HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Tribunal europeu dá razão
a ex-jornalistas do 'Garajau'
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem deu hoje razão aos
ex-jornalistas e diretores do quinzenário madeirense "Garajau"
(entretanto extinto), Gil Canha e Eduardo Welsh, relativamente ao
processo interposto pelo vice-presidência do governo regional da
Madeira, João Cunha e Silva, contra aquele jornal.
No acordão favorável, votado
por unanimidade, a apreciação dos juizes não só considera que foi
violado o artigo 10.º da Convenção como recorda que, de acordo com a
jurisprudência, "a liberdade de expressão constitui um dos fundamentos
essenciais de uma sociedade democrática", reiterando que a Imprensa
"desempenha um papel de destaque" e que o artigo referido "não deixa
espaço para restrições" ao exercício dessa liberdade no campo do
discurso e do debate político. Em relação aos conteúdos dos artigos em
questão, observa "que os fundos públicos haviam sido compromentidos com a
defesa de Cunha e Silva pelo advogado Garcia Pereira" factos que
ficaram provados.
O Tribunal decidiu que o Estado português
deverá pagar 5 mil euros, no espaço de três meses, aos requerentes,
acrescido de impostos recorrentes por custos e despesas.
"É uma
grande felicidade. Há muito que não acredito na justiça em Portugal.
Temos sido perseguidos pela Justiça na Madeira, única responsável pelo
encerramento do Garajau (2004-2010) devido ao elevado número de
processos. A matriz salarista continua em vigor em relação à liberdade
de imprensa ", disse ao DN, Gil Canha.
Os requerentes
(representados pelos advogados Teixeira da Mota e António Fontes),
tinham sido condenados por difamação no Tribunal da Relação, depois de
terem absolvido em primeira instância. O "Garajau" publicou em 2004 um
artigo sobre a compra de terrenos por parte de João Cunha e Silva bem
como a sua participação como sócio de uma firma de advogados.
Um
segundo artigo, publicado em janeiro de 2002, sobre o mesmo assunto,
adiantava que o vice-presidente do governo tinha entretanto apresentado
queixa crime contra o Garajau, "utilizando para o efeito os serviços de
um advogado (Garcia Pereira & Associados) pago por fundos públicos e
não por Cunha e Silva". Na edição de 23 de fevereiro de 2007, o jornal
informava que a Policia Judiciária tinha investigado os repetivos
contratos após a denúncia do "truque da vice-presidência" de "integrar
no orçamento 2005/6 os fundos de pagamento de taxas "milionárias" em
dois processos contra o Garajau.
* Foi preciso chegar ao Tribunal Europeu! O caruncho há-de morrer.
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