AO ABANDONO/1
Termas Águas Radium
Hotel Serra da Pena
Hotel Serra da Pena
Sabugal
Indicações
Reumatismo, gota, hipertensão arterial, colites, edemas, insuficiência circulatórias (Acciaiuoli.1939)
Doenças do aparelho circulatório, rins e nas
perturbações da nutrição, hipertensão arterial e nas feridas
(Contreiras, 1951)
Doenças da circulação, gastrointestinais.
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Tratamentos/ caracterização de utentes
“O tratamento metódico por lamas
radioactivas […] a aplicação de lamas radioactivas em artrites e
artroses mono ou poli-articulares, é sem dúvida uma óptima aquisição da
Águas de Radium com rendimento terapêutico, bem comprovado […] A
aplicação de compressas eléctricas radioactivas G. Ray nas artrites,
ciáticas, dores ováricas – provocam redução das dores.
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O aparelho Studa Chair para lavagem do cólon, com 35 litros de água mineral, produz uma boa desinfecção mecânica." (Acciaiuoli1940)
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O aparelho Studa Chair para lavagem do cólon, com 35 litros de água mineral, produz uma boa desinfecção mecânica." (Acciaiuoli1940)
"«Studa chair» compressas e lamas radioactivas" (Contreiras1951)
Instalações
património construído e ambiental
Três nascentes, Chão da Pena, Favacal e
Malhada, também denominadas de Curie 1, 2 e 3 serviam o
estabelecimento termal. A sua emergência localizava-se em minas. "A
nascente era lá no fundo do «castelo», e a água passava em zig-zag numa
caleira onde se ia pousando uma lama, retiravam essa lama para fazer
os tratamentos com ela" (Luís Paulo, da junta de freguesia). As nascentes Lusitânia e Milagrosa serviam o estabelecimento de engarrafamento.
O edifício é uma maciça construção em
granito hoje em ruínas. A parte hoteleira é a que se localiza ao fundo
do grande pátio e a construção do lado direito corresponde ao antigo
balneário.
Natureza
Hipossalinas, ligeiramente
cloretadas, sulfatadas, bicarbonatadas sódicas, cálcicas e magnesianas,
com urânio dissolvido (Carvalho e Lepierre 1930).
Hipossalina, carbonatada mista, silicatada, muito radioactiva por sais de radium e rádon (considerada no congresso de Lyon, em 1927, como uma das mais radioactivas do mundo) (Acciaiuoli 1947).
Fracamente mineralizada , com sais de rádio em dissolução (Contreiras 1951).
Hipossalina, carbonatada mista, silicatada, muito radioactiva por sais de radium e rádon (considerada no congresso de Lyon, em 1927, como uma das mais radioactivas do mundo) (Acciaiuoli 1947).
Fracamente mineralizada , com sais de rádio em dissolução (Contreiras 1951).
Bicarbonatada sódica (Calado 1992).
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1922 - Diário do Governo, nº 192, II
série, 22 de Agosto, Concessão de Chão de Pena e do Favacal. A primeira
com uma área reservada de 50 hectares, a segunda com 50h e 33 ares
1922 - Diário do Governo, nº 8, II série, 10 de Janeiro, Concessão da Malhada. Com a área reservada de 70 hectares.
1926 - 16 de Setembro, Despacho ministerial autorizando a dar o nome “Milagrosa” à nascente de Chão de Pena. Diário do Governo, n.º 249, II série.
1926 - 23 de Novembro, Portaria autorizando a exploração da Lusitana, existente na área reservada da concessão de Chão de Pena. Diário do Governo, n.º 275.
1943 - Diário do Governo, n.º 143, II série de 22 de Junho, Portaria autorizando a Sociedade Termas Radium SARL, a usar a designação “Termas Radium e Água Radium para as nascentes de Chão de Pena, Favacal e Malhada".
1922 - Diário do Governo, nº 8, II série, 10 de Janeiro, Concessão da Malhada. Com a área reservada de 70 hectares.
1926 - 16 de Setembro, Despacho ministerial autorizando a dar o nome “Milagrosa” à nascente de Chão de Pena. Diário do Governo, n.º 249, II série.
1926 - 23 de Novembro, Portaria autorizando a exploração da Lusitana, existente na área reservada da concessão de Chão de Pena. Diário do Governo, n.º 275.
1943 - Diário do Governo, n.º 143, II série de 22 de Junho, Portaria autorizando a Sociedade Termas Radium SARL, a usar a designação “Termas Radium e Água Radium para as nascentes de Chão de Pena, Favacal e Malhada".
Actualmente é proprietário António
Lopes, das Minas da Panasqueira, que, segundo informação do Presidente
da Junta de Freguesia de Sortelha, também tem interesses no projecto
termal de Unhais da Serra.
Historial
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A história deste sítio de águas
minerais, embora recente (inícios do século XX), está envolta na lenda
que começa com um conde espanhol, Don Rodrigo, que aqui teria curado
uma filha de uma grave doença de pele, mandando posteriormente
construir o hotel termal, de que hoje restam as ruínas com o seu ar
acastelado.Mas o que vem ainda a adensar o mistério é a própria
história oficial relatada por Acciaiuoli: “Até 1920 as águas não
eram conhecidas e, naquele ano, o Prof. Charles Lepierre, declarou que
as nascentes deste grupo denominado «Curie», eram dotados de
propriedades radioactivas.” (Acciauoli 1944, III).
