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HOJE NO
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Portugal em 7º lugar no top 10
do clube da bancarrota
São cada vez menos os que nos mercados acreditam que o país vai ultrapassar o caos em que tem vindo a afundar-se e honrar os seus compromissos financeiros com os credores externos
A
certeza de que depois da tempestade vem a bonança já não se aplica a
Portugal, onde parece haver sempre lugar a uma desgraça maior. Estavam
os mercados a acalmar e a começar a digerir as demissões de Vítor Gaspar
e de Paulo Portas quando o Presidente da República surpreendeu tudo e
todos com o chumbo inesperado do novo governo proposto por Passos Coelho
e atirou o país para o sétimo lugar no clube da bancarrota.
Há
três anos, Portugal esteve fora do top 10 dos países com maior risco de
falir apenas alguns dias, entre o final de Maio e o início de Junho
deste ano. No início a situação era tão grave que chegou a ocupar o
primeiro lugar, numa época em que a Grécia era já considerada um caso
perdido e esteve suspensa do ranking até ver perdoada parte da sua
dívida.
Agora poucos acreditam que Portugal conseguirá honrar os
seus compromissos financeiros, ou seja, pagar o que deve. Em meia dúzia
de dias o esforço pedido aos portugueses em nome da imagem de um país
coeso e alinhado foi por água abaixo.
A subida para a sétima
posição deve-se ao disparo no custo dos credit default swaps (CDS) -
derivados financeiros que funcionam como seguros contra o risco de
incumprimento -, que fecharam a semana nos 545 pontos- -base, uma subida
de 55 em relação ao fecho da véspera.
A semana encerrou com
yields de 7,52% nas obrigações do Tesouro a dez anos no mercado
secundário, um valor superior ao registado a 3 de Julho, o dia da
catarse do efeito das demissões ministeriais que deram origem à actual
crise política. Nos prazos a três, quatro, cinco, seis, sete, oito, dez e
30 anos, os yields ficaram acima dos 7%, atingindo picos superiores a
8%.
O prémio de risco da dívida portuguesa em relação à dívida
alemã subiu para 5,96 pontos percentuais, o diferencial mais alto desde o
início da crise governamental. No decurso de uma semana, todos estes
indicadores subiram: 37 pontos-base (0,37 pontos percentuais) para
yields a dez anos; 64,18 pontos-base para o custo dos CDS; 3,38 pontos
percentuais para a probabilidade de incumprimento; mais de meio ponto
percentual para o prémio de risco.
O agravamento destes
indicadores não se repercute directamente nos juros que vencem sobre a
dívida soberana existente junto de credores privados ou da troika, que
totalizava em 31 de Maio qualquer coisa como 203,5 mil milhões de euros.
No entanto, são indicativos das dificuldades que se criam a emissões
obrigacionistas pelo Estado (o tão aclamado regresso aos mercados) e do
encarecimento dos seguros contra o risco de incumprimento dessa dívida.
A
tal barreira psicológica dos 7% está de volta, o que significa que a
confiança dos mercados internacionais em Portugal está muito abalada.
Não foi à toa que o analista Marc Chandler, vice--presidente da Brown
Brothers Harriman, em Nova Iorque, disse que "a crise política em
Portugal roubou o lugar de pára- -raios ocupado pela Grécia na zona
euro".
* Esta situação não foi porque os portugueses viveram acima das suas possibilidades, foi porque os governos de PSD, PS e CDS esbanjaram para o bolso dos amigos, não esquecer que o PCP não faz parte de nenhum governo desde 1976.
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