HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Banco de Espanha dá por perdidos 60,6 mil milhões de euros de ajudas à banca
A autoridade monetária espanhola divulgou esta sexta-feira um relatório sobre a crise financeira e bancária no país e concluiu que haverá perto de 61 mil milhões de euros de ajudas que concedeu às "cajas" que ficarão por receber. Ou seja, 69% do dinheiro que emprestou não será devolvido.
"Relatório sobre a crise financeira e bancária em Espanha, 2008-2014". É este o título do documento hoje publicado
pelo Banco de Espanha na sua página online, que dá conta sobretudo da
sua actuação durante a crise do sector financeiro naquele período, se
bem que o balanço remonte ao ano 2000 – ano em que a bolha creditícia
ainda não tinha dado sinais, conforme sublinha o Cinco Días.
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Ao
longo de 276 páginas, este relatório diz que as medidas para evitar a
crise financeira foram "claramente insuficientes", destaca o Expansión.
Com efeito, este Livro Branco reconhece que, durante a formação da bolha
do crédito, e posteriormente - aquando dos desequilíbrios que acabaram
por penalizar as entidades financeiras -, os instrumentos regulatórios
do banco central não foram suficientes.
No
entanto, a autocrítica fica-se por aqui, não havendo avaliação das
restantes autoridades durante a crise, refere o mesmo jornal. Mas o
supervisor valoriza o facto de ter conseguido alcançar o objectivo
principal, que era evitar a falência de um grande número de entidades –
algo que teria tido "efeitos demolidores" na estabilidade do sistema, na
economia real e no emprego, frisa por seu lado o Cinco Días.
O
supervisor, presidido durante o período analisado por Jaime Caruana
(2000-2006), Miguel Ángel Fernández Ordóñez (2006-2012) e Luis María
Linde, assinala em particular a "escassa implementação à escala
internacional de esquemas de identificação atempada de riscos
financeiros de carácter sistémico e de ferramentas de política
macroprudencial", refere o El Mundo. É esse o motivo, na opinião do
Banco de Espanha, para as suas próprias limitações no que diz respeito a
uma focalização mais eficiente na prevenção da crise à escala tanto
global como nacional.
Um dos aspectos analisados é o do custo da
crise, tanto do ponto de vista do contribuinte como dos accionistas.
Segundo as contas do banco central, os resgates públicos representaram
um desembolso de capital de 64.098 milhões de euros, a que se somam mais
10.390 milhões em programas de protecção de activos e mais 1.922
milhões em garantias, diz o Expansión.
A este custo que
teve o Estado espanhol há agora que subtrair o dinheiro que for
recuperado com a venda dos activos nacionalizados. E actualmente a
projecção do supervisor passa por recuperar 12.198 milhões de euros –
"se bem que, como as vendas do BFA-Bankia, Banco Mare Nostrum (BMN) e
Sareb estão ainda pendentes, estes valores não são mais do que
estimativas", ressalva o jornal espanhol.
O Expansión
acrescenta que, até ao momento, os contribuintes conseguiram recuperar
apenas 4.139 milhões de euros, através de desinvestimentos e reembolsos
geridos pelo Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (Frob), veículo
criado por Madrid para apoiar o sector. A somar aos 12.198 milhões que o
governo prevê ainda recuperar, o total será de 16.337 milhões de euros.
Se
o Estado conseguir recuperar os 12.000 milhões previstos com a venda do
Sareb e da fusão Bankia-BMN, o Banco de Espanha reconhece que ficarão
dados como perdidos 60.613 milhões de euros de dinheiros públicos –
emprestados sobretudos às "cajas".
Deste valor perdido, o
Banco de Espanha estima em 27.344 milhões de euros o total não
recuperável das ajudas que os contribuintes destinaram à reestruturação
do sistema financeiro, refere por seu lado o El Mundo. "São, grosso
modo, sete em cada dez euros destinados às antigas ‘cajas de ahorro’,
basicamente o Bankia, Catalunya Banc, Novacaixagalicia e Banco de
Valencia", acrescenta.
O ministro espanhol da Economia
disse esta sexta-feira, citado pelo Expansión, que confia que se irá
"recuperar o máximo possível" das ajudas à banca, sublinhando que o
Bankia "vale muitíssimo dinheiro".
No entanto, acrescentou
Luis de Guindos, para se ter números finais será necessário esperar
pelo "resultado final" do Sareb, conhecido como ‘banco mau’, assim como
pela fusão entre o Bankia e o BM.
* A banca, sanguessuga como é hábito.
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