02/11/2014

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA

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BARRIGUDO





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O QUE NÓS


ALERTAMOS!


ALERTA DE TSUNAMI
ENSAIO EM SETUBAL




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6-AMARELO



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 SOCORRO
























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BRANCA E RADIANTE 

FICA A NOIVA


















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5-AMARELO

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 BOLERO DE RAVEL



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4-AMARELO




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Louie Schwartzberg


Mistérios do Mundo Escondido



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3-AMARELO



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FERNANDA CÂNCIO

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Boas todos os dias

Lembro-me muito bem do meu primeiro piropo de rua. Lembro-me do sítio, do tom de voz, do olhar. Tinha uns 12 anos, vinha do liceu e um homem com idade para ser meu avô disse, quase ao meu ouvido: "Lambia-te toda." 

Lamento, mas alguém tem de recentrar a discussão. E não se diga que dizer tal a uma criança "já é crime": quantos condenados ou sequer julgados pelo crime de dizer ordinarices a meninas na rua conhecem? Quantas vítimas deste crime vieram a público queixar-se, ou os pais por elas? É porque são poucas, aventar-se-á. Não. Numa reportagem de setembro de 2013 sobre o assunto, todas as jovens e menos jovens - com quem falei relataram casos iguais. Não é a exceção. É a regra.

É tão regra que uma das coisas que se diz às miúdas mal começa a puberdade é "as mulheres honestas não têm ouvidos" ou "se se meterem contigo nunca respondas". Quem o diz quer proteger as meninas, com receio de que se reagirem lhes suceda algo pior do que ouvir coisas horríveis. Portanto aconselha-as a terem medo; inculca-lhes a ideia de que a virtude está em ignorar, em calar. E não apenas aqui. Na Bélgica, em 2012, uma estudante de Cinema fez um vídeo mostrando o que ouvia nas ruas de Bruxelas. Foi tal o choque que o governo resolveu criminalizar o assédio sexual de rua (como o BE quer agora fazer cá). E o choque ocorreu porque ninguém tinha noção da gravidade: as mulheres aprenderam a fazer de conta que não tem mal (e muitas acabam por crer nisso) e os homens ou são perpetradores ou acham normal ou simplesmente ignoram até porque ninguém "se mete" com uma mulher acompanhada por um homem. 

Esta semana, surgiu um vídeo feito em Nova Iorque em que uma jovem mulher é constantemente abordada na rua. Ao contrário do que sucede com o belga, a maior parte das abordagens não são grosseiras nos termos usados, só no tom. O que o vídeo evidencia é o carácter repetitivo, importunador, exasperante do "piropo". Mostra como sair à rua é, para qualquer mulher, um estado de alerta permanente, o de quem sabe que a qualquer momento pode ser abordada por um estranho com ofertas de sexo e sujeita a apreciações, mais ou menos alarves, sobre o seu aspeto. O que os dois vídeos demonstram é que o chamado "piropo de rua" é uma forma de agressão e portanto - não tenhamos medo das palavras - de intimidação e dominação das mulheres. De lhes tornar claro que na rua não estão seguras; que a rua não é delas; que se "habilitam". E isto desde meninas, e à bruta, para aprenderem (aprendermos) a lição. 

Contra a penalização formal destes comportamentos ridiculariza-se; alega-se o não terem "dignidade penal", ou até a "defesa da liberdade de expressão". Tem piada: é mesmo em nome dessa liberdade total de expressão, verbal e física, que em certos países as mulheres ou ficam em casa ou só saem de burqa. Porque, lá está: sem ouvidos nem coisa nenhuma.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
31/10/14


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321.UNIÃO


EUROPEIA




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2-AMARELO




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 7 Bilhões de
 Outros

5- DESAFIOS DA VIDA




 * UMA PRODUÇÃO "FUNDAÇÃO GOOD PLANET"



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3-HISTÓRIA
ESSENCIAL
DE PORTUGAL

VOLUME II



O professor José Hermano Saraiva, foi toda a vida uma personalidade polémica. Ministro de Salazar, hostilizado a seguir ao 25 de Abril, viu as portas da televisão pública abrirem-se para "contar" à sua maneira a "HISTÓRIA DE PORTUGAL",  a 3ª  República acolhia o filho pródigo.


Os críticos censuraram-no por falta de rigor, o povo, que maioritariamente não percebia patavina da história do seu país, encantou-se na sua narrativa, um sucesso.


Recuperamos uma excelente produção da RTP.

