04/12/2014

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HOJE NO
"O PRIMEIRO DE JANEIRO"

Agostinho Jardim defende no Porto 
“Pobreza não é um acidente 
nem uma fatalidade” 

 O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal defendeu no Porto a ideia de que “a pobreza não é um acidente nem uma fatalidade, é o resultado de uma escolha política e económica”. 

Numa conferência sobre “O ‘Mercado’: a necessidade de regulamentação para uma Europa mais social, sustentável e democrática”, Agostinho Jardim considerou que “o objetivo de redução da pobreza definido pela Estratégia Europa 2020, não está a ser levado a sério”. 
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UM LUTADOR
Em seu entender, “o impressionante aumento do número de pessoas a viver em risco de pobreza, 125 milhões (25% da população europeia) é um escândalo e um sinal irrefutável e muito preocupante de que a UE não está a conseguir oferecer nenhum sinal de esperança de uma solução abrangente para a crise, com a maioria dos países a priorizar a austeridade como principal solução, predominantemente neoliberal, liderada pelos mercados e por soluções macroeconómicas”. Especialmente em países sob programas da ‘Troika’, como é o caso de Portugal, “os efeitos perversos das prioridades macroeconómicas focalizadas na austeridade tiveram um impacto na queda do limiar de pobreza (…) num aumento dos trabalhadores pobres associados ao aumento do desemprego, no crescimento da pobreza infantil, no progressivo desmantelamento do estado social e no aumento das desigualdades sociais”, disse. 

O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal defende ainda que “o declínio dos direitos não resulta de uma simples distorção dos mesmos. Acima de tudo, é uma consequência direta da lógica do mercado”. “Os credores e as entidades que emprestam, através de programas de assistência aos países ‘intervencionados’, não têm nenhum tipo de preocupação com os direitos humanos – os seus programas não os contemplam – tendo assim os governos responsabilidades no que respeita a transparência, participação pública e responsabilização democrática”, acrescentou. 

Em muitos casos, frisou, “as condições impostas por estes programas impedem os governos de continuarem a assegurar acesso a serviços essenciais como a educação, a proteção social e a saúde, tendo pois responsabilidade sobre o impacto destes programas, particularmente quando estes coincidem com o aumento do desemprego e do número de famílias em que nenhum dos membros trabalha”. Por outro lado, salientou Agostinho Jardim, “as medidas que restringem ou reduzem as prestações socais e os direitos ‘naturalizam’ a situação e remetem para os indivíduos a responsabilidade pela procura de soluções, desresponsabilizando a sociedade – e a isto, ironicamente, chamam ‘empreendedorismo’ e outros eufemismos como ‘inovação social’”. 

O presidente da rede anti-pobreza/Portugal considerou ainda que “a crise veio legitimar uma maior desregulamentação das relações laborais, uma ainda maior precarização do mercado de trabalho (sobretudo para os jovens) e uma naturalização do fim do modelo social europeu sob o lema ‘não temos dinheiro’. A questão é: onde foi parar o dinheiro? Porque é que os ricos estão ainda mais ricos? Nos sabemos onde foi parar o dinheiro”. “Sabemos porque convivemos ironicamente de forma tranquila com a existência de paraísos fiscais, de negócios obscuros entre estados e empresas e a uma fuga de rendimentos permanente. Assim, é de facto difícil redistribuir a riqueza e quase parece ser verdade que não há dinheiro”, sustentou. Agostinho Jardim considerou ainda que “existe hoje um sentimento generalizado de que as lideranças políticas e as instituições governamentais já não são capazes de lidar com assuntos como a distribuição da riqueza num contexto de crescente globalização e de movimento de capitais através das fronteiras nacionais".

 “Na nossa opinião, está é uma das fortes razões que explica o perigoso desinteresse e falta de confiança nas instituições democráticas e a razão por que cada vez menos pessoas têm interesse em votar, por exemplo”, concluiu. 

* Verdade seja dita este governo foi sempre a favor da pobreza, aumentou o número de pobres. 
Foi Passos Coelho que afirmou em 2011 "temos de empobrecer", mas houve gente que continuou a ir de helicóptero para a Comporta ou a viver em Paris em casa de luxo.

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