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IN "SÁBADO"
24/09/15
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O tabu de sempre
Desde o governo do Bloco Central, entre 1983 e 1985, que vivemos ciclos
políticos contaminados por casos de corrupção. Desde aí que o combate à
corrupção tem sido encarado pelos partidos de poder como um instrumento
meramente retórico. O Bloco Central criou a Alta Autoridade Contra a
Corrupção, que foi um nado-morto, com poderes limitados de auditoria e
inexistentes de sanção. Não serviu para nada e, pelo contrário, agravou a
doença do já de si muito debilitado sistema judicial à época, com um
Ministério Público e uma PJ sem meios nem sensibilidade para enfrentar o
crime económico.
O cavaquismo defendeu-se dos escândalos
reforçando com prudência a PJ mas secundarizando o Ministério Público.
Apregoava o reforço de meios da PJ mas deixava o MP do então
procurador-geral Cunha Rodrigues a pão e água, sem meios técnicos e
humanos. Mais: criou leis inaplicáveis, como o tráfico de influências, e
com isso, o pântano de dinheiro negro, clientelismo e luvas em que
vivemos há duas décadas.
Chegaram os socialistas com António
Guterres e pouco ou nada mudou. O PS deu a Cunha Rodrigues uma parte do
que ele pedia – lei orgânica e o estatuto do MP – mas logo a lua-de-mel
se desfez com as investigações abertas a autarquias. Sócrates foi um
tempo de guerra aberta às magistraturas e de desvalorização total da
corrupção. O tabu que ia e vinha perpetuou-se e funciona como um adesivo
na boca de todos. Já nem o PCP ou o BE falam do assunto. Hoje, com a
ausência completa do tema da corrupção na campanha eleitoral, parece que
vivemos num oásis de exemplaridade. Ilusão perigosa que, mais tarde ou
mais cedo, vamos todos pagar caro.
IN "SÁBADO"
24/09/15
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