09/10/2014

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Políticos têm os cortes salariais
 mais leves da função pública

Os dirigentes de topo da administração pública e os representantes do poder político (legislativo e executivo, grupo onde se inclui os membros do governo) conseguiram, em média, resistir relativamente bem às medidas de cortes salariais e de austeridade definidas pelo Executivo, indicam dados oficiais. Em boa verdade, os políticos têm os cortes salariais mais leves de toda a função pública. Um grupo de dirigentes superiores até beneficia de um aumento nominal.

O boletim estatístico do emprego público, elaborado pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (Ministério das Finanças), que faz uma análise detalhada até ao final do segundo semestre deste ano, confirma que a remuneração média de base no conjunto das administrações públicas afundou 5,4%, em termos nominais brutos, entre abril de 2013 e igual mês deste ano (desceu de 1.405,5 para 1.329,4 euros). 


Mas o estudo deixa bem claro que quanto mais altos na escala do poder estão os funcionários públicos ou mais qualificados são, melhor conseguem resistir à austeridade e às medidas de restrição salarial definida pelo Governo PSD/CDS.

Apesar da conjuntura adversa, a classe dos dirigentes superiores de 2º grau destaca-se por ter conseguido reforçar o salário médio de base em 0,6%, somando mais 20 euros ao ordenado entre abril de 2013 e igual mês de 2014.

O ordenado de base passou assim de 3.371,1 para 3.391,7 euros. Esses dirigentes foram também os menos lesados no ganho médio (salário base mais suplementos, prémios, etc.), que caiu apenas 0,1% para 4.050 euros por mês.


O Governo também foi menos severo com os políticos e os membros do Governo, mostram os dados das Finanças. O grupo dos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos teve um corte de 1,5% na remuneração média de base, menos 35 euros brutos por mês. Em abril de 2014 estavam a ganhar, em média, 2.342,4 euros.

Os magistrados, a classe com maior salário base em toda a função pública, teve um corte médio de 2,3% para 4.014,5 euros.

De acordo com o censo, os diplomatas, o grupo mais bem pago de toda a administração pública, teve um corte no ganho médio de apenas 1,4% (compara com o corte de 4,9% para o total do universo analisado, que abrange 552.959 funcionários).

Assim, cada diplomata ficou a ganhar menos 114 euros por mês. Auferiam 8129,12 euros em abril de 2013, ganham 8015,17 euros brutos agora.

O estudo destaca que os diplomatas são o grupo profissional menos sensível ao salário de base, o peso dos suplementos regulares no ganho médio é 72,7% do total.


No extremo oposto estão os professores -- o pessoal docente -- em que os suplementos pesam apenas 5%. O salário de base vale 95% do ganho, estando portanto muito mais exportas a medidas de caráter permanente de corte salarial.


As classes mais penalizadas
Em termos de ganho médio, o estudo mostra que os profissionais da Guarda Nacional Republicana e os dirigentes intermédios de 3º grau ou mais baixos foram os mais sacrificados no ano em análise. Na GNR o corte foi de 8,3%, naqueles dirigentes intermédios a diminuição chegou a 9,3%. Os bombeiros acompanharam de perto com uma redução de 8,2%.


Na remuneração base, Guarda Nacional Republicana, Polícia Municipal e Bombeiros foram os grupos com reduções mais expressivas: todas próximas de 9% entre Abril de 2013 e igual mês deste ano.

* Quem assalta não pode ficar prejudicado!


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