Nunca o autor
nos seus vários textos monográficos ou relatórios como engenheiro-chefe
da Inspecção de Águas, nomeia o lendário conde espanhol; aliás, o único
espanhol nomeado no processo é Enrique Gonsalvez Fuentes como
concessionário das águas por alvará de 17 de Agosto de 1923.Mas o hotel
termal já existia nesta data.Outro dado a equacionar nesta história é a
vizinhança das Minas de Quarta-feira, com exploração iniciada em 1910
pela companhia francesa Societé d’Uraine e Radium, de onde partiu muito
minério de urânio que foi trabalhado nos laboratórios de Paris, onde
Madame Curie (1867-1934) trabalhava.
É muito provável que fossem os
franceses desta empresa mineira que denominassem as nascentes com o
nome desta cientista galardoada com dois prémios Nobel. Sendo assim, o
trabalho de Lepierre será enquadrado no processo de legalização da
concessão de nascentes que já estavam em exploração. Segundo Luís Paulo “A Madame Curie esteve lá cerca de 4 meses”, mas
não encontrámos nenhuma referência a possíveis estadias de Curie em
Portugal.
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A história destas termas é descrita do seguinte modo pelo
presidente da Junta de Freguesia: ”O fundador das águas de Radião
foi o D. Rodrigo, ele tinha um nome diferente mas aqui ficou conhecido
como o D. Rodrigo. Foi ele que mandou construir as termas, que mais
tarde foram vendidas aos ingleses. Isto é assim, o D. Rodrigo deve ter
abandonado a empresa mais ou menos pelos anos 30. Depois começou a
exploração inglesa que como termas durou muito pouco, ficou só a
exploração hoteleira. Foi durante esta exploração inglesa que houve um
gerente que levou a empresa à falência, por volta de 1951 ou 52, era
residente no Casteleiro, embora não fosse de lá. Depois foi leiloado em
Lisboa, a uma família de lá, e depois os herdeiros desses, que eram
muitos, vêm a vender ao Ramiro Lopes em 1984 ou 85.
Ele ainda fez
muitas obras, há coisa de 4 anos vendeu ao irmão. Actualmente o
projecto está a andar, andam pessoas lá a trabalhar." (Luís Paulo).
Em 1929 a exploração termal é arrendada à empresa Sociedade Águas
Radium Lda, por contrato até 1940. Esta sociedade introduz outro tipo
de tratamentos para além dos de balneoterapia, como seja a aplicação de
lamas, compressas eléctricas radioactivas e a “studa chair” para
lavagem do cólon.Em 1940 terminou o contrato de arrendamento, mas a
concessão continua nas mãos dos herdeiros Enrique Gosalez Fuentes.
Acciaiuoli (1947), no relatório da actividade Inspecção de Águas de
1943-46, informa-nos que “a actividade desta Estância está suspensa
desde 1945, sendo muito pequena a sua frequência: 35 inscrições em 1944
e 36 no ano anterior”.
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Em 1951 a sociedade francesa dá lugar à
Companhia Portuguesa de Radium, de capitais ingleses, e terá sido esta
empresa que toma conta do hotel, explorando apenas a parte hoteleira do
complexo, conforme a descrição do presidente da junta, Luís Paulo,
estando neste caso as suas datas desfasadas de 10 anos. Esta companhia
mineira cessaria a sua actividade em 1961, mas nessa ocasião já o hotel
termal estaria abandonado.
O complexo termal foi leiloado em Lisboa
(segundo Luís Paulo), e posteriormente comprado por Ramiro Lopes,
residente na Panasqueira, com a intenção de transformar o local num
hotel de luxo. Em 2000 este senhor vendeu a propriedade a seu irmão
António Lopes, com o projecto de construir, numa primeira fase, um
hotel de luxo (a partir das actuais ruínas) com campo de golfe e
piscinas, e numa segunda fase seria trabalhada a parte termal.
Em Acta
de Reunião Ordinária n.º 3 da CM do Sabugal, de 28 de Janeiro de 2000,
pode ler-se o seguinte ponto: "Presente ofício da Firma GOLFIBÉRICA
referente ao projecto turístico da Águas Rádio – Serra da Pena –
Sortelha, tendo o Presidente dado conhecimento da reunião com a
gerência da empresa onde lhe foi dado a conhecer o interesse por parte
de investidores estrangeiros naquele investimento, estimando-se a
criação de cerca de 150 postos de trabalho. Propôs que a Câmara
Municipal disponibilize a colaboração técnica possível e que se
considere o investimento de interesse municipal, propostas que foram
aprovadas por unanimidade." Mas no local pouco foi feito, para além de bloquearem as entradas na propriedade.
AINDA MAIS
24/10/99 (Luísa Pinto) – Quarta-feira
as minas onde nasceu a bomba atómica – Os “benefícios” das Águas
Radium – Umas termas de água radioactiva? É verdade. Desde o princípio
do século, na povoação de Quarta-feira, perto da Guarda, os franceses
começaram a explorar as águas termais com rádio, que supostamente faziam
bem à pele, e o urânio, que exportado, viria a ser usado na
investigação da bomba atómica. As instalações estão hoje votadas ao
abandono mas é ainda possível ver as garrafas e as banheiras
individuais onde os doentes se banhavam nas famosas Águas Radium.
O Grande Hotel é hoje uma ruína que se
demarca na paisagem pelo seu ar acastelado, construção em granito,
terá tido nos seus tempos áureos 90 quartos. "Eu tive familiares que trabalharam lá, tinha umas belas instalações, com capacidade para cerca de 150 pessoas" (Luís Paulo)
FONTE:http://www.aguas.ics.ul.p/guarda_cpena.html#alvara
*A informação contida nesta inserção data de 2002, não conseguimos encontrar notícias mais recentes.
** Gratos ao JOPE por nos ter dado a pista.
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