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"OBSERVADOR"
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Dinamarca quer rebatizar parte da Suécia
O mais pequeno dos países escandinavos pretende transformar parte da Suécia em "Grande Copenhaga". O objetivo é otimizar os negócios e aumentar o turismo.
A Dinamarca pretende rebatizar a província de Skåne, na Suécia, e
chamar-lhe “Grande Copenhaga”. A missão é tornar esta região mais
competitiva face a outros destinos turísticos. A notícia foi adiantada
pelo The Guardian. Seria, à partida, uma questão controversa. Mas entre nórdicos, parece que não.
Para
Frank Jensen, presidente da Câmara de Copenhaga, a justificação é
simples: “o tamanho importa” . Ora como Copenhaga tem um nome
bastante reconhecido internacionalmente, batizar a província sueca desta
forma pode torná-la especial: “passa por criar uma identidade comum que
toda a região possa apresentar, e a região de Skåne iria fortalecer a
sua posição ao perfilar-se deste modo”, defende Jensen.
E os dinamarqueses contam com o apoio sueco. Segundo
um documento oficial dinamarquês, o crescimento a este deste país e a
sul da Suécia é muito menor quando comparado com cidades como Estocolmo,
Amesterdão e Hamburgo. No mesmo relatório já se projeta a Grande
Copenhaga como uma zona metropolitana europeia com “influência
internacional” suficiente para a tornar um terreno fértil para o
investimento e inovação. As duas regiões unidas iriam contar com 3,8
milhões de pessoas, 11 universidades e 150 mil estudantes.
A área
geográfica já tem um nome: Oresund, o nome da ponte que une o sul da
Suécia à Dinamarca. Esta região engloba Skåne e a ilha de Zealand, que
pertence à Dinamarca e onde está localizada a capital, Copenhaga.
Apesar
do encaminhamento do projeto, levanta-se um problema. Afinal nem tudo
pode ser perfeito. É que nenhum habitante da Escandinávia ouviu falar
deste plano.
Mas há quem o defenda acerrimamente. Greg Clark,
especialista em cidades internacionais, explica que “o investimento da
ponte de Oresund sempre teve como princípio a criação de uma região
integrada”. A diferença é que, agora, esta região “precisa de um novo
nome”. O consultor, que participou no planeamento de cidades como
Londres, São Paulo, Singapura, Nova Iorque e Hong Kong, acredita que o rebranding faz sentido, como estratégia para enfrentar a competição global fervorosa.
Clark expõe as vantagens deste processo. Em primeiro lugar, Copenhaga é líder no combate às mudanças climáticas. Enquanto a capital dinamarquesa está superlotada e é cara, a cidade de Malmöe, que se encontra à beira-mar, é espaçosa e acessível.
Mas entre a população sueca, as opiniões dividem-se, já que há quem tema ficar subjugado à Dinamarca. As palavras de Katrin Stjernfeldt Jammeh, o prefeito social democrata de Malmöe, vão de encontro a este receio: “Penso que isto ia causar problemas à costa sueca”, admite.
Neste
sentido, Stefan Johansson, o líder da Invest in Skåne, diz ter uma
ideia melhor: chamar Oresund apenas à “Baía da Escandinávia”.
Segundo Johansson, a província de Skåne é comparável à baía de São
Francisco e causaria menos problemas de identidade entre os suecos.
O
Governo de Estocolmo sublinha que esta é uma matéria regional, mas que
pode significar que Skåne seria perspetivada como uma zona de futuro
investimento, por se tornar “semi-estrangeira”. Per Tryding,
vice-presidente da Câmara de Comércio do Sul da Suécia”, explica que uma
metrópole tem de contar entre 4 e 5 milhões de pessoas para ter um
lugar no mundo.
O jornal de negócios sueco Dagens Industri confirmou o fraco panorama económico da Suécia e admitiu apoiar este rebranding. Para
o jornal, Copenhaga passaria a ser “a ponte de Skåne para o mundo”.
Mesmo assim, não deixa de notar que esta ação pode levar à perda de
identidade da região.
O especialista em cidades
internacionais Greg Clark acredita que este será um grande passo e que,
em breve, os suecos vão habituar-se à ideia e aceitá-la: “eles são
espertos a esse ponto”, afirma.
* Quem conhece a história nacional da Suécia e da Dinamarca pensará que esta notícia é uma fábula, mas, para já, a promoção turística da região começou.
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