosos contra Filipe II, despeitada porque recusou sua outra filha, Margarida de Valois, e ele ficou suspeito até de a ter mandado assassinar.

(IV) Viúvo outra vez e sem herdeiro varão, casou-se com sua sobrinha, filha do imperador Maximiliano II. Tinha-se pensado em Ana da Áustria para casar com seu filho D. Carlos. Filipe a submeteu a enorme espera, até cumprir 18 anos, quando os pais pensaram em casá-la com Carlos IX. Enquanto isso Carlos, tendo conseguído ser nomeado membro do Conselho de Estado, seguia buscando um território próprio. Foi suspeito de traição com os rebeldes holandeses. Don Carlos foi preso nos primeiros dias de 1568 numa torre do alcázar onde morreu de causas nunca esclarecidas em junho de 1568. Os inimigos do pai propagaram que por ordem sua, por adultério com Isabel de Valois. O que os unia, porém, enteado e madrasta, era a imensa paixão por jogar cartas... Numa endogamia que roçava ao incesto, incentivados por Maria, sua mãe, Ana desembarcou em Santander e encontrou o tio pela primeira vez no alcázar de Segóvia, estando já casados por poderes. A cerimônia de casamento foi realizada em 1570 em Segovia. Ana Maria da Áustria ou de Habsburgo nascera em Cigales, nos arredores de Valladolid, em 2 de novembro de 1549 e morreu em 26 de outubro de 1580 estando a corte em Badajoz, a caminho de Portugal. Consta que de gripe ou numa epidemia, quando seguia o progresso das armas espanholas. Sua mãe era a irmã mais velha do marido, a infanta Maria da Áustria (1528-1603). Dela, o rei teve afinal herdeiro pois lhes nasceram seis filhos, quatro deles varões. Era caseira, tranquila, e simplificou a vida da corte. Seria a primeira rainha a ter o corpo sepultado no novo Panteão dos Reis do mosteiro de El Escorial. Filipe ainda tentaria casar-se com sua irmã Margarida de Áustria, mas esta preferiu recolher-se com a mãe no convento das Descalças Reais, em Madrid.

Seus amores fora do casamento

Mulherengo sem escândalo nem adultério, seus bastardos nasceram nos anos de viuvez (1545-1554) e durante seu segundo casamento.

Na primeira viuvez, teve amores com a filha de um secretário, Catalina Lénez, de quem teria nascido uma filha. Catarina foi imediatamente casada e o marido despachado para a Itália.

Também na primeira viuvez, a bela Elena de família de monteros de modesta fidalguia do norte cantábrico. Veio para Madrid viver com o irmão e casou na acaudalada família Zapata, vivendo no Palácio de las Siete Chimeneas no extremo oriental da vila. Filipe enviou o marido para o exército na Itália e o capitão teria morrido na batalha de São Quintino. Ela morreu apunhalada em seu leito por um pretendente despeitado? Ou pelo pai, que emparedou o cadáver na mansão? O edifício sedia hoje o Ministério da Cultura da Espanha.

Antes de casar na Inglaterra, de uma dama de Bruxelas Filipe teria tido outra filha secreta.

Na segunda viuvez se entreteve com doña Eufrasia de Guzmán, dama de companhia de sua irmã ‘jesuíta’, a infanta Joana. Vinha de família de Valladolid de rancia ejecutoria. Quando engravidou, casaram-na com Antonio de Leyva, Príncipe de Ascoli, que morreria seis meses depois. Foi padrinho do casamento o infante don João de Áustria, irmão bastardo do rei, e a recente noiva, a rainha Isabel de Valois. Nasceu Antonio Luís, suposto filho do rei, que foi alto chefe militar, tendo vida irregular, permanentes problemas com a Justiça.

O horóscopo de Filipe II

Estátua de Filipe II em Madrid (F. Castro, 1753).

Grande trabalho editorial foi a publicação recente de quatro valiosos manuscritos, alguns co-editados com o Patrimônio Nacional da Espanha e outros com patrocínio do Ministério da Cultura, pelas Ediciones Grial, para comemorar o IV Centenário de Filipe II. Com o intuito de acercar mais o público da figura de quem foi o mais bibliófilo dos monarcas, que não poupou esforços para dotar o Real Mosteiro de El Ecorial de uma biblioteca régia, que superava a biblioteca do Vaticano.

Dizem os espanhóis: «Hoy recuperamos la verdadera imagen de este enigmático Rey, en cuyos dominios ´nunca se ponía el Sol´.» Forma parte de la colección "Maxima regia collectio", que, además del "Horóscopo de Felipe II", está compuesta por "Diminuto Devocionario", "Codicilo y última voluntad de Felipe II" e "Historia heráldica y orígenes de la nobleza". Ficha técnica: Latín -1549 -Pepel. 165 x 210 mm. -Real Monasterio de El Escorial -Patrimonio Nacional».

