HOJE NO
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Pinto da Costa.
Trinta anos de fintas à Justiça
São trinta anos de histórias com Pinto da Costa à
frente do FC Porto. A lista de acusações é muito variada, mas até hoje
nunca foi condenado. É obra.
Está a contas
com a justiça por ter ido recrutar os seus guarda-costas a uma empresa
de vigilância. Antes, e numa lista que já vai extensa em “casos”, foram
as acusações de corrupção, as suspeitas de ter mandado agredir responsáveis
políticos e ex-jogadores do seu clube e outros tantos processos que
redundaram sempre no mesmo– absolvições.
Uma e outra, por vezes já no limite. Jorge Nuno de Lima Pinto da
Costa, 78 anos (feitos há uma semana), presidente do FêQuêPê há mais de
três décadas. O líder incontestado. Dono e senhor do trono. “Nunca fui
condenado por um juiz”, lembrava há poucos anos.
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O Apito Dourado foi “o” processo contra Pinto da Costa. O presidente
do FC Porto era suspeito de ter comprado árbitros. Os pagamentos seriam
feitos com entregas de dinheiro e, em alguns casos, recorrendo a
serviços de prostituição. Os jogos remontam à época de 2003/2004, num
tempo em que no banco do FC Porto se sentava um senhor chamado José
Mourinho. Oito anos e um livro depois, Pinto da Costa acabou absolvido
por falta de provas contra si.
Fruta que não vem em cestos
Passados todos estes
anos, as escutas feitas pela Polícia Judiciária ao presidente do FCP
continuam disponíveis na internet – há vários vídeos no Youtube – para
quem quiser ouvi-las.
Momentos antes do jogo entre o Porto e o Estrela da Amadora, o
empresário de futebol António Araújo liga a Pinto da Costa: “Ligaram
para mim a pedir-me fruta para logo à noite. Posso levar fruta à
vontade?”, pergunta o empresário.
A fruta, na verdade, seriam prostitutas. Uma alegada oferta do clube
ao árbitro Jacinto Paixão detetada numas escutas que nunca chegaram a
produzir efeitos porque terão sigo obtidas de forma ilegal.
O caso do envelope
Da Amadora para Aveiro. O
Beira-Mar era o adversário do Porto em Abril de 2004 num jogo que deu
lugar a outro “apêndice” do mega “Apito Dourado”.
Pinto da Costa e António Araújo, arguidos – juntamente com o árbitro
Augusto Duarte –, eram acusados de corrupção ativa desportiva por terem
pago ao responsável da partida.
Um dia antes do jogo – que o Porto venceu por 2-0 –, Augusto Duarte
vai a casa de Pinto da Costa. É Carolina Salgado quem conta em tribunal
que, nesse encontro, terá sido entregue um envelope a Duarte. No
interior, 2500 euros em dinheiro.
O encontro, diria mais tarde a juíza Catarina Almeida, foi
considerado “suspeito” e “imprudente”, mas as “contradições” da
ex-companheira de Pinto da Costa esvaziaram o seu depoimento de
credibilidade. O presidente do FC Porto acabou absolvido em Abril de
2009.
O meu apito dourado
O processo Apito Dourado foi de
tal forma relevante para Pinto da Costa que, há alguns anos, o dirigente
portista deixou uma garantia. Quando deixar a presidência do clube vai
escrever um livro sobre o assunto. E já tem título: “O meu apito
dourado”.
Carolina Salgado - A dor de cabeça chega depois
Durante alguns anos, Carolina Salgado foi a fiel e inseparável
companheira de Pinto da Costa. Mas com o fim da relação vieram uma série
de dores de cabeça para o presidente do FC Porto.
Em 2007, Carolina Salgado acusou o dirigente portista de ter mandado
espancar e coagir uma das testemunhas – Paulo Lemos – chamadas para
depor contra a sua ex-companheira. Lemos foi uma peça-chave para que o
DIAP do Porto acusasse Carolina de tentativas de agressão ao médico
Fernando Póvoas e de ter mandado incendiar os escritórios de Pinto da
Costa e do advogado Lourenço Pinto.
Houve ainda o “Eu, Carolina”. Em 2006, o livro que editou, e em que
conta muitas das vivências com o dirigente portista, Carolina levou a
que o então Procurador-geral da República Pinto Monteiro criasse uma
equipa especial para o “Apito Dourado”, sob direção de Maria José
Morgado.
Nessa sequência, em 2010 Carolina Salgado acabou condenada a 300
horas de trabalho comunitário por “difamação”. A mulher imputava a Pinto
da Costa a autoria moral das agressões de que o vereador do PS em
Gondomar Ricardo Bexiga fora alvo.
As agressões - Os mensageiros chamados Super Dragões
É outro dos casos que andou muito perto de Pinto da Costa, sem
consequências para o próprio. Em 2009, elementos dos Super Dragões, a
claque do clube, foram acusados de espancar Adriano, causando-lhe um
traumatismo craniano. O jogador tinha contrato com o clube até 2010 e a
intenção seria intimidá-lo a abandonar o clube. O próprio Adriano falava
de um episódio semelhante, em que a vítima tinha sido Paulo Assunção.
Costinha, Co Adriaanse e Luís Fabiano foram outros futebolistas a
reportar casos de violência de que foram vítimas. O dedo foi sempre
apontado à claque, nunca ao presidente do clube.
Bruno Pidá - A aparição de 2004
Há oito anos, Bruno Pidá, apontado como o líder do gangue da Ribeira,
no Porto, foi condenado a 23 anos de prisão pela morte do segurança
Ilídio Correia. Poucos o conheceriam até esse momento. Também poucos o
reconheceriam de breves imagens de 2004, quando o jovem integrava um
grupo de elementos dos Super Dragões que protegiam Pinto da Costa na
chegada ao tribunal de Gondomar.
Guarda Abel - O agente da PSP e guardião do FCP
Abel Gomes era um agente da PSP que costumava estar de serviço no
antigo Estádio das Antes. No início da década de 1991, depois de uma
partida com o clube do norte, responsáveis do SL Benfica acusaram-no de
ser o autor de agressões à comitiva benfiquista e ameaças de morte ao
então presidente João_Santos. Suspeitava-se de que o guarda Abel teria
agido a mando de Pinto da Costa. O caso foi entregue ao ministro da
Educação (com a tutela do desporto), mas não teve consequências.
Afonso de Melo - Estrasburgo nega condenação
Um caso em que Pinto da Costa é o queixoso. A decisão do Tribunal
Europeu dos Direitos do Homem chegou em 2014: o presidente do FC Porto
perdia um processo contra o jornalista que acusava de difamação. Em
causa, uma passagem do livro “A Pátria Somos Nós”, em que escrevia: “Não
importa que o presidente [Pinto da Costa] fosse suspeito em casos de
corrupção e tráfico de influências: quando vivemos momentos de
desertificação intelectual, qualquer asneira propagada aos quatro ventos
parece uma ideia brilhante”.
* Pinto da Costa é o presidente dum clube português com mais títulos, se foram obtidos apenas nos campos ou também em restaurantes e lupanares é a justiça que tem de definir.
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