HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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Governo pretende que haja 30%
de mulheres até 2018 na gestão
de empresas cotadas
O Governo anunciou hoje que vai iniciar
negociações com as empresas cotadas em bolsa para que estas se
comprometam a incluir pelo menos 30% de mulheres nos respectivos
conselhos de administração até ao final de 2018.
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Esta decisão foi anunciada no final do
Conselho de Ministros pela secretária de Estado dos Assuntos
Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, que admitiu a futura
adopção de "medidas de natureza mais imperativa" caso as empresas não
adiram "voluntariamente" a esse objectivo.
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"As empresas têm nas suas próprias mãos a solução para este problema
e, portanto, estão a tempo de o resolverem sem uma lei de quotas. Se não
o fizerem voluntariamente, deixarão aberto esse caminho para a
possibilidade de se criarem formas mais imperativas de atingir o mesmo
objectivo", declarou Teresa Morais, na conferência de imprensa sobre as
conclusões do Conselho de Ministros.
De acordo com Teresa Morais, o Conselho de Ministros mandatou um
conjunto de membros do Governo para "encetarem negociações com as
empresas cotadas em bolsa com vista à promoção de um compromisso por
parte dessas empresas que deve pressupor da sua parte a vinculação a um
objectivo de representação do sexo sub-representado - neste caso, das
mulheres - 30% até ao final do ano de 2018", estabelecendo para esse
processo negocial um "prazo de 90 dias".
A secretária de Estado da Igualdade referiu que o último levantamento
feito pelo executivo PSD/CDS-PP "aponta para a existência de 9,7% de
mulheres nos conselhos de administração das empresas cotadas que
responderam ao inquérito".
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, "ficou também decidida
a criação e o fornecimento, sem custos para as empresas, de um
mecanismo de apoio para identificação e análise das diferenças salariais
entre homens e mulheres, ficando as empresas vinculadas à implementação
de uma estratégia para a eliminação das diferenças salariais que forem
identificadas".
Teresa Morais adiantou que "aquilo que está em causa é uma
ferramenta, um instrumento produzido pela Comissão para a Igualdade no
Trabalho e no Emprego que é uma espécie de calculadora que as empresas
podem utilizar para o diagnóstico das suas diferenças salariais,
acompanhada de um apoio técnico por parte do Governo".
A secretária de Estado disse que, em Portugal, o valor de diferenças
salariais entre mulheres e homens que desempenham idênticas funções é de
13%, sendo a média da União Europeia de 16,4%.
A secretária de Estado da Igualdade considerou que a desigualdade
salarial e a sub-representação das mulheres nas administrações das
empresas são problemas "generalizados aos países da União Europeia" e
que estão na agenda europeia.
Quanto à meta de representação de pelo menos 30% de mulheres,
assinalou que "há uma proposta de directiva comunitária cuja progressão
tem sido difícil mas que propõe idênticos níveis e objectivos", e
reclamou que "o Governo tem todas as condições para apresentar este
compromisso às empresas, na medida em que tem feito a sua parte".
"De Janeiro do ano passado a Fevereiro deste ano, nomeou 35,3% de
mulheres no conjunto das nomeações feitas em Conselho de Ministros. Por
outro lado, o sector empresarial do Estado bastante à frente do sector
privado no que diz respeito à representação das mulheres nos conselhos
de administração", mencionou.
Teresa Morais disse ainda que "o Governo envolveu neste debate o
Governador do Banco de Portugal e o presidente da Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários", que manifestaram "abertura para uma intervenção
das entidades reguladoras a esse nível".
O comunicado do Conselho de Ministros refere que vão participar nas
"diligências" junto das empresas cotadas em bolsa a secretária de Estado
dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, a secretária de Estado do
Tesouro, o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, o
secretário de Estado Adjunto e da Economia e o secretário de Estado do
Emprego.
* Governo parco em ambição quando se trata de igualdade do género.
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