HOJE NO
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Governo esconde benefícios fiscais
de 1045 milhões a grandes
grupos económicos
No parecer à Conta Geral do Estado de 2012, o Tribunal de Contas alerta para a alta concentração em dez beneficiários
As
contas do Estado não revelam a totalidade da despesa com benefícios
fiscais às empresas. No parecer à Conta Geral do Estado de 2012, o
Tribunal de Contas destaca a "omissão de 1045 milhões de euros, por
benefícios atribuídos a SGPS (sociedade gestoras de participações
sociais)", modelo de organização usado por grupos económicos.
A Administração Tributária contesta a classificação de despesa fiscal
e defende que estes valores de IRC não pago resultam do regime especial
de tributação dos grupos de sociedade que prevê estas situações em caso
de reinvestimento de lucros. Em particular este regime "procura atender
à realidade dos grupos económicos, não se enquadrando, assim, no
conceito do benefício fiscal". O fisco invoca ainda o regime de
reinvestimento que visa "atender à necessidade recorrente das empresas
substituírem os bens do activo por outros de igual natureza, não
constituindo assim uma fonte de despesa fiscal".
Mesmo sem considerar estes números, os benefícios fiscais concedidos
às empresas em 2012, e relativos ao ano de 2011, cresceram 91 milhões de
euros, alcançando os 448 milhões de euros. Em sentido contrário evoluiu
a despesa com os benefícios fiscais dos contribuintes individuais, em
sede de IRS, que baixou 106 milhões de euros em 2012. Um dos factores
que explica a queda foi a revogação da dedução de 25% dos prémios com
seguros de vida e acidentes pessoais para rendimentos mais elevados.
Entre 2010 e 2012, os benefícios fiscais às empresas aumentaram 157
milhões de euros. No mesmo período, os benefícios aos particulares
caíram 130 milhões de euros. Estes números são conhecidos um dia depois
do governo e do PS terem chegado a acordo para a reforma do IRC que
baixa a taxa de imposto com maior efeito nas pequenas empresas.
O Tribunal de Contas volta a alertar para a excessiva concentração
dos benefícios fiscais em poucas empresas e entidades públicas.
Considerando os cinco principais tipos de benefício em sede de IRC, que
correspondem a mais de 60% de toda a despesa fiscal, quase metade
(48,2%) está concentrada nos dez maiores beneficiários que deixaram de
pagar 132 milhões de euros. O grau de concentração cresceu em relação a
2011, ano em que as dez principais beneficiárias absorveram 44% destes
benefícios.
Perante o elevado grau de concentração, o órgão liderado por
Guilherme d'Oliveira Martins "acentua a necessidade de reavaliação dos
respectivos benefícios fiscais para confirmação formal e transparente de
que realizaram os interesses públicos extrafiscais que determinaram a
sua atribuição". A maior despesa fiscal em sede de IRC é com pessoas
colectivas de utilidade pública, como fundações, instituições de
solidariedade e clubes desportivos. Ascendeu a 96 milhões de euros. A
investigação e o desenvolvimento ficou com 90 milhões de euros, o que
corresponde a 20% da despesa fiscal em IRC. A criação de emprego pesou
apenas 9,2%, o que representou 41 milhões de euros.
O parecer às contas do ano passado destaca ainda a receita de 258
milhões de euros obtida no ano passado, graças ao RERT ( Regime
Excepcional de Regularização Tributária) para capitais que estão fora da
União Europeia. Este montante "foi substancial mas indicia que
patrimónios significativos não foram declarados ao fisco, no valor de
3440 milhões de euros para efeitos de tributação", situação que o fisco
não conseguiu identificar em tempo útil.
O documento revela que o Estado deixou prescrever mais de mil milhões
de euros em dívidas fiscais em 2012. Mais de metade, equivalente a 566
milhões de euros, refere-se a dívidas prescritas no IVA. No IRC
prescreveram 168 milhões de euros, ao passo que no IRS as dívidas
prescritas foram de 71 milhões de euros. O valor das prescrições
detectado pelo TC - 1017 milhões de euros - é superior ao indicado pelo
governo na Conta Geral do Estado de 2012, e que apontava 833,7 milhões
de euros.
* O governo tem cá uns amigalhaços do camandro!
.
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