HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
As primeiras 10 irregularidades detectadas no
.universo Espírito Santo pela Deloitte
Cobertura insuficiente de empréstimos,
desobediência ao supervisor, transacções por explicar envolvendo a
Eurofin, actos de gestão ruinosa. São vários os indícios de
irregularidades detectadas na primeira parte da auditoria forense
conduzida pela Deloitte.
Estas são as principais alegadas infracções detectadas
pela Deloitte no primeiro bloco da auditoria forense, que diz respeito
às relações entre o BES e o GES:
1. Aumento da exposição de entidades do BES e do Espírito Santo
Financial Group a empresas do GES. No primeiro semestre de 2014, a
Deloitte detectou um aumento da exposição do BES à ESFIL e ao banco do
GES no Panamá, o ES Panamá, no valor de 579 milhões de euros, no
primeiro semestre de 2014. No mesmo período, a ESFIL e o ES Panamá
emprestaram 699 milhões de euros a duas holdings do GES, a ESI e a ES
Resources. Desta forma, segundo a Deloitte, poderá ter havido uma
violação da determinação do Banco de Portugal, contornando a proibição
de o BES emprestar mais dinheiro à ESI e à ES Resources.
2. Cobertura insuficiente dos empréstimos concedidos a entidades do
GES: Em Junho de 2014, os financiamentos concedidos pelo ESFG (via Panamá e ESFIL) à ESI e à ES Resources estavam cobertos apenas em 70%, quando deviam estar garantidos de forma integral.
3. Cartas de conforto à Venezuela: as duas cartas que Ricardo Salgado
e José Maria Espírito Santo assinaram em Junho, assegurando que o BES
garantia as aplicações de duas empresas estatais venezuelanas em dívida
da Rioforte, não foram acompanhadas de qualquer garantia do GES ao
banco.
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Desta forma, no entender da Deloitte, estará em causa não só a
alegada desobediência à instrução do Banco de Portugal que proibia o
aumento da exposição ao GES, mas também um possível "acto doloso de
gestão ruinosa".
4. O BdP obrigou à criação de uma conta ‘escrow' da ESI no BES,
destinada exclusivamente ao reembolso da dívida desta holding do GES que
foi vendida junto de clientes de retalho do banco. Segundo a Deloitte, a
conta em questão não funcionava realmente como uma conta ‘escrow',
sendo movimentada como uma conta à ordem normal, com as assinaturas de
dois administradores. Além disso, segundo a auditora, terá servido para
pagar dívidas do GES ao BCP1.89%
(80 milhões de euros) e do Montepio Geral (40 milhões de euros),
servindo assim para outros fins que não o de reembolsar os clientes de
retalho.
5. A Deloitte detectou a entrada de fundos na conta ‘escrow' cuja
origem levantou dúvidas, no valor de 439 milhões de euros. A auditora
refere que, segundo o Banco de Portugal, este montante será proveniente
da Eurofin. Foi encontrada justificação para 81,5 milhões de euros, mas
os restantes 358 milhões ficaram por explicar, segundo os auditores.
6. A Deloitte detectou a saída da conta ‘escrow' de 739 milhões de
euros para reembolsar investidores em dívida do GES que, alegadamente,
não eram clientes de retalho do BES. Detectou também saídas de dinheiro
para reembolsar clientes do BES Açores e do BEST, bem como o Fundo
Caravela. Dessa forma, teria sido desrespeitada a obrigação de utilizar
aqueles fundos exclusivamente para os clientes de retalho do BES.
7. Venda de dívida do BES a clientes de retalho: apesar da proibição
decretada pelo Banco de Portugal, o BES terá colocado dívida de
entidades do GES junto de clientes de retalho, após 14 de Fevereiro de
2014. Nesse mês, a Deloitte detectou a venda de papel comercial da
Rioforte, no valor de 31 milhões de euros, a clientes de retalho do BES.
Outros cinco investidores colocaram 700 mil euros em dívida do GES.
8. Compra de dívida do GES por fundos geridos pela ESAF: A Deloitte
detectou a alegada colocação indirecta de dívida de empresas do GES
junto de clientes da ESAF, a gestora de fundos do Grupo Espírito Santo,
após 14 de Fevereiro de 2015.
9. Financiamentos do BES a entidades do GES após a proibição
decretada a 4 de Junho de 2014, que, no entender da Deloitte, poderão
constituir actos de gestão ruinosa.
10. Exposição da seguradora BES Vida a dívida de empresas do GES,
após 4 de Junho, no valor de 12 milhões de euros. Contornando assim,
alegadamente, a proibição decretada pelo Banco de Portugal.
* Por isso lhe chamavam DDT (dono disto tudo), agora parece que é prosaicamente o TDT (trafulha disto tudo).
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