HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Portugal é “chão que dá metal”
no investimento estrangeiro
A metalurgia e metalomecânica, que já era o sector mais exportador da economia nacional, começam a consolidar-se como destino de investimento para empresas internacionais que fabricam desde peças para automóveis até sanitários em inox.
Portugal entrou no radar do investimento estrangeiro no sector da
metalurgia e da metalomecânica. Nos últimos dois anos houve mais de duas
dezenas de empresas de capital estrangeiro a instalarem-se, sobretudo,
nos distritos de Viana do Castelo, Porto e Aveiro, provenientes desde a
vizinha Galiza até à Índia e especializadas em diferentes segmentos.
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Só
na área do fornecimento da indústria automóvel, dez novas unidades
abriram neste período no Alto Minho, a maior parte delas para abastecer a
fábrica da PSA (Peugeot e Citroën) em Vigo. Também a saltar a fronteira
estão várias empresas de França – mercado forte nas peças técnicas de
alto valor acrescentado –, incluindo de pequena e média dimensão,
dedicadas à subcontratação industrial. Tal como na Galiza, a
instabilidade laboral é um dos factores que tem levado algumas unidades
francesas a transferir a produção.
É o caso da multinacional
Eurocast, que abriu em Arcos de Valdevez uma primeira unidade dedicada à
fundição injectada de alumínio para componentes automóveis e que
investiu mais 50 milhões de euros numa outra em Estarreja, inaugurada
este mês, que é a maior do grupo francês. Caminho similar está a seguir a
indiana Sakthi, que já explora na Maia a maior fundição em solo
português, e que está a aplicar 30 milhões de euros na construção de uma
segunda fábrica em Águeda, onde vai gastar mais energia do que o resto
do concelho em conjunto.
A
Joinsteel, criada em 2015 em Arouca, resultou, por outro lado, de uma
parceria entre a JPM, empresa de automação e equipamentos industriais de
Vale de Cambra, e a belga Timmerman, de sistemas de ventilação e
arrefecimento para a indústria. Além de "joint ventures" e novas
empresas, tem havido compras de estruturas portuguesas, pelo saber e
reputação no mercado. Foi o que fez a francesa Delabie com a Senda,
fabricante aveirense de sanitários e acessórios em inox. O próximo
investimento internacional no sector, que já é o mais exportador (14.600
milhões de euros em 2016), pode chegar do Japão, sede da Denso, que já
detém o grupo João de Deus & Filhos.
A par da qualificação
dos trabalhadores, da ligação às universidades e da qualidade de vida
das cidades, um dos factores de atractividade apontados pela associação
do metal (AIMMAP) é a "qualidade, rapidez de resposta e grande
versatilidade" da indústria portuguesa. Como é que ela lida com mais
concorrência à porta de casa? "Sofre apenas pela questão da mão-de-obra,
que já é escassa e tem de ser partilhada por mais. Faz rapidamente
negócio com os estrangeiros que aqui se instalam, que são normalmente
excelentes clientes", responde Rafael Campos Pereira.
E se antes
"era cada um por si, a querer recolher os louros", o porta-voz da
indústria identifica nos anos mais recentes "um esforço articulado – ou,
pelo menos, não atabalhoado – para ganhar investimentos". Como o da
Vestas, fabricante dinamarquesa de aerogeradores para parques eólicos,
que se prepara para investir dez milhões de euros num centro de
desenvolvimento tecnológico no Porto.
Março com recorde nas exportações
Mil
quinhentos e quarenta e três milhões de euros. É este o valor mensal
mais alto de sempre a ser exportado pela indústria metalúrgica e
metalomecânica e foi alcançado em Março. Representou uma subida de 22%
face ao mesmo mês de 2016 e contribuiu para um crescimento homólogo de
16% no primeiro trimestre. Espanha continua a ser o melhor cliente e a
aumentar as compras, mas o maior destaque vai para os EUA – onde as
empresas não estão a sentir o efeito Trump – e também para a Alemanha.
Este, que é o segundo maior destino, interrompeu em Março um período de
decréscimo que se arrastava desde o ano passado, quando algumas marcas
automóveis começaram a deslocalizar fábricas para a República Checa ou
Eslováquia. E "embora seja prematuro retirar conclusões", diz Rafael
Campos Pereira, em Março as exportações voltaram a crescer em Angola, o
que não acontecia há dois anos.
* Esta notícia é boa mas vem-nos à lembrança a indústria metalúrgica portuguesa do final do secXX, obrigada a fechar por causa dos subsídios.
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