HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
São José tinha indicação para
transferir doentes com aneurisma
Segundo um relatório publicado esta
segunda-feira no seu site, o regulador abriu um processo de inquérito
para averiguar o que se passava no Hospital de São José, na sequência de
notícias divulgadas em janeiro de 2015 que davam conta de que os
doentes que entravam naquela unidade com rutura de aneurisma cerebral, a
partir das 16 horas de sexta-feira, teriam de esperar até segunda-feira
para serem tratados.
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Foi o que aconteceu em dezembro do
ano passado, quando foi conhecido que um jovem de 29 anos transferido
numa sexta-feira do Hospital de Santarém para São José acabou por morrer
com uma hemorragia cerebral enquanto esperava tratamento.
Este
problema deve-se à suspensão das escalas de prevenção aos fins-de-semana
da Neurocirurgia-Vascular desde abril de 2014 e da Neuroradiologia de
Intervenção desde 2013, no Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC),
que engloba o Hospital de São José.
Tendo avaliado as
circunstâncias do que foi noticiado em janeiro, a ERC emitiu uma
recomendação ao CHLC, hoje noticiada pelo jornal Público, para que "nas
situações em que constata não possuir capacidade para a prestação de
cuidados de saúde específicos, nomeadamente, realização de cirurgias em
situação de rotura de aneurisma cerebral por falta de recursos humanos
especializados, essenciais à sua realização, os utentes sejam
encaminhados para unidade hospitalar que garanta a prestação dos
cuidados de saúde necessários".
Dos factos apontados no relatório,
lembra a ERS que "quando um aneurisma rompe, os doentes devem ser
tratados nas primeiras 24 horas pela equipa de neurorradiologia ou pela
neurocirurgia", o que "deixou de acontecer" nos últimos dois anos aos
doentes que entram em São José ao fim de semana.
E sublinha que, "apesar de o Hospital de Santa Maria ter intervenção ao fim de semana, os doentes não estão a ser encaminhados".
O
CHLC reconheceu ser comum em situações de emergência e dificuldade
assistencial o contacto inter-hospitalar, incluindo com Santa Maria, mas
alegou não ter conhecimento de "situações fatais", "sequelas graves" ou
"reclamações de familiares ou doentes".
Acresce que a
transferência para outras unidades hospitalares destes doentes é
limitada pelo facto de a mobilização e transporte na fase aguda não ser a
mais adequada conduta médica, justificou o CHLC.
"Além do mais, existem neurocirurgiões 24h sobre 24h no Hospital de São José", acrescenta.
Mas
a presença destes especialistas não é suficiente, como reconhece o
próprio hospital, que afirma que a indisponibilidade de outros
profissionais para integrarem as escalas de prevenção inviabiliza a
construção de equipas para o tratamento desta patologia.
Assim,
face a estes constrangimentos, o hospital instituiu como prática "manter
os doentes sob ativas medidas de controlo clínico e terapêutico, até ao
tratamento específico do aneurisma, sem complicações significativas",
ou seja internados nos cuidados intensivos em "permanente monitorização e
avaliação da sua evolução".
O regulador entendeu arquivar o
processo de inquérito por o comportamento do hospital não ter, naquela
altura, violado os direitos e interesses legítimos dos utentes,
designadamente o direito de acesso os cidadãos aos cuidados de saúde no
âmbito do SNS.
* Somos um país de negligências justificadas e de impunidade crónica.
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