HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Ministro da Guiné-Bissau acusa
Cavaco Silva de ser "infantil"
O ministro de Estado e da Presidência garante que o aeroporto de Bissau é seguro e tem as certificações necessárias.
Fernando Vaz, ministro de Estado e da Presidência da Guiné Bissau,
disse em entrevista à rádio TSF, que o incidente com os refugiados
sírios foi politizado por Lisboa, e que a intenção é dar suporte
político ao antigo primeiro-ministro, deposto em 2012.
O ministro de Estado e da Presidência do governo de Bissau acusou
Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República, de ter tido uma reacção
precipitada e infantil a todo este caso. "O sr. Presidente da República,
sem fiabilidade das fontes, aparece publicamente a fazer uma declaração
tendo como suporte as falácias e calúnias em relação à Guiné. Foi muito
triste o que aconteceu", adiantou Fernando Vaz.
O governante adiantou que o aeroporto de Bissau é seguro e tem todas
as certificações necessárias emitidas por entidades internacionais.
"Portugal apoiou sempre o ex-PM e não reconhece o actual governo de
transição, onde o partido do ex-PM, PAIGC, tem cinco ministros. Portugal
continua a insistir em apoiar o ex-PM", sublinhou Fernando Vaz.
Para o governo guineense, há culpas partilhadas neste incidente.
Fernando Vaz considerou que há fragilidades no processo de embarque da
TAP em Bissau.
O ministro guineense ataca ainda posição do Ministério dos Negócios
Estrangeiros e da TAP sobre os incidentes do voo que transportou 74
sírios para Lisboa. E garante que Bissau "não sacudiu a água do capote".
"É uma expressão infeliz. Tal como foram infelizes as declarações de
Machete, recentemente, em relação a Angola", afirmou hoje ao jornal
Expresso o ministro da Presidência da Guiné Fernando Vaz, que se
encontra em Lisboa.
O governante ataca assim as declarações recentes do ministro dos
Negócios Estrangeiro, Rui Machete, que esta semana considerou
"inaceitável" o embarque forçado dos 74 refugiados, alegadamente de
nacionalidade síria, no avião da TAP, dia 10, do aeroporto de Bissau em
direcção a Lisboa.
Fernando Vaz, que é o porta-voz do Governo de transição da Guiné,
também não entende a razão de ser do ultimato feito por Portugal, que
pede garantias a Bissau para que casos semelhantes não voltem a
acontecer naquele aeroporto. "Este foi um incidente comercial. Mas
parece que está a mexer muito com os políticos portugueses. É um
disparate pedir que haja condições no aeroporto, quando temos o parecer
positivo das autoridades internacionais de aviação", acrescentou.
O ministro guineense diz ainda não
entender a razão "de tanto alarido" com este voo dos 74 refugiados,
comparativamente com outros dois, realizados em Maio e em Agosto, que
levaram de Bissau para Lisboa dois grupos de refugiados da mesma
nacionalidade: o primeiro com 39 passageiros e o segundo com 15. "Desses
nunca ninguém falou."
Sobre as conclusões do inquérito promovido pelas autoridades da Guiné
Bissau ao voo da TAP, frisa que foram realizadas em "apenas seis dias,
sob enorme pressão interna e externa". Além disso, garante que "ninguém
sacudiu a água do capote". Segundo o governante, houve uma admissão de
culpa "de alguma autoridade da Guiné", bem como da transportadora
portuguesa.
* Toda a gente sai muito mal nesta fotografia, inclusive a TAP.
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