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Falhas no Citius, instalações e défice
de funcionários comprometem
reforma do mapa judiciário
De acordo com Rui Cardoso, se "nada for feito" quanto à falta de funcionários judiciais, as consequências "serão gravosas, porque haverá prescrição de procedimentos ou de penas"
Falhas
na plataforma informática Citius, obras inacabadas ou por começar em
tribunais e a falta de funcionários judiciais fazem parte do balanço, de
profissionais do sector, aos primeiros três meses de vigência da nova
organização judiciária.
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Em declarações à agência Lusa, a secretária-geral da Associação
Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), Maria José Costeira, e o
presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais, Fernando Jorge,
alertam ainda para o facto de, em termos do novo modelo de gestão dos
tribunais, cada comarca estar a funcionar como uma "ilha" ou "um país
diferente".
Para colmatar este problema, a ASJP já pediu ao Conselho Superior da
Magistratura "directrizes para uniformizar" questões relacionadas com
férias, substituição de juízes ou acumulação de funções.
O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Rui
Cardoso, afirmou à Lusa que os "problemas tão graves" detectados no
Citius e na instalação dos tribunais, que estão a tentar ser superados e
resolvidos gradualmente pelo Ministério da Justiça, têm "condicionado" o
funcionamento dos tribunais desde 01 de Setembro, altura em que entrou
em vigor a reforma do mapa judiciário.
Em Loures, por exemplo, disse, ainda não começaram as obras do novo
edifício do tribunal, depois de Loures ter recebido "vasta competência"
processual.
O facto de não estar ainda aprovado o Estatuto dos Magistrados do
Ministério Público (MP) e de cada comarca estar a aplicar os princípios
da nova reforma de forma diversa está também a criar alguns problemas no
modelo de gestão dos tribunais, com Rui Cardoso a prever que o Conselho
Superior do MP terá, mais tarde ou mais cedo, de regulamentar o "quadro
de organização" do MP nas comarcas.
O défice de funcionários - que Fernando Jorge diz serem de cerca de
mil - é, na opinião de Rui Cardoso, um "problema gravíssimo", porque
"condiciona o funcionamento dos tribunais" e a "tramitação dos
processos", ameaçando, inclusivamente, "paralisar a máquina" judicial
se, entretanto, nada for feito.
Fernando Jorge indica que o Ministério da Justiça ainda não abriu
concurso para entrada de novos funcionários e que o pedido de abertura
está encalhado no Ministério das Finanças.
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De acordo com Rui Cardoso, se "nada for feito" quanto à falta de
funcionários judiciais, as consequências "serão gravosas, porque haverá
prescrição de procedimentos ou de penas".
Maria José Costeira referiu que ainda há "deficiências" no Citius,
havendo processos que "ainda não estão no sistema", designadamente
alguns processos de falência (dos tribunais de comércio), porque ainda
não foi feita a transição.
Também em alguns tribunais de execução (cobrança de
dívidas/penhoras), revelou a secretária-geral da ASJP, indicações
recentes apontavam para o facto de haver processos que não estavam no
sistema informático.
A dirigente da ASJP apontou como problemas identificados, nos
primeiros três meses da reforma, além das deficiências no Citius, a
falta de instalações condignas de alguns tribunais, obras que ainda não
começaram em determinados edifícios e falta de salas de audiências em
Loures, Faro e Porto, entre outros.
Quanto à falta de funcionários, Maria José Costeira alertou que, sem
estes profissionais, "a reforma não funciona", relatando que, nos
Açores, faltam metade dos oficiais de justiça. Tudo isso, avisou,
compromete os objectivos propostos.
Com a reforma, o país ficou dividido em 23 comarcas, a que
correspondem 23 grandes tribunais judiciais, com sede em cada uma das
capitais de distrito. Dos 311 tribunais até então existentes, 264 foram
convertidos em 218 secções de instância central e em 290 secções de
instância local. Nos números do Governo, encerraram 20 tribunais, com
volume processual inferior a 250 processos/ano, e aumentou-se a
especialização, a par de um novo modelo de gestão.
* Andará ainda a senhora ministra à procura de culpados além dela???
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