30/07/2015





599.
Senso d'hoje
  JOANA AMARAL DIAS
PSICÓLOGA
ACTIVISTA POLÍTICA
   SOBRE A SUA ACÇÃO POLÍTICA



MUDANÇA NO PENSAMENTO POLÍTICO
Mudei, mudei alguma coisa no sentido em que o mundo em 2003 – para dar um ponto de referência, no ano em que fui deputada –, e o mundo em 2015 são mundos muito distintos. De facto, esta cavalgada de austeridade e este desboroar do projeto europeu é algo que tem seis, sete anos. Portanto, quando fui deputada havia questões muito importantes do ponto de vista social, da igualdade, da distribuição de rendimentos, da justiça fiscal, mas neste momento os problemas políticos são de uma maior gravidade a nível europeu e nacional. Tudo piorou desse então. Isso fez mudar o meu pensamento político, fiquei mais pessimista e ainda mais crítica desta onda neoliberal que tem destruído a Europa.

TRABALHADORES
Neste momento a proletarização dos trabalhadores, dos cidadãos, das populações é de uma tal ordem de magnitude, a depauperização das pessoas é tão grave, que não faz sentido falar de esquerda e de direita, mas mais dos que estão de baixo e dos que estão em cima. Isto porque cada vez mais há uma minoria egoísta que detém os recursos e de certa forma os sonhos, as esperanças de todos, que acaba por esmagar os restantes 99%. Faz muito mais sentido perceber e ler a realidade nesta dicotomia dos de cima e de baixo do que propriamente esquerda e direita. Hoje em dia, por essa Europa fora, o eleitor do CDS, do PSD e até do PS, foi tão vítima de austeridade e tão castigado, vexado, e injustiçado com a austeridade como o eleitor do PCP ou do Bloco de Esquerda

SONDAGENS 
As sondagens, muitas vezes, são manipuladoras da opinião pública e pura e simplesmente são mal feitas. A minha sensibilidade como agente política é que há um movimento de mudança política em toda a Europa, em Portugal inclusivamente. Aliás, em Portugal tivemos as maiores manifestações de sempre desde o 25 de Abril. E ao contrário do que se diz, muito maior proporcionalmente do que as espanholas e do que as gregas. Falo com os nossos camaradas do Podemos que me dizem como é que metemos um milhão de pessoas na rua, porque se tivessem um décimo da população espanhola na rua aquilo acabava de certeza numa revolução. 

* Excertos de entrevista ao "OJE"


** É nossa intenção, quando editamos pequenos excertos de entrevistas, suscitar a curiosidade de quem os leu de modo a procurar o site do orgão de comunicação social, onde poderá ler ou ver a entrevista por inteiro. 



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