12/05/2014

TERESA RUEL

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Eleições Europeias

No próximo dia 25 de Maio a Europa vai a votos para escolher os seus representantes nacionais no Parlamento Europeu. São 751 mandatos a distribuir por 28 Estados-membros. Portugal elege 21 parlamentares num sistema de lista nacional única. As eleições são avaliadas de acordo com o grau de importância/saliência perante o eleitorado. As Eleições Europeias são consideradas “eleições de segunda ordem” na medida em que não traduzem a selecção de quem governa, ao contrário das eleições legislativas traduzindo neste sentido um interesse secundário. A teoria das “eleições de segunda ordem” (Reif e Schmitt, 1980) sustenta que neste tipo de actos eleitorais os eleitores comportam-se de forma distinta: os eleitores tendem a penalizar os partido(s) no poder e a recompensar os pequenos partidos, ainda que a participação eleitoral seja menos expressiva  em comparação com as eleições de primeira ordem (nacionais). São muitas vezes entendidas como um instrumento de avaliação intercalar à performance dos governos nacionais. 

No contexto actual, esta eleição assume extrema importância quer a nível interno quer a nível externo. É a oportunidade institucionalizada dos eleitores levantarem a sua voz ao modelo de governação/económico impresso pela União Europeia com impactos significativos na política dos Estados. Para lá das visões eurocépticas e/ou da distância dos eleitores em relação às instituições europeias, importa fazer uma avaliação à trajectória de austeridade e empobrecimento conduzida pelo directório europeu, especialmente aos países da Europa do Sul. Existem várias opções políticas que consubstanciam alternativas ao modelo de governação europeia e ao papel das instituições supra-nacionais, e são estas alternativas que deverão determinar a mobilização do voto.

Não é apenas o tempo do “jogo político”, é o tempo de garantir a sobrevivência dos Estados enquanto membros de uma União, a dignidade dos Europeus e a sustentabilidade de uma identidade política, recusando a hegemonia dos mais fortes e garantindo as “solidariedades de facto”.

O grande desafio, não é a candidatura ou partido A, B, C ou D, e tão pouco o candidato X, Y ou Z. O grande desafio é perceber qual o projecto político que encerram; quais as propostas e as soluções que preconizam para uma Europa que «está farta de não existir ainda [e que] está farta de ser um arrabalde de si própria» (Ultimatum de Álvaro de Campos, 1917).


IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"

08/05/14


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