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Resistência aos antibióticos pode custar 10 milhões de vidas e 100 biliões de dólares*
O custo da inação nesta matéria pode representar uma queda de entre 2 e 3,5% do PIB mundial.
A resistência aos antibióticos pode custar 10 milhões
de vidas e 100 biliões de dólares até 2050 se não forem tomadas medidas
urgentes para responder a uma das maiores ameaças ao combate às doenças
infeciosas, segundo a OMS.
Os dados foram compilados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que
se mostra cada vez mais preocupada com o crescente problema dos
'supermicróbios' e do seu impacto nos sistemas de saúde.
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"O custo da inação nesta matéria pode representar uma queda de entre 2
e 3,5% do PIB mundial", disse Swarup Sarkar, diretor do Departamento de
Doenças Contagiosas do escritório regional do Sudeste Asiático da
Organização Mundial de Saúde (OMS), num encontro com jornalistas em
Díli.
"Estamos perante a maior ameaça nos esforços de combate às doenças
contagiosas", explicou, referindo que até 2050 a resistência aos
antibióticos pode matar mais pessoas que o cancro: 4,15 milhões em
África, 4,73 milhões na Ásia e cerca de 400 mil nos Estados Unidos e
Europa.
E os dados são "muito preocupantes" com, por exemplo, uma criança a
morrer em cada cinco minutos na India, Paquistão, Afeganistão, Nepal e
Bangladesh devido a septicemia.
O tema da Resistência Anti microbial (AMR, na sua sigla em inglês)
faz parte da agenda de debate da 68ª sessão do Comité Regional do
Sudeste Asiático da OMS, que decorre entre hoje e sexta-feira em Díli
com delegações de 11 países.
Depois de nos anos 50 do século XX se ter chegado a antecipar o fim
das doenças contagiosas, o uso indiscriminado e inadequado de
antibióticos e a capacidade de sobrevivência dos micróbios alterou a
situação.
Hoje, explicou Swarup Sarkar, a proliferação dos 'supermicróbios'
está a aumentar com alguns a resistirem a praticamente todos os
antibióticos disponíveis.
Só na União Europeia, destaca, a estimativa é que o custo anual seja
de 1,5 mil milhões de dólares por ano, com mais de 25 mil mortes.
"Quando há resistência o impacto na saúde pública é imenso.
Tratamentos mais longos, mais hospitalizações, maior mortalidade. Tratar
um paciente com tuberculose resistente, por exemplo, custa o mesmo que
tratar 100 pacientes com tuberculose não resistente", explica.
No caso da febre tifoide, por exemplo, a mortalidade antes dos
antibióticos era de 12 a 13% e agora, porque antibióticos como a
penicilina já não são suficientes, em alguns regiões a mortalidade já
ultrapassa os 10%.
Na Tailândia 69% de algumas das formas da pneumonia já resistem à
penicilina e em vários pontos do planeta mais de metade dos pacientes
infetados com variantes mais resistentes de dois dos supermicróbios
hospitalares (Staphylococcus aureus e Acinetobater baumannii) morrem.
"Pessoas que são admitidas para cirurgias ou outras intervenções
médicas, que não têm doenças infeciosas e que acabam por morrer, vitimas
de bactérias endémicas e resistentes nos hospitais", explicou Sarkar.
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O problema é "complexo", devendo-se a questões biológicas e técnicas,
mas particularmente a questões comportamentais, como o excessivo
consumo de antibióticos, o seu uso inadequado (automedicação e dosagem
desadequada) ou até o seu uso no setor veterinário, na carne para
consumo humano.
Produzir novos antibióticos, recordou, é um processo complexo, com
custos elevados e resultados demorados: "a última classe de antibióticos
descoberta data de 1987".
"Daí que é necessário alterar o comportamento. Temos que promover um
uso racional de antibióticos que são um recurso precioso que todos temos
que preservar", afirmou Sarkar.
"Mas também temos que reduzir a pressão das doenças melhorando as
condições que as causam. Estamos fascinados sobre novos avanços e menos
sobre as coisas mais simples, como saneamento, melhoria básica das
condições de vida", afirmou.
* 100 biliões de dólares são 100 mil milhões de dolares em expressão europeia. Ficamos estarrecidos como milhões de pessoas brincam com a toma de antibióticos criando no organismo resistências inultrapassáveis e incluem os filhos na brincadeira.
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