07/11/2011

ALMORRÓIDA CONTESTANTE



Grupo feminista ucraniano passa por Itália
A contestação sem roupa chegou ao Vaticano

As palavras das Femen chegaram ao Vaticano. “Freedom for women!” estava escrito no cartaz da única activista que conseguiu chegar à praça de São Pedro, e que pertence ao grupo ucraniano que luta pelos direitos das mulheres e contra o turismo sexual na Ucrânia.



No sábado, elas já haviam protestado segurando cartazes contra Berlusconi que diziam “Fuck you Silvio”, e estavam nuas, pintadas de verde, vermelho e branco, as cores da Itália.

As Femen formaram-se em 2008, numa Ucrânia toldada pelo turismo sexual em que 70 por cento das estudantes universitárias já foram interpeladas para ter sexo por dinheiro, de acordo com uma estatística citada há um ano pela revista alemã Der Spiegel. Desde então têm aparecido várias vezes em protestos dentro do país, e algumas vezes na Europa.

A agenda não termina nos direitos das mulheres, ou no fim do turismo sexual. As Femen lutam também contra o autoritarismo do Governo da Ucrânia ou contra a Rússia querer meter a mão na política do país.

Nos protestos, a marca do grupo liderado pela economista de 27 anos, Anna Hutsol, é frases fortes e seios à mostra, o que rapidamente fez com que passassem a ser olhadas não como uma brincadeira, mas uma ameaça mais séria pelo Governo ucraniano.

Principalmente depois da aparição na visita de Vladmir Putin, em Outubro de 2010, quando seis manifestantes de peitos à mostra mostravam cartazes que diziam entre várias coisas “Ucrânia não é Alina”, numa referência directa a Alina Kabayeva, ginasta olímpica que a comunicação social especula que tenha ligações românticas com o presidente russo.

A “brincadeira” fez aumentar os anticorpos do Governo do Presidente Viktor Yanukovich contra o grupo que tem uma base de 300 apoiantes. Depois disso, as autoridades já tentaram intimidar mais do que uma vez o grupo. “A polícia está a tornar-se cada vez mais agressiva. Mas ao menos isso mostra que estamos a ser levadas a sério”, dizia Hutsol, em declarações à Reuters, numa reportagem feita ao grupo há quase um ano.

O corpo é uma arma

No sábado, as “Lutadoras em topless” – como se chama a si próprio o núcleo duro que se oferece para as contestações –, estavam com o corpo completamente pintado no meio de uma manifestação junto da Basílica Giovanni, em Roma. O protesto tinha sido convocado pelo Partido Democrático italiano, de centro-esquerda, contra Silvio Berlusconi. Elas, manifestavam-se contra a discriminação das mulheres, com as cores da bandeira italiana e flores nas cabeças.

No Vaticano o vestuário era diferente e mais sóbrio. Segundo a AFP só uma das cinco participantes é que conseguiu chegar à praça de São Pedro, as outras quatro foram interceptadas pela polícia. A manifestante loira segurava um cartaz negro com letras brancas, tinha um vestido finíssimo, preto e transparente, que deixava ver o tronco nu, com uma inscrição na cintura, de lado, e umas calças de tecido escuras. Rapidamente, um agente da polícia agarrou-a para impedir o protesto.
“Sim”, dizia em Maio deste ano à Der Spiegel Anna Hutsol, com uma certa exasperação. “Somos diferentes das feministas clássicas. Para ganharem voz elas tiveram de se tornar como homens. Mas nós queremos uma revolução real das mulheres. Os nossos protestos nus fazem parte da luta pela libertação das mulheres. Temos o direito de utilizar os nossos corpos como armas. Os homens foram quem tornaram os nossos seios num segredo.”

IN "PÚBLICO"
07/11/11

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