FONTE: SÉRGIO MOTA

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1-AMARELO


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Sutherland and Pavarotti


Bella Figlia Dell'Amore



Rigoletto Quartet:
(Sutherland and Pavarotti, Leo Nucci as Rigoletto and Isola Jones)

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ESTA SEMANA NO
"SOL"

Portugueses revoltados com proibição de
. falar a língua materna no Luxemburgo

O caso de um director de turma que proibiu os alunos de falar português nas aulas, uma decisão aplaudida pela ministra da Família do Luxemburgo, está a preocupar a comunidade portuguesa no país, que considera a medida "castradora".

Para o presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), a proibição pode levar também a um sentimento de desvalorização da língua materna, contrariando as políticas do Governo luxemburguês, que vem defendendo a importância do português para o sucesso escolar dos imigrantes.

"Eu compreendo que na escola os alunos se exprimam na língua em que estão a ser ensinados, mas proibir genericamente o português nas aulas é uma forma de castração", disse à Lusa José Coimbra de Matos, sublinhando que "se as crianças partirem do princípio que a língua delas é proibida no sistema escolar, vão sentir-se inferiorizadas em relação aos outros".

O dirigente associativo acusou ainda o Executivo luxemburguês de "incoerência" entre "aquilo que diz e aquilo que faz".
"O Governo luxemburguês diz que tem de se apostar no multilinguismo, e depois surge uma medida destas", lamentou Coimbra de Matos.

O presidente da Confederação Portuguesa garantiu à Lusa que o caso não é único no Luxemburgo, e diz que há mesmo creches em que a língua portuguesa é proibida.

"Pessoas que trabalham em creches públicas informaram-nos que as crianças são punidas se forem apanhadas a falar português", contou à Lusa Coimbra de Matos, para quem a medida discrimina sobretudo a comunidade portuguesa.
"Será que os que falam inglês ou italiano têm o mesmo tratamento?", questionou o presidente da CCPL.

O caso, noticiado pela Rádio Latina, mereceu a aprovação da ministra da Família e da Integração do Luxemburgo, Corinne Cahen.
Num 'post' publicado pela ministra na rede social Facebook, Corinne Cahen defendeu a promoção da aprendizagem de várias línguas "desde o ensino precoce".
Em comentário ao 'post' da ministra, um dia depois, uma mãe disse que temia que "o tiro saísse pela culatra", acrescentando: "Na turma do sétimo ano da minha filha, 14 dos 20 alunos são portugueses, e o director de turma decidiu que não podem falar português nas aulas, mas que o luxemburguês é obrigatório".


A ministra respondeu ao comentário, dizendo: "Decisão acertada do director de turma".
Para o presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo, o comentário da ministra mostra que há "dois pesos e duas medidas" na política do Executivo luxemburguês.
"O próprio Ministério da Educação do Luxemburgo diz que é importante valorizar a língua materna e quis que o português fosse incluído no boletim escolar, e agora surge este caso que ainda por cima é aprovado por alguém com responsabilidades no Governo", lamentou o dirigente associativo.
O 'post' na página do Facebook da ministra da Família, a que a Lusa teve acesso, foi entretanto apagado.

A Lusa tentou ouvir a ministra sobre este caso, mas fonte do seu gabinete informou que Corinne Cahen está fora do país.
A Lusa questionou também a autora do comentário na rede social que denunciou o caso da proibição de falar português, mas a mãe da aluna do 7° ano (o primeiro ano do ensino secundário no Luxemburgo) recusou revelar em que liceu o caso se passou ou prestar declarações.
No Luxemburgo há cerca de 100 mil portugueses, que representam cerca de 20 por cento da população no país.

Segundo dados do Ministério da Educação do Luxemburgo, o português é a segunda língua materna mais falada nas escolas do país, com 28,9% de falantes, a seguir ao luxemburguês, com 39,8%, mas à frente dos outros dois idiomas oficiais do Grão-Ducado, francês (11,9% de falantes) e alemão (2%).

Os alunos portugueses representam mais de vinte por cento dos estudantes em todos os níveis de ensino no país, uma percentagem que no ensino secundário técnico ronda os 28 por cento, segundo dados do Ministério da Educação de 2012/2013.

* A notícia não é precisa o que poderá dar azo a muitas especulações idotas, uma coisa é certa, os luxemburgueses são xenófobos e só aceitam imigrantes para fazerem os trabalhos mais pesados ou os que, por motivo da nativa ignorância, não sabem fazer.


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Paris,

pelos olhos duma águia


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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"


Aumentaram 366% os pedidos de
. alimentos à Liga Contra o Cancro 

Doentes não conseguem pagar comida e remédios. Até segunda, as latas do peditório estão postas ao peito.

