HOJE NO
"i"
Autárquicas.
Câmaras sem maioria absoluta
quase duplicaram
O
número de câmaras governadas sem maioria absoluta tem vindo a aumentar.
A contagem dos votos em 2013 trouxe vitórias de sabor pouco especial a
54 novos presidentes de câmara. Nas eleições de 2005 e de 2009 tinham
sido 28 autarcas a não conseguir votos suficientes para governarem em
maioria absoluta, no dia 29, os portugueses dividiram mais os votos e
aumentaram para quase o dobro deixando cerca de 20% dos autarcas
eleitos, aflitos.
Para muitos presidentes, a negociação com outros
partidos só começa hoje (ou durante esta semana) quando iniciarem
formalmente funções. Algumas tomadas de posse estão marcadas para hoje
ou para durante esta semana e, por isso, alguns presidentes eleitos
admitiram ao i só começarem a procurar uma coligação depois de
estarem em funções. Uma situação que pode significar, em alguns casos,
que vão governar em minoria, fazendo acordos pontuais com os vereadores
da oposição para que estes aprovem as principais matérias nas reuniões
de câmara. É o caso de Macedo de Cavaleiros, câmara que era do PSD/CDS e
ficou agora apenas do PSD. Os dois partidos desta vez decidiram ir
separados a votos, mas se se juntarem agora conseguem maioria absoluta: o
PSD e o PS elegeram três vereadores cada, o CDS um. O centrista pode
assim fazer a diferença.
Outros há que já resolveram a questão: no
Porto, Rui Moreira, eleito por uma lista de cidadãos independentes, já
acertou contas para deixar ao PS de Manuel Pizarro responsabilidade.
Moreira alcançou uma coligação pós-eleitoral que lhe dá garantia de
conseguir fazer o que quer na segunda maior cidade do país sem
dissabores em reuniões de câmara.
Já em Sintra há um bloco central
autárquico. Basílio Horta, pelo PS, venceu as eleições e depois de
contados os votos decidiu coligar-se com o candidato do PSD, Pedro
Pinto, que aceitou.
Nestes dois casos a coligação foi possível
mas, por exemplo, em Olhão, essa já é uma hipótese afastada. António
Pina, presidente da câmara eleito, conta ao i que tentou uma
coligação depois das eleições com os partidos mais à esquerda que
elegeram vereadores, Bloco de Esquerda e PCP, mas sem sucesso. "Vou
tentar acordos pontuais", diz.
O mesmo irão fazer outros
presidentes de câmara eleitos sem maioria absoluta. É o caso de Carlos
Silva em Albufeira. O autarca eleito garante que "há a possibilidade" de
haver acordo com outros partidos, mas que ainda está em negociações. O
acordo pode passar por integrar a oposição no executivo ou tão só
garantir a aprovação dos documentos mais importantes como os relatórios e
contas e os orçamentos.
Só em capitais de distrito, há cinco
nesta situação; Faro, Funchal, Santarém, Coimbra e Porto. No Funchal,
Paulo Cafôfo já foi eleito por uma coligação de seis partidos e não
pensa em juntar mais um partido à confusão. Disse, em entrevista ao i,
que não estava fechado a nenhuma opção, mas deverá optar por acordos
pontuais. O PS é o partido que mais câmaras tem em minoria: 31, metade
delas "roubaram" a outro partido, o que pode explicar a dispersão de
votos. O PSD (ou em coligação com o CDS) tem 13, o PCP cinco (três
roubadas a outros partidos) e cinco independentes.
Eleições partidas
Estes resultados mostram que as eleições autárquicas este ano foram
mais partidas do que as anteriores. Os votos foram mais dispersos com o
aumento da abstenção e dos votos brancos e nulos que alteraram as contas
na hora de atribuir os vereadores eleitos. Mas, na opinião do
politólogo Carlos Jalali (ver ao lado), a entrada em cena dos
independentes levou a uma distribuição dos votos por mais candidatos. O
caso do Porto e de Sintra foi disso exemplo, mas também de Faro e
Coimbra (votos dispersos pelo PCP, independentes e BE).
Permitir a
existência de executivos maioritários do partido vencedor das eleições
era uma das ideias do PSD e do PS para alterar a lei eleitoral. A
intenção era criar executivos monocolores à semelhança do que se passa a
nível nacional: o partido vencedor forma o executivo sem a existência
de vereadores da oposição. A solução não chegou a avançar por falta de
acordo entre o PSD e o CDS. A proposta inicial era do PS.
* Como políticos de proximidade os autarcas eleitos são de uma enorme importância. Pena é que o caciquismo impere ainda em muitos municípios, estamos a lembrar-nos de Oeiras onde ganhou um grupo "independente" conotado com um dos maiores corruptos do país, julgado e preso.
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