HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Ferritina, a diferença entre viver
ou morrer de septicemia
Uma
investigação única no Mundo, liderada pelo cientista Miguel Soares, é
publicada esta quinta-feira numa das mais prestigiadas revistas
científicas, a "Cell", dando conta que a produção de ferritina pode ser a
diferença entre morrer ou sobreviver a uma septicemia.
A
sépsis é uma resposta descontrolada do corpo, que provoca alterações
significativas no funcionamento de órgãos vitais - como o cérebro, o
coração, os rins, o fígado ou os pulmões -, e mata 18 milhões de pessoas
por ano no Mundo inteiro. Mas muitos outros sobrevivem. Então, qual é o
mecanismo protetor que têm estes últimos?
.
.
Esta
foi a resposta que a equipa de Miguel Soares procurou numa investigação
que conta cinco anos, com a chancela do Instituto Gulbenkian da Ciência
e cujo resultado chega esta quinta-feira à revista "Cell", avançando
que o segredo está na ferritina, uma proteína absolutamente necessária
para que o fígado produza glucose: um açúcar que nos pode proteger de
sucumbir à sépsis.
Começar pelo princípio
Quando ficamos infetados, ficamos sem
apetite e paramos de comer. Como não conseguimos absorver a glucose
através da comida, vamos produzir essa glucose no fígado, o que é,
absolutamente, essencial. "Quando surge uma septicemia, primeiro há um
aumento dessa produção, porque o cérebro avisa que há perigo, mas depois
a mesma diminui", explica Miguel Soares.
O
investigador avança que "não há problema no facto de os genes que
produzem a glucose ficarem inibidos" desde que "não passe de um certo
ponto". "E quem é que controla isto? A ferritina", responde.
"A
ferritina vai agarrar no ferro e não vai deixar que este oxide, pois,
caso contrário, as células do fígado já não produzem a glucose",
pormenoriza.
Resumindo, o controlo do
metabolismo do ferro é fundamental para que o fígado produza glucose; e a
glucose é essencial para proteger o doente da morte por septicemia.
Miguel
Soares salvaguarda que "esta investigação foi feita em ratinhos" mas
que "é uma prova muito forte" e congratula-se com o facto de ser
publicado na "Cell", uma revista que "rejeita 95% dos artigos que lhe
são enviados".
Este estudo foi
conduzido pelo Instituto Gulbenkian da Ciência em colaboração com Jena
University Hospital, na Alemanha; e com a University Claude Bernard
Lyon, em França; tendo sido financiado pela Fundação para a Ciência e a
Tecnologia pelo Programa Harvard Medical School Portugal, pelo Conselho
Europeu de Investigação, pela Deutsche Forschungsgemeinschaft, pelo
Ministério de Educação e Investigação Federal Alemão, pela Agência
Nacional de Investigação Francesa, e pela Medical Research Foundation.
* Inteligência portuguesa e brilhante.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário