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Associação para a Transparência afirma que autarquias corruptas são minoria
O vice-presidente da Associação para a Transparência e Integridade,
Paulo Morais, disse esta terça-feira que as autarquias corruptas são uma
minoria, sublinhando que a grande maioria dos casos se verificam nos
pelouros do urbanismo e obras públicas.
"Não tenho ideia de que a maioria das autarquias é corrupta.
Só uma minoria dos autarcas é corrupta, o que corresponde a 10 ou 12%
das autarquias. Contudo, estes casos acontecem nas autarquias que mandam
na maioria do dinheiro", afirmou Paulo Morais, durante o debate
"Autarquias: o poder do poder local", promovido pelo "Diário de
Notícias", em Lisboa.
Por seu lado, Jaime Marta Soares, presidente
da Câmara de Vila Nova Poiares e o mais antigo autarca em funções no
país, afirmou que as autarquias "não são o antro da corrupção",
acrescentando que há casos de corrupção em todos os setores da
sociedade, e que pessoas sem ética que praticam atos corruptos existem
em todos os lados.
"Não há corrupção na Polícia Judiciária?",
perguntou Marta Soares ao ex-inspetor da PJ, Carlos Anjos, que
anteriormente tinha dito que há "grandes negócios feitos pelas
autarquias", e que "não há muita diferença entre o futebol e a política"
no que a casos de corrupção diz respeito.
"Claro que sim [que há corrupção nas forças de segurança], respondeu o ex-inspetor da PJ.
Carlos
Anjos, que se dedicou durante anos à investigação ligada ao futebol e
depois às autarquias, frisou que a corrupção é um "problema das
sociedades modernas e da ganância do homem", natural da condição humana.
"Esta
é uma cultura que temos e que resiste. O político cede à tentação do
poder económico", salientou o ex-inspetor, que defendeu uma alteração
jurídica para que pessoas que ocupem cargos públicos possam ser julgadas
pelo crime de administração danosa [má utilização dos dinheiros
públicos], o que não acontece até agora.
Carlos Anjos reconheceu
que "há falta de meios humanos" para fazer face ao problema da
corrupção, à semelhança do que acontece, de uma forma geral, com outras
áreas. O ex-inspetor defendeu que as inspeções às autarquias devem ser
independentes do poder político e feitas em tempo útil, além da criação
de equipas multidisciplinares.
Confrontado com o facto de que
quatro em dez processos-crime advêm das autarquias, o secretário de
Estado do Poder Local e da Reforma Administrativa, António Leitão Amaro,
afirmou que a corrupção nas autarquias tem mais impacto devido à
"visibilidade e à proximidade", mas sublinhou que "a cultura democrática
de hoje é melhor do que há 30 anos".
Em relação às inspeções determinadas às autarquias, o Governante assumiu que não haverá interferências do poder central.
"Estamos
muito empenhados e não vamos interferir no processo de fiscalização e
inspeção. Não escolhemos as autarquias que são fiscalizadas", garantiu o
secretário de Estado.
O juiz jubilado do Tribunal de Contas,
Carlos Moreno, fez um apelo a todos os candidatos às eleições
autárquicas de 29 de setembro para que assumam um "compromisso de rigor,
ética, responsabilidade e transparência", e que "não se desviem das
promessas eleitorais"
* A notícia que ontem veio a público indicando que 43% dos processos crime implicam câmaras, Diário de Notícias, é um número estatístico apurado. Não significa que a maioria das câmaras sejam corruptas, se Isaltino Morais teve 20 processos, um exemplo aleatóreo, não foram 20 municípios a ser acusados.
Quem possiblitou a candidatura de dinossauros autarcas foram os deputados que redigiram a lei.
Há muita promiscuidade entre os donos do dinheiro e a classe política de topo e, nesse âmbito, os processos crime surgem em número reduzido.
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