23 milhões de pessoas fizeram
operações plásticas em 2013
Os números em Portugal são uma incógnita já que não é obrigatório comunicá-los nem a organismos oficiais nem as sociedades científicas
O
que é que leva 23 milhões de pessoas a fazer cirurgias plásticas? Os
números não são obviamente nacionais - por cá não há registo de valores
totais - mas são o retrato do que se passa pelo planeta. Em 2013, o
número de pessoas equivalente a duas vezes a população de Portugal
somada à da Mongólia, deitou-se numa mesa de operações para corrigir
algum tipo de imperfeição. Os números são da Sociedade Internacional de
Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).
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Se do lado médico não há grandes dúvidas em mergulhar nesta
especialidade médica - é uma das mais lucrativas, orientada para
melhorar a aparência física e não para melhorar funções ou tratar
doenças - do lado do paciente restam cada vez menos motivos para não se
submeter a estes procedimentos. Nos últimos anos, com a crescente
valorização da aparência, a cirurgia estética é vista como uma solução
para problemas psicológicos e como uma resposta à crescente recessão e
incerteza no mercado de trabalho - o que não deixa de ser paradoxal numa
altura em que atravessamos uma crise económica.
Do lado da procura, as mudanças dão-se devagarinho. As mulheres
continuam a ser as que mais recorrem a este tipo de intervenção e
representam 87,2% do mercado. Os homens, com uns residuais 12,8%,
começam a dar os primeiros passos e a procura masculina tem crescido
gradualmente de ano para ano.
O que eles querem
As
cirurgias mais pedidas pelos homens são as correcções do nariz, das
pálpebras e das famosas gorduras da barriga "conhecidas como pneus",
explicou ao i o cirurgião Hélder Silvestre. "Os homens têm
vindo a procurar cada vez mais a cirurgia estética, o que significa uma
sociedade mais liberta de preconceitos. É um fenómeno muito urbano,
encarado com normalidade. Porque é que um homem não pode retocar o seu
perfil, corrigir umas gorduras ou corrigir as orelhas? Penso que ninguém
critica com preconceito estas opções dos homens dos dias de hoje",
referiu ao i o presidente da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética (SPCPRE), Francisco Ribeiro de Carvalho.
Além da motivação, as expectativas dos pacientes também merecem
especial cuidado, como explicam os próprios cirurgiões. Pessoas
insatisfeitas consigo próprias - e que projectam na cirurgia plástica a
expectativa de resolução dos seus problemas - tendem a ficar
insatisfeitas com os resultados finais, por melhores que sejam, já que a
cirurgia não resolve conflitos pessoais, familiares e profissionais.
Também é importante que o paciente que se submete à intervenção consulte
um cirurgião plástico devidamente certificado. "Há uma série de pessoas
que praticam na área da cirurgia plástica e do antienvelhecimento que
não estão habilitadas. O portal da Ordem dos Médicos tem a lista
completa dos cirurgiões plásticos habilitados", alerta Hélder Silvestre.
.
Em relação a Portugal, não há números sólidos sobre operações
plásticas porque "não há obrigatoriedade de comunicação para qualquer
base de dados, nem para os organismos oficiais ou sociedades
científicas", referiu o presidente da SPCPRE. "Como a esmagadora maioria
destas operações são realizadas em clínicas e hospitais privados não há
possibilidade de saber com qualquer rigor esse número", acrescentou. A
existência de um portal com estatísticas seria de todo conveniente porém
"há questões de direito à privacidade e teriam de ser as entidades
oficiais a promover esse aspecto".
O que precisa de saber antes de fazer uma cirurgia
• Certifique-se que o cirurgião que o vai operar é um médico
qualificado, especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e
Estética.
• Não se deixe impressionar pelos títulos exibidos por
alguns profissionais, muitos dos quais nem são cirurgiões. Informe-se
junto da Ordem dos Médicos, se determinado médico está inscrito no
Colégio da Especialidade de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética,
que são os médicos legalmente habilitados a fazerem Cirurgia Estética. A
Sociedade Portuguesa de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética,
também pode ajudá-lo a seleccionar um especialista qualificado.
•
Informe-se sobre os aspectos técnicos que envolvem a intervenção que
pretende fazer e que riscos lhe estão associados e se são razoáveis as
expectativas sobre o resultado que pretende.
• Assegure-se de que
está completamente informado sobre todos os aspectos relacionados com a
intervenção. Nenhuma intervenção, nem nenhum cirurgião estão 100 %
isentos de riscos.
• Sinta-se confiante com o cirurgião, o
anestesista, a equipe, a clínica ou o hospital que escolher para
realizar a sua intervenção. Não se deixe operar em consultórios ou
locais sem condições de segurança, sem equipamentos necessários em caso
de emergência.
• Escolha a melhor altura para a sua operação. Evite
ser operado se está deprimido, se está com problemas no seu emprego,
com a sua família, se não está bem emocionalmente. Decida operar-se para
se sentir bem consigo próprio, não para agradar a alguém.
• Desconfie das consultas grátis e dos adiantamentos de honorários não reembolsáveis em caso de desistência.
• Faça a preparação pré- operatória aconselhada. Respeite as recomendações do seu médico.
•
Evite fazer vários procedimentos de grande cirurgia no mesmo tempo
operatório. As complicações cirúrgicas também aumentam com o aumento do
tempo de cirurgia.
• Respeite as instruções no pós-operatório.
• Não esqueça que submeter-se a uma cirurgia é um assunto sério.
* Só de se ler fica-se quase mais bonito.
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