HOJE NO
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Artrite reumatóide.
Mais uma vitória da brigada do reumático
Investigadores do CNC descobriram o que provoca a doença que afecta 40 mil portugueses
T
CD8: para quem julga que é um código de uma operação policial, o tiro
foi completamente ao lado. As letras e os números servem para designar
as células do sistema imunitário produzidas pelo timo (órgão linfóide
situado junto ao coração). Servem estas células para defender o
organismo das infecções. No caso das pessoas com artrite reumatóide, as T
CD8 ficam de tal forma adulteradas que são incapazes de cumprir a sua
função, prolongando a doença, quer ao nível sanguíneo, quer ao nível das
articulações. E essa foi a grande descoberta alcançada pela equipa de
investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), foi
ontem anunciado pela Universidade de Coimbra.
.
Cátia Duarte, José António Pereira da Silva, Helena Carvalheiro,
Margarida Souto Carneiro fazem parte desta brigada. Durante a sua
investigação descobriram que as T CD8 perdem a tolerância imunológica e
começam a sabotar o sistema. Isto é, matam as células boas da
articulação e, por outro lado, poupam as células erradas, que deveriam
ser destruídas.
A conclusão foi retirada a partir de uma experiência que usou modelos
animais. Ao observarem ratinhos, os cientistas perceberam que, quando
retiravam as T CD8 do sistema, as cobaias apresentavam melhorias “muito
significativas”. Constatando esse fenómeno, a equipa do CNC liderada por
António Pereira da Silva decidiu na fase seguinte acompanhar 96 doentes
com artrite reumatóide, seguidos no Serviço de Reumatologia do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra. “Estes resultados abrem portas ao
desenvolvimento de novos alvos terapêuticos com o foco nestas células,
que estão a matar a células erradas porque perderam a capacidade de
distinguir o que é estranho daquilo que faz parte do organismo”,
explicou Helena Carvalheiro, primeira autora do artigo científico
publicado no “Arthritis & Rheumatology”, revista internacional de
referência da área.
Sendo a artrite reumatóide uma doença crónica que provoca a
destruição das articulações e invalidez progressiva, a procura de novas
respostas clínicas “continua a ser um objectivo nuclear, apesar dos
notáveis progressos registados já na última década”, sublinha José
António Pereira da Silva.
Financiada pelo programa Marie-Curie (bolsas atribuídas pela União
Europeia) e por um laboratório de indústria farmacêutica, a pesquisa vai
agora centrar--se em “seleccionar as vias moleculares intracelulares
das T CD8 que podem ser modificadas geneticamente com fins
terapêuticos”, conta a investigadora. Isto é, avaliar como funcionam os
sinais dentro destas células, através da análise genética, identificar
os que estão alterados e proceder à sua “reparação para que todas as
peças da máquina voltem a funcionar em favor do doente”, explica Helena
Carvalheiro. Estima-se que a doença afecte actualmente de 40 mil
portugueses.
* Investigação científica portuguesa na vanguarda
.
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