Todos os dias nove crianças sofrem
uma queda com consequências graves
Todos os dias nove crianças, em média, sofrem uma
queda com consequências graves, acidente que matou 109 crianças e jovens
em Portugal nos últimos 14 anos, revela hoje um estudo da Associação
para a Promoção da Segurança Infantil (APSI).
Com o objetivo de “caracterizar as quedas nas crianças e jovens, e
promover um conhecimento mais aprofundado das suas consequências e
condições em que ocorrem”, a APSI realizou um estudo retrospetivo sobre
este tipo de acidente entre 2000 e 2009, que agora atualizou a partir da
análise de dados disponibilizados por diferentes organismos.
O estudo refere que “as quedas são a maior causa de idas às urgências
e de internamentos, representando 4% das mortes acidentais com crianças
e jovens” em Portugal.
UMA CRIANÇA QUASE A CAIR CONTRA A MÃO DO PAI |
Entre 2000 e 2013, pelo menos, 109 crianças e jovens morreram na
sequência de uma queda e mais de 60.500 tiveram que ser internadas.
A maior parte das vítimas mortais era do sexo masculino (77%), com
idades entre os 15 e os 19 anos (34%). Já 31% das vítimas tinham entre
os zero e os quatro anos, 19% entre os cinco e os nove anos e 16% entre
os 10 e os 14 anos.
Em metade dos casos, não é conhecido o tipo de queda que vitimou a
criança. No entanto, nos casos em que foi possível identificar a causa, o
estudo verificou que 30% das mortes resultaram de quedas de edifícios e
outras estruturas, tendo a maioria das vítimas menos de nove anos.
Outros acidentes mortais resultaram da queda de uma cama, de uma árvore, de um penhasco, ou de mergulho ou de salto para a água.
Relativamente aos internamentos, o estudo refere que 69% eram meninos
e as idades mais frequentes entre os cinco e os nove anos (29%), os
zero e os quatro anos (28%), os 10 e 14 anos (26%) e os 15 e os 18 anos
(17%).
A lesão traumática intracraniana foi a principal responsável por
estas mortes e as quedas de altura elevada pelo maior número de
internamentos (64%).
Dados recolhidos pelo sistema ADELIA (Acidentes Domésticos E de
Lazer), respeitantes a 54.889 idas às urgências entre 2003 e 2013,
revelam que 41% das quedas aconteceram em casa e 35% nas escolas.
Em casa, 58% das quedas ocorreram com crianças até aos quatro anos,
enquanto na escola a maior parte (51%) ocorreu com jovens entre os 10 e
os 14 anos. Mais de 53% das crianças estavam a realizar atividades de
lazer no momento da queda.
Quanto ao tipo de lesão, 42% das crianças sofreram contusões ou
hematomas, 16% concussões, 12% esfolamentos e 12% ferida aberta, sendo
os membros e a cabeça as partes do corpo mais afetadas (43% e 35%
respetivamente).
O estudo de casos dos registos de recortes de imprensa da APSI (168
casos, entre 2000 e 2013) identificou as varandas e as janelas como os
produtos mais vezes associados às quedas (40%), seguindo-se os buracos
ou outras aberturas (9%) e as escadas (7%).
A APSI defende, no estudo, que “é necessário projetar e construir
casas e escolas adaptadas às características e necessidades das crianças
e urgente reabilitar os edifícios existentes”.
Observa ainda que “as quedas com consequências mais graves estão
relacionadas com os espaços construídos e que a construção ainda não
salvaguarda de forma eficiente a segurança das crianças”.
* Há outros dois tipos de quedas de crianças que a notícia não refere:
- A criança vem de "encontro" ao pai ou à mãe e rebola pela escada abaixo.
- A criança tropeça e vai de encontro ao punho, ou ao pé, ou incrivelmente até ao cinto de um dos progenitores.
Estas duas são as quedas mais graves que as crianças sofrem.
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