HOJE NO
" JORNAL DE NOTÍCIAS"
Plataforma na Internet denuncia "empregadores sem vergonha"
Trabalhos
mascarados de estágios pedindo altas qualificações a troco de
salário zero ou claramente mal pagos para as exigências feitas, há
de tudo um pouco na plataforma "Ganhem Vergonha", criada
para denunciar "empregadores sem vergonha".
EMPREGADORES GENEROSOS |
Tudo
começou em dezembro, quando um dos mentores do projeto ficou
desempregado e começou a deparar-se diariamente com a realidade dos
anúncios de emprego, desde "estágios não remunerados de seis
meses a propostas onde oferecem o salário mínimo", contou
Francisco.
O objetivo
da plataforma, que segundo Francisco já recebeu cerca de 50
denúncias, é que seja criada uma regulamentação efetiva das
ofertas de emprego e que estas passem a ter informação como a que
consta nos anúncios do Instituto de Emprego e Formação
Profissional.
A
plataforma "Ganhem Vergonha" existe desde março e
Francisco admite que nunca esperaram tamanha adesão, já que têm
sido cada vez mais as pessoas que não só denunciam casos, como
também aqueles que pedem ajuda para a situação particular que
estão a viver.Um desses
casos que está na página na Internet da plataforma é o de uma
jornalista que conta ter sido contratada por um grupo de comunicação
social para ser correspondente de um novo canal de televisão nos
distritos de Vila Real e Bragança a troco de 680 euros, pagos a
recibos verdes.
"Fui
informada que, além de ser, na altura, a única pessoa no país que
iria desenvolver uma espécie de "one woman show" (repórter
de imagem, editora de imagem, jornalista de tv, jornalista de
imprensa e fotógrafa,) para as áreas de Vila Real e Bragança,
(...), também seria a única pessoa no país a utilizar viatura
própria e a ter de suportar com o meu ordenado (...) os gastos
associados ao desgaste do carro", conta na plataforma.
Segundo
conta, aderiu ao projeto televisivo em janeiro, mas decidiu
"despedir-se" em março.
Os casos
não se ficam por aqui e há para todos os gostos, desde o caso mais
recente, postado esta quarta-feira, que denuncia uma agência de
comunicação por procurar "um licenciado ou um mestre para
trabalhar sem receber salário até seis meses" ou uma empresa
por querer um recém-licenciado em design para fazer um estágio
curricular de seis meses sem remuneração.
"Um
caso caricato foi numa empresa da área da publicidade e comunicação,
da zona do Porto, em que um designer foi a uma entrevista, um
designer licenciado e com alguma experiência, e ofereceram-lhe 200
euros por mês para trabalhar em regime full-time. Perante a
estupefação do candidato, a pessoa que estava a fazer a entrevista
apontou para uma pilha de currículos e disse: Se você não quiser,
alguém ali daquele pilha há-de querer", contou Francisco.
Se a
plataforma tem tido cada vez mais sucesso junto de quem quer fazer
denúncias, já junto das empresas responsáveis pelos anúncios, as
reações têm sido diferentes e já foram alvos de ameaças e
insultos.
"Dizem
que não temos ética profissional, que na empresa deles toda a gente
começou por trabalhar de borla, mas a partir do momento em que nós
dizemos que tiramos a informação caso apresentem provas que a
oferta de emprego é legal a conversa termina e nunca mais ninguém nos
responde", denunciou.
* "Ganhem Vergonha" uma pedrada no charco, toca a denunciar a falta de escrúpulos.
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