HOJE NO
"i"
Administrador que acabou com
contas investimento do BPN diz
que BdP
conhecia situação
Teófilo Carreira foi ouvido hoje no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão
O
administrador do BPN que acabou com as contas investimento do banco em
2008 disse hoje em Tribunal que quando assumiu funções, em 2007, o Banco
de Portugal “sabia bem mais” do que ele sobre a situação da
instituição.
Teófilo Carreira foi ouvido hoje no Tribunal da Concorrência,
Regulação e Supervisão, em Santarém, no âmbito do julgamento dos
recursos apresentados por nove dos 12 visados no processo de
contraordenação do Banco de Portugal (BdP) por inobservância de regras
contabilísticas que terão “prejudicado gravemente o conhecimento da
situação patrimonial e financeira da sociedade”.
.
.
Atualmente a trabalhar para a Parvalorem, criada para gerir a
carteira de créditos adquiridos no âmbito do processo de reprivatização
do BPN, Teófilo Carreira afirmou só ter tido conhecimento de que as
contas investimento financiavam fundos fechados do universo BPN quando
teve acesso a um relatório do BdP de 2005.
Esse relatório, disse, foi-lhe facultado “a título pessoal”, em maio
de 2007, por António Franco, depois de assumir funções na administração
para a área comercial (em março de 2006) e na sequência de uma
convocatória do BdP para uma “reunião urgente” que se realizou no início
de junho de 2007.
Nessa reunião, o vice-governador do BdP Pedro Matos Neves traçou um
quadro negro da situação do BPN para dizer que a pretensão de Oliveira e
Costa de entrada em bolsa “não era conveniente”, afirmou.
“O Banco de Portugal sabia bem mais do que eu sobre a situação do
BPN, que inspecionava há mais de nove anos”, disse, sublinhando que foi
aí que ficou “em alerta sobre uma gestão que desconhecia” e que o levou a
colocar “de imediato” restrições às contas de investimento, que foi
fechando ao longo de 2008.
Da análise interna que fez nessa altura, Teófilo Carreira disse ter
concluído que a rendibilidade garantida aos clientes era da ordem dos 5%
quando os fundos onde o capital era investido só tinham uma
rendibilidade de 2%.
Na acusação, o BdP estimou em 31,2 milhões de euros o diferencial
entre os rendimentos assegurados aos clientes e a valorização média
anual desses rendimentos no período entre 1999 e 2008.
Em relação à acusação em concreto, da não contabilização das contas
investimento nos balanços do banco, Teófilo Carreira afirmou ser matéria
que não era da sua competência, mas sim das áreas operacional e
contabilística, pois sempre trabalhou na área comercial.
“Nunca ninguém me alertou para qualquer irregularidade
contabilística” e houve várias inspeções do BdP, três auditorias
externas e várias internas, disse, alegando que, quando assumiu funções
na administração, o único reparo feito pela sua assessora, Paula Poças,
foi o de as contas investimento terem um tratamento manual (em folhas
Excel).
Teófilo Carreira referiu ainda o facto de se ter recusado a assinar
as contas de 2007 “porque faltavam mais de 400 milhões de euros na conta
dos clientes”, tendo sido “pressionado” a assinar já pela administração
de Miguel Cadilhe “para não criar problemas ao banco” e porque este
assinou uma carta reconhecendo ter conhecimento das reservas levantadas.
No processo contraordenacional do BdP de setembro último, Teófilo
Carreira foi multado em 45.000 euros, o Banco BIC Português (que
absorveu o BPN) em 400 mil euros, o BPN SGPS 150 mil euros, a SLNS SGPS,
atual Galilei SGPS 400 mil euros, António Coelho Marinho 40 mil euros,
Armando Pinto 35 mil euros, Francisco Sanches 180 mil euros, José
Augusto Oliveira e Costa, filho do então presidente, 85 mil euros, Luís
Caprichoso 200 mil euros.
José Oliveira e Costa (300 mil euros), Abdool Karim Vakil (25 mil euros) e António Alves Franco (100 mil euros) não recorreram.
* Uma caldeirada da qual certamente o povo português nunca será esclarecido.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário