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DA MADEIRA"
Reabilitação dos reclusos está
. condicionada pela sobrelotação
.segundo antigo director
. condicionada pela sobrelotação
.segundo antigo director
O antigo diretor dos Serviços Prisionais Luís Miranda
Pereira afirmou hoje em Coimbra que "a reabilitação dos reclusos está
condicionada pela sobrelotação prisional", sendo necessária uma reforma
do parque penitenciário.
.
Os edifícios prisionais estão "inadequados" face à realidade e
foram-se "transformando em instrumentos insuficientes" desde os anos
1980, sendo necessário "um combate imediato à sobrelotação", defendeu
Luís Miranda Pereira, também o primeiro presidente do Instituto de
Reinserção Social.
Há uma "ausência de condições" que levou a um "estado de atraso no
nosso sistema penitenciário", apontou, sublinhando a necessidade de se
reformar o parque penitenciário, "com pequenas unidades autónomas, com
30 ou reclusos".
Para Miranda Pereira, tal "não quer dizer que não pode haver mais de
mil presos" num só estabelecimento, mas este "tem de ter unidades
geríveis".
"A inadequação do parque é uma evidência. Não é apagável pela prática
de remendos", tendo um atraso "de mais de 20 anos em relação a
Espanha", frisou, afirmando que o atual estado do parque penitenciário e
os cortes orçamentais "refletem-se na reabilitação" e reduzem "a
possibilidade de novas formas de tratamento".
Segundo o antigo diretor dos Serviços Prisionais, há "falta de
empenho político na atualização das políticas", recordando que as
possibilidades de reforma estrutural do sistema prisional "ficaram
sempre nas gavetas governamentais".
Miranda Pereira alertou ainda para a "manta da segurança", que pode
levar a uma imagem errada de que tudo funciona bem, "com bons muros e
bons agentes de segurança. Não importa o que se passa dentro das
cadeias".
O antigo diretor falava durante o seminário "Vigiar e punir: as
prisões no século XXI", promovido pelo Centro de Estudos Sociais da
Universidade de Coimbra.
Também no debate, estava presente o antropólogo e diretor de Serviços
de Organização, Planeamento e Relações Externas da Direção Geral dos
Serviços Prisionais, Semedo Moreira, que sublinhou alguns dados das
prisões portuguesas, como 7,1% dos reclusos serem analfabetos e 27,8%
terem apenas o 1.º ciclo do ensino básico.
A média de idades é de "37 anos", passam em média seis anos nos
estabelecimentos prisionais, quando têm trabalho este "é muito pouco
qualificado e têm uma baixíssima capacidade de resistência a
contrariedades", notou.
A doutoranda do programa de doutoramento Direito, Justiça e Cidadania
no Século XXI (DJC XXI), Paula Sobral, questionou o facto de, apesar de
haver uma diminuição "de 15% da criminalidade" em Portugal, registam-se
hoje mais reclusos no país.
"Se calhar o que se está a fazer é a criminalizar e a pôr nas cadeias
os pobres, os miseráveis" - uma espécie de resposta "aos marginais da
sociedade", apontou, afirmando que, "talvez 80% dos reclusos se calhar
não deviam estar" na prisão.
* Mas em Portugal a tutela da justiça é folclórica, muito mais interessada em arranjar bodes expiatórios do que enfrentar problemas.
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