HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Tribunal não consegue notificar
Oliveira e Costa para depor em
julgamento de Duarte Lima
O tribunal criminal que está a julgar o caso
Homeland não conseguiu notificar o antigo presidente do BPN José
Oliveira e Costa para depor como testemunha no julgamento em que Duarte
Lima é um dos arguidos.
No início da sessão desta terça-feira
do julgamento do caso Homeland, presidido pela juíza Filipa Valentim,
ficou a saber-se que o tribunal tentou notificar sem êxito, por carta,
Oliveira e Costa para depor, juntamente com outras quatro testemunhas da
acusação, tendo sido pedida ajuda a um órgão de polícia criminal (OPC)
para o fazer, depois de a carta ter sido devolvida.
Oliveira e Costa, banqueiro e fundador do BPN, é arguido no
julgamento do caso BPN, que decorre no tribunal criminal de Lisboa, mas
está dispensado pelo colectivo de juízes desse processo de comparecer às
audiências. Simultaneamente, deixou de estar sujeito a prisão
domiciliária, desconhecendo-se os motivos que não permitiram a sua
notificação para testemunhar hoje no processo Homeland.
A sessão da manhã foi preenchida com a inquirição de Mário Fragoso de
Sousa, director-coordenador do Private Banking do BPN em Lisboa, o qual
revelou que o projecto Homeland, relacionado com a aquisição de
terrenos em Oeiras, através de um financiamento global de 50 milhões por
parte do BPN, foi autorizado com uma única assinatura: a de José
Oliveira e Costa.
Mário Fragoso de Sousa, que admitiu conhecer profissionalmente os
arguidos Duarte Lima e Vítor Raposo, entre outros, explicou que "nenhuma
operação era carreada para o sistema sem a assinatura" de Oliveira e
Costa, seu superior hierárquico e figura máxima no BPN.
Inquirido pelo procurador José Niza, a testemunha salientou que para
si a operação Homeland, de aquisição de terrenos em Oeiras, mediante
empréstimo de 50 milhões de euros, "estava sustentada" com a assinatura
de Oliveira e Costa e que isso bastava dentro do banco para accionar o
que fosse preciso.
Mário Fragoso de Sousa disse desconhecer que o projecto Homeland
tinha sido, anteriormente chumbado, pelo departamento comercial do
banco, e justificou que quem acompanhou de perto a operação foi Cristina
Ruano, gestora de conta de Duarte Lima no BPN.
Na parte final da inquirição, a testemunha admitiu que chegou a
reunir-se com os arguidos Duarte Lima, Vítor Raposo e com a gestora de
conta para discutirem o projecto Homeland, que na altura, em 2007, antes
da crise mundial provocada pela falência do Lehman Brothers nos EUA,
lhe pareceu viável.
Mário Fragoso de Sousa lembrou que, antes da crise surgida nos EUA, o
BPN era um banco "saudável e em crescimento", que distribuía dividendos
pelos accionistas, pelo que não havia para razões para suspeitar que a
aquisição dos terrenos não era um bom negócio.
Duarte Lima é suspeito de beneficiar de vários créditos no valor de
vários milhões de euros, obtidos com garantias bancárias de baixo valor,
que permitiram adquirir terrenos no concelho de Oeiras, nas imediações
da projectada sede do Instituto Português de Oncologia (IPO).
O projecto da sede do IPO no concelho de Oeiras não avançou e o crédito pedido ao BPN ficou por liquidar.
* Bem pode a justiça limpar as mãos à parede, deixou fugir Oliveira e Costa.
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