O horóscopo do rei é importante porque aproxima da figura histórica o indivíduo particular, sempre difícil em personagens públicos e sobretudo em homens destacados que passaram à história vivida em períodos críticos. No homem público, a vida oficial ensombrece sua condição humana, já que seus atos têm trascendência social, enquanto que se ignoram as pequenas mudanças pessoais (enfermidades, crises psicológicas, etc.) que o possam ter levado a decisões que logo serão julgadas por resultados que ninguém poderia ter previsto. A posição do astrólogo dentro da própria Corte ajuda a revelar alguns dados políticos que escapam da crônica dos historiadores, baseados unicamente nos arquivos oficiais. Parece que Filipe II consultou o livro muito mais do que se sabia até hoje. Na sua época, a astrologia já não era bem vista pelos mais ortodoxos, nem nas universidades nem na Igreja. Teria sido inadmissível ao rei ter um livro de prognósticos ou se guiar por ele. Mas mesmo assim o rei deveria estar versado na questão, já que os símbolos utilizados pelo astrólogo não são entendidos por um principiante e hoje mesmo são conceitos difíceis para grande parte dos astrólogos. Foi entregue ao Rei quando acudiu a Bruxelas, chamado pelo pai, doente, em 1549. Matías Haco, médico pessoal de Carlos V, aproveitou a estada para realizá-lo e dedicá-lo a Filipe. A causa, dá-nos o mesmo Haco; estudou a vida do herdeiro mediante seu horóscopo; este lhe chamou a atenção por sua singularidade e importância política. É assombroso comprovar o acerto das numeroas predições, ao comparar com a biografia do Rei.

A «Historia heráldica y orígenes de la nobleza» é amplamente desconhecida no âmbito da literatura científica. O manuscrito contem uma descrição do mundo, desde seu início bíblico até meados do século XVI do ponto de vista cronológico e histórico. A raça humana começa com Noé e seus filhos, que povoam partes da África, Asia e Europa. Segundo a dedicatória, os livros são um presente do Cardeal de Augsburgo, Otto Truchses de Waldurg (nascido em 1514, Bispo de Augsburgo desde 1543 e Cardeal em 1544), e na guarda aparece seu emblema. Foi nomeado comissário Imperial Geral da Alemanha por Carlos V em 1544, e este o encarregou muitas vezes de missões políticas importantes. Há confirmção da entrega dos códices numa nota manuscrita da Bayerischen Staatsbibliothek (Biblioteca Estatal da Baviera): "Ano 1549 O Bispo de Augsburg homenageou o Príncipe de Áustria com preciosos livros, que encomendou a Tyrols, habitante de Augsburgo, com grandes custos e belos desenhos e textos". O autor da caligrafia foi Hans Tirol, famoso arquiteto, premiado em 1532 com título de mestre pintor em Augsburgo. Sua verdadeira força, herança paterna, residia em seus extraordinários conhecimentos de Heráldica, como atestam os numerosos escudos com suas respectivas explicações no Códice. O Códice, quanto ao tratamento das fontes, rompe com todas as fronteiras utilizadas para a elaboração de uma História Universal. A apresentação, com base em miniaturas, rompe todos os moldes conhecidos; para o texto, valorizam-se todas as fontes disponíveis desde a Antigüidade. O extraordinário mérito de Hans Tirol como editor é o de haver conseguido implantar um sistema ordenado nesta imensa quantidade de material. A imagem e o texto estão íntimamente ligados, as miniatruas ilustram claramente a palavra escrita. Para os habitantes protestantes de Augsburgo, a elaboração de um livro para Carlos V e Filipe era a oportunidade de chamar a atenção do Imperador diretamente para o mal-estar moral e político e comover o soberano, fazendo-o realizar a reforma do Império, segundo seu critério, para o futuro. O Manuscrito constitui uma crônica universal impregnada do espírito protestante, testemunho comovedor da instabilidade política da Alemanha meio século antes de começar a Guerra dos Trinta Anos.

Filipe II, no fim de sua vida, cansado e enfermo, se sustentava apenas em seu imenso afã de trabalhar até o último momento para cumprir seus terríveis deveres. Seus inimigos consideravam seus sofrimentos como justos, mas ele os estimava como purificação e prova para ensinar ao homem mais poderoso da Terra que tudo é vaidade e só devia interessar a saúde da alma. O manuscrito nos apresenta a própria pessoa do Rei, perto de prestar contas a Deus e dispor do necessário para a sucessão. Diante do herdeiro que seria Filipe III, disse: "Quis que vós estivésseis presente para que vejais em que vêm parar os reinos e senhoria deste mundo e saibais que coisa é a morte, aproveitando-se disso pois amanhã haveris de começar a reinar.» Dedicado em 1549 por Otto Truchses a Filipe II, que estimou muito o manuscrito, encontra-se hoje na Biblioteca de San Lorenzo de El Escorial como obra de luxo.

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