Cabeleiras postiças ou corridas de táxi para o hospital estão a ser trocados por pratos de comida ou medicamentos para aliviar as dores. Esta tem sido a escolha de um número sem precedente de doentes oncológicos que recorrem à Liga Portuguesa Contra o Cancro. Só de 2012 para 2013, os pedidos de alimentação aumentaram de 950 para 4427.

"Tenho a perceção de que os pedidos de apoio estão a aumentar também em 2014, fruto dos ecos que recebo do dia a dia dos vários núcleos", afirma o presidente da Liga, Francisco Cavaleiro Ferreira. Os alimentos são fornecidos nos centros de dia e nas cinco delegações da Liga. 
A fatura global com o apoio social, que inclui também medicamentos, próteses e outros apoios, foi de 700 mil euros, na maioria retirados da verba obtida com o peditório anual - a decorrer este fim de semana. Há um ano, mesmo com a crise, os portugueses foram generosos. Deixaram nas latas ao peito dos voluntários da Liga um milhão e 700 mil euros, mais 10% do que em 2012.

* É por isso que os índices de evolução positiva na  poupança, na  retoma da economia ou na diminuição do desemprego são absolutamente suspeitos. 
Com 2 milhões de pobres este país é bom?

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CLIENTES  DO IKEA













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ESTA SEMANA NA
"SEMANA INFORMÁTICA"

Quem são as 50 empresas
 mais inovadoras do mundo?

As tecnológicas ocupam os cinco primeiros lugares do ranking da BCG

Na lista das empresas mais inovadoras em 2014, divulgada pela The Boston Consulting Group (BCG), as empresas de tecnologia e de telecomunicações garantem mais uma vez a liderança, assegurando os primeiros cinco lugares do ranking, os sete do top 10 e um total de 21 lugares na lista final das 50 empresas, neste último caso o número mais elevado desde 2010.

A Apple volta a liderar o ranking elaborado pela BCG, seguida pela Google e pela Samsung. Em quarto lugar surge a Microsoft e a IBM completa o ranking das cinco empresas mais inovadoras a nível mundial.
No relatório The Most Innovative Companies 2014: Breaking Through Is Hard to Do, a consultora estratégica releva as 50 empresas que os executivos internacionais consideram como as mais inovadoras. Muitas destas empresas têm demonstrado um espírito de inovação capaz de as manter na liderança contínua ao longo dos anos: A Apple é líder desde 2005; A Samsung e a Google trocaram mais uma vez de lugar, entre o segundo e o terceiro posto; A Microsoft e a IBM completam o top 5.

Em 2014, a BCG voltou a perguntar aos vários inquiridos que nomeassem empresas que sejam reconhecidas pela aposta na inovação - mesmo que sejam recentes ou que ainda não tenham a escala dos 50 gigantes mundiais. A Xiamomi Technology, o WhatsApp e a Square lideram a lista.


Enquanto as tecnológicas lideram a lista das empresas consideradas como mais inovadoras, os inquiridos de múltiplos setores referem que o impacto das tecnologias digitais nas suas indústrias será limitado nos próximos três a cinco anos. Menos de metade dos entrevistados na área das telecomunicações, serviços financeiros, farmacêuticas, bens de consumo, retalho, energia e indústrias, entre outros, consideram que o Big Data e o mobile vão ter grande impacto no futuro. Menos de um terço em cada setor diz que as respetivas empresas estão a apostar em estratégias de Big Data e mobile nos seus programas de inovação.

Carlos Barradas, senior partner & managing director da BCG Portugal, defende que uma estratégia integrada de inovação à escala global pode fazer a diferença nos processos de negócio. «Mais de metade dos empresas que se apresentam na vanguarda da inovação referem ter gerado mais de 30% das suas vendas devido a inovações disruptivas nos últimos três anos – o dobro do valor médio apresentado pelas restantes empresas», reconhece o responsável.

* Lembre-se que as empresas mais inovadoras do mundo são as que constantemente nos criam uma necessidade voraz de consumismo, fazendo de nós pessoas ainda mais angustiadas.


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UMA GRACINHA



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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"

Portugal tem uma das idades de 
reforma mais elevadas do mundo

O aumento da idade da reforma foi a resposta de vários países às pressões financeiras consequentes de uma população cada vez mais envelhecida. Os países onde as pessoas já trabalhavam até mais tarde, como é o caso de Portugal, não foram exceção. Hoje, a idade de reforma em Portugal é 66 anos, uma mais elevadas dos 64 países que a Mercer analisou no seu estudo Worldwide Benefit and Employment Guidelines 2014.

