HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Crédito malparado volta a subir
e já soma 18 mil milhões
Dados que sinalizam uma nova subida do crédito malparado nos bancos em Fevereiro surgem numa altura em que o Governo estuda a possibilidade de criar um veículo para albergar este tipo de empréstimos.
O montante total do crédito malparado existente em Portugal subiu em
Fevereiro pelo segundo mês consecutivo. No total, segundo dados
divulgados hoje pelo Banco de Portugal na sua base de estatísticas, o
crédito de cobrança duvidosa nas mãos dos bancos a operar em
Portugal, naquele mês, atingiu 17.984 milhões de euros, superando os
17.708 milhões de euros do mês anterior. O valor registado no segundo
mês deste ano é o mais elevado desde Novembro do ano passado, ocasião em
que este tipo de empréstimos somavam 18.883 milhões de euros.
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O montante do malparado existente em Fevereiro representa quase 9% da
globalidade do financiamento concedido pelos bancos às empresas e
famílias. Um valor que ganha especial relevância numa altura em que o
primeiro-ministro António Costa veio defender a criação de um veículo
para albergar o crédito malparado existente em Portugal.
O país devia "encontrar um veículo de resolução para o crédito
malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que
dificulta uma participação mais activa no financiamento às empresas",
defendeu António Costa numa entrevista à TSF e ao DN no fim-de-semana.
Empresas com a maior parcela do malparado
A maior parte do crédito malparado está nas empresas. Estas têm à sua
responsabilidade um total de 12,9 mil milhões de euros de empréstimos
vencidos. Os restantes cerca de 5,1 mil milhões de euros estão nas mãos
dos particulares. Em termos de proporção do crédito concedido, as
empresas também apresentam os níveis de incumprimento mais elevados.
Do total de 81,1 mil milhões de euros em empréstimos concedidos a
este segmento, 15,9% está em situação de incumprimento. No caso dos
particulares, a parcela de crédito malparado corresponde a 4,3% do total
de 118,8 milhões de euros de crédito concedido.
Em ambos os segmentos, registou-se um agravamento do peso do crédito malparado face ao total de empréstimos concedidos.
No que respeita aos particulares, o crédito à habitação continua a
ser a principal origem dos montantes do crédito vencido. Os bancos têm
2,54 mil milhões de euros de difícil recuperação em empréstimos para a
compra de casa, o que corresponde a 2,61% do total de empréstimos
concedidos com essa finalidade. Ou seja, a percentagem mais elevada
desde que o Banco de Portugal começou a publicar estes dados no final de
1997.
No consumo, do total de empréstimos concedidos, 1,14 mil milhões de
euros ou 9,29% do total está em situação de cobrança difícil. Já o
segmento de crédito para outros fins mantém-se como aquele onde a
proporção de crédito malparado é mais expressiva. Do total de dinheiro
concedido com este fim, 14,97% está dado como malparado, o que
corresponde a quase 1,4 mil milhões de euros, em Fevereiro, segundo os
dados do Banco de Portugal.
* A situação acontece porque os bancos não têm bons gestores nem "estaleca" para emprestar dinheiro.
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