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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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BPI regista projecto de separação
dos activos africanos mesmo com
Isabel dos Santos contra
O projecto de cisão dos activos africanos do BPI,
necessária para o cumprimento das exigências do BCE, foi alvo de pedido
de registo. A segunda maior accionista está contra. E sem acordo, o
regulador angolano não analisa.
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"O Banco BPI, S.A. informa que foi nesta data apresentado a registo, na Conservatória do Registo Comercial, o projecto de cisão-simples do Banco BPI". O comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) torna pública a oficialização da separação entre o negócio bancário nacional do BPI e os seus activos africanos, de forma a cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE). Mas há um senão: a Unitel de Isabel dos Santos, está contra. Sem o seu sim, o regulador angolano não analisa a operação. E sem a sua análise, não pode haver registo do divórcio entre o BPI nacional e a sua participação naquele país.
"O Banco BPI, S.A. informa que foi nesta data apresentado a registo, na Conservatória do Registo Comercial, o projecto de cisão-simples do Banco BPI". O comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) torna pública a oficialização da separação entre o negócio bancário nacional do BPI e os seus activos africanos, de forma a cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE). Mas há um senão: a Unitel de Isabel dos Santos, está contra. Sem o seu sim, o regulador angolano não analisa a operação. E sem a sua análise, não pode haver registo do divórcio entre o BPI nacional e a sua participação naquele país.
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Esta segunda-feira, 28 de Dezembro, ocorreu o pedido de registo do
projecto de separação entre o banco nacional e os seus activos em Angola
e Moçambique, que tem várias condições para que o mesmo venha a ser
concretizado. Desde logo, a confirmação de que o BCE considera que a
cisão vai cumprir as exigências que faz: Frankfurt exige um maior consumo de capital
às participações em Angola e Moçambique, já que a Comissão Europeia não
considera os reguladores daqueles países como tendo uma supervisão
equivalente à sua, o que obriga a uma redução da exposição àqueles
mercados. O BPI optou pela separação dos activos para cumprir tal
exigência.
No âmbito dessa cisão, o Banco BPI perde a
participação de 50,1% no angolano Banco de Fomento de Angola (BFA), e as
posições que tem em bancos moçambicanos: de 30% no Banco Comercial e de
Investimentos e ainda de 100% no BPI Moçambique – Sociedade de
Investimentos. A base accionista do BPI fica, na mesma proporção, como
base accionista da nova sociedade criada para gerir estas participações
sociais.
O problema de Isabel dos Santos
O grande problema na separação está, neste momento, em Angola. O BFA é
detido, na maioria do seu capital, pelo BPI. A Unitel, de Isabel dos
Santos, controla os restantes 49% do BFA. A empresária angolana é, além
da segunda maior accionista do BFA, a segunda maior accionista do
próprio BPI através da Santoro.
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Desde que, em Outubro, a Unitel mostrou desagrado com a separação dos
activos africanos, a gestão de Fernando Ulrich tem tentado contornar a
posição. "A comissão executiva do conselho de administração do BPI
promoveu um conjunto de actuações que envolveram conservações com a
Unitel e com os dois maiores accionistas do Banco BPI (CaixaBank e
Santoro) com vista a definir ajustamentos aos termos da cisão que
permitissem obter uma alteração desta posição da Unitel", indica o
comunicado à CMVM. Sem sucesso: "até ao momento, não permitiram alcançar
os ajustamentos aos termos da cisão que permitissem conciliar aquele
objectivo com os aspectos de ordem regulatória que é necessário
acautelar".
O problema do Banco Nacional de Angola
Sem acordo entre a Unitel e o BPI, o Banco Nacional de Angola, o
regulador angolano, não vai pronunciar-se sobre a operação. "Por carta
de 10 de Dezembro último, o Banco Nacional de Angola deu nota ao Banco
BPI, entre outros aspectos, de que, considerando a existência de um
acordo parassocial entre o Banco BPI e a Unitel, S.A. nos termos do qual
é proibida a transmissão das participações por cada um detidas no BFA
sem o acordo entre eles relativamente a essa transmissão, apenas poderá
analisar o pedido apresentado […] após acordo entre o Banco BPI e a
Unitel, S.A".
O BNA tem de se pronunciar sobre a mudança feita no BFA e a sua não
oposição (ou seja, autorização) é, aliás, um dos pontos essenciais para
que o projecto de cisão se concretize. Ou seja, sem a sua posição, o
registo na Conservatória, cujo pedido foi feito esta segunda-feira, não
se pode efectivar.
A assembleia sem data que devia ter acontecido em Novembro
Mesmo sem o acordo, o BPI manteve o projecto em cima da mesa e deu,
até, mais passos sobre o mesmo: "O conselho de administração do Banco
BPI deliberou, sem abstenções e apenas com o voto contra do
administrador Dr. Mário Silva [representante da Santoro], prosseguir com
o processo de cisão iniciado em 30 de Setembro último, promovendo o
registo do respectivo projecto e solicitando ao presidente da mesa da
assembleia-geral a convocação de uma reunião deste órgão para se
pronunciar sobre esse projecto".
Ainda não há data para as reuniões que vão juntar accionistas e
obrigacionistas e que terão este tema como central. O comunicado apenas
refere que o objectivo é "convocar proximamente" tais encontros.
A intenção inicial da equipa de Fernando Ulrich era concretizar a assembleia-geral em Novembro, o que não aconteceu, tendo também em conta os obstáculos em Angola.
Depois de pareceres, pedem-se as autorizações
"Foram
já apresentados todos os pedidos de autorizações e consentimentos"
necessários para que a operação se concretize, acrescenta o banco no
comunicado à CMVM. Além da confirmação do BCE (de que a cisão serve para
cumprir a operação) e da não oposição do BNA, também é preciso o sim
dos parceiros do BPI nas sociedades africanas: seja a Unitel, no BFA,
seja a CGD, no BCI.
Entretanto, já foram obtidos os pareceres
necessários do conselho fiscal do BPI e do revisor oficial de contas
independente: "Não merece qualquer reparo", é a conclusão de ambos sobre
o projecto de cisão.
* O sr. Fernando Ulrich deve ser um grande gestor bancário mas avaliou mal Isabel dos Santos, avaliou mal as mudanças nos mercados financeiros, entregou parte do BPI a quem não devia e vai perder. A banca portuguesa se não tiver o berço do Estado dá "o mestre", mal cheiroso.
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