HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Como Blatter construiu fortuna
de 10 milhões
Máximo dirigente da FIFA entrou na
organização em 1975 como director técnico, foi secretário-geral entre
1981 e 1990, CEO durante oito anos até render Havelange na liderança.
"Talvez haja quem pense que sou um parasita a viver à
custa do futebol. Haverá quem tenha sido levado a pensar que a FIFA é
uma espécie de tenebroso xerife de Nottingham, mas a verdade é que tem
mais em comum com Robin dos Bosques." O discurso, feito na Oxford Union
em 2013, pertence a Joseph Blatter, líder da FIFA desde 1998, uma
organização onde entrou a convite de João Havelange em 1975 e já
acumulou fortuna calculada em 10 milhões de euros.
Quando deixou a Longines para entrar na FIFA, esta era uma
organização com 12 funcionários. Agora o ‘staff' é composto por 452
elementos que, segundo a imprensa britânica, repartem 66,4 milhões de
euros por ano. Em 2010, as contas da FIFA apontavam para 27 milhões de
euros relativos ao Comité Executivo, valor 56% acima do anterior que já
fora aumentado 13% em relação a 2008. O relatório da entidade de 2013
indicava 31,9 milhões de euros em custos com pessoal, sem os
especificar.
Numa entidade que, no ano passado, teve receitas de 1,2 mil milhões
de euros, além de acumular reservas que correspondem a outros 1,2 mil
milhões de euros, a distribuição de bónus pelo presidente e pelos outros
24 elementos que compõem o Comité Executivo nunca foi clara. Em 2011,
Blatter negava ter salário, embora admitisse receber "um milhão de
dólares por ano". E argumentava: "Não sinto vergonha, pois, se comparar
com aquilo que recebem os administradores de grandes empresas cotadas em
Bolsa, não passamos de crianças!"
Nascido a 10 de Março de 1936, na Suíça, Blatter recebeu formação em
Economia, passando pelo mundo do jornalismo e das relações públicas. No
desporto, além de futebolista amador, a primeira experiência aconteceu
no hóquei no gelo. Entre 1975 e 1981 foi director técnico da FIFA,
passando a secretário-geral até 1990 e CEO antes de suceder a João
Havelange no topo em 1998.
Um longo caminho
Ao longo do tempo, os sinais de problemas acentuaram-se e demissões
após notícias de corrupção também [ver texto ao lado]. Há três anos, uma
investigação concluiu que, entre 1992 e 2000, o ex-presidente entrava
numa lista de altos dirigentes que acumularam subornos no valor de 100
milhões de dólares pagos pela ISL, grupo de marketing que detinha os
direitos TV de várias modalidades e faliu em 2001.
Em 2011, David Bernstein, então líder da Federação Inglesa (FA), foi
taxativo: "A FIFA cheira a corrupção." Reeleito nesse ano, Blatter
prometeu: "Vamos fazer reformas e tomar decisões radicais." Contudo, as
sete propostas apresentadas por Mark Pieth, professor de Direito à
frente do Comité Independente de governação, incluindo a de serem
revelados os salários de presidente e Comité Executivo, não tiveram
acolhimento. Alexandra Wrage, presidente da Trace International, uma
organização não governamental de combate à corrupção que colaborava com o
painel de Pieth, afastou-se do processo com uma conclusão: "A FIFA não
tem qualquer vontade de proceder a reformas."
Se foi capaz de dizer que "Pelé calado é um poeta", Romário também
não hesitou ao avaliar a entidade que tutela o futebol mundial: "Nada há
a esperar da FIFA, casa onde manda um ladrão corrupto chamado Blatter",
disse.
* É este corrupto que provavelmente vai continuar a liderar a FIFA.
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