ONTEM NA
"DELAS"
Mais anorexia nervosa, mais depressão,
. mais ansiedade e suicídio
As
depressões, as perturbações por ansiedade e as demências registam as
mais altas proporções nos Cuidados de Saúde Primários, desde 2010. De
acordo como os resultados ‘Saúde Mental em Números 2015’, apresentados
esta quinta-feira, 24 de março, pela Direção-Geral de Saúde, a demência e
ansiedade registam taxas mais altas no Alentejo, enquanto as
perturbações depressivas parecem ter prevalência mais elevada na região
Centro.
Entre 2011 e 2014, a proporção de utentes com demências face aos
inscritos nos Cuidados de Saúde Primários duplicou em Lisboa e Vale do
Tejo e no Alentejo e quase triplicou no Algarve. No Norte e Centro, a
taxa também subiu, no mesmo período, mas de forma menos acentuada.
A ansiedade, tendo em conta o mesmo intervalo temporal, duplicou no
Alentejo e em Lisboa e Vale do Tejo. Resultados semelhantes se aplicam
aos utentes com depressão. Neste capítulo, destaque para o crescimento
acentuado no Algarve, no já referido período considerado.
Anorexia nervosa cresce entre as mulheres adultas
Os casos de anorexia nervosa estão a aumentar. De acordo com os dados
do estudo, houve uma duplicação dos utentes do sexo feminino saídos de
hospital, com idades compreendidas entre os 18 e os 39 anos, subindo dos
56 casos para os 120, em Portugal Continental. Registam, porém, menos
dias de internamento.
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No mesmo período, mas no que diz respeito a jovens dos 0 aos 17, o
valor desceu dos 69, em 2013, para os 65, em 2014. A bulimia nervosa
parece registar a tendência contrária à da anorexia. Com muito menos
casos apontados, há até uma estabilização entre os dados de 2013 e 2014,
no que diz respeito ao sexo feminino.
Consumo de ansiolíticos e antidepressores sobe
Os medicamentos contra a depressão continuam a sua escalada, desde
2010. “A continuação do acréscimo prescritivo em todos os grupos
farmacológicos, com ênfase para os antidepressores e os ansiolíticos: se
os primeiros não acionam qualquer alarme na comparação internacional,
os segundos, que integram sobretudo benzodiazepinas, mantêm este grupo
farmacológico em níveis de risco para a saúde pública”, alerta o
relatório.
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Recorde-se que as benzodiazepinas mais prescritas (o
alprazolam e o lorazepam) são as que têm maior potencial ansiolítico e,
com isso, maior tolerância e dependência, havendo algumas indicações
científicas que fazem corresponder a toma destes medicamentos a défices
cognitivos e mesmo situações de demência.
Número de suicídios aumenta
Há quase mais 150 casos de suicídio em Portugal continental em 2014
do que em 2013, estando agora os 1154 casos de lesões autoprovocadas
intencionalmente. Um valor apresentado no estudo ‘Saúde mental em
números – 2015’ e que ressalva o facto de ter entrado em funcionamento
um modo modelo de contabilização destes dados.
De acordo com o relatório apresentado pela Direção-Geral de Saúde, a
taxa de mortalidade por suicídio em 2014 é a mais alta deste período de
crise económica, ficando estabelecida nos 11,7 por 100 mil habitantes,
em 2014. Recorde-se que, em 2012 e 2013 estava fixada nos 10,1, por 100
mil habitantes.
Os homens põem mais termo à vida do que as mulheres – o estudo aponta
para uma prevalência três vezes superior. Os níveis de ruralidade e de
privação estão, no caso do sexo masculino, bastante associados a esta
taxa e os autores do estudo admitem que “as mudanças recentes destes
padrões podem resultar do atual período de crise”.
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Se a crise económica e austeridade estão ou não na base deste
aumento, os responsáveis do relatório “Saúde Mental em números” são
cautelosos na hora de estabelecer a correlação, lembrando “não existirem
estudos com base na revisão bibliográfica que comprovem ligação entre
crise económica e mortalidade por suicídio em Portugal ao nível local”,
lê-se no documento.
Contudo, o trabalho apresentado em 2015, ‘Suicídio em Portugal:
determinações espaciais num contexto de crise económica’ não excluía a
hipótese: “as alterações recentes nas tendências suicidas podem resultar
do corrente período de crise económica e social”, lê-se no relatório
agora apresentado.
A morte por suicídio mantém-se superior no Sul, com o Alentejo e
Algarve a registarem os maiores números, e ilhas do que no Norte, mas a
tendência dos últimos dois anos aponta para uma taxa de mortalidade a
subir no caso dos homens no Norte, centro e Lisboa e vale do Tejo e
descendo no Sul. No caso das mulheres, a taxa decresceu no Centro e
Alentejo, mas subiu no Sul.
O relatório da DGS alerta para a taxa de suicídio nas Regiões
Autónomas, “não menos atingidas pela crise económica que o Continente”,
com particular destaque para os resultados registados nos Açores.
“Destacamos a preocupante taxa de suicídio em jovens do sexo masculino
com idades entre os 15 e os 24 anos, acima dos 25 por 100.000
habitantes, bem como na faixa etária entre os 35 e os 44 anos
(35,7/100.000), que nesta região se destaca quando comparada com as
restantes faixas etárias”, lê-se no documento.
* Suicídio, problema social de extrema gravidade.
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