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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
"CORREIO DA MANHÃ"
ZERO denuncia depósito ilegal
de 30 mil toneladas de resíduos
perigosos em Setúbal
Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) lembra que a reexportação das escórias de alumínio importadas pela Metalimex foi concluída em 1998.
A associação ZERO alertou esta segunda-feira para as consequências
ambientais de um depósito ilegal de cerca de 30 mil toneladas de
resíduos perigosos perto das antigas instalações da empresa Metalimex,
junto ao Complexo Municipal de Atletismo de Setúbal.
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O Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) lembra que a
reexportação das escórias de alumínio importadas pela Metalimex foi
concluída em 1998 e adianta que a Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT) já está a
verificar a situação denunciada pela associação ZERO.
Segundo um comunicado hoje divulgado pela ZERO, os resíduos perigosos
encontrados a cerca de 600 metros da antiga empresa Metalimex poderão
ser "uma parte substancial" das escórias de alumínio que foram
importadas da Suíça e que, "supostamente, tinham sido enviadas para a
Alemanha em 1998".
"Poderemos estar confrontados com uma situação de um grave risco
ambiental, se tivermos em consideração que estes resíduos perigosos
estiveram em contacto com o ambiente durante todo este tempo, podendo
ter originado situações de poluição do solo e das águas superficiais e
subterrâneas", adverte o comunicado.
A associação ZERO adianta que já alertou o MAAC e que solicitou o
apuramento de responsabilidades pela existência deste depósito ilegal de
resíduos perigosos, que considera ser "um atestado de total
incapacidade das autoridades ambientais portuguesas que, ao longo de
mais de 20 anos, desconheceram a sua existência".
A ZERO solicitou também ao MAAC que disponibilize o relatório da
empresa de consultoria Bureau Veritas, que na altura auditou o processo
de exportação dos resíduos para a Alemanha, que dê um destino adequado
aos resíduos perigosos detetados em Setúbal e que proceda a uma
"avaliação da eventual contaminação do solo e das águas subterrâneas do
local onde os resíduos estão depositados".
De acordo com a associação, os resultados das análises às amostras
que entretanto foram recolhidas revelaram a existência de diversos tipos
de resíduos perigosos -- conforme a classificação atribuída pela União
Europeia -, alguns com grande composição em alumínio e outros metais, ou
com elevados teores de óxidos de alumínio, magnésio, enxofre, potássio e
cálcio, que lhes conferem características de perigosidade suscetíveis
de provocarem lesões oculares ou diversas patologias graves, incluindo
doenças cancerígenas.
No comunicado, a associação Zero lembra também que, entre 1987 e
1990, a Metalimex importou oficialmente 30 mil toneladas de escórias de
alumínio da Suíça e armazenou-as no Vale de Rosa, em Setúbal, com o
objetivo de instalar um estabelecimento industrial dedicado à
recuperação de alumínio e posterior fabricação de lingotes desse metal.
No entanto, ao contrário do que tinha anunciado, a Metalimex nunca
conseguiu reunir as condições necessárias para a recuperação daqueles
resíduos, pelo que, em outubro de 1991, foi notificada pela
Direção-Geral da Qualidade do Ambiente para apresentar um plano de envio
das escórias para os países de origem e assim minimizar os impactes
ambientais decorrentes do seu depósito.
A ZERO recorda também que, em 18 de maio de 1995, os Governos da
Suíça e de Portugal acordaram na reexportação e tratamento das escórias,
sendo determinado que o destino das mesmas seria uma empresa em Lunen,
na Alemanha, tendo os governos dos dois países (suportado os encargos da
referida operação, que terá custado cerca de nove milhões de euros.
Três meses depois, em 18 de agosto de 1995, um despacho do então
Ministério do Ambiente e dos Recursos Naturais obrigava a Metalimex a
proceder à reexportação das escórias de alumínio e à descontaminação dos
terrenos, decisão confirmada, posteriormente, em dezembro do mesmo ano,
pelo Supremo Tribunal Administrativo.
Certo é que a exportação das escórias para a Alemanha só teve a
primeira operação em maio de 1997, a que se seguiu uma outra em janeiro
de 1998 e um último carregamento, de 2.000 toneladas de escórias, em
dezembro de 1998, a que assistiu a então Ministra do Ambiente e atual
Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira.
Pelas contas da associação ZERO, a Metalimex, que tinha declarado
oficialmente a importação de 30 mil toneladas de escórias de
alumínio, conseguiu reexportar 42 mil toneladas.
Por explicar está também a origem das cerca de 30 mil toneladas de
resíduos perigosos que foram agora detetados pela associação Zero no
Vale da Rosa, perto das instalações da antiga Metalimex.
Confrontado pela agência Lusa com a denúncia da ZERO, o MAAC lembra
que o processo da reexportação das escórias rececionadas pela Metalimex,
na sequência de um acordo entre os Governos de Portugal e da Suíça, foi
desencadeado em 1995 e concluído em 1998 com o envio do último
carregamento para tratamento fora de Portugal, observando as devidas
condições de movimento e transferência desses materiais.
Em resposta à agência Lusa, o MAAC referiu ainda que "a CCDRLVT já se
deslocou ao terreno para confirmação no local desses depósitos,
encontrando-se a cumprir as devidas diligências no sentido de fazer
aplicar a lei".
* Com a actual liderança no Ambiente, quase tudo o que é mau é possível.
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