O estudo da Mercer dá conta de algumas disparidades, relativamente à idade legal da reforma, entre os vários países. Entre 2004 e 2014, verificou-se um aumento generalizado da idade em que as pessoas podem reformar-se. Acima de Portugal está a Grécia, onde a idade de reforma aumentou de 65 para 67 anos. Já na Austrália e a Alemanha, onde a idade de reforma era 65 anos, as pessoas podem agora reformar-se entre os 65 e os 67 anos, o mesmo acontecendo nos Estados Unidos.

Os maiores aumentos quanto à idade da reforma para colaboradores do sexo masculino verificaram-se na Malásia, onde se deu um acréscimo de cinco anos: em 2004, os homens podiam reformar-se aos 55 anos e, hoje, aos 60 anos. Já em Itália, os colaboradores do sexo masculino, que antes podiam aposentar-se aos 62 anos, têm agora de esperar até aos 66 anos e três meses. No Líbano, os homens podem agora reformar-se aos 64 anos, um aumento de quatro anos face a 2004. O Japão, por seu lado, assistiu a um aumento igualitário entre géneros, com a idade de reforma a mudar dos 60 para os 65 anos, para ambos os sexos.

No que respeita às mulheres, foi no Líbano que se deu o maior aumento da idade da reforma, passando de 55 anos para 64. Segue-se a Malásia,l que viu crescer a idade de aposentação em 5 anos, para os 60 anos. Na Roménia, onde as mulheres podiam reformar-se aos 60 anos atualmente têm de trabalhar mais três anos, até aos 63.
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Alguns países incluídos no estudo da Mercer destacaram-se devido à grande discrepância entre as idades de reforma estabelecidas para homens e mulheres. Contudo, o ajustamento ascendente nas idades de aposentação nestes países foi, nos últimos dez anos, mais igualitário.

Há três casos que sobressaem. O primeiro refere-se à Ucrânia, onde os homens se reformavam aos 60 anos e as mulheres cinco anos antes. Atualmente, os homens continuam com a mesma idade de aposentação, enquanto as mulheres têm de esperar mais um ano, até aos 56.

Já na Colômbia, a diferença na idade de aposentação entre o sexo feminino e o masculino era de cinco anos, em 2004. Passados dez anos, a diferença mantém-se, mas as idades alteraram. Se antes os homens se aposentavam aos 60, atualmente a idade é de 62 anos, já as mulheres passaram dos 55 anos para os 57.

Por fim, na Polónia, a diferença de aposentação entre os géneros era, em 2004, de 5 anos: 60 para as mulheres e 65 para os homens. Passados dez anos, a idade de elegibilidade para os homens varia entre os 65 e os 67, enquanto nas mulheres essa idade pode ir dos 60 até aos 67.

* Para os portugueses a idade da reforma não significa descanso merecido mas ângustia injusta.


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 PODEROSA É A FÉ














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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"

Ela filmou todos os piropos 
com câmara oculta

O passeio de Shoshana Roberts pela cidade de Nova Iorque tornou-se viral, tendo já chegado aos 23 milhões de visualizações, em apenas três dias. Com o sucesso, também chegou a polémica: há quem defenda que os homens não a assediaram, e outros que acham indesculpável o comportamento dos homens captados. 


Em 10 horas a andar pelas ruas da cidade, Shoshana ouviu mais de 100 observações e piropos. À sua frente, caminhava Rob Bliss, que transportava uma câmara oculta às costas. Este vídeo resulta de uma colaboração entre a sua empresa, a Rob Bliss Creative, e uma organização contra o assédio nas ruas, a Hollaback.

Depois da publicação do vídeo, Shoshana Roberts foi alvo de ameaças de violação. Também Rob Bliss recebeu críticas, porque os homens que aparecem no vídeo são na sua maioria negros e latinos. “O vídeo não é a representação perfeita do que aconteceu”, afirmou Rob. 

* Macho é macho, se não fosse macho que préstimo teria?


