HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
ONU reconhece Palestina
como Estado soberano
A Assembleia-Geral da ONU aprovou hoje uma resolução que concede à Palestina o estatuto de ‘Estado observador', reconhecendo assim a soberania deste país sobre o seu território.
A resolução, apresentada pela Autoridade Palestiniana liderada pelo
presidente Mahmoud Abbas, foi aprovada com 138 votos a favor, nove votos
contra e 41 abstenções.
"O reconhecimento do Estado Palestiniano é um investimento na paz.
Nós continuamos empenhados numa solução de dois estados, e a nossa mão
continua estendida em paz" para Israel, disse Mahmoud Abbas, presidente
da Autoridade Palestiniana. A decisão da ONU - que acontece no Dia da
Solidariedade para com o Povo Palestiniano - foi recebida com
manifestações de alegria na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, onde as
celebrações já haviam começado durante a tarde, uma vez que o grande
número de apoiantes das pretensões palestinianas - 132 nações já haviam
reconhecido o Estado Palestiniano - não deixava margem para dúvidas
sobre o resultado final. Na cidade de Ramallah, onde um grande écrã foi
instalado na praça central para que a população pudesse acompanhar a
votação em directo, o anúncio do resultado foi acompanhado de uma
explosão de alegria.
A aprovação pela Assembleia-Geral da ONU, que não podia ser vetada
pelos EUA porque este país só tem direito de veto no Conselho de
Segurança, surgiu apesar da forte oposição por parte de Washington e de
Israel, que têm alertado que esta decisão só irá dificultar as
negociações para uma solução do conflito israelo-palestiniano.
Com o reconhecimento da sua existência enquanto Estado por parte das
Nações Unidas, os palestinianos vêem agora aceites as suas fronteiras de
1967, incluindo Gaza, a Cisjordânia e a área de Jerusalém Oriental.
Segundo a liderança palestiniana, o reconhecimento internacional da sua
dimensão territorial forma uma base necessária para o retomar de
negociações com Israel, salvando assim o processo de paz, já Israel
argumenta que a possibilidade de perder estas áreas só afasta a
possibilidade de um acordo definitivo.
Palestina pode aderir a agências da ONU
O facto da Palestina ser agora um Estado observador
da ONU significa que o país pode tentar tornar-se membro das
organizações das Nações Unidas, incluindo o Tribunal Penal Internacional
de Haia, o qual pode vir ser chamado a pronunciar-se sobre eventuais
acusações de crimes de guerra que podem ser levantadas contra Israel.
Pouco antes do voto, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu
precavia-se já contra um resultado desfavorável ao seu país, alertando
os palestinianos de que "a resolução de hoje da ONU não muda nada no
terreno. Não vai avançar a criação de um Estado Palestiniano, vai é
adiá-la". O chefe do governo de Jerusalém afirmou que o seu país não irá
aceitar um Estado palestiniano até que este povo "reconheça Israel como
a terra Natal judaica", declare um fim do seu conflito com o Estado
hebraico e aceite vários acordos de segurança destinados a garantir a
protecção de Israel.
Já Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, afirmou que o voto
não vai ajudar a cumprir as esperanças palestinianas, porque a paz
"necessita de um ambiente propício", tendo apelado "às duas partes para
que não tomem acções que possam dificultar o retorno à mesa das
negociações".
"O recurso à ONU viola tanto a letra como o espírito dos acordos que
foram assinados para resolver os assuntos através de negociações"
começadas há mais de vinte anos e que entraram em colapso há quatro,
lamentou o porta-voz do governo israelita Mark Regev, citado pela
Reuters.
EUA e Israel ameaçam com sanções
Como retaliação,
o Congresso norte-americano está a ponderar aplicar sanções financeiras
à Palestina, ameaçando os 339 milhões de euros que a América concede
anualmente à Autoridade Palestiniana, ao mesmo tempo que foi apresentada
perante o Senado uma proposta que prevê o fim do financiamento
norte-americano às Nações Unidas se estas aprovarem a subida de estatuto
da Palestina. Estas sanções são semelhantes às aplicadas no ano passado
quando a Palestina passou a integrar a UNESCO, o que teve como
resultado a retirada por parte dos EUA do seu apoio financeiro a esta
agência da ONU, que representava 22% do orçamento da instituição. Já
Israel afirma que está a estudar a suspensão do pagamento aos
palestinianos dos cerca de 77 milhões de euros em impostos e taxas
alfandegárias que cobra mensalmente no território em nome da Autoridade
Palestiniana, cortando outra fonte de financiamento ao executivo de
Abbas.
"A Palestina não pode estar sempre a ser chantageada com dinheiro. Se
Israel quer desestabilizar toda a região, pode fazê-lo. Nós estamos a
negociar com o Mundo Árabe sobre o seu apoio em caso de retaliações
financeiras israelitas, e a União Europeia indicou que não vai parar o
seu apoio financeiro" que em 2011 atingiu os 459 milhões de euros, disse
Hanan Ashrawi, uma das principais diplomatas palestinianas. E os
esforços diplomáticos da Palestina junto da Europa deram frutos, uma vez
que na votação de hoje Portugal, França, Espanha, Itália, Dinamarca,
Áustria, Noruega, Finlândia, Grécia, Irlanda, Islândia, Luxemburgo,
Malta e Suíça votaram a favor da resolução, enquanto a Alemanha, o Reino
Unido, a Estónia e a Lituânia se abstiveram. Apenas a República Checa
votou do lado de Israel e dos EUA.
Fatah procura suplantar Hamas
O pedido de Abbas
hoje aprovado pela ONU inclui um pedido a todos os lados para retomarem
rapidamente as negociações para terminarem o conflito entre si,
incluindo a discussão das fronteiras. Enquanto os predecessores de
Netanyahu aceitaram as demarcações de 1967 como a base para novas
conversações sobre fronteiras futuras, o actual primeiro-ministro
israelita rejeita a possibilidade, ao mesmo tempo que tem financiado
novos colonatos israelitas na Cisjordânia, o que colocou grande pressão
sobre a Autoridade Palestiniana para que tomasse alguma medida que
pudesse vir a inverter a situação.
Os analistas notam que o
presidente palestiniano encarou este voto na ONU como vital para se
reafirmar como líder do seu povo, em particular depois do recente ataque
israelita a Gaza ter terminado com uma trégua que não envolveu uma
invasão terrestre por parte de Israel, o que foi visto pelas populações
locais como uma vitória do movimento Hamas contra o seu inimigo
hereditário, colocando o partido Fatah de Abbas num plano secundário.
* O conflito israelo-árabe não se resolve com reconhecimentos administrativos encenados, uma guerra religiosa é imbecil, como imbecis são os povos em litígio, bom senso viste-lo.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário