15/07/2013

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Portugal em 7º lugar no top 10 
do clube da bancarrota

São cada vez menos os que nos mercados acreditam que o país vai ultrapassar o caos em que tem vindo a afundar-se e honrar os seus compromissos financeiros com os credores externos

A certeza de que depois da tempestade vem a bonança já não se aplica a Portugal, onde parece haver sempre lugar a uma desgraça maior. Estavam os mercados a acalmar e a começar a digerir as demissões de Vítor Gaspar e de Paulo Portas quando o Presidente da República surpreendeu tudo e todos com o chumbo inesperado do novo governo proposto por Passos Coelho e atirou o país para o sétimo lugar no clube da bancarrota.


Há três anos, Portugal esteve fora do top 10 dos países com maior risco de falir apenas alguns dias, entre o final de Maio e o início de Junho deste ano. No início a situação era tão grave que chegou a ocupar o primeiro lugar, numa época em que a Grécia era já considerada um caso perdido e esteve suspensa do ranking até ver perdoada parte da sua dívida.
Agora poucos acreditam que Portugal conseguirá honrar os seus compromissos financeiros, ou seja, pagar o que deve. Em meia dúzia de dias o esforço pedido aos portugueses em nome da imagem de um país coeso e alinhado foi por água abaixo.

A subida para a sétima posição deve-se ao disparo no custo dos credit default swaps (CDS) - derivados financeiros que funcionam como seguros contra o risco de incumprimento -, que fecharam a semana nos 545 pontos- -base, uma subida de 55 em relação ao fecho da véspera.

A semana encerrou com yields de 7,52% nas obrigações do Tesouro a dez anos no mercado secundário, um valor superior ao registado a 3 de Julho, o dia da catarse do efeito das demissões ministeriais que deram origem à actual crise política. Nos prazos a três, quatro, cinco, seis, sete, oito, dez e 30 anos, os yields ficaram acima dos 7%, atingindo picos superiores a 8%.

O prémio de risco da dívida portuguesa em relação à dívida alemã subiu para 5,96 pontos percentuais, o diferencial mais alto desde o início da crise governamental. No decurso de uma semana, todos estes indicadores subiram: 37 pontos-base (0,37 pontos percentuais) para yields a dez anos; 64,18 pontos-base para o custo dos CDS; 3,38 pontos percentuais para a probabilidade de incumprimento; mais de meio ponto percentual para o prémio de risco.

O agravamento destes indicadores não se repercute directamente nos juros que vencem sobre a dívida soberana existente junto de credores privados ou da troika, que totalizava em 31 de Maio qualquer coisa como 203,5 mil milhões de euros. No entanto, são indicativos das dificuldades que se criam a emissões obrigacionistas pelo Estado (o tão aclamado regresso aos mercados) e do encarecimento dos seguros contra o risco de incumprimento dessa dívida.


A tal barreira psicológica dos 7% está de volta, o que significa que a confiança dos mercados internacionais em Portugal está muito abalada. Não foi à toa que o analista Marc Chandler, vice--presidente da Brown Brothers Harriman, em Nova Iorque, disse que "a crise política em Portugal roubou o lugar de pára- -raios ocupado pela Grécia na zona euro".

* Esta situação não foi porque os portugueses viveram acima das suas possibilidades, foi porque os governos de PSD, PS e CDS esbanjaram para o bolso dos amigos, não esquecer que o PCP não faz parte de nenhum governo desde 1976.

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