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REAFIRMANTE

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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"

Angola, Pátria e Família

O chefe de gabinete do secretário de Estado das Finanças e os filhos do ministro Rui Machete e do Presidente angolano José Eduardo dos Santos estão ligados à mesma empresa, a ERIGO, uma sociedade de capital de risco. Esta é a história do dia em que o PSD meteu Angola no Governo

Há um "Cavalo de Troia" angolano no Governo. Mas, ao contrário do outro, este parece agradar a gregos e troianos. Menos épica, a odisseia vai de Lisboa a Luanda. Cruza governantes, famílias e jovens-prodígio, hoje trintões, crismados nos ensinamentos financeiros e empresariais do Opus Dei.
Manuel Luís Rodrigues - OPUS DEI

Para começar, uma data: 12 de março de 2014. Foi neste dia que Manuel Luís Rodrigues, 34 anos, secretário de Estado das Finanças, oficializou a contratação, para o seu gabinete, de Rodrigo Balancho de Jesus, 36 anos, diretor de investimento da ERIGO, sociedade de capital de risco ligada à família do Presidente José Eduardo dos Santos e a ilustres angolanos. A 9 de setembro seguinte, Rodrigo passou de adjunto a chefe de gabinete do governante.

Manuel Luís Rodrigues tutela, entre outros, o setor empresarial do Estado e o dossiê das privatizações, competências delegadas pela ministra das Finanças. Por inerência de funções, o chefe de gabinete tem acesso a informação reservada. Contratado "em regime de cedência de interesse público", Rodrigo Balancho de Jesus poderá regressar à ERIGO findas as funções no Governo.
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Maria Luísa Abrantes
Constituída em fevereiro de 2012 com um capital social de 250 mil euros, a empresa tem como administrador José Paulino dos Santos, filho do Presidente angolano e de Maria Luísa Abrantes, sua segunda mulher. A líder da Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP) é também a mãe de Tito Mendonça, CEO da ERIGO, nascido de outra relação. Na administração da sociedade está igualmente Sérgio Valentim Neto, outro incontornável de Luanda, com passagem pelo Governo. 

Sobre a ERIGO sabe-se pouco. Desconhecem-se acionistas, atividades e participações, com exceção da quota maioritária na Masemba, que, no ano passado, comprou as publicações Revista de Vinhos, Lux e Lux Woman à PRISA. 

O sítio da ERIGO na internet diz-nos ao que vem: "A recente crise financeira internacional criou oportunidades únicas de investimento para a tomada de posição de capital em empresas europeias e americanas que detenham know-how e provas dadas no mercado."

Na sede da empresa, em Lisboa, a secretária não se quis identificar nem forneceu o prometido endereço de email para o envio das perguntas da VISÃO. Depois do primeiro contacto, não  mais atendeu o telefone. 

ERIGO: poder na sombra
A ERIGO, como já se viu, "chegou" ao Governo de Portugal através da ida do seu diretor de investimento para a Secretaria de Estado das Finanças. Mas para percebermos a nomeação política, talvez seja melhor conhecer quem o recrutou. E aquilo que os liga. Até se tornar a "sombra" do ministro Vítor Gaspar e, mais tarde, de Maria Luís Albuquerque, Manuel Luís Rodrigues foi vice-presidente do PSD, escolha pessoal de Passos Coelho. Nessa qualidade, integrou a equipa de Eduardo Catroga que negociou o Orçamento do Estado de 2011.

Agora chamam-lhe "Sr. Privatizações".Deve o "carimbo" ao facto de ter entre mãos os dossiês sensíveis relacionados com a alienação de património empresarial do Estado, que desperta apetites privados no País e no estrangeiro.  O governante é produto do ensino de elite do Opus Dei: tem um MBA pela IESE Business School de Navarra (Espanha), a escola de administração e direção de empresas da instituição da Igreja Católica, batizada de "maçonaria branca" pelos críticos. Foi professor da AESE - Escola de Direção e Negócios, liderada por membros do Opus Dei e obra cooperativa da prelatura, a partir da qual dirigiu a Naves, sociedade de capital de risco.

O pelouro de Manuel Luís Rodrigues no Governo tem sido, de resto, porto seguro para antigos colegas das instituições de ensino e formação empresarial do Opus Dei, sempre nomeados por ele.
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(Tchizé)
Pouco mais velho do que o secretário de Estado, Rodrigo Balancho de Jesus também é da fornada MBA da IESE espanhola, a escola que se vangloria de levar "a dimensão ética e humana aos negócios". Além disto, ambos têm em comum o curso de engenharia, no Instituto Superior Técnico.
Fixemo-nos, então, na ERIGO, onde Rodrigo ocupou o cargo de diretor de investimento, desde a fundação da empresa, até chegar ao Governo pela mão do colega da Associação de Antigos Alunos da IESE.

