HOJE NO
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Lava Jato.
Documentação apreendida
dá um tiro na oposição
Não só Lula e PT parecem sair do Lava Jato. De
tanto levantar pedra, a lama cai em todos os lados. Há mais de 200
políticos financiados pela Odebrecht
“O ‘Jornal
Nacional’ não vai divulgar os nomes de políticos listados. O motivo é
simples: além de a polícia não saber ainda se cometeram alguma
ilegalidade, a lista inclui mais de 200 pessoas de todos esses partidos.
Não faria sentido escolher uns e omitir outros. E o tempo não nos
permitiria divulgar todos”, foi assim que justificou o principal
telejornal da televisão brasileira, da Rede Globo, a não divulgação dos
nomes que constam da lista de financiamentos da construtora Odebrecht a
mais de 200 políticos de duas dezenas de partidos.
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Por mera
coincidência, e embora esta parte da operação Lava Jato tenha sido
desenhada para apanhar dois “marqueteiros” do PT, nem Lula da Silva nem
Dilma Rousseff constavam da lista dos políticos alegadamente corrompidos
pela maior construtora do mundo. Provavelmente, se estivessem, os
jornalistas da Globo não resistiriam à notícia.
Infelizmente para os
espetadores desta televisão, apenas estão na listagem a maior parte dos
nomes que fazem parte ativa do processo de impeachment.
A Polícia Federal apreendeu na 23.a fase da Operação Lava Jato,
batizada de “Acarajé”, realizada no dia 22 de fevereiro, uma lista de
políticos que receberam dinheiros da construtora Odebrecht, uma das
principais empresas envolvidas no esquema de corrupção investigado pela
justiça brasileira. Entre os nomes encontrados estão políticos de quase
todos os partidos brasileiros.
Há gente que terá recebido financiamento
da construtora dos seguintes partidos: PT, PMDB, PSDB, PP, PSB, DEM,
PDT, PSD, PC do B, PPS, PV, PR, PRB, SD, PSC, PTB, PTN, PT do B, PSOL,
PPL, PTB, PRP, PCB e PTC.
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Entre os senadores constam da lista: Renan
Calheiros (PMDB-AL), Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), Gleisi
Hoffmann (PT-PR), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Romero Jucá (PMDB-RR).
Entre os deputados estão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), e Celso Russomanno (PRB-SP). Basicamente, está muita da
política brasileira, mas o mais importante, o quartel-general do
impeachment, alegadamente contra a corrupção do governo PT, está lá em
peso.
Ao contrário do que sucedeu às escutas ilegais feitas à presidente
Dilma Rousseff e ao ex--presidente Lula da Silva, o juiz federal Sérgio
Moro decretou nesta quarta-feira, 23, sigilo sobre a listagem da
Odebrecht que envolve dezenas de políticos e partidos como supostos
destinatários de valores da empreiteira. O magistrado pediu ao
Ministério Público Federal que se manifeste sobre a “eventual remessa”
da documentação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A argumentação do juiz é a presunção de inocência, e o facto de a
construtora alegar que tudo não passava de financiamentos legais, estes
argumentos não têm colhido com as outras acusações feitas ao
ex-presidente Lula, como as supostas casas de milhões de euros que teria
comprado.
No seu despacho estabelecendo o sigilo sobre a listagem, o juiz Moro
diz que pode haver “prematura conclusão” quanto à natureza desses
pagamentos. “Não se trata de apreensão no Setor de Operações
Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou,
notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”,
justifica o juiz.
As autoridades estão a interrogar Marcelo Odebrecht, herdeiro da
empresa, e a antiga secretária do grupo que aceitou fazer “delação
premiada” depois da prisão, para identificar quais são as verbas
inscritas nas listas que correspondem a financiamentos legítimos, e
quais delas podem indicar verbas ilegais e para corromper decisores
políticos.
A ex-secretária, depois de presa e solta, ajudou na identificação dos
políticos, a maioria dos quais consta com pseudónimo, que estão nas
listas de dinheiro dado pela empresa, nomeadamente os senadores Humberto
Costa (PT-PE), Aécio Neves (PSDB-MG), Lindbergh Farias (PT-RJ), Patrus
Ananias (ministro do Desenvolvimento Social), o prefeito do Rio, Eduardo
Paes (PMDB), o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o deputado Mendonça
Filho (DEM-PE).
Os valores registados nas listagens têm o financiamento a 316
políticos e 22 partidos e ultrapassam os 75 milhões de cruzeiros, cerca
do dobro do valor declarado como doações do grupo empresarial nas
prestações de contas que os candidatos apresentaram à Justiça Eleitoral
(38 milhões). As disparidades reveladas pela documentação apreendida não
ficam por aqui: sete empresas do grupo Odebrecht terão atuado como
“patrocinadoras” de políticos que concorriam a eleições. No entanto,
apenas três dessas empresas aparecem na contabilidade oficial dos
partidos – as outras quatro não existem nos documentos que os partidos
políticos brasileiros entregaram às autoridades eleitorais.
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Mas não só políticos que disputavam eleições tinham direito à
generosidade da construtora: na documentação apreendida na operação
policial consta uma lista de contribuições a políticos históricos. Entre
eles estão Sérgio Cabral (PMDB), então governador do Rio, e Luiz
Fernando Pezão (PMDB), na época vice-governador. Também são citados na
lista de “históricos” os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Jorge
Picciani (PMDB-RJ), o vice-governador do Rio Francisco Dornelles (PP) e o
senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Como escreve o editor do site Outras Palavras, António Martins,
depois do Lava Jato e da “mãe de todas as listas” é precisa uma reforma
política no Brasil que proíba, entre outras coisas, os financiamentos
das empresas privadas.
* Se, dentro da maior modéstia e num futuro próximo, os pensionistas deste blogue tiverem de pedir desculpa a Lula da Silva, por terem acreditado no seu envolvimento em actos de corrupção, fá-lo-ão com humildade e alegria!
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