18/12/2018

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HOJE  NO
"DINHEIRO VIVO"
Banco de Portugal.
 Exportações complicam vida 
da economia até 2021

Para o banco central, a economia só deve crescer 1,8% em 2019. O governo fez o Orçamento a contar com uma expansão de 2,2%.

O crescimento da economia portuguesa foi revisto em baixa relativamente a este ano e o próximo e o País deve perder fulgor até 2021, sobretudo por causa da procura externa mais incerta e fraca, antevê o Banco de Portugal (BdP) no boletim económico do inverno, divulgado esta terça-feira. 

 Em vez de crescer 2,3% (como estimava o BdP no verão), a economia deve avançar 2,1% em 2018. O governo, no Orçamento do Estado de 2019 (OE2019) revelado em outubro, também estava a contar com 2,3% para o ano corrente.

No ano que vem, a revisão em baixa é marginal (menos uma décima do que há seis meses): a economia deve crescer assim 1,8% em vez de 1,9%. O OE2019 assenta no pressuposto de que a atividade interna vai crescer mais (2,2%). 

O Banco de Portugal também vê incertezas maiores sobre o andamento das exportações e refere este fenómeno como o principal atrito para a retoma da economia nos próximos três anos.  
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“A economia portuguesa deverá prosseguir uma trajetória de crescimento da atividade, embora em desaceleração, no horizonte 2018-21, em linha com as projeções para o mesmo período publicadas para o conjunto da área do euro pelo Banco Central Europeu (BCE).” 

O produto interno bruto (PIB) deve crescer “2,1% em 2018, 1,8% em 2019, 1,7% em 2020 e 1,6% em 2021”.

“Os valores para o horizonte 2018-19 implicam um crescimento ligeiramente inferior do PIB em 2018 e 2019 face às estimativas divulgadas nos boletins económicos de junho e outubro, essencialmente devido a uma revisão em baixa do crescimento das exportações, que reflete a revisão das hipóteses relativas à evolução da procura externa e a incorporação da informação mais recente”, diz o Banco. 

 “O enquadramento externo está na origem dos principais fatores de risco e incerteza que rodeiam a atual projeção, contribuindo para riscos descendentes para a atividade e ligeiramente ascendentes para a inflação”, acrescenta o novo estudo. 

Só para se ter uma noção, em junho, o Banco de Portugal calculava que as exportações totais de Portugal pudessem aumentar 5,5% e 4,6% no próximo. Já não deve ser assim: as novas contas dizem 3,6% e 3,7%, respetivamente. Em 2019, o governo está à espera de uma expansão superior, à volta de 4,6%.

Menos investimento em 2018, mais em 2019
Ainda segundo o BdP, a subida do investimento fixo total (novo investimento, privado e público) será mais fraca este ano, mas mais forte em 2019, comparando com as projeções do verão. Deve rondar os 3,9% em 2018, acelerando para 6,6%. Há seis meses, o BdP dizia 5,8% e 5,5%, respetivamente. 

“Durante o período de recuperação iniciado em 2013, observou-se uma recuperação da Formação Bruta de Capital Fixo empresarial [FBCF, investimento novo] mais significativa do que as restantes componentes do investimento e um aumento do peso das exportações no PIB com destaque para o aumento da relevância do turismo”. 

 “As atuais projeções têm subjacente a continuação destas tendências, consistentes com um perfil de crescimento mais sustentável da economia portuguesa”, escreve o Banco governado por Carlos Costa. 

Neste cenário, o desemprego desce, mas mais devagar. 
“Após um crescimento muito dinâmico em 2017, o emprego deverá retomar, em média, no horizonte de projeção, uma evolução mais em linha com a sua relação histórica com a atividade, o que permitirá a continuação de uma trajetória descendente da taxa de desemprego, embora mais moderada do que nos anos recentes. A taxa de desemprego deverá situar-se em 5,3% no final do horizonte de projeção”. 

Em 2019, a taxa de desemprego cai para 6,2% da população ativa. Aqui, o governo até é ligeiramente menos otimista. O OE2019 está feito para um nível de desemprego na ordem dos 6,3%.

* De há duas semanas a esta parte os principais órgãos  de comunicação especializados em economia referem todos os dias dificuldades económicas para os próximos anos, curiosamente no governo impera o sorriso, estranho.


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