Já sabemos que Paulino dos Santos e Tito Mendonça, rostos visíveis da empresa, são irmãos. A mãe é a mesma, só o pai difere. ?O primeiro é conhecido na cena artística por Coréon Dú, cantor multifacetado que navega entre o kuduro e melodias pop cantadas em castelhano. Tito é consultor externo do Banco de Desenvolvimento de Angola. Maria Luísa Abrantes, uma das mulheres mais influentes do país, teve outra filha da relação com o Presidente angolano, de seu nome Welwitschea dos Santos (Tchizé).

Sócia do irmão Paulino dos Santos em vários projetos, a empresária da consultora Westside Investments e da Semba Comunicação em Angola, é uma das personalidades?sob investigação da Procuradoria-Geral da República. Suspeitas sobre as suas transações financeiras foram denunciadas ao Ministério Público português pelo antigo embaixador angolano Adriano Parreira. Tchizé não foi, até agora, constituída arguida, e ameaçou processar o ex-diplomata por difamação. O mal-estar angolano com as averiguações em curso nas instituições judiciais portuguesas é indisfarçável. Mas nem por isso as relações da família "dos Santos" com outros setores nacionais foram afetadas. Pelo contrário, como se vai ler.

Portugal, Angola & Filhos
A Rua General Firmino Miguel, em Lisboa, é morada comum de várias empresas e sociedades. No piso 9.º, do número 3 da torre 2,?fica a sede da ERIGO. 
Um andar acima é o escritório de advogados da Serra Lopes, Cortes Martins (SLCM), do qual Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça, foi sócia. A sociedade é um peso-pesado dos escritórios de advocacia. Assessorou a empresa estatal chinesa Three Gorges na privatização da EDP e a Controlinveste, de Joaquim Oliveira, nas negociações com o angolano António Mosquito para a venda do grupo. 

Na torre, há uma pessoa com acesso aos dois pisos: Miguel Nuno Ferreira Pena Chancerelle de Machete. Sócio da firma de advogados, é também presidente da mesa da assembleia-geral da empresa ligada à família de José Eduardo dos Santos. O advogado faz parte dos órgãos sociais da ERIGO desde a fundação, mas não é figura de noticiários, nem dá nas vistas pelas atividades profissionais. Administrador da Benfica Multimedia, fala cinco línguas e o apelido diz o resto: é filho de Rui Machete, ministro dos Negócios Estrangeiros.
Rui Machete pede
desculpa a Zedu
No ano passado, o governante, histórico do PSD, foi criticado por pedir "diplomaticamente desculpas" a Angola, em nome de Portugal, por causa das investigações em curso na Procuradoria, envolvendo cidadãos angolanos da órbita do poder. "Não há nada substancialmente digno de relevo e que permita entender que alguma coisa estaria mal, para além do preenchimento dos formulários e de coisas burocráticas", resumiu Rui Machete à Rádio Nacional de Angola, tentando pôr água na fervura.

O ministro falara como se, em Portugal, não houvesse separação de poderes. Dura, a reação da procuradora-geral da República Joana Marques Vidal lembrou-lhe isso mesmo. E também, já agora, que as investigações continuavam.

Às explicações sucederam contradições. À rádio angolana, Machete afirmou que a PGR lhe assegurara não haver nada de grave nas investigações. Quando a polémica estalou, garantiu nada ter perguntado. Quisera apenas tranquilizar o regime angolano e evitar danos maiores nas relações com Luanda, justificou. O Jornal de Angola, diário oficial do Governo, saiu em defesa do ministro, criticando "as elites corruptas de Lisboa".

Comentadores, diplomatas e empresários falaram de relações bilaterais "beliscadas" por causa da polémica. A oposição pediu a demissão do governante. O PSD contorceu-se, mas o primeiro-ministro segurou-o, resumindo tudo a uma "expressão menos feliz". 
 .
Justino Pinto de Andrade

Justino Pinto de Andrade, respeitado académico angolano, criticou a "subserviência" do País aos interesses de Luanda. "As autoridades angolanas não respeitam quem se põe de joelhos", afirmou. No relacionamento com Angola, escreveu o eurodeputado do PS Francisco Assis, Portugal não precisa "dos que estão dispostos a contrabandear valores de sempre por interesses momentâneos". A PGR angolana retaliou, anunciando investigações a portugueses suspeitos de branqueamento de capitais.

Cavaco, Durão Barroso e Passos Coelho entraram, então, em campo para "serenar os ânimos". A PGR arquivou alguns dos casos relativos a figuras angolanas, a congénere de Luanda fez o mesmo com os portugueses, o clima desanuviou e Machete declarou-se magoado com alegadas tentativas de "assassínio político". "Não acerta uma", criticou Marques Mendes, ex-líder do PSD, no seu comentário televisivo na SIC.

