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MP abre inquérito contra magistrada
que investiga morte nos comandos
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou esta quinta-feira que
recebeu uma participação relacionada com factos referentes ao processo
dos Comandos visando a magistrada Cândida Vilar, tendo sido instaurado
um inquérito-crime e um processo de averiguação disciplinar.
"Na
sequência dessa participação foi instaurado um inquérito-crime. Este
inquérito corre termos no Ministério Público da Procuradoria-Geral
Distrital de Lisboa, encontra-se em investigação e não tem arguidos
constituídos. Foi igualmente determinada a abertura de um inquérito para
averiguação de eventual responsabilidade disciplinar da magistrada",
informou a assessora de imprensa da PGR em resposta à agência Lusa.
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COMANDOS MORTOS POR NEGLIGÊNCIA |
Este último inquérito encontra-se previsto no Estatuto do Ministério
Público e tem por finalidade a averiguação de factos determinados e na
sequência do resultado deste será decidida a instauração ou não de
processo disciplinar, precisa a PGR.
A Procuradoria refere ainda que um dos arguidos do processo dos Comandos
apresentou um incidente de recusa da procuradora titular desse mesmo
inquérito, Cândida Vilar, tendo em vista o seu afastamento."O mesmo foi
apreciado pela respetiva hierarquia, tendo sido indeferido, mantendo-se,
assim, a magistrada como titular do inquérito", esclareceu a assessoria
de imprensa, adiantando que recentemente foram também apresentados
requerimentos em que é referenciada a diretora do Departamento de
Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, os quais se encontram em
fase de apreciação
Horas antes, uma fonte do MP disse à Lusa
que Cândida Vilar foi alvo de um processo disciplinar relacionado com o
incidente de recusa desta procuradora suscitado por Alexandre Lafayette,
advogado de dois militares arguidos no inquérito-crime sobre a morte
dos recrutas Hugo Abreu e Dylan da Silva.
Segundo
a mesma fonte, o advogado contestou a ilegalidade das detenções e as
considerações feitas sobre os arguidos, num despacho proferido pela
magistrada do MP, imputando-lhe a prática de denegação de justiça e
prevaricação.
A fonte referiu que a
abertura do procedimento disciplinar visando Cândida Vilar causou
"surpresa", tanto mais que "todas as chefias da magistrada sabiam do
teor do despacho e nunca fizeram qualquer reparo".
Na
opinião da fonte, a decisão surpreende também por ocorrer quando estava
previsto para breve a conclusão da investigação à morte dos recrutas.
A
queixa para afastar Cândida Vilar foi dirigida à diretora do
Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), Lucília Gago, que
rejeitou o pedido de recusa, tendo a iniciativa processual de Alexandre
Lafayette sido também comunicada à Procuradora-Geral Distrital de Lisboa
(PGDL), Maria José Morgado, e à Procuradoria-Geral da República,
relatou a fonte.
O inquérito à morte
dos recrutas, em setembro de 2016, durante o curso de Comandos, tinha
concluído esta semana a inquirição das testemunhas, faltando apenas um
parecer de um assessor militar para que fosse proferido o despacho final
(acusação ou arquivamento).
O
inquérito do MP investiga a morte dos dois recrutas e também factos
relacionados com outros instruendos que receberam assistência
hospitalar, durante o treino do 127.º Curso de Comandos, na região de
Alcochete, distrito de Setúbal, a 04 de setembro.
Segundo
o MP, num despacho de novembro, a natureza dos crimes e a atuação dos
suspeitos revelam "personalidades deformadas, (...) com vista a criar um
ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e
psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com
a natureza humana".
Os envolvidos,
adianta o despacho, tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas
que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam
em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução.
No
entender do MP, "a atuação reiterada dos suspeitos" revela um
"manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas
vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis".
* O maquiavelismo castrense contra a investigação criminal.
* O maquiavelismo castrense contra a investigação criminal.
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