12/04/2016

"O Doutor " - NUNO RAMOS DE ALMEIDA

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Em defesa das minorias: 
os milionários

Ao longo da história, só houve um grupo tão perseguido como os ricos o são hoje em dia: os judeus na Alemanha nazi. Por coincidência, também estes eram perseguidos pelo esquerdalho do Hitler, apenas por serem ricos.

Imagine que decidiu criar cãezinhos machos, digamos rottweilers, como profissão. Arranjou uma moradia com um jardim de perder a vista e 12 irmãos rottweilers vivem aí felizes. Certo dia, entra um senhor pelo seu jardim adentro que diz que é da milícia urbana e informa que, dos 12 rottweilers que possui, seis têm de ser distribuídos indiscriminadamente pelos vizinhos. É a lei. Não deve ser fácil para si. Aqueles bichinhos adoráveis foram criados, alimentados e acarinhados por si. Fazem parte de uma família unida e que não deve ser separada. Para onde irão? Será que vão colocá-los em apartamentos, sem quaisquer condições de vida? Vivemos num país dominado pela esquerdalhada, será que vão ser comidos como é habitual no país modelo da esquerda, a Coreia do Norte? Vai deixar partir de bom grado algo que lhe deu tanto trabalho a construir?

Imagine agora que, sabendo que a qualquer momento vai entrar o senhor da milícia urbana pelo seu jardim adentro, se consegue precaver. Ouviu falar de um refúgio onde pode esconder os cãezinhos, para que metade deles não lhe sejam sonegados. Em princípio, ouviu falar dessa hipótese por outro amigo que, por acaso, cria cadelinhas rottweiler e está disposto a emprestar--lhas, de modo a que consiga continuar a multiplicar a sua família canina. Em princípio, se for boa pessoa, recorrerá a este refúgio.

Os problemas não terminam por aqui. O refúgio ainda está perto de sua casa e os cães, que têm uma moralidade baixa e um âmago pecaminoso altíssimo, reproduzem-se como coelhos, ao ponto de o refúgio começar a ficar infestado de cachorrinhos. A clandestinidade do refúgio começa a ser posta em causa. Não pode voltar com eles para casa porque o monstro da milícia quer roubar-lhe metade. E é aqui que tem de recorrer a um especialista em salvamentos caninos. Uma espécie de Dr. César Millan, mas em mais humano. Ele vai aconselhá-lo a ganhar coragem, a ter muita força e a despachar a família de cãezinhos para outro país onde não existam milícias maldosas. É o paraíso dos cachorros, um país que podemos designar com o diminutivo de Pan.

O que lhe parece? Se os cãezinhos fossem seus, não faria tudo por tudo para que ficassem a salvo, fosse onde fosse? Ou teria estômago para se despedir de metade deles e perder-lhes o rasto, sob pena de se tornarem refugiados ou algo pior? Não prefere uma história que termine com a união de uma família, ao som da Dra. Céline Dion em versão pan pipes? Não tenho dúvidas que sim.
Isto é precisamente o que está a acontecer com os Panama Papers. Não é mais do que um caso de discriminação contra a maior minoria do mundo: os ricos. E é, acima de tudo, um caso que assenta as suas bases num pecado mortal: a inveja.

A diferença é que, no caso dos Panama Papers, não estamos a falar de cachorrinhos. Estamos a falar de algo mais precioso: o dinheiro. É muito fácil criticar os ricos por não pagarem impostos.

A questão é que os ricos trabalharam não só para ganharem esse dinheiro, mas também para pagar sistemas que lhes permitam salvaguardar esse dinheiro. Vamos mesmo tratar os elementos mais valiosos da nossa sociedade, pelo que produzem e pela riqueza que criam, como se fossem marginais e fazê-los sentirem-se mal pelo seu sucesso? Quem nunca teve um milhão de euros na conta não sabe a angústia que é pensar que uma boa parte deles vão ser desperdiçados por um Estado despesista que prefere ajudar parasitas em vez de acarinhar quem trabalha. É terrível para um rico passar por uma pastelaria cheia de subsidiodependentes a tomarem o pequeno-almoço, sabendo que é o dinheiro do trabalho dele que está a pagar aqueles croissants e aquelas meias-de-leite. É desumano.

Ao longo da história, só houve um grupo tão perseguido como os ricos o são hoje em dia: os judeus na Alemanha nazi. Por coincidência, também estes eram perseguidos pelo esquerdalho do Hitler, apenas por serem ricos. Não deixemos que a história se repita. Não deixemos que os fatos Hugo Boss sejam a nova Estrela de David.

O melhor comentador da atualidade 

IN "i"
11/04/16


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