Na altura, uma reação à polémica passou despercebida. Surgiu de Luís Cortes Martins, sócio e líder do escritório de advocacia onde trabalha Miguel Machete. "Na base de tudo isto está uma patologia do nosso sistema de Justiça, que é a violação contínua e sistemática do segredo de Justiça", criticou o advogado da SLCM no Jornal de Negócios, realçando: "Se entre as vítimas de violação do segredo de Justiça estão cidadãos de outros países, obviamente que a questão assume uma sensibilidade agravadíssima."
SEDE DA ERIGO

A entrevista foi publicada a 6 de novembro do ano passado. No dia seguinte, começava em Luanda a II Conferência Internacional sobre Arbitragem, organizada pela SLCM em parceria com a MGA, um dos mais importantes escritórios da ex-colónia, propriedade de Manuel Gonçalves, antigo bastonário da Ordem dos Advogados angolanos. As duas sociedades têm, desde 2012, uma "parceria estratégica" para aproveitar o fluxo económico entre os dois países. "Angola está num processo de internacionalização. Nós também queremos ser parceiros dessa internacionalização, porque Portugal tem muito a beneficiar com os investimentos angolanos", resumiu o patrão de Miguel Machete. Os gestores da ERIGO decerto subscreveriam: "O objetivo de criar uma Sociedade de Capital de Risco é alavancar a presença deste grupo tanto em Angola como na Europa, atraindo investidores privados e institucionais que procurem oportunidades de investimento no mercado internacional", lê-se no site.

Tudo em família?
 Já vimos que a ERIGO junta figuras próximas de Eduardo dos Santos. Registámos que inclui nos órgãos sociais o filho de um ministro português que mantém uma relação de paninhos quentes com Angola. Explicámos como o diretor de investimento da empresa entrou no Governo. Tanto quanto possível, sabemos o que quer a ERIGO.?Para onde vai e com quem. Mas saberemos tudo sobre as suas ramificações?

O dia é 6 de setembro de 2002. Em Luanda, Walter Rodrigues, jurista alegadamente próximo do Presidente angolano, sócio e representante legal de Tchizé dos Santos em negócios, registou a ZE Designs Importação e Exportação, Lda. na qualidade de "mandatário de José Eduardo dos Santos", na ocasião "representante legal do seu ?filho menor, José Eduardo Paulino dos Santos".

Começava assim, com a bênção paterna, a carreira empresarial do atual administrador da ERIGO. Paulino dos Santos tinha 17 anos.

Enquanto a irmã Isabel dos Santos, bilionária, despertou para a vida empresarial aos 6 anos, a vender ovos, segundo revelou ao Financial Times, Paulino terá sentido o chamamento mais tarde. Ainda assim, mais cedo do que o irmão José Filomeno (Zenú), que criou um banco aos 30 anos, gere os ?4 mil milhões de euros do Fundo Soberano de Angola e é, segundo os analistas, o favorito para suceder ao pai, na presidência.

Os manos Paulino e Tchizé andam de mãos dadas, nos negócios, há mais de uma década. Em 2003, juntaram-se ao português Hugo Pêgo, marido de Tchizé, e criaram a Di Oro - Sociedade de Negócios Limitada. A firma nasceu ligada a eventos de moda e alta-costura. Mas dedicou-se à exploração de diamantes, depois de um decreto do Presidente angolano autorizar uma licença de prospeção na Lunda-Norte a um consórcio que incluía a empresa dos filhos. Em 2010, a licença foi prolongada por dois anos.

Paulino e Tchizé foram ainda acionistas do Banco de Negócios Internacionais (BNI), entidade que iniciou atividade em Portugal e opera em Angola no segmento das grandes empresas e particulares de ?elevado rendimento.

Em 2006 terão usado o endereço do palácio presidencial como residência para criar a Semba Comunicação. O caso foi noticiado por Rafael Marques do Maka Angola, e outros órgãos de informação, nomeadamente o Público. Logo nesse ano, a empresa dos filhos de José Eduardo dos Santos lançou uma campanha internacional na CNN, sob os auspícios da Agência Nacional de Investimento Privado, presidida pela mãe de ambos, Maria Luísa Abrantes.

Em 2012, a Semba arrecadou 31 milhões de euros do erário público para campanhas milionárias de promoção do País no estrangeiro e gestão de dois canais da Televisão Pública de Angola (TPA). No último ano, as transferências rondaram os 87 milhões de euros, canalizados através do gabinete de propaganda e comunicação institucional do Governo angolano, sob tutela da Presidência da República. Sérgio Valentim Neto, sócio e diretor executivo da Semba e administrador da ERIGO, já foi coordenador daquele gabinete. 

Antes de irmos a outros links do poder da família "dos Santos" em Portugal vale a pena determo-nos um pouco em Maria Luísa Abrantes, mãe de Tchizé e Paulino, filhos da relação com o Presidente angolano nas décadas de 70/80.

Com passagens pelo Governo no currículo, sobretudo na área do investimento estrangeiro, Milucha, para os íntimos, fez parte da sua formação universitária em Lisboa (na Clássica e na Lusíada) e é presidente do Conselho Fiscal do Banco Caixa Geral Totta de Angola, detido maioritariamente pela Caixa Geral de Depósitos. Através da ANIP, que representou em Washington e da qual é presidente, priva com líderes mundiais. Foi o caso, em 2013, de uma conferência do Centro de Relações Transatlânticas, da Johns Hopkins University, dos EUA, promovida pela ANIP e a ERIGO, em Luanda, com o apoio institucional do Presidência da República. Estiveram presentes antigos e atuais governantes de todo o mundo, entre os quais José Maria Aznar (ex-chefe do Governo espanhol) e Miguel Relvas ?(ex-ministro do Governo PSD/CDS).
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Promovida pela referida instituição norte-americana, a denominada Iniciativa de Cooperação para a Bacia do Atlântico inclui, entre os seus membros, Dias Loureiro (ex-ministro do PSD, ex-BPN) e Tito Mendonça, CEO da ERIGO. Os dois, por coincidência, estão juntos em negócios desde março: são administradores da Lagoon, SGPS. A empresa tem a mesma morada da ERIGO e também é gerida pelo filho do general angolano Carlos Hendrick da Silva, militar denunciado à Procuradoria-Geral da República de Portugal pelo ativista de direitos humanos Rafael Marques, a pretexto do seu livro Diamantes de Sangue (Tinta da China). O fundador do site Maka Angola acusa-o de cumplicidade com torturas e assassínios na região diamantífera da Lunda, conforme adiantou a VISÃO, no ano passado. 

Como já se percebeu, vários caminhos se cruzam com a ERIGO e os seus administradores, aqui e além-mar.

Em Portugal, a empresa é dona da Masemba, que atua nas áreas da edição, comunicação e marketing. O gerente é Renato Freitas, antigo coordenador dos repórteres de imagem da SIC. Os sócios são Tito Mendonça, Sérgio Valentim Neto, a produtora Até ao Fim do Mundo (detida por ex-jornalistas do canal de Carnaxide) e a Semba Comunicação, na sua versão portuguesa. Nesta, juntam-se Paulino dos Santos, filho do Presidente de Angola, Tito Mendonça, Sérgio Valentim Neto e Renato Freitas.
Resumindo: a ERIGO, a mais recente aventura empresarial de familiares e figuras próximas da casta dirigente angolana, cruza-se com dois governos, um par de famílias, várias sociedades e empresas, entre Lisboa e Luanda. Neste quadro, o recrutamento, pelo Governo português, do diretor da empresa com ligações ao Presidente angolano, até parece um pormenor.

A reação de Rui Machete
O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros "desconhece a existência ou o objeto" da ERIGO. "As atividades profissionais do dr. Miguel Pena Machete apenas a este dizem respeito", referiu Rui Machete através de um curto esclarecimento enviado à VISÃO. Miguel Machete, advogado da Serra Lopes, Cortes Martins & Associados, não respondeu aos nossos emails.

Também o secretário de Estado das Finanças, Manuel Luís Rodrigues, questionado por escrito sobre a escolha do seu chefe de gabinete, a ERIGO e as nomeações de antigos colegas da IESE Business School para o gabinete, optou pelo silêncio. A ERIGO também não respondeu. Por telefone, email e via redes sociais, em Portugal e Angola, a VISÃO tentou falar com o CEO, Tito Mendonça, ou outro responsável da empresa, sem sucesso. Os contactos com o Banco de Desenvolvimento de Angola, onde é consultor externo, foram infrutíferos. Na sede da sociedade em Lisboa, após um primeiro contacto, nunca mais os telefonemas da VISÃO foram atendidos. 

* Há muito tempo que falamos sem medo, da promiscuidade entre politicos, ex-políticos ou "adjacentes" de Portugal e Angola. Esta notícia é tão eloquente que nos abstemos de qualquer comentário.


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